domingo, 1 de outubro de 2023

Crítica Loreta Colucci: “Antes Que Eu Caia”

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Crítica

Loreta Colucci

 : "Antes Que Eu Caia"

Ano: 2023

Selo: Gravadora Experimental

Gênero: Art Pop, MPB

Para quem gosta de: Maria Beraldo e Juçara Marçal

Ouça: Amando Longe e Não Me Chama Pra Trampar

A voz é a primeira coisa que ouvimos em Antes Que Eu Caia (2023, Gravadora Experimental) e ela nos acompanha durante toda a execução do primeiro trabalho de estúdio da cantora e compositora Loreta Colucci. “Antes que eu caia no lugar comum / De te odiar, me farei pó“, detalha a artista paulistana na introdutória , uma clara manifestação da forte carga emocional que invade a construção dos versos e se completa pela fina tapeçaria instrumental produzida, arranjada e orquestrada por Maria Beraldo, parceira de Colucci em cada uma das oito composições, todas bastante curtas, que se revelam ao longo do material.

Embora resolvidas em um intervalo de tempo bastante reduzido, evidente é a pertinência das temáticas escolhidas por Colucci. “Se vier de pose eu pito / Se tentar a boa eu grito / Não dei corda pra marmanjo se engraçar / Meu sorriso não é pra te convidar“, canta em Não Me Chama Pra Trampar, canção em que detalha os abusos que se escondem nos bastidores da indústria da música. A mesma força poética pode ser percebido na faixa seguinte, Bom Dia Mãe, porém, partindo sobre a lógica da aceitação. “Bom dia, mãe / Bom dia, pai / Não chorem mais / Essa sou eu“, canta em meio a orquestrações sempre caprichadíssimas.

São canções que partem de experiências pessoais, pequenas inquietações ou mesmo da ausência de respostas para sentimentos conflitantes. “Não é de se falar palavra quando se fala de adeus / É de… quê“, reflete em Não Falar Palavra, música que destaca o lado contemplativo do registro e ainda abre passagem para a melancolia fina de Amando Longe. Enquanto os versos detalham o lento afastamento de um casal (“O tempo manso passa calmo / Dando sentido à paisagem / Prefiro cartas de silêncio / A te ouvir pela metade“), orquestrações sutis se revelam em pequenas doses, como um complemento natural aos versos.

Embora parta de uma abordagem bastante sutil e sempre homogênea, regida em essência pelo encontro entre as voz de Colucci e as orquestrações de Beraldo, Antes Que Eu Caia estabelece pequenos desvios que ampliam os limites do trabalho. Exemplo disso fica bastante evidente com a chegada de Arte de Me Enganar. Completa pelas vozes de ANNÁ, o cavaquinho de Manuella Lopes e a percussão de Alfredo Castro, a composição cai no samba, rompe significativamente com o restante da obra, porém, destaca a versatilidade da artista paulistana em estúdio, soando como uma criação perdida de Rodrigo Campos.

Passado esse momento de maior ruptura criativa, como uma fuga do restante da obra, Algo Grande Me Vê, vinda logo em sequência, traz o disco de volta ao mesmo universo temático apontado pela artista logo nos minutos iniciais do trabalho. São pouco menos de dois minutos em que Colucci mais uma vez mergulha fundo nas próprias inquietações, medos e percepções. “Algo grande me vê / Algo grande me vê como sou / Algo grande me quer / Algo grande me tem e estou / Inteira, como sou“, canta. Um lento desvendar de sensações que se engrandece pela batida submersa e cordas dotadas de um existencialismo melancólico.

Toda essa combinação de elementos ainda abre passagem para a música de encerramento do trabalho, Gole Seco. Se por um lado a base instrumental pouco avança quando próxima de outras composições ao longo do registro, em se tratando dos versos, Colucci conduz o disco para um novo território criativo. São pequenos jogos de palavras que se completam pela participação da cantora e compositora baiana Jadsa. É como se a musicista paulistana fosse de encontro ao mesmo universo explorado pela convidada em Olho de Vidro (2021), porém, preservando a própria identidade e sutileza explícita desde a introdutória .



