Um artistas de Rockabilly por excelência, Carl Perkins foi cantor/guitarrista/compositor cujas humildes raízes informaram seu estilo de ritmo Boogie vibrante e sua mistura inovadora de Country e R&B. Junto com Elvis Presley, Perkins ajudou a definir o som inicial do Rockabilly e colocou a Sun Records de Memphis/TN no mapa com canções clássicas como "Blue Suede Shoes", "Matchbox", "Honey, Don't" e "Everybody's Trying to Be My Baby", todas incluídas em seu "Dance Album", de 1957. Embora tenha demorado a ganhar o status de alguns de seus colegas do Million Dollar Quartet (incluindo Presley, Johnny Cash e Jerry Lee Lewis), ele desfrutou de revivals dos anos 60 em diante, fazendo turnês com Chuck Berry e influenciando o trabalho de inúmeros artistas como Beatles, Brian Setzer, U2 entre tantos. Ele também compôs sucessos para outros artistas, incluindo "Daddy Sang Bass" (para Johnny Cash), "I Was So Wrong" (para Patsy Cline) e "Let Me Tell You About Love" (para os Judds).
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| Jay, Carl e Clayton |
Foi ali, em sua primeira audição, na Sun que a estrutura da Perkins Brothers Band mudou para sempre. Phillips não demonstrou o mínimo interesse nos vocais de Jay (no estilo Ernest Tubb), mas adorou o canto/guitarra de Carl. Apenas quatro meses depois, ele lançou o primeiro disco de Carl Perkins, "Movie Magg"/"Turn Around", ambas composições do artista. Em sua segunda sessão, ele adicionou W.S. Holland — um amigo de Clayton — à banda tocando bateria, uma coisa relativamente nova na música Country da época. Phillips ainda estava canalizando Perkins num estilo estritamente caipira, por pensar que dois artistas fazendo o mesmo tipo de música (neste caso, Elvis e Rockabilly) se cancelariam. Mas depois de vender o contrato de Elvis para a RCA Victor em dezembro, Perkins se encorajou a finalmente deixar a alma roqueira de Carl Perkins vir à tona em sua próxima sessão na Sun. E foi o que aconteceu com uma explosão dupla que provou ser seu ingresso para o panteão dos grandes. Uma conversa ouvida num baile entre dois adolescentes juntamente com uma ideia do colega de gravadora Johnny Cash, inspiraram Perkins a apresentar a Sam Phillips uma nova canção que ele havia escrito chamada "Blue Suede Shoes". Depois de gravar duas canções que Phillips planejava lançar como single pela Perkins Brothers Band, Perkins gravou três takes de "Blue Suede Shoes" e três de "Honey Don't". Um mês depois, Phillips decidiu arquivar as duas canções dos Perkins Brothers e focar nos Rocks como o próximo single de Perkins. Três meses depois, "Blue Suede Shoes", uma canção que tomava emprestado estilisticamente do Pop, Country e R&B, estava no topo de todas as paradas, o primeiro disco a realizar tal feito, tornando-se o primeiro milhão de cópias vendidas pela Sun.
Prontos para lucrar em nível nacional, Perkins e cia foram para NYC pela primeira vez para aparecer no The Perry Como Show. No caminho de volta, o carro deles bateu na traseira de um caminhão de aves, deixando Carl e seu irmão Jay no hospital com um crânio rachado e pescoço quebrado, respectivamente. Enquanto em convalescença, Perkins viu Elvis Presley cantando sua "Blue Suede Shoes" no The Dorsey Brother Stage Show e sentiu que seu momento de fama/reconhecimento havia sido arrancado dele. Perkins deu de ombros, voltou para a estrada e para os estúdios Sun, e tentou continuar de onde havia parado. As sequências de "Blue Suede Shoes" foram, de muitas maneiras, superiores, mas cada single subsequente da Sun teve vendas decrescentes e foi somente com a British Invasion (entre 1964-70) e o subsequente renascimento do Rockabilly que o público em geral pode realmente saborear clássicos como "Boppin' the Blues", "Matchbox", "Everybody's Trying to Be My Baby", "Your True Love", "Dixie Fried", "Put Your Cat Clothes On" e "All Mama's Children". Enquanto colegas de gravadora Johnny Cash e Jerry Lee Lewis (que tocou piano em "Matchbox" durante a lendária sessão do Million Dollar Quartet) estavam marcando sucesso após sucesso, Carl Perkins passou a ficar desiludido com seu destino, alimentado por sua crescente dependência do álcool e pela morte de seu irmão Jay (de câncer). Ele continuou insistindo e quando Cash deixou a Sun para ir para a Columbia em 1958, Perkins o seguiu. Os royalties eram melhores e Perkins não tinha escassez de ótimas canções para gravar, mas os métodos de produção da Columbia (em Nashville/TN) acabaram com a espontaneidade que era o charme dos discos da Sun.
