terça-feira, 1 de abril de 2025

Duran Duran “Rio Carnival”

 

Em 1982, estava o grupo em rampa ascendente, a estratégia da EMI para sublinhar o afastamento dos Duran Duran do movimento new romantic ao qual tinham sido associados no ano anterior, procurando assim assegurar a sua sobrevivência e maior projecção global, passou, além do investimento no vídeo, pela aposta numa afirmação da sua identidade como uma nova força na música de dança. Daí a ideia de, em finais do verão de 1982, lançar um EP que recolhesse remisturas de canções do álbum “Rio”, tornando-as candidatas a morar nas pistas de dança da rentrée, assim como assegurando eventual nova passagem pelas rádios aos temas de um álbum que então somava já alguns meses de vida. O EP, que recebeu como título “Carnival”, vincava também um contraste face a “Save a Prayer”, o mais recente single do grupo: uma balada…

Por detrás do EP está David Kershenbaum, produtor com credenciais na música de dança que assegurou a remistura dos temas mais dançáveis do álbum, não apenas com o EP em vista, mas também para os máxi-singles entretanto editados e, inclusivamente, uma versão susbtancialmente remisturada do próprio álbum “Rio”, que a Capitol lançou depois no mercado norte-americano.

“Carnival” foi apenas lançado em cinco países (EUA, Holanda, Espanha, Japão e Taiwan), para cada edição a EMI tendo apostado em capas e alinhamentos distintos. A melhor colecção de remisturas é a que se apresenta na edição japonesa, cujo alinhamento foi mais tarde integralmente editado em CD num álbum duplo lançado pela Toshiba EMI (e no qual se juntavam a este três outros EP, respetivamente associados aos álbuns de 1981, 1983 e 1986). A edição japonesa juntou “New Religion” a remisturas de “Hold Back The Rain”, “Hungry Like The Wolf”, “Rio” e “My Own Way”, todas elas canções do álbum de 1982. O EP japonês teve também edição em cassete.

A edição holandesa apostou numa capa branca, com fotos de 1982 dos cinco elementos do grupo. O alinhamento divide atenções entre os temas desse ano e a memória do ano anterior, como que sugerindo o melhor da história “dançável” dos Duran Duran até então. Juntam-se aqui as Night Versions já lançadas nos máxis de “Rio”, “Hungry Like The Wolf” e “Planet Earth” com uma versão alternativa de “Girls on Film”. A versão espanhola de “Carnival” apresentava essencialmente num alinhamento semelhante à deste EP holandês. A principal diferença residiu na capa, com a (habitual) tradução dos títulos das canções para castelhano e o título igualmente traduzido para… “Carnaval”.

A edição norte-americana, que foi também editada no Canadá, foi a comercialmente mais bem sucedida de todas. Em vez de EP, o “Carnival” norte-americano foi encarado como um mini-LP e chegou a marcar entrada na tabela de álbuns mais vendidos por uma semana (tendo então alcançado o número 98). O alinhamento foca essencialmente os temas mais dançáveis de “Rio”. Ou seja, “Hungry Like The Wolf” (na remistura do máxi-single lançado alguns meses antes), “My Own Way” e “Hold Back The Rain”, estas em novas misturas. E, para recordar 1981, este EP nascido do outro lado do Atlântico acrescentava ainda “Girls On Film (Night Version)”. Esta versão americana de “Carnival” conheceu também lançamento em cassete.

Há uma cassete editada por esta altura na Arábia Saudita sob o título Carnival, mas na verdade esse lançamento corresponde a um “best of” com temas dos dois primeiros álbuns, não se tratando por isso de uma outra versão deste EP de 1982.

Agora, 41 anos depois, as remisturas de canções do álbum “Rio” que surgiram em máxis e nas diversas edições do EP “Carnival” foram reunidas no álbum “Rio Carnival”, um álbum com apenas lançamento em vinil, que surgiu como um dos lançamentos especiais da edição de 2023 do Record Store Day. Este álbum, que deixa assim de fora as memórias de 1981 dos EPs lançados nos mercados europeus e americano corresponde a uma edição limitada a dez mil exemplares.

“Rio Carnival” dos Duran Duran é um lançamento exclusivamente em vinil numa edição da Parlophone/Warner.



Por baixo ficam as capas e os alinhamentos das diversas edições do EP “Carnival”, de 1982.

Edição europeia:

Lado A: Hungry Like The Wolf (Night Version) + Rio (Night Version)
Lado B: Planet Earth (Night Version) + Girls On Film (Night Version)

Edição japonesa:

Lado A: Rio (Pt. II) + Hold Back The Rain (Re-Mix) + My Own Way
Lado B: Hungry Like The Wolf (Night Version) + New Religion

Edição americana:

Lado A: Hungry Like The Wolf + Girls On Film
Lado B: Hold Back The Rain + My Own Way


David Bowie “Laughing With Liza – The Vocation and Deram Singles 1964-1967”

 O single editado em 1964 como Davie Jones and The King Bees e os três que Bowie lançou já pelo seu nome, na Deram, entre 1966 e 67, juntando ainda mais um extra inédito, fazem uma caixa que surgiu por ocasião do Record Store Day 2023.

