quarta-feira, 30 de abril de 2025

Warterloo - First Battle

 




Melhor que o rock progressivo médio com alguns toques de jazz. Há um pouco de Hammond, flauta e guitarra solo neste prato. Não é tão progressivo a ponto de machucar seu cérebro, mas um pequeno ajuste mental e fones de ouvido podem causar alguma vertigem. Mais um "feito à mão" dessa época.

Bem típico do rock progressivo de 1970 (o que não é ruim). Waterloo gravou seu único álbum na Inglaterra e todas as músicas são cantadas em inglês. Ao contrário de outras bandas de prog da época, os vocais são quase sempre harmonizados. Este álbum é como o Deep Purple com harmonias e flauta. Vale a pena ouvir a reedição com faixas bônus, embora obter uma cópia original seja impraticável de qualquer maneira, considerando o preço de quatro dígitos que ela costuma custar.

Uma crônica das trincheiras do primeiro prog da Bélgica

Europa, 1970. A fumaça dos anos 60 estava apenas começando a se dissipar, mas a música ainda queimava. O chão tremeu sob os passos de bandas vindas de todos os cantos do continente, reivindicando seu lugar no cenário internacional. A Bélgica, terra da cerveja, do surrealismo e das fronteiras culturais, parecia estar à margem do grande rugido psicodélico... até que um grupo emergiu como um tiro de canhão da neblina: Waterloo.

Sob a proteção de um nome que evocava derrotas épicas e ecos napoleônicos, essa banda belga lançou sua primeira batalha sem pedir permissão ou dar trégua. Em uma época em que os holofotes estavam voltados para a Inglaterra, Alemanha e França, Waterloo ousou se destacar com uma mistura de hard rock progressivo, instrumentos de sopro jazzísticos e uma potência vocal capaz de abalar castelos. O cenário local não estava preparado para esta tempestade. First Battle surgiu como um segredo bem guardado, um artefato sonoro de alto calibre que sabia combinar virtuosismo instrumental com uma urgência expressiva que não se vê mais todo dia. E embora o grupo tenha tido uma existência breve, seu legado ficou selado como um dos pontos altos do rock underground belga dos anos 70. Assim começou o cerco. E embora poucos tenham notado na época, Waterloo deixou claro que na Bélgica também as lutas eram feitas com fuzz, órgão Hammond e vozes que rugiam como leões no campo de batalha.

Impressões pessoais: A Primeira Batalha em solo belga

Há álbuns que te emocionam desde o primeiro acorde. Outros, no entanto, são como uma fotografia desbotada que você encontra por acaso entre as páginas de um livro antigo. Eles não gritam. Elas não são impostas. Eles apenas esperam. E quando você menos espera, eles sussurram algo que você não ouviu bem na primeira vez.

Este foi meu reencontro com a Primeira Batalha de Waterloo. Um álbum que descobri numa dessas manhãs sem bússola, quando eu buscava — sem saber bem — as primeiras batidas do rock progressivo fora dos epicentros conhecidos. E lá, naquele canto do mapa chamado Bélgica, me deparei com essa banda de nome marcante e espírito corajoso. Não nos enganemos: First Battle não é um álbum que aspira conquistar os céus como Close to the Edge ou Pawn Hearts. A guerra deles é outra. Mais modesto, mais terreno, mas não menos importante. Porque, amigos do som arqueológico, este foi o primeiro álbum de rock progressivo belga. E isso, acredite, já o torna especial. Waterloo não era uma banda comum. Estava claro que eles sabiam tocar, que tinham ideias e, acima de tudo, que transitavam com facilidade pelos corredores do jazz, do rock e da música clássica. Sua fórmula girava em torno da flauta e de uma voz que sabia quando subir e quando ceder ao groove. Havia swing, atitude e uma clara influência britânica: The Nice, os Beatles mais experimentais, até alguns ecos do Jethro Tull.

A primeira vez que ouvi, senti que o álbum não tinha tido sucesso. Houve momentos brilhantes, sim, mas também áreas em que o fogo pareceu se apagar prematuramente. Gostei, mas fiquei com a sensação de que faltava um pouco mais de risco, mais vertigem, mais audácia sonora. No entanto, os anos —esses grandes mestres do sutil— me ensinaram outra coisa. Voltei ao disco. Eu ouvi sem expectativas. E lá apareceu sua verdadeira beleza. O First Battle não precisa gritar para ser notado. É um trabalho feito com cuidado, com uma atenção aos detalhes que não se vê muito hoje em dia. Sua performance não é impressionante, mas é elegante. Não há fogos de artifício, mas luzes quentes iluminam os cantos da sua orelha. Sua progressividade não é nem barroca nem excessiva, mas sim sóbria, como se carregasse na mala o perfume discreto de Canterbury. É um álbum que soa como o que era: um experimento sincero, um salto no vazio de um grupo que queria fazer parte de algo maior. E embora não capture completamente a atenção do ouvinte, deixa uma impressão duradoura na memória. Como uma primeira carta de amor escrita com nervosismo e esperança.

Waterloo não mudou a história, mas deu à Bélgica um lugar no mapa sonoro da década de 1970. E isso, em si, é um ato de resistência poética. Porque enquanto outros tentavam soar como seus ídolos ingleses, eles construíram sua própria trincheira. E a partir daí, eles lutaram sua primeira batalha. Uma obra digna e respeitável, com brilho autêntico e o charme de algo nascido nas margens. Não é uma joia perfeita, mas é uma gema bruta que reflete uma era que, infelizmente, não existe mais. E é por isso que merece ser ouvido. Mesmo que seja apenas uma vez. Mesmo que seja apenas por curiosidade. Porque às vezes, pequenas batalhas também deixam lindas cicatrizes. Até mais.

1. Meet Again
2. Why May I Not Know
3. Tumblin' Jack
4. Black Born Children
5. Life
6. Problems
7. Why Don't You Follow Me
8. Guy in the Neighborhood
9. Lonesome Road
10. Diary of an Old Man

CÓDIGO: @

MUSICA&SOM ☝






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