terça-feira, 4 de outubro de 2022

BIOGRAFIA DOS Skank

 


Skank é uma banda de pop rock brasileira formada em 1991 na cidade de Belo HorizonteMG, por Samuel Rosa (vocalguitarra e violão), Henrique Portugal (teclados, violão e vocal de apoio), Lelo Zaneti (baixo e vocal de apoio) e Haroldo Ferretti (bateria). A banda já vendeu cerca de 6,6 milhões de discos entre CDs e DVDs.[1] Os quatro músicos reuniram-se em torno do mesmo interesse: transportar o clima do dancehall jamaicano para a tradição pop brasileira. Em 2019, após 28 anos de carreira, a banda anunciou seu fim, com uma turnê de despedida realizada em 2022.

História

Início

Em 1983Samuel Rosa e Henrique Portugal começaram a tocar em uma banda de reggae chamada Pouso Alto do Reggae, junto com os irmãos Dinho Mourão (bateria) e Alexandre Mourão (baixo). Em 1991, o Pouso Alto do Reggae conseguiu um show na casa de concertos AeroAnta, em São Paulo, mas como os irmãos Mourão não estavam em Belo Horizonte, o baixista Lelo Zaneti e o baterista Haroldo Ferretti foram chamados para o show.[2][3] Antes da apresentação, o grupo mudou seu nome para Skank, inspirado na música de Bob Marley, "Easy Skanking"[4] ("skank é um tipo de dança no ska[5] ou uma técnica de guitarra usada em ska, rocksteady e reggae[6] e "skunk" é o nome de uma variação da cannabis sativa, popularmente conhecida como maconha). A banda fez sua estreia em 5 de junho de 1991, e devido à final do Campeonato Brasileiro no mesmo dia, o público pagante foi de 37 pessoas.[7] Entre os presentes, estavam André Jung e Charles Gavin, ex-bateristas das bandas Ira! e Titãs, respectivamente.[3] Após o show, a banda gostou da performance e resolveu continuar junta.[8] Começou a tocar regularmente na churrascaria belo-horizontina Mister Beef,[4] bem como as casas noturnas Janis, Maxaluna e L'Apogée.[3] A proposta musical era transportar o clima do dancehall jamaicano para a tradição pop brasileira.

A banda lançou seu primeiro álbum em 1992, o homônimo Skank. Apesar dos membros não terem aparelhos de CD em casa, fizeram no formato CD, segundo o baterista Haroldo Ferreti, "para chamar a atenção dos jornalistas, das rádios e talvez de uma gravadora. Era uma aposta na qualidade, na inovação."[8] O destaque da banda na cena underground despertou o interesse da gravadora Sony Music, que inaugurou o selo Chaos no Brasil, junto ao Skank, e relançou o álbum em abril de 1993.[9]

Até 1993, a gente tocou muito em Minas Gerais. Se íamos longe, era para o Espírito Santo ou Goiás. Até sair o Calango, a gente era anônimo fora daqui.
— Samuel Rosa[3]

Sucesso nacional

Em 1994, é lançado o segundo álbum, Calango, que vendeu mais de 1 milhão de cópias e músicas como "Jackie Tequila" e "Te Ver" tornaram-se hits cantados por todo o país.

Em 1996, é lançado o terceiro álbum, O Samba Poconé, que levou o grupo a se apresentar na FrançaEstados UnidosChileArgentinaSuíçaPortugalEspanhaItália e Alemanha, em shows próprios ou em festivais ao lado de bandas como Echo & The BunnymenBlack Sabbath e Rage Against The Machine. O single "Garota Nacional" foi sucesso no Brasil e liderou a parada espanhola (na versão original) por três meses. A canção foi o único exemplar da música brasileira a integrar a caixa Soundtrack for a Century, lançada para comemorar os 100 anos da gravadora Sony Music. Os discos da banda ganharam edições norte-americanas, italianas, japonesas, francesas e em diversos países ao redor do mundo. Enquanto O Samba Poconé chegava a quase 2 milhões de cópias vendidas no Brasil, o Skank foi convidado a representar o Brasil em Allez! Ola! Olé!, disco oficial da Copa do Mundo de Futebol de 1998. Nos próximos álbuns, a música da banda passou a equalizar as origens eletrônicas com novas influências acústicas e psicodélicas, reveladas nos álbuns Siderado, lançado em 1998, e Maquinarama, lançado em 2000.