Davie Jones and The King Bees. Era assim que se apresentava a banda com a qual David Bowie (David Jones, no passaporte) conseguiu a sua estreia discográfica em junho de 1964. A seu lado estava, entre os outros músicos, o guitarrista George Underwood, que o acompanhara já nos Kon-Rads (a sua primeira banda, na qual militou entre junho de 1963 e setembro de 1963) e os The Hooker Brothers (de vida breve entre julho e setembro de 1963). Os três meses de vida dos King Bees deram contudo a Bowie a primeira oportunidade para gravar, numa sessão de apenas uma hora, curiosamente no mesmo estúdio da Decca em West Hampstead onde meses antes tentara uma (menos bem sucedida) audição com os Kon-Rads. Apesar de creditada a Leslie Conn (o manager da banda), Liza Jane, a canção que ocupa o lado A do single nasceu na verdade de uma série de variações sobre um velho espiritual negro, tanto que, em Complete David Bowie, de Nicholas Pegg, George Underwood é citado numa entrevista na qual diz não ter entendido nunca o crédito que surge prensado no disco (a Leslie sendo ainda atribuída a produção e direção musical). Em clima mod, sem grandes sinais de personalidade face ao que era a linha média dos acontecimentos de tantas outras jovens bandas britânicas cativadas pelo rhythm’n’bluesLiza Jane foi editado pela Vocalion, uma etiqueta subsidiária da Decca que, por sua vez, reeditaria o single, com uma custom sleeve, em 1978.

A canção teve estreia televisiva na BBC a 6 de junho, um dia depois da edição do single, no Juke Box Jury, um programa no qual “especialistas” foram convidados a pronunciar-se se seria ou não um êxito, apenas colhendo um entre quatro votos. David e a banda atuariam dias depois no Ready Strady Go! Da ITV e, a 27 de julho, num outro programa da BBC. Apesar da exposição o single, que no lado B incluía uma versão de Louie, Louis Go Home (original de Paul Revere & The Raiders), passou ao lado do mercado… Consta que foram impressas 500 cópias da versão original do single, uma edição contrafeita de origem norte-americana tendo surgido logo depois, a original distinguindo-se pelo facto do vinil ter rodela central e número de série impresso no vinil pela máquina (a edição americana tem centro largo e números escritos à mão). A mais curiosa das histórias de Liza Jane surge anos mais tarde, numa ocasião em que, ao fazer limpezas em casa, a mãe de Leslie Conn perguntou ao filho o que fazer com umas caixas com singles que tinha na garagem, ao que este lhe responde que os deite fora, assim tendo feito (entre eles estando várias cópias deste single). Hoje, um exemplar original de Liza Jane pode custar acima de 1300 euros.

Liza Jane representa a mais antiga memória recuperada nesta caixa. A ela juntam-se os três singles que Bowie lançou pela Dream Records para acompanhar a edição, em 1967, do seu álbum de estreia. Ou seja, a caixa omite os singles lançados em 1965 como Manish Boys e Davy Jones with the Lower Third e os três que, já em 1966, editou na Pye Records. Retomemos então a narrativa com Rubber Band

Em finais de 1966, terminada a breve passagem pelo catálogo da Pye Records, David Bowie começava nova (e importante) etapa da sua vida acompanhado pelo novo manager Ken Pitt. O primeiro sinal discográfico desta nova fase chegou, em dezembro de 1966 na forma de um primeiro single que apresentava no lado A Rubber Band, um dos três temas que, na forma de primeira maquete, tinha ajudado Pitt a garantir o contrato discográfico com esta etiqueta da Decca. Distante das abordagens mais evidentes aos universos da cultura mod e aos caminhos herdados do rhythm’n’blues em que tinha seguido nos singles anteriores, Rubber Band mostrava um David Bowie vocal e musicalmente diferente. A canção, mais próxima das genéticas do vaudeville que de terrenos rock, expressava sinais de um interesse maior pela música de Anthony Newley (que de resto caracterizaria a etapa de ligação à Deram, refletindo-se no alinhamento do álbum que editaria em 1967). No lado B surge aquela que é talvez a primeira grande composição sua. Com o título London Boys, junta este mesmo espaço de referências, mas aprofunda o que podemos entender como expressão mais evidente de uma personalidade. Apesar das críticas favoráveis, o single conheceu o mesmo destino dos anteriores e passou bem longe das atenções. O tema do lado B seria reeditado, nove anos depois, como lado A de um single.

Há quem aponte depois The Laughing Gnome como o mais embaraçoso dos singles de Bowie. E quem, pelo contrário, o dê como exemplo do bom humor do autor. Editado em abril de 1967, este single traduz mais um foco de atenção do músico sobre a figura e obra de Adrien Newley, afastando-se mais que nunca dos terrenos pop/rock contemporâneos (um pouco como o faria a essência do alinhamento do álbum de estreia, a que chamou David Bowie, que editou no mesmo ano mas em cujo alinhamento não surgiria esta canção).The Laughing Gnome é construído como um diálogo entre David Bowie e um visitante alienígena, a voz de Bowie tendo sido depois manipulada em estúdio para interpretar a figura do extra-terrestre. Conduzida por um fagote, a canção integra-se no quadro de referências que Bowie então criava mas que acabou num beco que abandonaria pouco depois, ao visitar, em Space Oddity, outros destinos espaciais. Tal como os singles que o antecederam, The Laughing Gnome passou ao lado das tabelas de vendas. Mas, reeditado em 1973, chegou a um inesperado sexto lugar no Reino Unido. Menos feliz foi uma outra reedição, em 1982, completamente ignorada. Conta a mitologia pop/rock que, por ocasião da Sound + Vision Tour de 1990 (na qual os espectadores de cada país podiam pedir uma canção por votação telefónica), o jornal NME tentou mobilizar leitores para uma votação em massa em The Laughing Gnome. Mas Bowie respondeu – muito no seu estilo – que até estaria a ponderar tocá-la na digressão, mas não se ia vergar aos pedidos da imprensa. Naturtalmente não a tocou. No lado B do single surge o algo experimental The Gospel According To Tony Day, tema gravado em janeiro de 1967 onde tece retratos (nada elogiosos) de várias figuras ficcionais, com a música conduzida por um oboé, um fagote e a presença minimalista de uma guitarra.