Crítica Speedy Ortiz: “Rabbit Rabbit”

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Crítica

Speedy Ortiz

 : "Rabbit Rabbit"

Ano: 2023

Selo: Wax Nine

Gênero: Indie Rock

Para quem gosta de: Bully e Charly Bliss

Ouça: You S02, Scabs e Ghostwriter

Mais de uma década depois de ser oficialmente apresentada com o lançamento de Major Arcana (2013), Sadie Dupuis e seus parceiros de banda estão de volta com mais um novo e sempre barulhento trabalho de estúdio do Speedy Ortiz. Em Rabbit Rabbit (2023, Wax Nine), o grupo completo por Andy Molholt, Joey Doubek e Audrey Zee Whitesides segue de onde parou há cinco anos, no bem-sucedido Twerp Verse (2018), para mergulhar em uma combinação de guitarras sempre carregadas de efeitos e batidas enérgicas que potencializam as letras ancoradas em conflitos pessoais, desilusões e tormentos vividos por Dupuis.

Eu não sou como as outras garotas e sou / Hoje é mágico e nada pode impedir meus planos“, canta na introdutória Kim Cattrall, canção em que referencia a atriz de Sex and the City, mas que se aprofunda nas contradições e conflitos mentais de Dupois. São momentos de maior vulnerabilidade emocional, mas que em nenhum momento tendem à melancolia excessiva, indicando o esforço da musicista em sempre seguir em frente. “Estou tentando / Estou tentando“, repete na derradeira Ghostwriter, composição que reforça esse direcionamento criativo, como um exercício da própria cantora em fazer as pazes consigo mesma.

Parte desse resultado vem justamente do período em que o trabalho foi composto, durante o isolamento causado pela Pandemia de Covid-19, quando Dupuis passou a refletir sobre o próprio passado. Nesse processo, a cantora resgatou memórias traumáticas da infância e adolescência, estímulo para a criação de algumas das principais faixas do disco. “Sigo meu caminho pelo caminho da dor“, canta em Cry Cry Cry, composição em que não apenas reforça parte dos temas incorporados ao longo do registro, como estreita laços com o ouvinte, efeito direto do lirismo honesto que se reflete em cada mínimo fragmento da canção.

É como se, pela primeira vez, Dupuis fosse capaz de explorar as próprias angústias, traumas e memórias atormentadas com uma liberdade inexistente mesmo nos próprios trabalhos da artista em carreira solo. São composições que se esquivam de possíveis curvas metafóricas para passar a limpo as principais inquietações da cantora. “Me provocando com comentários desleixados, exaustão de monossílabos / Então não fale, não fale comigo“, grita na já conhecida Scabs, faixa que evidencia a ferocidade da artista, como um acumulo natural de pequenas tensões que ganha ainda mais destaque pela rica base instrumental.

São as mesmas guitarras ruidosas que há mais de uma década orientam as criações do Speedy Ortiz, porém, marcadas pelo uso de pequenos acréscimos e texturas que concedem frescor ao repertório de Rabbit Rabbit. Embora parte desse resultado venha do maior domínio de Dupuis, que assina a produção do trabalho, difícil ignorar a interferência criativa de Sarah Tudzin, com quem a artista divide os créditos. Conhecida pelo trabalho com o Illuminati Hotties, a guitarrista parece incorporar a mesma fluidez explícita em Let Me Do One More (2021), evitando que a poesia angustiadas das canções pese sobre o material.

Ainda assim, Rabbit Rabbit consegue se estender para além do necessário. Salve exceções, como a já citada Ghostwriter, poucos são os destaques na segunda metade do disco. Passada a euforia explícita em músicas como You S02, Plus One e toda a sequência de composições que inauguram o trabalho, o registro mantém o fôlego, porém, esbarra em pequenas repetições temáticas e ideias que parecem melhor incorporadas ao bloco inicial. São pequenos excessos que naturalmente diminuem o impacto em relação ao material, mas em nenhum momento ocultam a força criativa e profunda sensibilidade poética das canções de Dupuis.

 


Crítica Yeule: “Softscars”

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Crítica

Yeule

 : "Softscars"

Ano: 2023

Selo: Ninja Tune

Gênero: Dream Pop

Para quem gosta de: Grimes e Sky Ferreira

Ouça: Dazies, Inferno e Ghosts

Softscars (2023, Ninja Tune) é a etapa final de um lento processo de amadurecimento pessoal e criativo vivido pela singapurense Nat Ćmiel. Utilizando da identidade de Yeule, a artista passou os últimos anos imersa nos próprios sentimentos, estímulo para o fino repertório que marca as canções do introdutório Serotonin II (2019), ganha novo tratamento no posterior e ainda recente Glitch Princess (2022), mas que alcança melhor resultado no presente trabalho. É como uma combinação do que há de mais doloroso e libertador nas experiências emocionais acumuladas por Ćmiel e agora materializadas em composições.