Mudanças de estilo

Em julho de 1998, é lançado o quarto álbum, Siderado, onde o grupo trabalhou com John Shaw (UB40) e Paul Ralphes. "Resposta", "Mandrake e Os Cubanos" e "Saideira" se tornaram hits. O álbum foi lançado em julho de 1998 e mixado em Abbey Road, estúdio londrino consagrado pelos BeatlesDaúde e o grupo instrumental Uakti foram os convidados especiais, e o álbum vendeu 750 mil cópias.[10]

Em julho de 2000, é lançado o quinto álbum, Maquinarama, produzido por Chico Neves e Tom Capone e que vendeu 275 mil cópias.[10] Os principais singles deste disco foram "Três Lados", "Balada do Amor Inabalável" e "Canção Noturna". Maquinarama é considerado um divisor de águas na carreira da banda, que já não mais utilizou metais em suas gravações.[11] Com os novos trabalhos, vieram mais hits radiofônicos, como "Balada do Amor Inabalável" – esta com ecos de Sérgio Mendes em clima cyberpunk. O grupo chegou a gravar com Andreas Kisser (Sepultura), Manu ChaoUakti e Jorge Ben Jor, além de ter sido elogiada por Stewart Copeland pela versão de "Wrapped Around Your Finger", incluída no tributo latino ao The Police, "Outlandos D'America".

Em 2001, a banda registrou seus sucessos no álbum MTV ao Vivo: Skank, que vendeu mais de meio milhão de cópias e rendeu a primeira posição nas paradas de sucesso para a balada "Acima do Sol".

Em 2002Haroldo Ferretti e Henrique Portugal participam do álbum Falange Canibal, do cantor e compositor Lenine.[12]

Em 2003, a banda lança seu sexto álbum de estúdio, Cosmotron. Enquanto o primeiro single, a balada psicodélica "Dois Rios", tocava nas rádios do Brasil (e o prêmio de melhor videoclipe pop no MTV Video Music Brasil 2003, o grupo se fez mais um giro internacional, com passagens por PortugalInglaterra e Bélgica, além de uma apresentação no palco principal do festival de Roskilde, na Dinamarca, ao lado de grupos como Blur e Cardigans. A turnê do álbum (com cenário de Gringo Cardia a partir de telas de Beatriz Milhazes e oito novas canções no repertório) estreou em agosto de 2004, no Canecão, no Rio de Janeiro. Com o novo hit, "Vou Deixar" (melhor videoclipe pop no MTV Video Music Brasil (2004), o Skank viveu uma experiência inédita: através dos novos formatos de comercialização, é o ringtone com o maior número de downloads no país. O álbum atingiu a marca de 210 mil cópias vendidas.

Em novembro de 2004, a banda lançou a sua primeira coletânea de sucessos, Radiola, com repertório focado nos discos Maquinarama (2000) e Cosmotron (2003). Além de oito hits remasterizados em Nova Iorque, o álbum trouxe quatro novidades para o público: as inéditas "Um Mais Um" e "Onde Estão?" e ainda duas versões também inéditas, "Vamos Fugir", de Gilberto Gil e Liminha (gravada para a campanha de verão das sandálias Rider) e "I Want You", de Bob Dylan (gravada no final de 1999 para um tributo ao cantor norte-americano que nunca chegou a ser lançado; é a versão original de "Tanto", do disco de estreia). Revestindo a capa de Radiola, está o trabalho dos irmãos Rob e Christian Clayton, artistas plásticos americanos, colaboradores das revistas Rolling Stone e Zoetrope (de Francis Ford Coppola) e diretores de arte do clipe "All Around The World", do Oasis. As imagens do material gráfico da primeira compilação do Skank, "Happy All The Day" e "Long Journey", fazem parte de "Six Foot Eleven", exposição dos Clayton Brothers em parceria com a galeria La Luz de Jesus (Los Angeles). Radiola vendeu mais de 210 mil cópias.

Apresentação ao vivo em 2007.