O melhor single da etapa inicial da carreira de David Bowie nasceu da regravação de uma canção originalmente registada em fevereiro de 1967 para o alinhamento ds David Bowie, o seu álbum de estreia (e o único que gravaria na Deram). Com novo take vocal e um arranjo para cordas, Love You Till Tuesday teve edição em single em julho de 1967, levando a David Bowie a primeira série generalizada de críticas positivas que frisavam, sobretudo, a capacidade de se destacar dos demais do seu tempo pela diferença na abordagem musical. O Melody Maker chegou mesmo a apontar Bowie como um dos poucos nomes verdadeiramente originais de então, numa mesma edição em que Syd Barrett (dos Pink Floyd) fala de Love You Till Tuesday com simpatia, mesmo sem revelar um grande entusiasmo. Também nos EUA, onde o single chegaria em setembro do mesmo ano, as opiniões publicadas foram geralmente favoráveis. Apesar do entusiasmo crítico e do facto de estar ter sido uma das canções que Bowie levou à sua primeira sessão gravada para a BBC, Love You Till Tuesday conheceu o mesmo destino de todos os seus singles anteriores e não chegou a entrar na tabela dos mais vendidos. No lado B surgiu uma canção originalmente gravada durante as sessões que geraram o álbum de estreia de Bowie, mas que acabaram fora do alinhamento do disco. Com um arranjo vaudevillesco, vincava claramente uma curiosidade por espaços mais próximos de tradições teatrais que pelos caminhos da cultura pop/rock do seu tempo.

A fechar esta caixa há um quinto single, inédito, que junta Side Space Oddity (Love You Til Tuesday version) no lado A e The Laughing Gnome (Vocal Take 1, Mix 1) no lado B.

“Laughing With Liza – The Vocation and Deram Singles 1964-1967” é uma caixa de 5 singles em vinil, editada pela Decca no Record Store Day 2023



Patrick Wolf “The Night Safari”

 Passou por uma etapa difícil. Chegou até a pensar que a música seria uma coisa a fechar no seu passado. Felizmente venceu a difícil travessia de uma década de silêncio e acaba de editar um EP no qual propõe um recomeço, em tudo fiel à sua identidade. 

Quem é Patrick Wolf? Um violetista de sensibilidade rara, mas que gosta de contaminar a sua música com outras fontes de som? Um cantautor que partilha genéticas na música clássica e folk com um óbvio sentido pop? Um esteta à procura de porto, já com anos somados de vida nómada, os últimos quase invisíveis, a justificar os muitos caminhos até aqui experimentados? Em tempos, numa conversa, ele mesmo me contou que era tudo isto ao mesmo tempo. Discretamente revelado em 2003 com “Lycanthropy”, tendo cativado atenções maiores quando, dois anos depois, apresentou em “Wind In The Wires” uma proposta de desafio de formas, cruzando vivências folk e uma formação como violinista com uma demanda pop mais vincada, Patrick Wolf viu-se catapultado para um patamar de atenção maior em 2007, ao ver uma editora maior a integrá-lo no seu catálogo com “The Magic Position”, disco que acentuava um percurso de mergulho em linguagens pop. Agora, anos depois de um longo silêncio que se seguiu ao lançamento de um disco de revisão acústica da obra até então editada (“Sundark and Riverlight”, de 2012), ei-lo que surge a dar contra de toda uma vivência à beira do abismo que protagonizou nessa etapa, confessando que acabou mesmo por cair, somando momentos de questionamento, dependência e da consequente necessidade de fuga e libertação. O tempo passou. E eis que volta a surgir, sem a tempestade de atenções (em clima indie, claro) de outrora, propondo-nos um EP que tem o sabor de um recomeço.

Sem rejeitar a dimensão pop que aprofundara em “The Magic Position” e depois levara mais adiante nos seguintes “The Bachelor” (2009) e “Lupercalia” (2011), Patrick Wolf apresenta neste novo “The Night Safari” um conjunto de magníficas cinco canções pelas quais, mais do que procurar novos destinos, arruma antes, e de forma exemplar, as linhas pelas quais já antes havia demarcado uma identidade. O ponto de contacto mais próximo acaba por ser “Wind In The Wires”, o álbum que assim assume definitivamente uma ideia de ponto de encruzilhada do qual partira então um desafio do qual perdeu o controlo e o norte (tal como recentemente contou em entrevista ao Guardian). Esse era o disco onde, sem pressão nem expectativas maiores, preparava a sua voz e visão para um salto pop… 

Sem que implique esquecer canções belíssimas como “The Bluebells”, “Get Lost” ou o próprio tema-título do álbum de 2007, “The Night Safari” procura agora dar, com outro pulso (e maior tranquilidade) uma ideia de flirt com as linguagens da pop que “The Night Position” então representou. O EP é como uma pequena montra de possibilidades, que ora visitam a exuberância das visões pop (algo barrocas) de Patrick Wolf, ora reduz a luz e intensidade do som a encontros da voz com arranjos mais discretos em canções como “Dodona” ou “Enter The Day”. A sua voz regressa segura e profunda, o gosto pela exploração de timbres menos vulgares e a elaborada visão cenográfica que gosta de pensar para cada canção traduzem um seguro reencontro com os seus melhores momentos. Ou seja, o regresso faz-se sólido e promissor. Agora é esperar pelo passo em frente (acreditando que a proximidade do abismo agora não está mais por ali).

