Que fim levou? Eddie Cochran

 

Eddie Cochran foi uma das primeiras grandes estrelas do Rock & Roll e um artista cuja influência superaria em muito sua breve carreira, que foi interrompida quando ele morreu em um acidente de carro em 1960. Cochran seria frequentemente citado como um dos pioneiros do Rockabilly, mas seu estilo era mais musculoso e menos vibrante do que o de seus colegas, adicionando um sotaque Blues à música que combinava confortavelmente com suas melodias influenciadas pelo Country. Cochran também era um guitarrista impressionante e um compositor jovem o suficiente para entender a mentalidade adolescente e seu fascínio por carros, garotas e bons tempos, mas também era talentoso o suficiente para dar vida às suas histórias e combiná-las com melodias enérgicas e cativantes. Canções como "Summertime Blues", "C'mon Everybody", "Somethin' Else", "Nervous Breakdown" e "Weekend" sobreviveriam em covers décadas após a morte de Cochran e sua influência seria sentida em artistas tão diversos quanto Bobby Fuller e os Sex Pistols. Cochran também foi um dos primeiros roqueiros americanos a fazer uma turnê pelo Reino Unido, onde se mostraria especialmente influente. Quando Paul McCartney conheceu John Lennon, este último ficou impressionado com o fato de o primeiro não apenas tocar "Twenty Flight Rock" de Cochran, mas também saber a letra de cor.

Eddie Cochran em 1957

Eddie Cochran nasceu em 3/out/1938 em Albert Lea, Minnesota. Seus pais eram originalmente de Oklahoma e suas primeiras influências foram na música Country. Cochran era um estudante quando começou a tocar bateria, e logo passou a aprender violão e piano. Em 1950, a família Cochran deixou o Centro-Oeste para Bell Gardens, Califórnia, e Eddie formou sua primeira banda enquanto estava no ensino fundamental, tocando músicas caipiras com seus amigos. Depois de um ano no ensino médio, Cochran abandonou a escola para se tornar um músico profissional, e em 1954 começou a trabalhar com o colega músico Country Hank Cochran. Embora os dois não fossem parentes, eles tocavam como os Cochran Brothers.

Os Cochran Brothers lançaram seu primeiro single, "Mr. Fiddle"/"Two Blue Singin' Stars", em 1955, e a dupla teve um sucesso modesto. Mas quando o Rock & Roll começou a entrar na consciência pública, Eddie caiu sob o feitiço de Chuck Berry, Little Richard, Carl Perkins e outros heróis do Rock. Embora ele continuasse a escrever canções com Hank Cochran, Eddie começou por conta própria e gravou seu primeiro single solo, "Skinny Jim"/"Half Loved", em 1956. Entre sua boa aparência casual, habilidades impressionantes como guitarrista e estilo vocal energético, Cochran parecia a escolha ideal para ser uma estrela do Rock & Roll e naquele mesmo ano ele conseguiu um papel no primeiro grande filme de Rock, "The Girl Can't Help It", que também contou com Fats Domino, Gene Vincent, Little Richard e Jayne Mansfield. Mas seu primeiro sucesso nas paradas, "Sittin' in the Balcony"/"Dark Lonely Street" de 1957, foi mais um número Pop, relativamente educado e enquanto "Mean When I'm Mad" e "Twenty Flight Rock", lançadas mais tarde no mesmo ano (a última apresentada em "The Girl Can't Help It"), estavam em linha com o que se tornaria seu som de marca registrada, nenhuma delas chegou às paradas de singles na América. O primeiro álbum de Eddie, "Singin' to My Baby", foi lançado antes de 1957, e ele fez uma segunda aparição no cinema naquele mesmo ano, desempenhando um pequeno papel no filme de exploração adolescente "Untamed Youth" ("Mocidade Indomável" no BR), onde cantou a canção "Cotton Picker".

Eddie Cochran fez um grande avanço na carreira e marcou seu maior sucesso em ago/1958 com "Summertime Blues" (coescrito por Cochran com Jerry Capehart, seu empresário), uma canção otimista e identificável de queixas adolescentes contra o mundo adulto.

