sexta-feira, 2 de maio de 2025

O regresso em grande forma de Lady Gaga num álbum carregado de (boas) referências

 Num tempo em que o panorama da canção pop se mostra dominado por canções criadas para afagar aos ímpetos dos algoritmos, servindo fartas doses de mais do mesmo, as exceções (raras, mas valentes) mostram que este pode ainda ser um terreno onde, como a história sempre demonstrou, o melhor pode acontecer. Da excelência da afirmação de visão e personalidade de um “Hit Me Hard and Soft” de Billie Eilish à ousadia que Madonna convocou para o seu mais recente “Madame X”, isto sem desmerecer o brilho polido mas eficaz com que Kylie Minogue nos deu uma canção irresistível como “Padam Padam”,  Beyoncé convocou heranças da cultura house em “Renaissence” ou a veterania sagaz dos Pet Shop Boys chamou grandes canções a “Nonetheless”, a pop dos (novos) anos 20 já colheu suficientes episódios claramente acima da mediania reinante. E eis senão quando, após uma sucessão de experiências noutros trilhos (do jazz ao cinema), eis que a figura maior que a pop viu nascer na primeira década do século regressa com um disco a inscrever no panteão onde moram os demais acima citados. E com aquele que é o seu melhor álbum em largos anos. 

A rara adaptabilidade de Lady Gaga a territórios tão distintos como os que percorreu depois do trio inicial de álbuns – “The Fame” (2008), o complemento direto “The Fame Monster” (2009) e “Born This Way” (2011) – deu conta de uma capacidade em cruzar desafios, juntando ora ímpetos mais exploratórios (“Art Pop”, 2013) ora mergulhos por memórias clássicas (“Cheek to Cheek”, ao lado de Tony Benett, em 2014, tal como em “Love For Sale”, de 2021). Nos últimos anos, e depois do mais discreto “Joanne” (2016) o cinema assumiu um papel com algum protagonismo, chegando até a ofuscar “Chromatica” (2020). Porém, apesar do sucesso considerável de “The Star Is Born” (2018) e de ter entregue uma canção ao segundo “Top Gun” em 2022, foi com uma experiência desastrosa nas bilheteiras que emergiram premeiros sinais de saudável inquietude que, não imaginávamos ainda, preparavam caminho para “Mayhem”. Se por um lado a crítica e as salas sovaram “Joker – Folie à Deux”, por outro o filme deu a Lady Gaga uma nova oportunidade para trabalhar um repertório clássico, mostrando o belo “Harlequin” (2024) que, ao classicismo de “Cheek To Cheek”, o seu novo episódio de reencontro com velhos songbooks se fazia num laboratório em maior ebulição de ideias, cheio de contrastes e surpresas. Se tivermos em conta que as canções de “Mayhem” começaram a ganhar forma já na reta final da “Chromatica Ball Tour”, ou seja, contemporâneas da criação das versões que depois ficaram fixadas em “Harlequin”, então podemos supor que um mesmo adubo criativo estava a animar uma autora a atravessar uma etapa de reencontro com um pico de forma. E se houvesse dúvidas basta uma simples primeira audição do novo disco para ter respostas. Sim. Está de volta ao seu melhor. E à melhor pop do presente.

Se entre “The Fame” e “The Fame Monster” Lady Gaga definiu as bases de uma linguagem criativa e uma identidade autoral (firmada num corpo sólido de temáticas e causas), já em “Born This Way” mostrou que a construção do seu presente assentava sobre alicerces conhecedores da história da cultura pop, algo que, depois do mais experimental “Art Pop”, retomaria em “Joanne”. O novo “Mayhem” junta esses mundos. Ou seja, retoma a visão pop (baseada numa escrita cuidada e numa entrega vocal poderosa) dos tempos de “Poker Face”, “Love Games” ou “Bad Romance” e assimila temperos que vincam vivências atuais (luminosas e felizes) e memórias colhidas entre ícones maiores da cultura pop. E aqui tanto podemos falar da presença de um funk de músculo eletrónico que evoca Prince em “Killah” ao electro disco de “Zombieboy”, do apelo pop dançável de um Michael Jackson (anos 80) no refrão de “Shadow of a Man” ao sabor dos teclados analógicos que lembram os Yazoo em “How Bad Do You Want Me”. Em “Love Drug” Lady Gaga retoma os trilhos AOR (de Adult Orientated Rock) dos dias de “Joanne”. “Don’t Call The Night” transpira a ecos electro. Podemos juntar ainda pistas colhidas no grande livro pop/rock alternativo como os Siouxsie & The Banshees (samplados no soberbo “Abracadabra”) ou The Cure (a fonte de inspiração para “Perfect Celebrity”). E anda por aqui, por todo o disco, uma discípula de Bowie…