No jardim da sua mente / É escuro e espinhoso, doce e pegajoso / E assim como o mel, transborda“, canta na agridoce faixa-título, uma delicada representação poética das angústias e temas incorporados por Yeule durante toda a execução do disco. São canções que funcionam como janelas para o passado, resgatando memórias empoeiradas ou mesmo acontecimentos ainda recentes vividos por Ćmiel. “Estou olhando para você do penhasco / Estou olhando para baixo e sinto a felicidade“, confessa na já conhecida Sulky Baby, música que não apenas destaca a força criativa e sensibilidade dos versos, como a potência dos arranjos.

Diferente dos antigos trabalhos de Yeule, sempre centrados em experimentações caseiras com a música eletrônica, Softscars chama a atenção pelo maior aproveitamento dado aos instrumentos. São guitarras em primeiro plano, sempre carregadas de efeitos, como um aceno para a obra de veteranos como LushThe Smashing Pumpkins e demais nomes de peso da década de 1990. A própria canção de abertura, X W X, com suas vozes berradas e ensurdecedores blocos de ruídos, funciona como uma boa representação dessa força avassaladora que move o disco, como um complemento aos sempre confessionais versos de Ćmiel.

Entretanto, a beleza de Softscars não está na completa ruptura em relação aos antigos registros de Yeule, mas na forma como Ćmiel alcança um ponto de equilíbrio entre o próprio passado e esse novo tratamento criativo. São canções que se entregam ao uso de temas ruidosos, porém, pontuadas por momentos de maior leveza e meticuloso diálogo com o pop. Exemplo disso pode ser percebido em 4ui12. Enquanto a base da composição evoca nomes como My Bloody Valentine, batidas eletrônicas e melodias altamente pegajosas parecem pensadas para grudar na cabeça do ouvinte logo em uma primeira audição. E ela não é a única.

Durante toda a execução do trabalho, Yeule mergulha na construção de faixas que alcançam um ponto de equilíbrio entre o experimentalismo e o pop, garantindo maior fluidez ao repertório. São momentos de calmaria e caos, mas que em nenhum momento tiram o foco do que parece ser o principal componente criativo do registro: os sentimentos de Ćmiel. Da poesia melancólica que se apodera de Inferno e Dazies, passando pelo lirismo metafórico de Software Update, em que reflete sobre os relacionamentos virtuais tóxicos, sobram momentos em que somos soterrados pela força das emoções que invadem os versos.

Claro que esse forte caráter emocional dado ao disco tem seus riscos. Do momento em que X W X abre as portas do registro, tudo gira em torno de romances fracassados, términos e recomeços vividos pela singapurense, o que resulta em uma obra que pouco evolui liricamente quando próxima do repertório de Glitch Princess. Entretanto, a habilidade de Ćmiel, sempre em colaboração com o coprodutor Kin Leonn, está justamente na capacidade em tornar composições talvez inofensivas e limitadas em verdadeiras preciosidades. São texturas, fragmentos de vozes e pinceladas instrumentais que condensam décadas de referências, porém, preservando o que parece ser uma identidade criativa própria das criações de Yeule.



CRONICA - WOODY’S TRUCK STOP | Woody’s Truck Stop (1969)

Originário da Filadélfia, o Woody's Truck Stop (nome tirado de uma garagem onde os músicos ensaiavam) foi criado em 1966 e incluía um certo Todd Rundgren em suas fileiras. Este último bateu a porta por divergência musical e por não ter tolerado o lançamento de tortas pelo público durante um show de abertura do Blues Project. Ele tentará a sorte com Nazz.

Em 1969, o combo, permanecendo em Boston, se estabilizou em torno do vocalista Mark Oberman (que também toca violão), do guitarrista Alan Miller, do guitarrista Greg Radcliffe, do baixista Ron Bogdon e do baterista Bobby Radeloff. O quinteto partiu para Nova York para gravar um álbum homônimo no mesmo ano pelo selo Smash Records.

É uma pequena joia do rock psicodélico composta por nove faixas. Este disco começa com “People Been Talkin'” onde a presença dos metais lembra Blood, Sweet & Tears. Outra influência notável, a do Cream onde o guitarrista solo esculpe bons solos no rock pesado "Got My Bride", "Checkin' On My Baby" no brutal registro de rhythm 'n' blues com sua gaita corrosiva e "Color Scheme" mais agressivo. Porém, o grupo não esconde o fascínio pela Paul Butterfield Band e principalmente pelo longa “Just To Be With You”.