“The Night Safari”, de Patrick Wolf, é um EP disponível em vinil e nas plataformas digitais, num lançamento da Apport.


Patrick Wolf “The Night Sa

Brian Eno “Foreverandevernomore (Forever Voiceless Edition)”

 Apresentado em 2022, transportando ecos de uma visão desencantada de Brian Eno sobre o mundo em que vivemos, o álbum “Foreverandevernomore” conheceu uma versão instrumental editada entre os lançamentos especiais do Record Store Day de 2023. 

A criação de discos vocais, apesar do ritmo com que lançou os seus primeiros quatro álbuns de canções na década de 70 (entre 1973 e 1977), nunca assumiu um lugar de protagonismo maior no quadro de uma obra que optou, antes, por assumir desafios diferentes, entre colaborações, explorações e a criação de pontes com outras formas. Isto não secundária, contudo, os títulos vocais que lançou não apenas nesse arco de tempo nos setentas, mas também episódios posteriores que passam por parcerias com David Byrne ou John Cale ou álbuns como “Another Day On Earth” ou “The Ship”, criados já no século XXI. Os discos vocais eram, mesmo assim, acontecimentos bissextos na discografia em nome próprio de Brian Eno, tanto que foi notícia digna de destaque a edição, em 2022, do belo “Foreverandevernomore”.

Musicalmente mais próximo dos passos ensaiados em “The Ship” (de 2016) do que na memória dos seus clássicos discos pop/rock dos anos 70, o álbum lançado no ano passado revelou um lugar onde confluem não só ideias colhidas nas experiências de já mais de 40 anos daquilo a que se convencionou chamar “música ambiental”, mas também uma vontade em trabalhar a voz de forma diferente, dando ainda verbal ao homem atento ao mundo que desenhava aqui o disco mais assombrado (mas nem por isso menos realista) da sua obra.

“Foreverandevernomore” apresentou-nos uma experiência envolvente, cinematográfica e desafiante nos sons (por vezes com elementos angulosos ou desconfortáveis a impedir que os ambientes desenhados sejam um pano de fundo), definindo na música uma tela tranquila, mas tensa, sobre a qual Brian Eno reflete sobre sinais de perigo que assinala no mundo do nosso tempo. Das catástrofes ambientais aos focos de conflito nasce então o guião algo desencantado que nos acompanha ao longo de todo o disco. 

Agora, meses volvidos sobre o lançamento do álbum vocal, eis que surge “Foreverandevernomore (Forever Voiceless Edition)”, uma versão instrumental do disco de 2022, que na verdade surgira já como complemento ao álbum nas plataformas de streaming. Prensado em vinil como um dos lançamentos especiais da edição de 2023 do “Record Store Day”, a versão instrumental vinca as ligações evidentes às demandas ambiente mais recentes de Brian Eno, mas não perde totalmente a carga narrativa que o disco vocal transportava. Afinal sabemos que aquela música nasceu com palavras e ideias mesmo que, omissas nesta versão, não deixam de ser as linhas que moldam o caminho que a música aqui quer comunicar. E mesmo sem escutarmos as palavras, há tensão e assombração ainda habitar ainda este lugar. 

“Foreverandevernomore (Forever Voiceless Edition)”, de Brian Eno, está disponível numa edição em LP pela Universal.



Fever Ray “Radical Romantics”

 O terceiro álbum do projeto Fever Ray reúne os irmãos Karin e Olof (The Knife), junta contribuições de Trent Reznor, Atticus Ross e da portuguesa Nídia Borges e abre novos rumos emocionais e temáticos numa obra que continua a ser desafiante. 

Poucas foram as histórias de bandas com ponto final colocado relativamente cedo, mas após a edição da sua obra-prima. Aconteceu, por exemplo, com os Japan depois de “Tin Drum”. Voltou a acontecer, num outro tempo, com os suecos The Kife depois de “Shaking The Habitual”. Na verdade, em anos estes casos, houve ainda uma digressão após a edição destes dois álbuns marcantes, ambas depois com retratos fixados em áudio e vídeo, respectivamente em “Oil On Canvas” (1983) e “Live At Terminal 5” (2017). Em ambos os exemplos houve ainda carreiras a solo iniciadas antes dos momentos de separação, com Mick Karn e David Sylvian a gravar respetivamente um álbum e um single de estreia em 1982 e, no universo The Knife, Karin Elisabeth Dreijer a dar outros passos através do projeto Fever Ray, pelo qual lança um primeiro single em 2008, segundo-se um álbum no ano seguinte. A esse LP ao qual chamou “Fever Ray” fez seguir, em 2017, o sucessor “Plunge”, surgindo agora o terceiro capítulo, ao qual chamou “Radical Romantics”.