A todo este cocktail de referências responde a solidez da escrita, uma produção exigente e a voz que no fim tudo une em canções que retomam temáticas que vão do plano das emoções a reflexões sobre a celebridade. Com aperitivo no promissor “Disease” e, depois, o assombroso “Abracadabra” (canção para somar ao Top 5 das melhores de Lady Gaga), o álbum tem tudo para devolver a sua autora à linha da frente do panorama da música pop. Pode ser verdade que o sucesso global do dueto com Bruno Mars “Die With a Smile” ajudou a lançar boas fundações para este renascimento. Mas, mesmo colocado no final do alinhamento, a canção destoa. Os Duran Duran deixaram “Is There Something I Should Know?” (1983) fora do alinhamento do álbum quer editaram nesse mesmo ano. Os New Order nunca pensaram “Blue Monday” senão como single. E estas eram pistas igualmente clássicas que “Mayhem” também poderia ter seguido.


E de um momento emocionalmente frágil nasce um álbum tremendamente belo

 Quantas vezes as carreiras a solo são espaço de exploração ou descompressão para lá do que as obras que os músicos vão criando a bordo de coletivos aos quais estão associados. Se na verdade o percurso discográfico de Panda Bear (ou Noah Lennox se espreitarmos para o passaporte) começou com “Spirit They’re Gone, Spirit They’ve Vanished” (2000) assinado a meias com Avey Tare e o seguinte “Danse Manatee” (2001) surgiu juntando esses dois nomes ao do Geologist (Brian Ross Weitz), a verdade é que, a partir de “Campfire Songs” (editado em 2003) o percurso destes músicos, juntando ainda a bordo Deakin, se fez com epicentro nos Animal Collective, banda com sede de trabalho em Baltimore (EUA) que definiu não só uma das mais sedutoras e desafiantes obras que o universo indie nos deu a conhecer no início do século como assegurou com o sublime “Merriweather Post Pavilion” (de 2009) um dos títulos de referência da música do nosso tempo. Com vida feita em Lisboa desde 2004, Panda Bear foi desde então criando uma obra em paralelo assinada em nome próprio através da qual ora olhava para além das fronteiras das possibilidades criadas pela banda ora ensaiava até passos que a música do grupo poderia assimilar. De resto as visões hipnóticas criadas com a ajuda de samples que nasceram de “Person Pitch” (um disco de 2007 no qual sinto a presença da luz de Lisboa) pode ter representado o laboratório que permitiu aos Animal Collective evoluir dos promissores “Sun Tongs” e “Feels” (respectivamente de 2004 e 2005) para, com “Strawberry Jam” (2007) pelo caminho, chegar ao já referido álbum de 2009 que definitivamente consagrou o grupo e demarcou a sua linguagem única.

Version 1.0.0

O percurso recente de Panda Bear passou, salvo em “Tangerine Reef” (de 2018) por todos os demais álbuns dos Animal Collective e por uma sucessão de discos e colaborações, entre as quais episódios de uma frutuosa colaboração com Sonic Boom. E eis que chega a 2025 com um álbum onde, depois do ensaio sobre as genéticas do psicadelismo (em “Reset”, de 2022, precisamente um dos momentos de diálogo com o ex-Spacemen3)  se cruzam familiaridade e surpresa naquela que representa talvez a melhor coleção de canções da sua obra em nome próprio. Familiaridade porque não só estão aqui reunidos os quatro elementos dos Animal Collective, com Joshua Dibb (ou seja, Deakin) em particular evidência ao co-assinar a produção, como vocalmente o disco segue uma já clássica abordagem a um trabalho de harmonias que ecoa a velha (e grande) escola de uns Beach Boys. Surpresa pelo facto como, numa obra onde o desafio formal chegou a “desconstruir” (palavra meio gasta, eu sei) a própria estrutura da canção, o disco apresenta uma sucessão de pérolas formalmente herdeiras dos mais clássicos livros de estilo da canção popular. De escrita cuidada, com moldagem criativa, cenicamente rica em timbres e marcas de identidade, plenas de luz na sequência inicial, mergulhando pela melancolia com o avançar do alinhamento, as canções de “Sinister Grift” surgiram num tempo de mudança na vida pessoal do músico.