Woody's Truck Stop também é capaz de oferecer belos passeios outonais, explorando um quarteto de cordas em "Everything Is Fine", mas especialmente em "Marble Reflections" no final para uma atmosfera mais dramática e irreal. De resto apreciaremos o desencantado “Tryin' So Hard” com as suas pausas nervosas e o breve “I'd Be A Fool” com o seu estilo country folk.

A partir daí chegará o tempo das desilusões e das separações.

Títulos:
1. People Been Talkin’
2. Got My Bride
3. Everything Is Fine
4. Color Scheme
5. Checkin’ On My Baby
6. Tryin’ So Hard
7. Just To Be With You
8. I’d Be A Fool
9. Marble Reflections

Músicos:
Mark Oberman: vocais, guitarra
Alan Miller: guitarra
Greg Radcliffe: guitarra
Ron Bogdon: baixista
Bobby Radeloff: baixista

Produzido por: Jack Shaw




CRONICA - SOFT MACHINE | Fifth (1972)

 

Vendo seu espaço criativo cada vez mais reduzido, o baterista inglês Robert Wyatt trocou a Soft Machine por outros projetos em agosto de 1971 após a publicação de Fourth . Resta aos restantes membros encontrar um substituto. O tecladista Mike Ratledge, o saxofonista Elton Dean e o baixista Hugh Hopper recorrem a John Marshall, que toca no Nucleus. Mas ele recusa a oferta. Finalmente a escolha recaiu sobre Phil Howard, um conhecido de Elton Dean e que começou a trabalhar no Keith Tippett Group.

A nova formação se reuniu em estúdio entre novembro e dezembro de 1971 para produzir a quinta obra da soft machine, impressa em julho de 1972 pela CBS. Sobriamente intitulada Fifth , a capa é de um preto profundo onde o título aparece de forma semi-subliminar. Um disco diferente de seu antecessor, Elton Dean se torna o único soprador removido da seção de sopros de Fourth . Somente ele iluminará este LP composto principalmente por Mike Ratledge. Musicalmente, se o disco continua sendo jazz, Soft Machine traz uma abordagem mais progressiva através de mudanças de clima e andamento. O que dá uma certa magia, mesmo que tudo pareça higienizado ao ouvir.

O Lp abre com “All White” onde a música se instala lentamente, numa atmosfera nebulosa e vagamente perturbadora com este baixo pesado e este sax cativante. Então a bateria começa, rapidamente superada pelo som característico do piano elétrico de Mike Ratledge. Mas a estrela é o saxofone alto de Elton Dean tocando com fluidez e liberdade. Introduzidos por gotas d'água, chegam os 7 minutos de “Drop” com um clima sonhador com essas ondas e esses loops feitos nos teclados, que vêm, que vão e que voltam. Às vezes é dissonante sem preocupação. O quarteto acelera o ritmo destacando o refrão do órgão manipulado de Mike Ratledge para nos lembrar que Soft Machine está na origem do estilo Canterbury. A peça “MC” é estranha, comatosa e até caleidoscópica.

Para o segundo surge um problema. Phil Howard é agradecido. Seu estilo livre no palco é pouco apreciado por Mike Ratledge e Hugh Hopper. Livre das sessões do Harmony Row do vocalista/baixista Jack Bruce, John Marshall finalmente aceitou o convite em janeiro de 72 para o lado B.

Começa com “As If” com Roy Babbington no contrabaixo (já presente no Fourth). Após uma breve introdução a um espetáculo macabro, esta peça surge obscura, tensa, desconcertante. Mais uma vez é o saxofone que intriga, desempenhando um papel igual a este lúgubre contrabaixo. John Marshall se dá ao luxo de um curto solo de bateria em “LBO” para apresentar “Pigling Bland”, a faixa mais melodiosa e calorosa que alterna passagens tocando emoções e salsa suingante no final. Aqui novamente o sax vai seduzir. O disco termina com “Bone” com palavras vaporosas, sombrias, misteriosas, aromas étnicos com essas percussões inusitadas e sons canelados. Um título que é a última contribuição de Elton Dean. Com efeito, o saxofonista está a desistir, preferindo dedicar-se à carreira a solo e a outras colaborações. Ele morreu em fevereiro de 2006.

