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| Bobby Gustafson, DD Verni, Rat Skates e Bobby “Blitz” Ellsworth |
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| Bobby Gustafson, DD Verni, Rat Skates e Bobby “Blitz” Ellsworth |
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| Bobby Blitz, D.D. Verni, Derek Taylor, Ron Lipnicki e Dave Linsk |
Discografía completa de Amancio Prada, incluíndo algúns singles e concertos.

Não são todas as bandas que lançam quatro discos bons e quase nenhuma os lança a todos no espaço de um ano. É impossível falar de Polygondwanaland sem mencionar a maneira como foi lançado. Os King Gizzard disponibilizaram gratuitamente os masters do disco de modo a que os fãs pudessem criar as suas próprias versões em CD e vinil. Dezenas de editoras independentes aceitaram o desafio e criaram as suas próprias versões do quarto de cinco discos que a banda australiana se propôs lançar em 2017.
“Crumbling Castle” abre o disco e encaminha-nos para outra dimensão com o seu ritmo sincopado e riffs traiçoeiros. Depois de um refrão que se assemelha a um grito de guerra a canção salta para uma secção jazzística e o sintetizador estreia-se verdadeiramente num disco dos King Gizzard (eles já o tinham usado em discos anteriores mas nunca como instrumento principal) criando um crescendo que culmina num dos já familiares freak-outs a que a banda nos habituou já. Os 10 minutos de “Crumbling Castle” são os mais pesados que os australianos alguma vez gravaram e abrem o apetite para um disco que contém muitas surpresas.
As três canções que se seguem estão tematicamente ligadas, formando uma suite apelidada de “Polygondwanaland”. A faixa-título, em contraste com a violência a que o ouvinte acabou de ser exposto, é lenta e valsante, a sua melodia suportada por uma flauta (a que a banda nos tem habituado nos últimos discos) e, mais uma vez, sintetizadores. “The Castle in the Air” acelera o passo, com complexos ornatos de guitarra acústica e “Deserted Dunes Welcome Weary Feet” amplifica-o ainda mais com um riff de hard rock, levando-nos a paisagens mais familiares. O seu refrão dissonante (reminescente do da faixa-título) relembra-nos o doo-wop dos anos 50 mas com um travo ao psicadelismo clássico dos King Gizzard. Acabada a canção, torna-se claro que este é o disco em que os antípodas finalmente abraçaram o rock progressivo (conceptualmente esta tendência já tinha sido evidenciada no spoken-word de Murder of the Universe ou no ciclo infinito de Nonagon Infinity).
Para quem considera o rock progressivo um género pretensioso e difícil de ouvir, os King Gizzard provam que não tem de ser assim: “Tetrachromacy” (e as referências a quatro cores não acabam aqui) são três minutos e meio da pop mais orelhuda deste disco. O riff pirata na acústica é duplicado por uma guitarra elétrica com efeitos e o breve interlúdio de flauta e harmónica fazem com que estes três minutos pareçam curtos de mais.
O disco acaba com “The Fourth Colour”, uma tour de force que nos lembra os melhores hinos de I’m in Your Mind Fuzz de 2014: riffs orelhudos dão lugar a refrões espaciais desorientadores que se desmoronam num drone, culminando na típica jam final a que os australianos nos foram habituando ao longo dos anos.
Não é ao quarto disco de 2017 que os King Gizzard começam a abrandar. Polygondwanaland contém os melhores aspetos da fórmula da banda e expande a paleta em todas as direções. O resultado é um disco musicalmente rico que promete impressionar até os mais cínicos detratores da locomotiva australiana.

Agosto de 1996, Knebworth Park, duas noites esgotadas em cinco minutos, dois milhões e meio de candidaturas a bilhetes; convites para recepções em Downing Street; proclamações de serem maiores que Deus. A lei da gravidade parecia não se aplicar aos Oasis, pelo que as sugestões por parte do management de que desaparecessem durante um ano ou dois para descansar do turbilhão dos media, das drogas e da eterna picardia entre os irmãos Liam e Noel foram liminarmente rejeitadas em favor de um rápido regresso a estúdio.