De certa forma um “break up album”, este novo disco de Panda Bear fixa ecos de um tempo num espaço que, se por um lado fala de perda e separação, por outro nota a existência de alicerces sólidos, detalhe que a presença da filha Nadja Lennox, em português, em “Anywhere But Here” ajuda a desenhar. É um disco que traduz verdade e vulnerabilidade, porém a eventual fragilidade emocional, força motriz por detrás de muitas destas palavras e melodias, ganha forma num edifício delicadamente seguro. É lugar comum dizer que a dor pode ser chama inspiradora. Neste caso deu-nos o mais belo dos discos de Panda Bear.




ROCK ART

 



Review: The Neal Morse Band - The Similitude of a Dream (2016)

 




Esta resenha é escrita  na mesma semana que um dos maiores nomes do rock progressivo nos deixa: Greg Lake (King Crimson, Emerson, Lake and Palmer). Mas a morte dele não me fez apenas lamentar que perdemos mais uma lenda. Fez-me pensar quanta coisa boa as pessoas deixam de curtir por quererem sempre uma cópia do passado.

Uma dessas coisas é The Similitude of a Dream, décimo-nono álbum do vocalista, tecladista e guitarrista estadunidense Neal Morse, e o segundo lançado sob o nome The Neal Morse Band – um grupo que junta ele, o lendário baterista Mike Portnoy, o antigo parceiro e baixista Randy George e dois músicos relativamente desconhecidos, mas bastante rodados e habilidosos: o tecladista Bill Hubauer e o guitarrista Eric Gillette.

Este disco, conceitual e baseado no livro The Pilgrim’s Progress (John Bunyan), mostra uma evidente evolução em relação ao álbum anterior, The Grand Experiment (2015). Por mais que o lançamento do ano passado já tenha sido feito sob um sistema de banda “de verdade”, e não apenas com os músicos se adequando às composições de Neal, ele ainda soava como uma obra solo de Neal Morse.

Em The Similitude of a Dream, contudo, a formação soa muito mais entrosada, com uma forte química entre os integrantes, concedendo-a um ar mais de “Neal Morse e amigos” – sim, a marca Neal Morse ainda é onipresente, ou a banda não levaria seu nome. E depois que você assiste ao making of do álbum, tudo fica mais claro. Dá para ver com clareza a fluência musical que eles demonstraram em estúdio, a maneira como todos estavam bem à vontade sozinhos com seus instrumentos ou gravando em grupo.

O documentário retratou a concepção do álbum de forma tão honesta que até um desentendimento entre Portnoy e Morse foi tornado público – o baterista era contra fazer um disco duplo porque o Dream Theater, sua ex-banda, já havia lançado um trabalho conceitual duplo no começo do ano (The Astonishing) e ele temia comparações. Um medo um tanto tolo – são duas obras musicalmente bem diferentes, lançadas por grupos que não estão exatamente perdendo a virgindade nessa coisa de disco duplo.

Enfim, falemos da música do álbum em si: The Similitude of a Dream justifica sua calorosa recepção pela crítica. Não o colocaria no pedestal de lançamento do ano como alguns estão fazendo, mas é obviamente um discaço, e todo aquele entrosamento enaltecido parágrafos acima resultou em mais de 20 faixas, totalizando quase duas horas de rock.

Elas variam de breves peças leves e acústicas como a abertura “Long Day” e “The Dream”, a trabalhos de média duração com riffs mais pesados e instrumentação mais complexa como “City of Destruction”, “Draw the Line” e “So Far Gone”. Outras faixas trazem seus charmes próprios: o solo de saxofone de Bruce Babad em “Shortcut for Salvation”, os toques country em “Freedom Song”, o solo de baixo em “I’m Runnin” … Sem falar nas instrumentais “Overture”, “The Slough” e “The Battle”.