A principal surpresa do novo álbum, bem vincada no alinhamento do disco, é o reencontro entre Karin e o irmão Olof Dreijer, seu irmão e parceiro criativo nos The Knife, que mudou de ares e encontrou nova casa em Berlim. E de facto, mais do que em “Plunge”, onde se reconheciam possibilidades de alguns trilhos lançados por horizontes sugeridos em “Shaking The Habitual”, a sequência inicial de “Radical Romantics” (as quatro primeiras canções são co-assinadas e co-produzidas pelos dois irmãos) assenta num patamar que não esconde um reencontro com o espaço sonoro que poderia representar a descendência direta do que, há precisamente dez anos, se escutava no álbum de estúdio final dos The Knife. As maiores diferenças, num reencontro que não volta costas à identidade vincada pelos irmãos Deejer numa obra conjunta notável, notam-se contudo nas tonalidades emocionais de um alinhamento que, distinto do que moldava a visão crítica e ativista de “Shaking The Habitual”, olha mais agora para quem escreve, canta e faz música do que para o mundo ao seu redor e acrescenta um sentido aparentemente mais luminoso às partilhas de ideias e emoções que por aqui passam.

Além de Olof as contribuições da dupla Trent Rzenor /Atticus Ross na produção de dois temas, da DJ e produtora portuguesa Nídia Borges (que muitos certamente descobriram em edições da Príncipe) ou do produtor e compositor de Bristol, Vessel, amplificam o mapa de acontecimentos para além do que poderia ser uma sugestão eventual de segunda vida dos The Knife neste terceiro disco editado como Fever Ray. A linha da frente da criação da canção talhada com ferramentas electrónicas continua a contar, por isso, com Karin Elisabeth Dreijer como um dos talentos do nosso tempo a não perder de vista. 

“Radical Romantics”, do projeto Fever Ray, está disponível em LP e CD e também nas plataformas de streaming num lançamento da Rabid.





ROCK ART


 

Tolo Marton - 1990 - Blues Concert at Aosta + Marton, Tagliapietra & Pagliuca - 2011 - Vicenza

 



 Tolo Marton (ex Le Orme) - Blues Concert - Aosta, Discostudio Divina, 10 maio 1990

Caros amigos do Strato, desta vez proponho um excelente concerto de blues de Tolo Marton, um músico muito conhecido pelos fãs do prog italiano como o antigo guitarrista do Le Orme no álbum "Smogmagica" de 1975. O concerto de Tolo Marton, com mais de 50 minutos de duração, abriu o set da Blues Brother Band (vocês encontrarão este show postado em breve no Rock Rare Collection Fetish, assim que eu tiver concluído a digitalização). Para a ocasião, Tolo Marton se apresenta acompanhado por David SRB no baixo e Davide Ravioli na bateria. Além de inúmeras homenagens aos grandes nomes do blues, o trio oferece algumas canções originais escritas por Tolo. O encerramento é realmente "estratosférico", com o passeio de tirar o fôlego de "Muddy Last Train". 


TRACKLIST

01.  Unknown (for me)
02.  Unknown (for me)
03.  Unknown (for me)
04.  Let me be
05.  Unknown (for me)
06.  Unknown (for me)
07.  Back to the roots
08.  Unknown (for me)
09.  Muddy last train

FORMAÇÃO:

Tolo Marton: chitarra, voce
David Srb: basso
Davide Ravioli: batteria

E agora uma curta biografia de Tolo Marton, considerado um dos guitarristas italianos mais talentosos, imaginativos e virtuosos, um dos poucos verdadeiros Heróis da Guitarra vindos do nosso país, de acordo com a opinião confiável de alguns jornalistas estrangeiros. Tolo lista entre suas influências os guitarristas Nils Lofgren, Rory Gallagher, Jimi Hendrix (é claro), BB King, Charlie Christian, Eric Gale, Carlos Santana, JJCale e muitos outros. Ele é apaixonado por música desde criança, influenciado pela paixão de seu irmão mais velho pelo piano. Depois de ouvir Help, dos Beatles, em 1965 Tolo começou a se dedicar ao beat e a aprender a compor uma música. Ele não se interessava nem entendia de gêneros musicais, mas apenas estudava as misturas e conexões entre instrumentos. Em 1966, ele começou a tocar um velho violão clássico emprestado por seu cunhado e, depois de um tempo, também aprendeu a tocar baixo. A audição de Tolo muda para Hendrix, Taste e Cream. Em 1973, ele gravou dois 45s com Raptus. Em 1975, ele se juntou à banda Le Orme, contratado para conter o poder excessivo dos teclados no som da banda. Com o grupo veneziano gravou o álbum "Smogmagica", participando da composição musical das peças, incluindo o grande sucesso "Amico di ieri". Após esse interlúdio na cena prog italiana, ele começou sua carreira solo em 1981 com o álbum "The Blues Won't Go Away". Desde então, ele lançou sete álbuns de estúdio e dois álbuns ao vivo. Em 1998, ele alcançou uma vitória retumbante no Jimi Hendrix Electric Guitar Festival em Seattle. O evento é organizado pela família do grande Jimi em colaboração com a Fender (uma marca muito conhecida de instrumentos musicais), Aiwa e Guitar Player Magazine. Este prêmio altamente cobiçado, entregue a ele diretamente por Al Hendrix, pai de Jimi, aumentará a notoriedade de Tolo de tal forma que o tirará do circuito de "nicho" de seus fãs mais próximos. Marton ainda é o único guitarrista europeu a ostentar este cobiçado prêmio.

