The Monkeys Arriving é um dos álbuns fundadores dos anos oitenta. Um manifesto das diversas correntes musicais que predominaram na década e que o Sumo soube amalgamar, dando-lhe uma identidade própria. Uma ampla gama estilística que abrange tudo, desde o reggae de "No Good" e "Que Me Pisen", o punk de "El Ojo Blindado", o pós-punk de "Estallando Desde El Océano", a nova onda de "TV Caliente", a balada autobiográfica "Heroin", a experimentação eletrônica de "Cinco Magnificentes" até a tentativa irônica de um "hit comercial" com "Los Viejos Viñales".
Tudo isso em um grupo que combinava audácia, insolência e capacidade de incorporar e reinterpretar músicas até então inéditas em nosso país, até o dia em que os macacos chegaram...
Tudo isso em um grupo que combinava audácia, insolência e capacidade de incorporar e reinterpretar músicas até então inéditas em nosso país, até o dia em que os macacos chegaram...
Em meados dos anos 80, o adeus definitivo à ditadura desencadeou uma primavera cultural e social, fruto da esperança generalizada no fim do terror. O rock argentino viveu um momento de explosão com o surgimento de Soda Stereo, Los Redondos, Fito Páez e Los Violadores, as inovadoras buscas pessoais de Charly García e Spinetta, e a ascensão de Virus, Los Abuelos de la Nada e muitos outros. Mas uma banda em particular chamou a atenção de alguns atentos à cena underground do oeste: Sumo.
A banda de Hurlingham foi fundamental nesse contexto, trazendo, por meio de Luca Prodan, novos sons até então desconhecidos no país. Nascido em 17 de maio de 1953 em Roma, filho de uma família rica, Luca estudou em uma prestigiosa escola na Escócia, onde foi colega de classe do Príncipe Charles e absorveu a cena cultural londrina dos anos 70. Durante esse período, ao punk e ao pós-punk já consolidados juntou-se o surgimento de influências jamaicanas, como o reggae e o ska, que ganhou impulso graças a uma grande onda migratória da ilha caribenha.
Sua chegada ao país estava ligada à fuga de um terrível inimigo que ele jamais esqueceria: a heroína. Seu vício, somado ao suicídio de sua irmã — que havia sido associada ao mesmo uso e ao qual o próprio Luca a havia iniciado —, levou o italiano a se reabilitar nas montanhas de Córdoba, onde morava Timmy McKern, um amigo argentino de origem escocesa com quem havia estudado e que mais tarde se tornaria empresário do Sumo. Ele
então se estabeleceu no oeste de Buenos Aires, onde terminou de formar a banda e começou a deslumbrar uma população que se maravilhava não apenas com os novos sons que o Sumo trazia, mas também com ele: um homem calvo (em tempos de raros penteados com gel) que cantava em inglês e espanhol italianizado, com uma simplicidade e rebeldia distantes dos músicos tradicionais da época. Nessa área, sua imagem cresceu a passos largos, assim como a banda. E eles logo começaram a ser reconhecidos fora de Buenos Aires, na cena underground.
Em 22 de maio de 1986, o Sumo lançou seu segundo álbum de estúdio, Lleando los monos, que começou a despertar o interesse de grupos mais estabelecidos. Anteriormente, haviam publicado a demo Corpiños en la madrugada (1983) –da qual foram feitas apenas 300 cópias– e o álbum considerado seu primeiro, Divididos por la felicidad (1985). O título do segundo álbum está relacionado a uma anedota engraçada do verão de 1984 em Villa Gesell, quando o cancelamento de alguns shows devido ao desabafo de Luca os levou a se autopromover na praia com um alto-falante: "Não é uma alucinação. O sumô está em Villa Gesell... os macacos estão chegando."
A capa mostra uma obra do artista búlgaro Christo Javacheff de 1961, um pacote embalado e amarrado com corda, de uma maneira um tanto bagunçada e compacta. Poderíamos pensar que o pacote faz alusão a uma bagunça, no melhor sentido da palavra, onde prevalecem a desordem, a desordem e também o mistério que um pacote fechado dessa maneira implica. A capa reflete a própria essência de uma banda que te convida a abrir a embalagem e descobrir um caos incrível.