Mesmo que você não se identifique com todas, certamente encontrará ao menos algum momento de prazer auditivo neste disco. E a banda faz isso tudo sem perder foco e coesão. Você consegue visualizá-los o tempo todo da maneira que foram retratados no making of: livres, leves e soltos. Graças a Dio, Mike Portnoy foi vencido pelos outros quatro membros e o álbum rendeu os dois discos que sempre foi destinado a render. E como eu não resenhei The Grand Experiment, aproveito para registrar comentários sobre os dois novos músicos da banda:

- o tecladista Bill Hubauer acaba um pouco ofuscado por Neal Morse, cujo instrumento principal é o próprio teclado, embora nos clipes deste álbum ela seja mais visto empunhando guitarras ou violões. Mas o trabalho apresentado até aqui dirime qualquer dúvida quanto ao seu talento. Soube criar harmonias e melodias que se encaixaram bem em todas as canções.

- o jovem guitarrista Eric Gillette teve relativamente mais destaque. No começo do ano passado, antes mesmo do The Grand Experiment, Portnoy comentou o quanto Eric Gillette se parecia com seu “antigo parceiro de crime” – era uma óbvia referência a John Petrucci, seu ex-colega de Dream Theater. A referência se revelou precisa. A influência que o barbudo exerce sobre Eric é grande – às vezes, grande demais. Em alguns momentos o que se ouve é uma tentativa de imitar os dedilhados de Petrucci. O solo de “Breath of Angels”, por exemplo, parece uma junção dos solos de “The Best of Times” e “The Ministry of Lost Souls”, ambas do Dream Theater. Por outro lado, recai sobre ele grande parte da responsabilidade da qualidade do disco, especialmente por executar bem todos os riffs e por saber casar o som de sua guitarra com os teclados, que sempre desempenham papel fundamental na música de Neal Morse.

Um exemplo de rock progressivo bem feito, um exemplo de trabalho duplo e conceitual. Uma aula de instrumentação e composição. Podemos até discutir se este é o “álbum progressivo do ano”. Mas não podemos discutir sua beleza, nem sua qualidade.





Review: Giraffe Tongue Orchestra - Broken Lines (2016)

 




O Giraffe Tongue Orchestra é um projeto formado por integrantes do Mastodon, Alice in Chains, The Dillinger Escape Plan e The Mars Volta - Brent Hinds, William Duvall, Ben Weinman e Thomas Pridgen, respectivamente. Ah, e tem também o Pete Griffin, do Dethklok e do Zappa Plays Zappa.

Ao contrário do que se poderia supor, o som do GTO vai longe do prog ou de qualquer coisa mais intricada e cheia de nuances. Trata-se de um rock pesado e, na maioria das vezes, bastante direto ao ponto, como podemos ver logo na faixa de abertura, a ótima "Adapt or Die". De modo geral, grande parte das dez faixas de Broken Lines, disco de estreia do grupo e que está sendo lançado no Brasil pela Hellion Records, segue pela mesma pegada, com muita energia em canções que se alternam entre melodiosas linhas vocais e momentos de pancadaria bruta - esses últimos bem na linha que os fãs do Mastodon estão acostumados.

Ainda que alguns reviews e até mesmo press releases tenham citado elementos de prog e jazz na sonoridade do Giraffe Tongue Orchestra, eles não existem. O que temos, vou repetir, é um hard rock forte e direto, com influência do punk e do grunge em diversos lances, além da aura de metal que permeia o projeto.

Destaque para a sequência de abertura com "Adapt or Die", "Crucifixion" e "Blood Moon", mas, principalmente, para quando a banda decide sair do universo sonoro predominante do disco e experimenta novos caminhos, como o funk de "Everyone Gets Everything They Really Want" e a atmosfera contemplativa de "All We Have is Now".

Broken Lines é um bom disco, curioso para os fãs dos músicos e das bandas envolvidas e para quem quer arejar o ouvido com novidades interessantes. Ainda que, quando comparado com os álbuns recentes do Mastodon, Alice in Chains e Dillinger Escape Plan, fique inegavelmente abaixo, mesmo assim vale a pena conhecer.





Review: Stormwitch - Walpurgis Night (1984)

 




Às vezes é meio difícil entender a política de lançamentos dos selos e gravadoras brasileiros especializados em heavy metal. Por mais que todos saibamos o quão conservador é o mercado dedicado ao metal aqui no Brasil, com ouvintes que parecem presos eternamente em um limbo onde apenas o que foi gravado durante a década de 1980 é digno de nota, alguns exemplos acabam se destacando por serem bastante fora da curva.