Eddie Cochran e Jerry Capehart

Isso deu a Cochran seu primeiro single Top Ten, subindo para o número oito nas paradas de vendas, e "C'mon Everybody", uma celebração da festa em casa do Rock & Roll, seguiu para o Top 40 em jan/1959. À medida que Cochran se acostumava mais ao estúdio de gravação, ele começou a experimentar overdubbing de várias partes de guitarra à maneira de Les Paul e ajudou amigos no estúdio, tocando guitarra solo em sessões para o herói do Honky Tonk Skeets McDonald e adicionando backing vocals no álbum "A Gene Vincent Record Date". Após o trágico acidente de avião de fev/1959 que tirou a vida de Buddy Holly, Ritchie Valens e Big Bopper, que Cochran iria imortaalizar na canção "Three Stars", Cochran ficou cauteloso com turnês extensas e passou a dedicar mais tempo a escrever e gravar. Mas uma queda nas vendas de seus discos o fez reconsiderar por razões financeiras e como sua estrela estava subindo na Grã-Bretanha, onde ele conseguiu um punhado de singles de sucesso, ele agendou uma turnê pelo Reino Unido em conjunto com Gene Vincent para o início de 1960 (entre 24/jan e 16/abr/1960). A turnê foi um grande sucesso financeiro e fez com que ambas as estrelas fossem o assunto da Grã-Bretanha (o show no Ipswich Gaumont foi memorável e a turnê foi um momento decisivo na cultura popular britânica, expondo a nação ao Rock & Roll puro). No entanto, a aventura chegou a um fim trágico em 17/abr/1960.

Eddie Cochran e Gene Vincent com a Miss Desert Island durante a UK tour 1960

Na noite de 16/abr/1960, após um show no Bristol Hippodrome (o último programado na turnê), Cochran e Vincent contrataram um táxi para levá-los a Londres, de onde voariam de volta para os EUA. No caminho pela Bath Road (perto de Chippenham, Wiltshire), por volta das 23h50min, o carro furou um pneu, deixando o veículo fora de controle. Ele bateu num poste de concreto e Cochran morreu, enquanto Vincent e Sharon Sheeley (namorada fixa de Cochran, uma compositora que ajudou a escrever a canção "Somethin' Else" para Eddie) sofreram ferimentos moderados (Cochran estava sentado no centro do banco de trás, ele se jogou sobre Sheeley para protegê-la, mas a força da colisão fez com que a porta traseira esquerda se abrisse e ele fosse arremessado para fora do veículo sofrendo traumatismo craniano. Posteriormente, foi constatado que o veículo viajava em velocidade excessiva). Além de Cochran, Vincent e Sheeley, os outros ocupantes do veículo eram Patrick Tompkins (gerente da turnê, 29 anos) e George Martin (motorista de táxi, 19 anos). Todos foram levados para o hospital de Chippenham e depois transferidos para o hospital St. Martin, em Bath. Cochran nunca recuperou a consciência e morreu aos 21 anos, às 16h10min do dia seguinte, um domingo de Páscoa. Sheeley teve ferimentos nas costas e na coxa, Vincent fraturou uma clavícula e teve ferimentos graves nas pernas, Tompkins sofreu ferimentos no rosto e Martin não teve ferimentos significativos. Eddie Cochran foi enterrado no Forest Lawn Memorial Park, em Cypress, California. Seu funerral aconteceu em 25/abr/1960, após o translado de seu corpo da Inglaterra. Em ago/1960, Sheeley contou à revista Photoplay que Cochran disse a ela em seu último dia, pouco antes de entrar no táxi para o aeroporto: "Sabe, Shari, tenho uma estranha sensação de que o destino não vai nos deixar [ficar juntos]. Algo terrível vai acontecer — posso sentir". 

Eddie Cochran e Sharon Sheeley

Após a morte de Cochran, o single "Three Steps to Heaven" foi ao nº. 1 nas paradas do Reino Unido e, embora sua morte tenha sido certamente sentida pelos fãs americanos de Rock, sua carreira póstuma teve um perfil mais alto na Grã-Bretanha, onde sua morte no final de sua turnê de sucesso foi uma grande notícia. "Summertime Blues", em particular, provou ter vida longa, recuperando-se nas paradas do Reino Unido em 1966, 1968 e 1975, e regravada por Blue Cheer, The Who, entre muitos outros. Cochran apareceria como um personagem nos filmes "The Buddy Holly Story" e "La Bamba" (neste último, ele foi interpretado por Brian Setzer, do Stray Cats, que frequentemente o citava como uma grande influência).

Nesta foto, destaque para John Lennon e Stuart Sutcliffe. Eles podem ser vistos na multidão em um concerto de Eddie Cochran e Gene Vincent no Empire Theatre, em Liverpool, em 14/mar/1960, apenas 4 semanas antes de Cochran morrer tragicamente. Sabe-se que Pete Best e George Harrison também foram ver o concerto naquela semana, mas não está claro se Paul McCartney foi. Interessante notar que Tony Sheridan foi um dos artistas de apoio, que logo conheceria os Beatles no final daquele ano em Hamburgo.