AMAURA edita “SUBESPÉCIE“, o segundo álbum de originais. O sucessor de “EmContraste” chega esta sexta feira à meia-noite a todas as plataformas digitais, antecipado pelo novo single, “REPEAT”, com videoclipe oficial já disponível.
Para muitos, conhecida pela forte ligação a nomes como Sam The Kid, FRED, Beware Jack e Blasph ou TNT, AMAURA já há muito que conquistou a atenção da indústria e dos fãs. Apesar de ter sido no hip-hop que deu os primeiros passos, foi a coragem de se arriscar a explorar novos caminhos junto da Soul e do R&B que deu provas da sua singularidade e do caminho que a passo e passo tem vindo a preparar. Desde as letras, muitas delas pessoais, às melodias, ou até mesmo à produção cuidadosa, “SUBESPÉCIE“, é um disco que promete escalar a lista dos melhores do ano.
Em 2021, iam comemorar os 30 anos da saída do primeiro álbum “Perto de Deus”. A pandemia não deixou que houvessem grandes celebrações, mas o confinamento forçado despertou naquele grupo de velhos amigos a adormecida vontade de voltar a tocar juntos e relembrar tantas historias e experiências que partilharam como Ritual Tejo.
Das suas casas fizeram novas versões de “Lenda do Mar” e “Fairyland” e as reacções foram tão boas que ficou a certeza de “voltar à estrada, voltar a sentir o publico, construir novas historias, NASCER OUTRA VEZ”
Em 2023 os Ritual Tejo (na sua formação original) estão de regresso para ao vivo, voltar a interpretar os grandes clássicos da carreira – “Saudade” , “Foram cardos foram Prosas”, “Lenda do Mar” e o inevitável “Nascer outra vez”.
As primeiras datas deste regresso serão divulgadas em breve.
O primeiro álbum dos La Guatemala, “Resvés Campo do Beat”, foi lançado nesta quinta-feira, 4 de maio, em todas as plataformas digitais. O disco do projeto musical underground pop de Lisboa chega ao mercado depois do lançamento de três singles de avanço. “Resvés Campo do Beat” tem 14 faixas e transita por géneros como rock, reggae, hip-hop e música eletrónica.
De acordo com Bernardo Alexandre, artisticamente conhecido como Basílio e cofundador do grupo, “Resvés Campo do Beat” é “um disco cheio de cinema, com ação, comédia, crime, terror e romance, e promete ser uma viagem do início ao fim para os ouvintes de música sem filtros”.
O novo álbum dos La Guatemala foi gravado e produzido pelos membros do grupo, os músicos Basílio e Cenoura. Três artistas assinam participações: Johny Gumble, reconhecido rapper da Linha da Azambuja, participa na faixa “The way you lie”; Zorb, um dos maiores nomes do punk em Portugal, colabora em Nostalgia punk; outro nome forte do punk português que está presente no álbum é Inês Menezes, que integra a faixa “Femme”.
Os três singles de avanço habituaram o público à estética criativa e à sonoridade alto-astral do projeto. A boa disposição e o visual afiado estão presentes nos videoclipes de “Estás a Dormir”, uma mistura de reggae e ska; “Mesmo Que Me Falte o Ar”, tema que evidencia o caráter mais interventivo do projeto; e “Pistonice”, faixa que acrescenta uma sonoridade eletrónica ao álbum.
“Resvés Campo do Beat” sucede ao EP “Clássico” (2018), que marcou a estreia do projeto no mercado
Depois do seu primeiro single, “Do Avesso”, Inês Marques Lucas apresenta o seu novo tema, “Não Restou Nada”, fruto da parceria com Choro. Esta foi a primeira canção feita para o álbum que será editado este ano, e também a única cuja composição musical foi feita em conjunto.
“Não Restou Nada” segue duas linhas temporais diferentes: o tímido início de um amor, e o final – quando já não resta nada.
Inês conta, sobre esta parceria, que “eu e o Choro conhecemo-nos num writing camp da Avalanche, no verão de 2021, e foi amor ao primeiro acorde. Depois desse encontro, chamou-me para fazermos uma música juntos. Foi a minha primeira vez num estúdio com um produtor e a fazer uma música do zero. Depois da minha participação no The Voice, recebo uma mensagem do Choro com um áudio, que foi um pouco inesperado. Chamava-se “Lizzy Lucas” porque ele sabia que eu estava viciada na Lizzy McAlpine e fez um loop instrumental inspirado nas guitarras desse álbum. Nesse mesmo dia escrevi uns versos, fiz uma melodia e gravei por cima. Tínhamos um refrão e decidimos avançar com a canção.”