Títulos:
1. All White
2. Drop
3. M C
4. As If
5. L B O
6. Pigling Bland
7. Bone

Músicos:
Elton Dean: Saxofone
Mike Ratledge: Teclados
Hugh Hopper: Baixo
Phil Howard: Bateria
John Marshall: Bateria
+
Roy Babbington: Contrabaixo


CRONICA - THE CLIMAX BLUES BAND | Tightly Knit (1971)

 

A CLIMAX BLUES BAND continua seu caminho alegre, mesmo que permaneça à espreita na sombra dos gigantes do Rock britânico. Depois de 3 álbuns no relógio, THE CLIMAX BLUES BAND decide fazê-lo novamente e os músicos se encontram em estúdio para montar um sucessor de  A Lot Of Bottle .

Nenhuma mudança de formação deve ser relatada dentro da BANDA CLIMAX BLUES. O grupo encontrou a sua velocidade de cruzeiro, o seu ponto de equilíbrio. Ele mais uma vez confia em Chris Thomas para produzir seu próximo álbum. O quarto álbum de estúdio foi intitulado  Tightly Knit  e foi lançado em 1971.

O que mais chama a atenção neste álbum é a capa. Este parece bastante estranho e não parece nada dos anos 70. Ninguém, em qualquer caso, adivinharia que  Tightly Knit foi lançado em 1971 apenas pela visão de sua arte. De qualquer forma, o grupo inglês ganhou confiança, tem agora uma certa base e não hesita em optimizar o seu potencial da melhor forma possível. Ele ateia fogo em “Hey Mama”, uma composição Boogie-Rock/Blues-Rock colorida, alegre e animada que faz você bater os pés e te deixa de bom humor com instrumentos de sopro muito presentes (notadamente um saxofone), uma gaita que não hesita em convidar-se para a festa, torna-se cativante no seu entorno, cativante como o inferno em "Shoot Her If She Runs", uma composição Blues-Rock alegremente assumida em coros, revestida de belos vôos guitarristas que acentuam o seu lado valvulado. O grupo liderado por Pete Haycock faz o trabalho corretamente em “Bide My Time”, uma composição de Blues-Rock Psicodélico com belas melodias Pop, um ambiente aconchegante, a atmosfera elevada, como em “Towards The Sun”, uma faixa Pop-Rock com leves nuances blues e muito focada na melodia, tem uma bela renderização, mesmo que um pouco repetitiva no longo prazo. A CLIMAX BLUES BAND arrisca um pouco mais e oferece com “St. Michael's Blues” uma peça musical de 9'57 uma viagem magistral que permite escapar: este Blues elétrico é caracterizado por cantos encantatórios, guitarras incandescentes que nunca se soltam a pressão, solos atléticos de tirar o fôlego e impressionantes em resistência, revelando-se de tirar o fôlego e emocionantes. Com “That's All”, o grupo inglês oferece uma composição folk tipicamente britânica com um ritmo muito presente que se mostra capaz de deliciar os pubs de toda a Grã-Bretanha. 2 instrumentais estão incluídos. "Pequeno Link", bastante curto e direto (1'39 do relógio), oscila entre o Blues, o Folk e o Country, caracteriza-se pelo seu ambiente rural, local e vai direto ao ponto. Quanto a “Who Killed McSwiggin”, é um instrumental de Jazz-Rock colorido, emocionante e admiravelmente trabalhado que é servido por uma introdução com ritmo tribal, depois reforçado por um zumbido de baixo, depois arranjos com cebolinhas que destacam músicos bem sincronizados com uns aos outros que se divertem participando de belas batalhas. Neste álbum, apenas uma capa está presente: é “Come On In My Kitchen”, um antigo standard de Robert JOHNSON de 1937 que está em destaque e THE CLIMAX BLUES BAND fez uma versão Blues-Rock em andamento lento bastante terroso, cru e acima de tudo muito respeitoso com o original, ao longo de 6'36.

Este quarto álbum de estúdio da THE CLIMAX BLUES BAND é sólido, inspirado e geralmente realizado. O grupo liderado por Pete Haycock deu um importante passo em frente. Ele ganhou maturidade, maestria e você pode sentir isso, você pode ouvir. Não se deixe enganar pela capa pouco atraente do  Tightly Knit , a eficácia do seu conteúdo fala por si. E pacientemente, THE CLIMAX BLUES BAND está conquistando um lugar dentro do Classic-Rock anglo-saxão, pronta para quebrar a casa assim que a primeira oportunidade se apresentar...