Tolo é um dos pioneiros na difusão da música ao vivo em clubes italianos, pela série incessante de concertos que realiza continuamente em sua região e por toda a Itália. Ele participou cinco vezes do Festival de Pistoia tocando no mesmo palco com nomes como BB King, Buddy Guy, Jeff Beck, Jeff Healey, Robben Ford, os Blues Brothers e muitos outros; Ele tocou com Jack Bruce e Ginger Baker, dois terços do Cream, e estava essencialmente no lugar do membro restante, Eric Clapton. Em 1999 participou do “Blues and Soul Festival” em Skopje, Macedônia. Por fim, ele ganhou inúmeras experiências nos Estados Unidos no mesmo período, após o triunfo em Seattle: após um período de pausa na carreira, ele escolheu recomeçar em Austin, Texas, cidade que se define como “a capital mundial da música ao vivo”. Na América, Tolo teve inúmeras apresentações ao vivo, aparições no rádio (KGSR, KUT, KLBJ) e na televisão, além de entrevistas. Em Austin, no mesmo período, ele gravou seu álbum "Colours and Notes" e tocou nos melhores clubes da cidade.

Em 5 de novembro de 2010, após 35 anos, Tolo Marton se reúne com os ex-membros do Orme, Aldo Tagliapietra e Tony Pagliuca. Junto com o baterista Carlo Bonazza, o grupo participou da Prog Exhibition, que aconteceu nos dias 5 e 6 de novembro em Roma para comemorar o quadragésimo aniversário do rock progressivo italiano. Também se juntou a eles David Cross, do King Crimson, como convidado especial. O grupo - que se apresenta com os nomes Tagliapietra, Pagliuca, Marton - anuncia o lançamento de um álbum de músicas inéditas: entre elas está a canção intitulada "Dai un nome", apresentada durante as apresentações ao vivo. Depois de realizar outros concertos com grande sucesso em Gênova, Mestre e Varese, em abril de 2011 o grupo decidiu se separar. Em 2012, Tolo Marton iniciou uma colaboração com o baixista do Deep Purple, Roger Glover, e o baterista Ian Paice. Em breve haverá um show deles ao vivo no Stratosphere. Eu prometo!

 
Tagliapietra, Pagliuca, Marton - Vicenza, Teatro Comunale
25 de fevereiro de 2011

E aqui estão eles, três músicos de Le Orme juntos novamente para uma série de concertos ao vivo. Eles não podem ser chamados de Le Orme, já que a marca registrada permaneceu nas mãos de Michi Dei Rossi, mas a música, os sons, as atmosferas são sempre os mesmos. A gravação ao vivo refere-se ao concerto realizado no Teatro Comunale de Vicenza em 25 de fevereiro de 2011, com a adição de uma faixa bônus retirada do concerto em Mestre em abril do mesmo ano. Ótimo desempenho.
Divirta-se ouvindo.

 TRACKLIST:
01  Presentazione / Los Angeles / Sguardo verso il cielo
02  Amico di ieri
03  Regina al Troubadour
04  La porta chiusa
05  Gioco di bimba
06  Alpine Valley
07  Frutto acerbo / Figure di cartone
08  Dai un nome
09  Maggio / Collage
10  Cemento armato
11  Primi passi - Live in Mestre, 14 aprile 2011 (bonus)
 FORMAÇÃO:
Aldo Tagliapietra: basso, chitarra, voce
Tony Pagliuca: Tastiere, voce
Tolo Marton: chitarra, voce
Manuel Smaniotto: batteria







WITCHCRAFT estreia novo single “Drömmar Av Is” via Metal Injection; novo álbum "IDAG" será lançado em 23 de maio pela Heavy Psych Sounds!

 



As lendas do ocultismo doom rock sueco WITCHCRAFT se uniram à Metal Injection para apresentar seu novo single "Drömmar Av Is" hoje. Seu aguardado sétimo álbum de estúdio "IDAG" será lançado em 23 de maio pela Heavy Psych Sounds Records.

“Este álbum vai colher almas e destruir mentes perversas. E talvez consertar algumas das quebradas.” - Magnus Pelander, Witchcraft


Das profundezas da escuridão sueca, o aguardado novo álbum de estúdio do Witchcraft, "IDAG", emerge, e, meu Deus, é extravagante. Liderados pelo enigmático guitarrista, cantor e compositor Magnus Pelander, esses arquitetos da desgraça que deram início a todo o renascimento analógico duas décadas atrás e inauguraram uma nova era do rock oculto, passaram cinco anos elaborando sua obra mais íntima até agora.

Após seu experimento acústico de 2020 "Black Metal", Pelander explorou a transcendência e entrega pura feitiçaria proto-metal entrelaçada com a magia do prog dos anos 70, com metade das faixas tocadas em sua língua nativa sueca pela primeira vez na história da banda. Com apenas alguns sussurros acústicos aqui e ali, este é o Witchcraft em seu momento mais fascinante. "Uma invocação latente de sua feitiçaria característica dos anos 70, com riffs pesados ​​— crua e hipnótica, mas atada com uma intensidade perturbadora que perdura muito depois que a nota final desaparece. (...) Pesado, mas profundamente melancólico, transbordando com a energia doom oculta que tornou seus primeiros discos favoritos cult", descreve a Decibel Magazine. Não perca o primeiro single "Burning Cross" neste local!