Na época em que foi lançado, o álbum Aqualung (1971) foi classificado pela crítica musical como “álbum conceitual” devido ao fato do disco ser dividido por duas linhas temáticas distintas. Enquanto o lado 1 trata sobre os aspectos da natureza humana, tendo como o mendigo chamado Aqualung e a prostituta colegial Cross Eyed Mary como personagens centrais, o lado 2 tem uma abordagem voltada para a religião e o espiritualismo, sob uma visão bastante crítica e pessimista. Não haviam dúvidas para a crítica musical sobre Aqualung: se tratava de um “álbum conceitual”, segundo a sua visão.
Tal classificação deixou o vocalista, flautista e líder da banda Jethro Tull, Ian Anderson, bastante irritado. Anderson discordava completamente da classificação. Dizia que Aqualung não era um “álbum conceitual”. Em resposta à classificação da crítica, só para provocar, Anderson decidiu que o próximo álbum do Jethro Tull seria um “álbum conceitual”. Sobre isso ele disse: “Vamos dar a todos a mãe de todos os discos conceituais”.
E o Jethro Tull cumpriu a promessa ao lançar em 3 de março de 1972, Thick As A Brick, seu quinto álbum de estúdio. Thick As A Brick era a tal prometida “mãe de todos os discos conceituais”. Gravado no Morgan Studios, em Londres, em apenas duas semanas, Thick As A Brick possui apenas uma homônima e “quilométrica” faixa, dividida em duas partes, uma para cada lado da versão LP do álbum, totalizando no final pouco mais de 44 minutos duração.
Embora Aqualung seja encarado por alguns como um disco de rock progressivo, a crítica afirmou que Thick As A Brick era a primeira incursão do Jethro Tull ao rock progressivo. De fato, além da longa faixa – recurso comum em discos de rock progressivo – o Jethro Tull fez uso em Thick As A Brick de instrumentos musicais que são comuns em álbuns do estilo como o cravo, xilofone, saxofone, violinos e naipe de cordas.
Mas além de ser uma provocação aos jornalistas que teimavam em afirmar que Aqualung era um “álbum conceitual”, Thick As A Brick era também um deboche ao próprio rock progressivo. Já em 1972, Ian Anderson enxergava que o rock progressivo tomava um caminho em direção ao exagero e ao preciosismo descabido por meio de bandas como Yes, Emerson Lake & Palmer e Genesis, que levariam o estilo à sua decadência em meados dos anos 1970, não só por causa do desgaste, mas também pela ascensão de novidades como o punk e a moda da disco music que estavam conquistando o gosto musical da juventude da época.
Jethro Tull em 1972, da esquerda para a direita: John Evan, Ian Anderson, Barriemore Barlow, Martin Barre, Jeffrey Hammond.
A letra - que assim como a música, é também imensa - é um poema de um personagem fictício chamado Gerald Bostock (na verdade escrita por Ian Anderson), um garoto de oito anos de idade que narra como seria o processo da vida humana, desde a infância (com as brincadeiras de criança), passando pelas descobertas da adolescência, pelos compromissos da idade adulta até chegar à velhice, e encerrando o ciclo da vida com a morte. Toda a música é sustentada por várias mudanças de ritmos, passando pela folk music, rock, jazz e até marcha militar. Há várias passagens que são apenas instrumentais, tendo como função de encerrar um trecho cantado e anunciando um outro que está por vir.
Um caso à parte a respeito de Thick As A Brick é a capa, que imita muito bem os famosos e sensacionalistas tabloides ingleses. Além de servir como abrigo para o disco, a capa contém cerca de doze páginas, muito bem diagramadas de um jornal fictício intitulado The St. Cleve Chronicle, cujos textos foram escritos por Ian Anderson, pelo baixista Jeffrey Hammond-Hammond e pelo tecladista John Evan. Datado em 7 de janeiro de 1972, o jornal fictício é muito bem diagramado, possui uma aparência séria. Mas à medida que se vai lendo os textos, percebe-se que o conteúdo do jornal é recheado de textos absurdos e surreais, com forte inspirado na famosa trupe inglesa de humor Monty Python.
E a maior curiosidade do jornal fica por conta da matéria principal da publicação, que denuncia o menino Gerald Bostok, autor do poema e vencedor do concurso de poemas da fictícia de St. Cleeve, como um impostor. Segundo o jornal, a ideia do poema seria de uma menina adolescente, amiga do garoto. No texto, Gerald confessa que sua amiga o ajudou a escrever o poema. A história fica mais maluca e absurda ao se levantar a hipótese de que a amiga o teria assediado e o influenciado a escrever o poema.