Intitulado Carrossel, o nono álbum do Skank foi gravado no estúdio Máquina, da banda, em Belo Horizonte. Na ocasião, os fãs puderam assistir, ao vivo, a uma parte do processo de criação e produção do álbum. A banda instalou uma câmera exclusiva, que transmitia imagens em tempo real. O disco chegou às lojas pelas mãos da Sony BMG, em agosto de 2006. Produzido por Chico Neves e Carlos Eduardo Miranda e mixado em Nova Iorque, no estúdio Sterling Sound, o disco trouxe 15 faixas inéditas, de Samuel Rosa com Nando ReisChico Amaral, César Maurício, Rodrigo F. Leão, Humberto Effe e Arnaldo Antunes, este último inaugurando a parceria com o vocalista do Skank. O primeiro single, "Uma Canção é Para Isso", foi disponibilizado para audição no site da banda quinze dias antes do lançamento oficial do álbum. A capa do CD saiu com projeto gráfico de Marcus Barão, que usou pinturas surrealistas de Glenn Barr, artista plástico de Detroit. Marcus Barão foi responsável pela arte de outros álbuns da banda. Na época do lançamento de Carrossel, o Skank também disponibilizou todo o conteúdo do álbum em um aparelho de telefone celular. Com esta ação, o Skank tornou-se a primeira banda brasileira a fazer esse tipo de ação mobile. O modelo W300 da Sony Ericsson, que vinha com todas as músicas do álbum de 2006, vendeu mais de 75 mil unidades e rendeu para a banda o primeiro Celular de Ouro do Brasil, certificação reconhecida pela ABPD.[13]

Dois anos após o lançamento de Carrossel, em outubro de 2008, o Skank reapareceu com Estandarte, lançado no mercado com uma forte campanha viral. Enquanto o primeiro single do disco, "Ainda Gosto Dela" – com participação de Negra Li – tocava nas rádios do Brasil, a banda promovia mais uma nova ação, o "Vote no Bis", deixando o público de seus shows escolher as canções que queria ouvir no Bis, através do envio de SMS. Em março de 2009, o Skank anunciou o segundo single do álbum, "Sutilmente", canção eleita pelos fãs através de votação que a banda promoveu em seu site oficial. A revista Rolling Stone considerou-o um dos 25 melhores álbuns nacionais lançados em 2008 e a música "Chão" uma das 25 melhores canções.[14][15] Em agosto de 2009, o Skank ganhou o troféu "Iniciativa de Mercado" na 16ª edição do Prêmio Multishow de Música Brasileira. Na mesma noite, a banda também levou o prêmio de Melhor Clipe por "Ainda Gosto Dela". No Vídeo Music Brasil 2009, o Skank ganhou o prêmio de Melhor Clipe, com a música "Sutilmente" (Samuel Rosa/Nando Reis). Ainda no mesmo ano, o álbum Estandarte foi indicado ao Grammy Latino 2009 na categoria "Melhor Álbum Pop Contemporâneo Brasileiro".

No dia 19 de junho de 2010, a banda gravou no Mineirão, em Belo Horizonte, o CD e DVD Multishow ao Vivo: Skank no Mineirão.[1] O show contou com a participação especial da cantora Negra Li, fazendo um dueto com Samuel Rosa na música "Ainda Gosto Dela", recebeu mais de 50 mil pessoas e foi o último evento realizado no estádio, antes de seu fechamento para reformas visando a Copa do Mundo de 2014. O projeto teve lançamento em outubro de 2010. A turnê teve estreia no dia 1º de outubro, no palco do Vivo Rio, no Rio de Janeiro. Nos dias 19 e 20 de novembro, o novo show teve estreia em São Paulo, no Citibank Hall. Ainda em novembro de 2010, o Skank recebeu o 1º Prêmio de Música Digital, na categoria "Artista Mais Engajado Digitalmente", por ser considerada a banda que mais investiu nesse formato de aproximação com o seu público. Também naquele ano, foi lançada uma versão comemorativa dos 15 anos de Calango com faixas bônus.[16] O Samba Poconé recebeu o mesmo tratamento.[17] Em junho de 2011, o Skank se tornou a primeira banda brasileira a ganhar um Leão de Ouro no Cannes Lions, um importante prêmio de publicidade mundial. O prêmio foi dado ao projeto Skankplay, uma plataforma que possibilita que qualquer pessoa simule uma jam session com o Skank e participe do clipe da música "De Repente". O projeto – criado pelo coletivo DonTryThis, em parceria com o Skank -, foi premiado na categoria "Melhor Uso de Mídia Social".