WITCHCRAFT - Novo álbum "IDAG"

Lançado em 23 de maio pela Heavy Psych Sounds

Mais de 20 anos após sua estreia, o sétimo álbum do Witchcraft, 'IDAG', é um aguardado relato completo de quem eles são como uma banda. Aqueles que clamaram pelo retorno a um som anterior enraizado no rock progressivo e pesado clássico dos anos 70 se deliciarão com o andamento de “Irreligious Flamboyant Flame”, enquanto a faixa-título de abertura de oito minutos é a mais pesada que a banda já soou, e uma sucessão de peças acústicas intercaladas ajuda a criar uma visão de um novo doom folkish comovente tomando forma enquanto eles continuam a avançar inexoravelmente.

Essas poucas palavras enigmáticas do principal compositor da banda sueca dão pistas sobre as intenções das músicas; uma referência ao álbum de 1969 do Coven, 'Witchcraft Destroys Minds and Reaps Souls'. O Coven também tinha uma pegada folkish, proto-doomed naquele ponto de sua história, e essa natureza multifacetada sempre foi parte do Witchcraft. Em um nível, Magnus está piscando para você dizendo que é um disco do Witchcraft. O significado real disso fica claro quando você ouve o álbum e descobre o quanto 'um disco do Witchcraft' pode abranger.

O enredo do crescimento do Witchcraft, desde Pelander começando a banda em Örebro em 2000, na esteira da dissolução de sua banda anterior, Norrsken. Um marco geracional de uma estreia autointitulada de 2004 ajudou a desencadear um movimento retroísta que se tornou seu próprio subgênero, mas o Witchcraft nunca parou de crescer. 'Firewood' de 2005 e 'The Alchemist' de 2007 introduziram sons mais progressivos e, cinco anos depois, o 'Legend' nitidamente moderno estabeleceu em 2012 que eles haviam ido além da adoração analógica da qual fizeram parte, sendo pioneiros na cena contemporânea de heavy rock e doom.

Em 2016, o 2LP 'Nucleus' introduziu um doom mais encorpado, e 'Black Metal' de 2020 divergiu para um minimalismo acústico temperamental familiar para alguns fãs do trabalho solo inicial de Pelander, mas diferente de tudo que Witchcraft havia feito antes. 'IDAG', então, é o elo que une tudo isso — mais de duas décadas de exploração e crescimento — junto. O que quer que eles tenham feito no passado e o que farão no futuro, 'IDAG' parece um nexo para definir quem e o que Witchcraft é. Ainda mais louco, esse pode ser o ponto da coisa. — Palavras de JJ Koczan

Todas as músicas, letras, guitarras e vocais por Magnus Pelander. Baixo tocado por Philip Pilossian, com bateria por Par Hjulstrom. Mixado e masterizado por David Storm. Arte por John Bauer.



Stevie Wonder – For Once In My Life

 



Você se lembra do que conquistou aos 18 anos, waveriders? Quando penso nisso, não estou pensando em muita coisa. Comecei a faculdade, o que certamente não é nada, mas não estava estudando para curar o câncer. Para ser honesto, não precisei estudar muito no meu primeiro ano de faculdade. Sabe o que não estava fazendo, meus amigos? Não estava escrevendo músicas que acabariam nas paradas da Hot 100. Quer saber quem conquistou esse feito? Stevie Wonder, é quem.

 

Para ser claro, eu ouvia músicas do Stevie Wonder desde que eu era criança. Meus pais não tinham nenhum disco do Stevie Wonder, mas eu ouvia uma tonelada métrica da minha estação de rádio local 'oldies', que, claro, tocava quantidades nada saudáveis ​​de sucessos da Motown todos os dias. Naturalmente, suas playlists continham várias músicas do Stevie Wonder, e eu me lembro com carinho de curtir a música saindo pelos alto-falantes do meu quarto. Então, obviamente, com base na minha diversão, assim que tive renda disponível, corri e comprei alguns álbuns do Stevie Wonder, certo? Certo?!? Bem, não.

 

Comprei uma cópia do Talking Book há muito tempo. Tempo suficiente para que eu não consiga datar, mas definitivamente perto de quando eu tinha 18 anos. Talking Book é ótimo! Gosto muito! E esse foi o único álbum do Stevie Wonder que comprei até algumas semanas atrás. Não há um bom motivo para isso. Toda vez que revisitei o álbum ao longo dos anos, eu me perguntava por que não tinha comprado mais do catálogo do Stevie Wonder? Novamente, nenhum bom motivo. Felizmente, esse monólogo interior ainda estava em vigor quando me deparei com uma cópia em CD do For Once In My Life na seção de liquidação da minha Half Price Books local (uma loja que vende livros usados, CDs, vinil, etc.).

 

For Once In My Life foi o décimo álbum de estúdio de Stevie Wonder. Foi o segundo álbum que ele lançou em 1968. Eu sei que hoje em dia é difícil imaginar que lançar dez álbuns de estúdio aos 18 anos seja um feito impressionante, mas estamos falando de 1968! Spotify e Bandcamp não existiam. O processo contra o Napster estava apenas ganhando força! Tudo bem, então essa última parte foi uma piada, mas tenho certeza de que você entendeu o que eu quis dizer. Lançar tantos álbuns antes de atingir a maioridade foi altamente irregular. Dito isso, estou lendo seus pensamentos, waveriders. Sim, lançar álbuns quando criança é impressionante e tudo, mas a música é boa? Resposta curta? Sim.