Embora Thick As A Brick tenha apenas uma longa música dividida em duas partes, o que a princípio seria comercialmente inviável, esse detalhe não foi capaz de afugentar o público. O álbum alcançou o 1° lugar na parada da Billboard 200, nos Estados Unidos e 5° lugar no Reino Unido. Thick As A Brick também foi 1° lugar na parada de álbuns do Canadá, Dinamarca e Austrália, e 2° na parada da Alemanha.
Ainda em 1972, o Jethro Tull iniciou uma turnê para promover Thick As A Brick, onde a banda inglesa tocou o álbum na íntegra. No entanto, as apresentações contaram com breves pausas para mostra de esquetes de comédias calcadas em performances teatrais, entre a primeira e segunda parte da longa e única música do álbum.
Para o disco seguinte, Ian Anderson e seus colegas de banda decidiram que o próximo trabalho também seria um “álbum conceitua”. Assim como Thick As A Brick, A Passion Play, de 1973, trazia apenas um longa e única música, dividida em duas partes pelos dois lados do disco, trazendo como a história de Ronnie Pilgrim, um homem que enfrenta uma jornada espiritual após a morte.
Faixas
Lado 1
1."Thick as a Brick" (parte 1) (Ian Anderson/Gerald Bostock)
Lado 2
2."Thick as a Brick" (parte 2) (Ian Anderson/Gerald Bostock)
Jethro Tull: Ian Anderson (vocais, flauta, guitarras, violino e saxofone), Martin Barre (guitarras), John Evan (piano e órgão), Jeffrey Hammond-Hammond (baixo e vocais) e Barriemore Barlow (bateria e percussão).
Durante a década de 1970, o samba viveu uma fase bastante especial. O estilo musical símbolo do Brasil vivia um momento comercial bastante intenso, com vários cantores do estilo vendendo milhares de discos e com canções nas paradas de sucesso. A concorrência não era fácil: Beth Carvalho (1946-2019), Benito di Paula, Martinho da Vila, Originais do Samba, Clara Nunes (1942-1983), Roberto Ribeiro (1940-1996), são alguns dos astros do samba que estavam no auge e figuravam entre os maiores vendedores de discos no Brasil.
E foi nesse cenário sambista bastante competitivo que Alcione apareceu para todo o Brasil, em meados da década de 1970. Mas até chegar lá, a cantora maranhense percorreu um longo caminho. Nascida em 1947, em São Luíz, estado do Maranhão, Alcione era filha de mãe dona de casa e de pai policial. A futura estrela do samba teve outros nove irmãos, sendo ela a quarta da fila. Aos nove anos, aprendeu a tocar trompete e clarinete com o seu pai, que além de policial, era mestre da banda da Polícia Militar do Maranhão.
Alcione formou-se professora primária, chegando a lecionar numa escola. Mas seu sonho era mesmo ser cantora. Aos 20 anos, Alcione deixou a cidade de São Luíz, e partiu rumo à cidade do Rio de Janeiro para tentar a sorte. No Rio, trabalhou em loja de discos, mas iniciou a caminhada musical naquela cidade cantando à noite das boates e casas noturnas no Beco das Garrafas, em Copacabana. Não demorou muito, e no começo dos anos 1970, já estava participando de concursos de programas de TV como A Grande Chance, de Flávio Cavalcanti (1923-1986), na TV Tupi, que se destinava a revelar novos talentos.
Alcione em início de carreira, cantando numa casa noturna no Rio de Janeiro, em 1974.
Em 1975, assinou contrato com a gravadora Philips, e lançou o seu primeiro álbum de estúdio, A Voz do Samba, trabalho que emplacou os dois primeiros grandes sucessos do início da carreira de Alcione, “Não Deixe O Samba Morrer” e “O Surdo”. No ano seguinte, saiu o segundo álbum, Morte de Um Poeta, mas que não conseguiu revelar nenhum grande sucesso para as paradas.