Munido de maquetes gravadas durante umas férias acompanhado por Johnny Depp e Kate Moss na casa de Mick Jagger em Mustique, Noel encaminha a banda para Abbey Road em outubro, juntamente com o habitual produtor Owen Morris. Sintomaticamente, um estúdio não chegaria, nem dois. Como não chegariam dez pistas de guitarra a dobrar a mesma parte para cobrir as ambições (e a moca) de Noel. Um festival de excessos alimentados por doses industriais de cocaína que se viria a tornar no terceiro álbum dos Oasis, mas também na explosão final e titânica da Britpop.
O single de apresentação, “D’You Know What I Mean?” abre o álbum com um festival de overdubs, feedback, helicópteros, samples de “Straight Outta Compton” dos NWA, código Morse, vozes e mais guitarras em reverse, alusões a Dylan e Beatles na mesma frase e sete minutos e 42 segundos de duração, para desespero das rádios. Sob este manto, esconde-se exactamente a mesma sequência de acordes de “Wonderwall”, e assim a declaração de intenções fica feita. “My Big Mouth” acelera a fundo durante quase seis minutos sobre mais uma cama de feedbacks, enquanto “Magic Pie” promete ser o clássico mid-tempo cantado por Noel à guitarra acústica com um piano eléctrico a acompanhar. A promessa dura apenas um minuto, ao fim do qual reentra o camião com pistas sobrepostas de guitarras distorcidas, mensagens ininteligíveis em código Morse, coros de estádio e um pequeno disparate jazzístico nos últimos segundos.
“Stand By Me” foi o segundo single, um sing-along clássico alicerçado na sequência de acordes de “Ziggy Stardust” e numa intoxicação alimentar provocada pela falta de dotes culinários de Noel. A orquestra que voltará a fazer aparições ao longo do álbum entra aqui pela primeira vez. A caminho do meio do álbum, “I Hope, I Think, I Know” começa com (pasme-se!) mais feedbacks e o entusiasmo e auto-confiança esmagadores como só dois Gallaghers nos anos 90 conseguiam ter; “The Girl In The Dirty Shirt” é a maior aproximação pop-love-song do álbum, mas pelos padrões Be Here Now do que uma pop-love-song possa ser, ou seja, sem défices de distorção apesar do regresso do piano eléctrico dar um toque mais ameno.
Atingido o meio do álbum, “Fade In-Out” tem um live in studio feel, um ambiente assemelhável ao pico de forma duns Kula Shaker, percussões a marcar o tempo na primeira metade e uma guitarra slide tocada por Johnny Depp na segunda. “Don’t Go Away” aparece como um raro momento de vulnerabilidade no meio deste furacão sónico, tanto na performance vocal de Liam como na letra de Noel, alegadamente dedicada à mãe do guitarrista Paul “Bonehead” Arthurs, que estaria por essa altura a morrer de cancro. Segue-se o tema homónimo do álbum, em que a programação habitual é retomada: distorções, uma cadência esmagadora, mais alusões a Beatles, Liam a atacar as letras como quem arma uma cena de pancadaria no pub.
Chegando à recta final, o terceiro single “All Around The World” é o monumento final ao excesso que envolve este álbum. Mais de nove minutos de duração, o regresso da orquestra, três subidas de tom, um infindável coro final à la “Hey Jude” com a presença das namoradas dos elementos da banda e de um certo Richard Ashcroft, mais uma reprise orquestral para fechar o disco, antes da qual fica ensanduichado “It’s Gettin’ Better (Man!!)”, o último dos temas mais rock n’ roll nas pegadas de “My Big Mouth” e “I Hope, I Think, I Know”, feito por medida para moshpits do tamanho de um estádio.
Grupo da Dinamarca formado em København em 1970 e que só lançou um álbum em 1970 com esse nome, logo depois o grupo ficou sabendo que havia...