Tracklist:
1. Hey Mama
2. Shoot Her If She Runs
3. Towards The Sun
4. Come On In My Kitchen
5. Who Killed McSwiggin
6. Little Link
7. St. Michael’s Blues
8. Bide My Time
9. That’s All

Formação:
Pete Haycock (vocal, guitarra)
Derek Holt (baixo, vocal)
George Ewart Newsome (bateria)
Colin Cooper (gaita, clarinete, saxofone)

Rótulos : Crisálida/Senhor

Produtor : Chris Thomas



AEC 68 - Antologia (1971-1972)

 





Faixas / Tracks:
Você Está Boa / Violão (1971) 
Stay / Pour Un Flirt (1972)

AEC 68 foi um conjunto moçambicano de Lourenço Marques que actuava em locais sobejamente conhecidos daquela cidade. O grupo abrilhantava festas, tardes dançantes, shows e bailes (de finalistas e/ou de passagens de ano) em Associações, Clubes, Restaurantes (Dragão de Ouro e Zambi, entre outros), Clube de Pesca, Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra e até no Liceu Salazar, de 1968 a 1974. A sigla AEC, foi retirada de "Antigos Estudantes de Coimbra" (AEC), associação onde nasceu o grupo em 1968. 
Tiveram também a sua internacionalização já que fizeram um baile de Gala no President Hotel em Johannesburg/África do Sul, e outro no Monamatapa Hotel, em Salisbury/Rodésia. 
Carlos Alberto Silva (baterista) que já vinha de outros conjuntos como os ABC, os Night Stars, os Corsários, Os Inflexos/Impacto, etc…integrou os AEC 68 quando este grupo foi tocar para o Polana Hotel e onde permaneceram nos últimos 3 anos antes do 25 de Abril, terminando em Dezembro 1974. 
Nessa altura, o grupo era formado pelo Carlos Alberto Silva (bateria), Franklim (vocalista), Aires de Carvalho no baixo, Maurílio (teclas) e Pedro (guitarra), mas infelizmente devido a um grave acidente com o BMW 2002 do Pedro, onde o Aires o acompanhava, junto ao restaurante Oceania, na marginal de Lourenço Marques, estes elementos foram substituídos pelo " Pip" e o Allan, respectivamente, baixista e guitarrista sul-africanos. Posteriormente o Pedro regressou ao grupo mas o Aires ficou impossibilitado de tocar. 

Allan, guitarrista sul africano que tocou no AEC 68 durante a recuperação do Pedro, em Lisboa

Por esse motivo, uma formação posterior seria constituída por, Franklim (vocalista), Pip (baixista sul africano), Pedro (guitarra), Maurilio (teclas) e Carlos Alberto Silva (bateria) 
Actuaram no Restaurante Zambi, de onde saíram, cedendo o lugar aos Diabólicos / Banda Diplomática e foram para o Hotel Polana onde tocaram por alguns anos (logo a seguir ao "Conjunto Académico+2" que tinha feito uma temporada naquele prestigiado Hotel de Lourenço Marques). Nessa altura, na Boite do Polana (Lourenço Marques) actuava o Quinteto Académico+2 e o quarteto francês de Johnny Bonada, com os intervalos preenchidos com música dos AEC 68.

AEC 68, da esquerda para a direita: Franklim, Pip ( sul africano), Pedro, Maurilio e Carlos Alberto Silva (este com 28 anos)

Dos AEC 68, bem como dos grupos Storm (Fu, vocalista e  Zeca, guitarra) e Conjunto de Oliveira Muge (Zé Violante, guitarra baixo) saíram os músicos que formariam mais tarde e já na “metrópole”, a Sygma Band, excelente banda que durante muitos anos foi residente do Casino da Figueira da Foz, tendo passado anteriormente pelo Casino Estoril, Hotel Sheraton Madeira, Casino de Espinho, etc., e onde militavam aqueles antigos elementos dos grupos já referidos.

AEC 68 - Da esquerda para a direita: Pedro, Manel, Fraquelim, Filu, Zé Graça actuando na Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra, em 1968

Discografia: 

Single 1971 – Você Está Boa / Violão (Bayly LMB 0015, 1971) 
Single 1972 – Stay / Pour Un Flirt (RCA MZB 003 – 1972) 






Destaque

KIX - BLOW MY FUSE (1988)

  Blow My Fuse é o quarto álbum de estúdios da banda estadunidense Kiz . Seu lançamento oficial aconteceu em 19 de setembro de 1988, atravé...