Em 2012, a banda lançou um disco com seu primeiro show e com suas primeiras gravações de estúdio, Skank 91.[8]

Em 2014, a banda lançou seu nono e último álbum de estúdio, Velocia, tendo como primeiro single "Ela Me Deixou", cujo videoclipe teve participação dos fãs, por meio de uma promoção da goma de mascar Trident.[18][19]

Em 2016, o tecladista Henrique Portugal, o baixista Lelo Zaneti e o DJ e produtor Anderson Noise participaram de um projeto com o cantor Milton Nascimento, que se chama Nie Myer. O grupo mistura jazz e música eletrônica.[20][21]

Em 2017, a banda gravou um cover de "A Hard Day's Night", da banda The Beatles, para a trilha sonora da telenovela Pega Pega, da TV Globo.[22]

Fim

Em 2019, a banda anunciou que encerraria suas atividades, sem previsão de volta. Uma turnê de despedida seria realizada em 2020, mas teve de ser adiada devido à pandemia de COVID-19.[23]

Características musicais

Influências e características musicais

Tendo como principais influências da música da Jamaicareggaeskadancehallraggamuffin e dub,[24] logo depois incluíram elementos de rockrockabilly, rock latino, forró,[25][26] soulfunksurf music e timbres eletrônicos.[27][28][29]

A música do grupo tem atmosfera dançante, inteligente e se tornou extremamente popular em discotecas e festas.[30] Bandas que são citadas como influentes no som da banda são Os Paralamas do SucessoThe PoliceThe BeatlesUB40Ira!Titãs e Led Zeppelin, e outros artistas importantes como Tim MaiaRoberto CarlosJorge Ben JorMichael JacksonGilberto Gil e os artistas que fizeram parte do Clube da Esquina, como Milton NascimentoLô BorgesBeto Guedes, entre outros.

Integrantes

Músicos convidados

Discografia

Álbuns de estúdio

Álbuns ao vivo

DVDs

Trilhas sonoras

Festivais

Durante a sua carreira, o Skank se apresentou em alguns dos principais festivais no mundo, a saber:

Prêmios

  • Prêmio Leão de Ouro - Festival de Publicidade Cannes, 2011 ("SkankPlay")
  • Grammy Latino - Melhor Álbum Brasileiro de Rock, 2004 (Cosmotron)
  • Premio Ondas - Grupo Revelação Latino, 1997.[31]
  • MTV Video Music Brasil: Escolha da Audiência em 1996 ("Garota Nacional") e 1997 ("É Uma Partida de Futebol"); Clipe do Ano em 1999 ("Mandrake e os Cubanos") e 2009 ("Sutilmente"); Clipe Pop in 1996 ("Garota Nacional"), 1997 ("É Uma Partida de Futebol"), 1999 ("Mandrake e os Cubanos"), 2000 ("Três Lados"), 2003 ("Dois Rios") e 2004 ("Vou Deixar"); Edição em 1997 ("É Uma Partida de Futebol") e Direção de Arte em 1999 ("Saideira")
  • Prêmio Multishow: Melhor Cantor (Samuel Rosa) em (2010); Melhor Clipe em (1995, 1997, 1999 e 2009); Melhor Música em (2004 e 2005); Prêmio Melhor Iniciativa do Ano em (2009); Melhor Grupo em (1995) e Melhor Show em (2004)
  • Troféu Imprensa: Conjunto Musical em (1996, 2004, 2006, 2008 e 2009); Melhor Música em 1996 ("Garota Nacional) e 2004 ("Vou Deixar") e Prêmio Internet - Melhor Música em 2004 ("Vou Deixar")



               




Arto Lindsay – Mundo Civilizado (1997)


 

Mundo Civilizado é um disco totalmente sedutor. Um toque de bossa, um cheirinho a eletrónica, uma pitada de art pop jazzístico, boas canções, e está feita a festa!

Andamos na senda de álbuns com números redondos. Ou, explicando melhor, buscamos grandes discos que já se escutam há, pelo menos, um quarto de século. Sempre é uma boa maneira de lhes darmos algum destaque, uma vez que merecem muito mais do que isso. Merecem tudo, aliás. São, em muitos casos, discos que nos acompanham desde que viram a luz do dia, amigos fiéis que nos adotaram para toda a vida. Mundo Civilizado é um desses casos, e o facto de fazer vinte e cinco anos no mês de maio, acabou por ser razão bastante para voltarmos a ele com o intuito de o revelar a quem não o conhece. Talvez o nome Arto Lindsay vos diga pouco, mas não desanimem: é também para isso que fazemos serviço público, aqui no Altamont. E só isso nos interessa, a partilha do pouco que gostamos e conhecemos.