É o caso de Walpurgis Night, disco de estreia da banda alemã Stormwitch, que está ganhando uma edição nacional através da Hellion Records. Lançado originalmente em 1984, o álbum traz os germânicos mostrando o quão influente foi a New Wave of British Heavy Metal. Bebendo diretamente naquela que, com o passar dos anos, viria a ser considerada a a sonoridade clássica do metal britânico, o Stormwitch gravou um trabalho que até tem os seus atrativos, mas que acabam perdendo impacto depois de mais de três décadas.

As referências principais do som dos caras são Judas Priest e Iron Maiden. Ou seja:melodias, guitarras gêmeas, vocal agudo e todo o pacote. Esse relançamento vem com as nove faixas originais, mais quatro bônus - “Walpurgis Night”, “Cave of Steenfoll” e “Thunderland”, todas ao vivo, além da inédita “Light the Pyre” -, mais um encarte repleto de imagens e textos que contam a história da banda e do disco.

Tudo aqui é ingênuo e cheio de clichês, com fartos ingredientes que os fãs de metal oitentista certamente irão curtir. Fãs de bandas atuais como Enforcer, por exemplo, irão curtir faixas como “Priest of Evil”, “Skull and Crossbones”, “Werewolves on the Hunt” e a música que dá nome ao disco. 

Se você habita o limbo citado no parágrafo inicial deste texto, vá sem medo. Agora, se o seu endereço for outro, passe o mais longe possível.




Review: Queensrÿche - Condition Hüman (2015)

 




Algumas bandas dão a impressão que serão gigantes, demonstrando talento de sobre em discos que marcam gerações. Mas, pelos mais variados motivos, acabam se perdendo no meio do caminho, recebendo bem menos reconhecimento do que realmente merecem. 

O Queensrÿche é um caso clássico. Com ao menos uma trinca de discos excelentes na carreira - Rage for Order (1986) e, notadamente, a clássica dobradinha Operation: Mindcrime (1988) e Empire (1990) -, a banda outrora liderada pelo vocalista Geoff Tate renovou o prog metal na segunda metade da década de 1980 através de trabalhos excelentes e com histórias cativantes e muito bem contadas - Operation: Mindcrime é o exemplo maior disso. Mas os problemas de relacionamento de Tate com os demais músicos acabaram minando a banda, que perdeu totalmente o foco e experimentou caminhos antagônicos à sonoridade que havia colocado os holofotes em seu trabalho.

Como todos sabem, Geoff Tate e os demais integrantes do Queensrÿche se envolveram em uma batalha judicial pelo direito de usar o nome da banda, e o vocalista perdeu a disputa. Após isso, uma nova encarnação do grupo norte-americano emergiu, estabilizando-se com Todd La Torre (vocal), Michael Wilton (guitarra), Parker Lundgren (guitarra), Eddie Jackson (baixo) e Scott Rockenfield (bateria).

Condition Hüman é o segundo registro desse novo momento da carreira do Queensrÿche. Sucessor do mediano álbum lançado por esta mesma formação em 2013 e batizado apenas como o nome do grupo, passa por cima de praticamente tudo que a banda fez nas últimas duas décadas - para ser mais preciso, a partir de Promised Land, de 1994 -, e é o melhor álbum do Queensrÿche em mais de vinte anos, para alegria dos fãs.

Produzido por Chris “Zeuss" Harris (Rob Zombie, Demon Hunter, Soulfly), o trabalho traz doze faixas inéditas, em um trabalho de composição que envolveu toda a banda, com destaque para o trio Wilton, La Torre e Rockenfield. O que sai das canções é a sonoridade límpida e cristalina característica que faz a fama do grupo, em músicas muito bem escritas e que transbordam bom gosto. O resgate de elementos clássicos, como as guitarras gêmeas tão presentes nos primeiros discos, deixa tudo ainda mais atraente, construindo uma audição agradável e que prende o ouvinte sem esforço na quase uma hora de duração do disco. Aclamado de maneira justa e unânime pela crítica e pelos fãs como um dos melhores álbuns do Queensrÿche, Condition Human também foi muito bem comercialmente, alcançando a quinta posição na Billboard.