No início dos anos 60, depois de ser dispensado pela Columbia e se mudar para a Decca com pouco sucesso, Perkins voltou a tocar em honky tonks e pensou em sair do negócio completamente. Um telefonema de um agente em 1964 oferecendo uma turnê pela Inglaterra ao lado de Chuck Berry mudou tudo isso. Temporariamente jurando largar a garrafa, Perkins foi recebido na Grã-Bretanha como um herói conquistador, tocando para plateias lotadas e sendo particularmente elogiado por um jovem grupo Beat no topo das paradas chamado The Beatles. George Harrison, por exemplo, tinha começado a tocar usando canções de Perkins e os Fab Four acabaram gravando mais coisas dele do que qualquer outro artista, exceto deles mesmos. A turnê britânica não apenas rejuvenesceu sua perspectiva, mas de repente o fez perceber que ele tinha se transformado — sem nenhuma manobra própria — de fracassado para lenda, num país em que nunca havia tocado antes. Ao retornar aos EUA, ele se juntou ao velho amigo e ex-companheiro de gravadora Johnny Cash e se tornou uma presença regular em seu road show pelos próximos dez anos, encerrando sua batalha contra o álcool. Ele continuou gravando, lançando "My Kind of Country" (em 1973) e fazendo covers de sucessos clássicos do Rock & Roll e Country no "Ol' Blue Suede's Back" (de 1978).
Quando os anos 80 começaram, Perkins se viu no epicentro do renascimento do Rockabilly, viajando sozinho com uma nova banda composta por seus filhos apoiando-o (incluindo o futuro membro do Hall da Fama do Rockabilly Stan Perkins). Em 1982, ele colaborou com Paul McCartney na música "Get It", incluída em "Tug of War". Ele também se juntou aos membros do Stray Cats, Lee Rocker e Slim Jim Phantom, para uma regravação de "Blue Suede Shoes" para a trilha sonora da comédia "Porky's Revenge". 1985 provou ser um ano marcante para Perkins, que foi destaque num especial de televisão ao vivo, "Blue Suede Shoes: A Rockabilly Session", gravado no Limehouse Studios de Londres e com convidados como George Harrison, Eric Clapton, Dave Edmunds, Rosanne Cash e Ringo Starr. Ele também fez uma participação especial, ao lado de David Bowie, no filme "Into the Night", do diretor John Landis. 1985 também foi o ano em que ele foi introduzido no Nashville Songwriters Hall of Fame. Dois anos depois, ele foi introduzido no Rock & Roll Hall of Fame e, logo depois, no Rockabilly Hall of Fame. Em 1986, sua gravação original de 1955 para "Blue Suede Shoes" foi introduzida no Grammy Hall of Fame. No mesmo ano, ele se reuniu com outras lendas do Rock & Roll, Johnny Cash, Jerry Lee Lewis e Roy Orbison para "Class of '55: Memphis Rock & Roll Homecoming", uma homenagem aos seus primeiros anos na Sun Records. Em 1989, ele teve um hit Country nº. 1 com The Judds em "Let Me Tell You About Love" e lançou seu próprio álbum, "Born to Rock".
Em 1992, Perkins lançou "Friends, Family, & Legends", uma produção repleta de estrelas com participações de Chet Atkins, Travis Tritt, Joan Jett, Charlie Daniels, Paul Shaffer e outros. Ele então colaborou com Duane Eddy & The Mavericks, contribuindo com uma versão de "Matchbox" para o álbum beneficente da AIDS de 1994, "Red Hot + Country". O último álbum de Perkins, "Go Cat Go!", chegou em 1996 e contou com participações especiais de muitos artistas que se inspiraram nele, incluindo George Harrison e Paul McCartney, Bono, John Fogerty e Tom Petty, entre outros. Após uma longa batalha contra o câncer de garganta, Perkins morreu no início de 1998, aos 65 anos, mas seu lugar na história já estava garantido.











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