Geralmente é um sinal de alerta quando uma banda de Heavy Psych se lança totalmente no Blues; aqui ESTÁ a exceção. Alguns doces acabamentos de guitarra no final dessas faixas me ajudam a manter envolvido do começo ao fim. Vale a pena descongelar 50 anos depois.
Quando o gelo racha, o blues ruge: o "degelo" segundo Frijid Pink
Há discos que não são atirados, eles derretem. O descongelamento não vem com um estrondo, ele vem como ferro fervente no gelo. O segundo álbum do Frijid Pink não é uma continuação: é um lançamento. Aqui, a banda tira o gelo dos ombros e se entrega a uma experiência mais crua, solta e blueseira. Eles desaceleraram um pouco, sim, mas fizeram isso para pisar mais forte, para deixar pegadas mais profundas na lama elétrica do rock dos anos setenta. Se sua estreia foi uma chama comprimida em um jarro, Defrosted é esse fogo solto que serpenteia livremente. Há suor em cada acorde, há alma em cada nota e, acima de tudo, há uma clara intenção de deixar o blues se expandir, respirar e falar. Não se trata de fogos de artifício, mas de pulso. Daquele sulco áspero que gruda como fuligem na alma. Então aguce seus sentidos, abra a porta para a fumaça espessa de Detroit e deixe esse "degelo" sônico agarrá-lo pelas lapelas. Porque quando Frijid Pink diminui a temperatura, o que resta é puro calor.
Impressões Pessoais: O Velho Fantasma do Degelo
Nem todos os álbuns nos apaixonam na primeira audição. Algumas permanecem como um espinho quente entre nossas costelas, sem doer nem cicatrizar. Defrosted , da Frijid Pink, foi um deles para mim. Nunca foi minha praia, não senhor, mas toda vez que volto a ele, surge um daqueles sorrisos que surgem quando você reconhece que estava errado... ou que o álbum soube esperar o seu momento.
E esse álbum tem aquela vibração rara de obras que não gritam sua grandeza, mas gruda no ouvido com unhas afiadas de guitarra. Há um equilíbrio curioso em seus grooves: passagens emocionais e ardentes que convidam você a balançar a cabeça, e outras em que o ritmo desacelera, se acomoda e deixa você preso em uma pausa que nem sempre é convincente... mas que acaba funcionando como parte do todo. A primeira vez que ouvi, senti que faltava alguma coisa. Parecia-me que ele estava tentando ser mais do que podia ser, ou que estava tocando com uma intensidade que simplesmente não combinava. Mas com o passar dos anos, com a paciência que só o tempo ensina aos ouvidos, comecei a entender a linguagem deles. Aprendi a reconhecer seus sucessos, sua maturidade, seus pequenos feitos que, em última análise, o elevam ao nível de um clássico pessoal.
As guitarras são a verdadeira força motriz por trás dessa jornada. Não há como evitar isso. Riffs como os de "I'm Movin'" ressoam alto, como se a Detroit dos anos 1970 estivesse novamente expelindo fumaça pelos poros. Há poder, há coragem e há uma fúria contida que aprecio a cada giro do vinil. O psicodélico encontra o blues e o boogie, e juntos eles criam um coquetel que, embora não seja perfeito, te sacode o suficiente para lembrar que este álbum ainda tem algo a dizer. Não é um álbum com fórmulas infalíveis, mas é um álbum que se destaca pelo que tem: atitude, coração e aquela capacidade de ficar na memória ao longo dos anos. Hoje, Defrosted me parece uma obra louvável, uma daquelas peças que vale a pena desempolvar e ouvir sem preconceitos. Às vezes é a segunda (ou terceira) audição que realmente abre as portas para nós. Uma joia esquecida? Talvez não tanto. Mas é um álbum digno e honesto, com uma vibração especial que — como um bom vinho — melhora quando você para de buscar a perfeição e começa a aproveitar a jornada. Até mais.
CODIGO: I.1-14

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