Como em todo disco do Queensrÿche que se preze, a força está no conjunto e não em uma ou outra faixa isolada. É a junção das doze partes do quebra-cabeça que torna o trabalho completo, passando uma ótima sensação para o ouvinte. Ainda que em alguns momentos Todd La Torre emule de maneira exagerada o timbre de Geoff Tate, esse é um aspecto que provavelmente não incomodará a maior parte dos fãs - pelo contrário, diga-se de passagem.

Ninguém esperava que o Queensrÿche teria forças para dar a volta por cima, e Condition Hüman alegremente cala a boca dos críticos . Um disco surpreendente, e que merece a audição de todo e qualquer fã de metal.





Review: Pain of Salvation - Remedy Lane (2016)

 




Um dos principais nomes do rock progressivo contemporâneo, a banda sueca Pain of Salvation possui uma discografia sólida e com momentos de pico altíssimos. A trilogia The Perfect Element I (2000), Remedy Lane (2002) e Be (2004) beira a perfeição. E é justamente o disco do meio dessa trinca, considerado por muitos como o melhor trabalho do grupo, que volta às lojas em uma bela nova edição.

Remedy Lane Re:visited foi lançado no início de julho de 2016 na Europa, e recentemente ganhou uma edição nacional através da Hellion Records. Com trabalho gráfico de primeira, embalagem digipak e uma nova leitura para a arte original, o disco (duplo) traz de volta à ordem do dia um dos mais belos trabalhos dos anos 2000.

Conceitual, Remedy Lane chegou às lojas em 15 de janeiro de 2002 e conta em suas letras uma história de auto-descoberta de seu protagonista. Totalmente composto pelo vocalista e guitarrista Daniel Gildenlöw, o disco pode ser considerado quase como uma semi-biografia do músico.

Essa nova edição vem com dois CDs. No primeiro, batizado como Re-mixed, somos presenteados com uma nova mixagem das faixas originais. Em um trabalho digno dos mais talentosos artesãos sonoros, o produtor Jens Bogren (Between the Buried and Me, Symphony X, BabyMetal) revitaliza sobremaneira a obra, inserindo mais profundidade e peso às gravações, o que resulta em uma mixagem mais orgânica e verdadeira, que realça ainda mais as qualidades do álbum original.

O segundo CD, que possui o título de Re:lived, traz o Pain of Salvation tocando Remedy Lane na íntegra durante a edição de 2014 do PowerProg USA Festival. O destaque é a performance arrebatadora e cirúrgica da banda, beirando a perfeição. A entrega de Gildenlöw, notadamente em suas interpretações vocais, deixa as faixas ainda mais marcantes e tocantes, demonstrando o quanto as canções presentes em Remedy Lane representam para o líder do Pain of Salvation.

Remedy Lane Re:visited é uma das raras reinterpretações de um trabalho clássico que conseguem ir além da obra original, soando superior, em diversos aspectos, ao disco lançado em 2002. Uma obra de arte que desde o seu lançamento foi reconhecida pela crítica e pelos fãs, e que soa renovada e apaixonante mais de uma década depois.





LOST IN PARIS BLUES BAND (France / USA / Belgium ): Lost In Paris Blues Band : 2016


 

Artist       : LOST IN PARIS BLUES BAND (France / USA / Belgium )

Album     :  Lost In Paris Blues Band 

Year         : 2016

Genre      : Blues Rock

Tracklist  :

01. Downtown

02. Fire Down Below 

03. Little Red Rooster

04. I Don’t Need No Doctor 

05. One Good Man

06. Tell Me 

07. You’re Killing My Love

08. It’s All Over Now

09. Trouble No More

10. Evil Gal Blues

11. I Can’t Hold Out 

12. Watching The River Flow 

13. Driftin’ Blues (Acoustic Version)

MUSICA&SOM ☝




QUIET CHILD (Australıa): If Only You Had Seen Me : 2015


 

Artist       : QUIET CHILD (Australıa)

Album     : If Only You Had Seen Me

Year         : 2015

Genre      : Progressıve Rock

Tracklist  :

01. Mother With Child 03:08

02. If Only You Had Seen Me 06:22

03. Shehada 06:28

04. Neighbour 07:26

05. Ceasefire Hymn 01:56

06. Und Gott Lachte 04:48

07. Shells On Qusayr 10:00

08. Water Rushing Through The Reeds 04:47

MUSICA&SOM ☝


Destaque

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