Há já algum tempo que por aqui vamos dando destaque, e por várias vezes, ao músico que nasceu em Richmond, mas que também viveu no Brasil, facto que, na nossa opinião, foi o melhor que lhe poderia ter acontecido em termos musicais. No entanto, antes de se aventurar em nome próprio, foi fundador do grupo DNA (míticos exploradores sónicos da célebre no wave), assim como dos Ambitious Lovers, juntamente com Peter Scherer. Como se não bastasse, também integrou os The Golden Palominos e os The Lounge Lizards, a par de inúmeras outras colaborações. Foi e é um extraordinário produtor. Nada mau como currículo, sobretudo para quem, sempre de guitarra a tiracolo, dela não retira mais do que sons nada convencionais. É, como se sabe, um não músico que faz música de primeira água.

Mas fixemo-nos em Mundo Civilizado, o disco saído em 1997, no ano seguinte do igualmente extraordinário O Corpo Sutil (The Subtle Body). Nele encontramos onze temas, entre os quais, três versões: “Simply Beautiful”, “Mar da Gávea” (sublime, sublime, sublime, enorme momento do disco) e “Erotic City”, de Al Green, Lucas Santtana e Prince, respetivamente. As primeiras duas são simplesmente brilhantes, e a do pequeno génio de Minneapolis não lhe fica muito atrás, embora menos conseguida. É, talvez, o elo mais fraco de todo o disco, mas cresce a cada audição. Mundo Civilizado, no entanto, é um álbum muito conciso, muito unido em termos sonoros, deambulando através de sons por vezes próximos de algum drum n’ bass, samba estilizado mas malandro, pop pouco convencional, soul e jazz. Outra das suas interessantes características é ser um disco bilingue. As línguas inglesa e portuguesa (com sotaque brasileiro) conferem-lhe alguma curiosidade, coisa que acontece, aliás, em todos os seus álbuns em nome próprio. “Mundo Civilizado”, a canção-título do trabalho, é uma parceria com Marisa Monte, sua velha conhecida, uma vez que lhe produziu ou co-produziu Mais (1991), Verde, Anil, Amarelo, Cor de Rosa e Carvão (1994), Memórias, Crônicas e Declarações de Amor (2000) e ainda o recente Portas (2021). “Titled” é um dos grandes trunfos e melhores momentos de Mundo Civilizado, samba matreiro e gingão, ótima parceria com Caetano Veloso, outro velho amigo com quem havia trabalhado na produção de Estrangeiro (1989) e Circuladô (1991). “Horizontal” e “Pleasure” são parcerias também, a primeira com Vinícius Cantuária e Melvin Gibbs, enigmática e inquietante, a segunda apenas com Cantuária, o ex-baterista da saudosa A Outra Banda da Terra, grupo que acompanhou Caetano Veloso durante um longo e fértil período da sua carreira. É um bonito samba, mais um, este com trejeitos bem tradicionais. A referir ainda “Embassaí”, serena e bela, nostálgica e dolente, um suspiro elegante como poucos, e “Clown”, mais uma parceria com Vinícius Cantuária (a quinta em todo o disco), igualmente delicada e tranquilizante. É dessa forma que Mundo Civilizado termina.

Fica assim feito o devido elogio a um dos mais bonitos e sedutores discos de Arto Lindsay, esse músico-não instrumentista e, mesmo assim, guitarrista sempre capaz de nos maravilhar e inquietar com as suas canções. E, uma vez que o texto é laudatório, façamos bem a coisa até ao fim, propondo a audição de um percurso em três momentos: os já mencionados O Corpo Sutil (The Subtle Body), Mundo Civilizado Noon Chill (1998). Verão que a sequência é deliciosamente imbatível!

Destaque

1991 Akiko Yano – Love Life

Love Life  é o décimo segundo álbum da cantora japonesa de pop e jazz  Akiko Yano  , lançado em 1991 pela Sony Music. Tracks 1  Bakabon 04:5...