Mary Butterworth: A banda que nasceu e morreu no culto
Há álbuns que nascem sob os holofotes e outros que parecem emergir dos cantos mais sombrios do tempo, envoltos em um halo de mistério e segredo. Mary Butterworth é um desses segredos bem guardados, um álbum que viu a luz do dia discretamente em 1969, mas que ao longo dos anos se tornou um tesouro cult entre os buscadores de raridades psicodélicas. Com sua fusão de acid rock, jazz e uma sensação de improvisação quase esotérica, essa banda californiana deixou apenas um rastro na história, mas seu único álbum é um portal para uma dimensão onde Hammonds uivam, guitarras flutuam e ritmos parecem guiar um ritual sonoro esquecido. Como essa joia ficou presa na sombra? Quem foram os arquitetos desse feitiço musical? BEM-VINDO a esta nova cápsula sonora.
Há álbuns que parecem esculpidos no mármore do tempo, clássicos imóveis, indiscutíveis, que sempre estiveram ali. E então há aqueles outros, os fantasmas, os sussurros nas sombras da coleção, as joias cult que apenas alguns sortudos tiveram o privilégio de possuir em sua forma original. Mary Butterworth , lançado em 1969, é um desses casos. Sua própria existência parece um mito. Dizem que apenas algumas cópias foram impressas, que nunca chegou às lojas e que foi pré-vendido para amigos e conhecidos da banda. Encontrar uma edição original hoje é como caçar um unicórnio no século XXI. Mas além da raridade do objeto físico, há a música. E é aqui que a verdadeira história começa:
Descobrir Mary Butterworth é como entrar em uma sala desconhecida e encontrar uma coleção de pinturas fascinantes em cada canto. O grupo, uma banda underground de meados dos anos 60, não alcançou a transcendência que sua qualidade merecia, mas deixou um trabalho que exala espontaneidade e performance marcante. Não é um álbum que explode em clímax estrondosos ou abraça a psicodelia mais extrema, mas parece um elo na evolução do som. Há jazz, há rock, há blues flutuando na mistura, com uma tendência progressiva marcante que antecipou o que viria nos anos seguintes.
À medida que as músicas avançam, é possível perceber aquelas mudanças inesperadas de ritmo, aqueles toques lisérgicos que, embora fugazes, dão ao álbum um ar de experimentação controlada. Não é acid rock em sua forma mais pura, mas sim proto-progressivo com um toque de jazz. Às vezes, seu som evoca ecos de Spirit, After All ou Free, embora sem realmente se assemelhar a nenhuma dessas bandas. Em vez disso, eles compartilham um espírito exploratório comum, aquele desejo de quebrar estruturas sem cair no caos total. Ouvi-la hoje, com a distância do tempo e sabendo de tudo o que viria depois, é apreciar uma obra que tinha tudo para ser grande, mas que, por caprichos do destino, ficou presa em seu próprio limbo. Talvez seja essa a sua magia, a sua mística. Porque, embora Mary Butterworth não tenha alcançado o pedestal dos gigantes, sua única gravação continua brilhando como um diamante bruto na história oculta do rock. E se você é fã de jazz fusion em seus estágios iniciais, aqui está muito material estimulante para sua próxima sessão.
01. Phaze II
02. Optional Blues
03. It's a hard road
04. Make you want me
05. Feeling I get
06. Week in 8 day
CODIGO: V-22

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