Que fique claro que a palavra transtorno não implica uma avaliação negativa. Lleando los monos (Os macacos chegando) contém uma diversidade sonora que salta do punk raivoso em espanhol, como “El ojo blindado”, ao reggae suave em inglês, como “No Good”, e ainda consegue se identificar sem a necessidade de rótulos. O grupo também se dedicou a uma colagem de sons sobrepostos nas faixas homônimas do álbum, que abrem e fecham o álbum, o que também transmite a sensação de estilo caseiro, experimental e descontraído que caracterizou a banda.
“Exploding Over the Ocean”, um dos momentos cruciais do álbum, é um pós-punk bem anos 80 cantado em inglês, que o próprio Germán Daffunchio definiu como o auge do Sumo, onde eles alcançaram uma fusão entre as diferentes personalidades dos membros. A música nos leva em uma jornada pelas colinas, pelos prados e por todos os lugares mencionados pelo protagonista, até que irrompe do oceano.
Em "Heroína", Luca fala sobre seu passado na Europa e como sua vida mudou quando chegou à Argentina, embora afirme que a droga maldita que levou sua irmã e quase o matou ainda esteja presente em sua memória e o leve a ter pensamentos suicidas. É uma música que, embora comece com um saxofone suave e uma atmosfera pacífica, na verdade é bastante sombria, cheia de dor e raiva. Luca deixa seus pulmões correrem soltos em cada refrão, gritando com toda sua fúria o nome do fantasma que o assombra.
Projetada para ser um sucesso, “Los viejos vinagres” é uma música divertida e dançante que apresenta alguns dos versos mais memoráveis do cantor italiano, como “Para você, a pior coisa é a liberdade” e “Juventude, tesouro divino”. É também uma crítica aos conservadores, além da sua idade biológica: "São pessoas com mentalidade. Há crianças de 12 anos que são mais reacionárias do que uma de 50. E, além disso, são mais idiotas", disse Luca em um programa de 1987. Também poderia ser interpretado como uma crítica a outros grupos como Virus e Soda Stereo, que, segundo Luca, se importavam mais com sua aparência e poses do que com sua música.
O sumô marcou uma era e deixou um legado. Enquanto a dicotomia daqueles anos era entre new wave e heavy rock, um estrangeiro chegou para quebrar estereótipos, estabelecer um grupo completamente contracultural e forjar uma identidade única baseada na falta de identificação que muitas pessoas sentiam com a música oferecida. Se não fosse o Luca e o Sumo, o rock nacional não seria o mesmo."
Sebastian Bruno (indiehoy.com)
Integrantes:
Luca Prodan: voz, percussão, backing vocal
Ricardo Mollo: guitarra (elétrica e sintetizada), backing vocal
Germán Daffunchio: guitarra, backing vocal
Roberto Pettinato: saxofone (alto e tenor), acordeão, backing vocal
Diego Arnedo: baixo, backing vocal
Alberto "Superman" Troglio: bateria, percussão, backing vocal
Luca Prodan: voz, percussão, backing vocal
Ricardo Mollo: guitarra (elétrica e sintetizada), backing vocal
Germán Daffunchio: guitarra, backing vocal
Roberto Pettinato: saxofone (alto e tenor), acordeão, backing vocal
Diego Arnedo: baixo, backing vocal
Alberto "Superman" Troglio: bateria, percussão, backing vocal
Faixas:
01- Llegando los monos
02- El ojo blindado
03- Estallando desde el océano
04- TV Caliente
05- NextWeek
06- Cinco magníficos
07- Los viejos vinagres
08- No Good
09- Heroin
10- Que me pisen
11- Llegando los monos (Reprise)
02- El ojo blindado
03- Estallando desde el océano
04- TV Caliente
05- NextWeek
06- Cinco magníficos
07- Los viejos vinagres
08- No Good
09- Heroin
10- Que me pisen
11- Llegando los monos (Reprise)
pass: naveargenta.blogspot



Sem comentários:
Enviar um comentário