 

Se você gosta do som da Motown dos anos 1960, For Once In My Life está cheio até a borda com músicas que farão você sorrir incontrolavelmente. Isso é R&B, soul e música pop fundidos em uma mistura deliciosa. Quatro músicas deste álbum, a faixa-título, "Shoo-Be-Doo-Be-Doo-Da-Day", "I Don't Know Why" e "You Met Your Match" entraram na parada Hot 100. Honestamente, quando ouço este álbum, fico chocado por não haver mais singles de sucesso lançados. "I'd Be A Fool Right Now", "I'm More Than Happy (I'm Satisfied)", "Sunny", "Ain't No Lovin'" são todas fantásticas!

 

Waveriders, peço a todos vocês que me sigam por esta toca de coelho em particular e ouçam algumas músicas atemporais. Todos nós precisamos de uma pausa de nossas amadas paredes de distorção de vez em quando. Vamos tirar um momento ou dois para apreciar a incrível produção de (na época) um Stevie Wonder muito jovem e seu soberbo álbum For Once In My Life! Agora, para contemplar o conselho que eu daria ao meu eu de 18 anos se tivesse a oportunidade...

 

 



GIN LADY - “Before The Dawn Of Time” - (Ripple, 2025, Sweden)

 



GIN LADY:

Magnus Kärnebro - vocals & guitar

Anthon Johansson - bass

Fredrik Normark - drums

Johnny Stenberg - lead guitar

Avançando para o ano passado. Em toda a confusão dos 7 anos que se passaram, eu meio que esqueci se esses suecos tinham disparado 5 tiros ou 6. Nenhum me atingiu, no entanto, mas vi uma propaganda de que eles tinham assinado com a Ripple Records. Assim como o envolvimento do Sr. Dashiell, isso também me fez parar para pensar. Não me deu patas, então eu ainda tinha polegares e, portanto, dei uma olhada na rede. O que descobri foi que o GIN LADY estava expandindo seu som constantemente além dos limites normais do hard rock. Isso me deixou curioso, então entrei em contato com o bom Dr. Todd para obter uma cópia do novo disco GL.

Tenho que dizer que já faz um bom tempo que não me surpreendo tanto com um álbum. Talvez não desde antes do início dos tempos, mas é um exagero, isso é certo. Como eu disse antes, a última vez que encontrei o GIN LADY, eles estavam praticando o comércio de hard rock sólido. Quando este começou a se desenrolar, no entanto, me vi sendo transportado. Eu me vi em uma terra do final dos anos 60/início dos anos 70, quando as coisas eram um pouco mais confusas nas bordas. Isso pode ter sido por causa do ácido ou devido ao fato de que as coisas ainda não tinham se tornado tão específicas do gênero. É disso que essa música nasce, e é uma coisa maravilhosa de se ver.

 

Desde o começo, com o rock fluido, mas pastoral, de “The Paramount”, fica claro que há algo diferente acontecendo aqui. Este álbum me parece um lindo dia de primavera quando estou no Gunpowder Park caminhando ao longo do Sweathouse Branch. Quase espero ouvir as águas do riacho fluindo sobre as pedras entre as músicas. Agora, isso não quer dizer que seja uma música fraca ou flácida. Não, é algo poderoso, mas de uma forma muito aberta e com um som tranquilo que permite que suas preocupações se dissipem por um tempo.

 

Se você ouvir enquanto GIN LADY te envolve, você vai perceber alguns tons diferentes. Nenhum é dramaticamente óbvio, mas sim, vem nadando até você nas camadas de música que é relativamente simples, mas profunda e completa. “Ways To Cross The Sky” (com pouco menos de 6 minutos, a faixa mais longa disponível) oferece uma sensação melódica de ritmo médio que me lembra um pouco de alguns dos materiais mais recentes do WISHBONE ASH. “Turn Back” pega um refrão otimista e insistente e o enfia em seu cérebro para reproduções repetidas. Razoavelmente curto em duração e ainda assim impulsionando seu rock americano, “Mulberry Bend” pode ser o nome de um local em Manhattan, mas aqui ele traz outro elemento. Você consegue dizer “NWOBHM rural?”

 

Em outro lugar, “The Brain” de alguma forma funde uma melodia de guitarra perdida de Buck Dharma BÖC com o clássico REM. “You're A Big Star” canaliza os STONES da era Exile/Taylor e “Tingens Sanna Natur” ostenta um refrão etéreo e repleto de ganchos para todas as idades.

 

No geral, “Before The Dawn Of Time” não é apenas aquele álbum sortudo de número 7 para GIN LADY. Ele celebra sua assinatura com a Ripple não apenas como seu esforço mais surpreendente, mas também como um disco simplesmente maravilhoso e audível que implora para apertar “repeat”.

 




Destaque

Don McLean with the Persuasions - PBS Soundstage, WTTW Studios, Chicago, IL, 2-18-1975

  Estou muito animado para postar este álbum. Ele estava na minha lista de episódios do " PBS Soundstage " que eu queria, mas não ...