O terceiro álbum de Alcione, Pra Que Chorar, foi lançado em 1977. Assim como os dois primeiros anteriores, Pra Que Chorar apresenta uma grande diversidade de compositores dos mais variados lugares do Brasil. Chama atenção a presença de compositores baianos, alguns já haviam fornecido canções para Alcione nos dois discos que antecederam Pra Que Chorar. E não era para menos, afinal, na década de 1970, os sambistas baianos estavam no auge da criatividade, compondo canções fantásticas que despertaram o interesse dos grandes astros nacionais do samba. Sem sombra de dúvidas, foi um momento único em que sambistas baianos das mais diversas gerações estavam criando canções num mesmo período e que viraram grandes sucessos da música brasileira através da criatividade de gente como Batatinha (1924-1997), Edil Pacheco, Riachão (1921-2020), Tom & Dito, Ederaldo Gentil (1947-2012), Nelson Rufino, Antônio Carlos & Jocafi, Panela (?-1999), Vevé Calazans (?-2012), Walter Queiróz, Walmir Lima, Tião Motorista entre tantos outros.
Produzido por Roberto Santana, o álbum Pra Que Chorar abre com a festiva “Ilha de Maré”, do sambista baiano Walmir Lima. “Ilha de Maré” é um samba com a cara do Recôncavo Baiano, e descreve em seus versos a procissão e a festa da Lavagem das escadarias da Igreja do Bonfim, em Salvador, Bahia.
“Pedra Que Não Cria Limo” é um samba sobre alguém que não consegue se fixar num relacionamento, que não consegue construir uma relação amorosa com outra pessoa e sente uma necessidade incontrolável de trocar de amor com frequência, como quem troca de camisa. O descaso e a desatenção com o outro numa relação de casal estão presentes em “Recusa”, um samba-canção em que Alcione canta de maneira magistral, o sentimento de uma mulher desprezada pelo homem que ama.
Baianas lavando o adro da Igreja do Nosso Senhor do Bonfim, em Salvador: o samba "Ilha de Maré" é sobre a procissão e a festa da Lavagem do Bonfim.
No seu primeiro disco, A Voz do Samba, de 1975, Alcione gravou “O Surdo”, um samba de Totonho e Paulinho Rezende que trata sobre o surdo, um dos instrumentos mais importantes do samba, e de como esse instrumento sofre pancadas para alegrar o povo. A “resposta” para esse samba veio em 1978, e foi dada pelos compositores Chico da Silva e Venâncio, através de outro samba, “Pandeiro É Meu Nome”, gravado também por Alcione. “Pandeiro É Meu Nome” mostra em seus versos que o pandeiro, companheiro do surdo, “apanha sorrindo para o povo cantar”.
“Solo de Piston” foi composto por Paulinho Rezende e Totonho especialmente para Alcione. Misto de samba e choro, “Solo de Piston” carrega todo um clima de nostalgia, e aborda os tempos de infância de Alcione em São Luiz, cidade-natal da cantora. A música começa com um solo de trompete, também conhecido como piston, instrumento que provavelmente foi tocado por Alcione, e que ela aprendeu a tocar quando era criança.
O lado 1 do disco termina com a faixa que dá nome ao álbum. “Pra Que Chorar” foi composto por Baden Powell (1937-2000) e Vinícius de Moraes (1913-1980), e é um samba-canção que versa sobre recomeçar a vida após o fim de um grande amor: “Pra que chorar / Pra que sofrer / Se há sempre um novo amor / Em cada novo amanhecer”.
“Não Chore, Não” abre o lado 2 do álbum, com seu ritmo alegre e versos com mensagens otimistas: “Pra quê chorar? / A vida é mesmo assim / Não chore não / Bem melhor cantar / Espante o mal / Pra bem longe da ilusão”. A alegria de “Não Chore Não” cede lugar à melancolia de “Eu Vou Deixar”, um samba-canção sobre uma mulher que decide abandonar uma relação onde ela é desprezada pelo homem que ela amava, para seguir um novo rumo na sua vida, buscar a sua felicidade: “Vou descer pra cidade / Encarar o que der e vier / Me vestir de verdade / Mostrar que também sou mulher / Vou tentar na cidade / Mudar pra poder esquecer / Minha outra metade / Que ainda ficou com você”.
Quando Alcione começou a fazer sucesso, ela chamou a atenção não só pelo seu talento como cantora, mas também pela sua habilidade em tocar trompete.
A próxima faixa é “Feira do Rolo”, do sambista baiano Ederaldo Gentil, um samba sobre a famosa e controversa Feira do Rolo, em Salvador, que existe há décadas, e onde se vendem, compram ou trocam produtos de origem duvidosa. “Correntes de Barbante” é um belo samba-canção, que por meio de versos cheios de metáforas, trata sobre uma mulher que vive relação conjugal opressora, sufocante. No entanto, essa mesma mulher não se dá por vencida, tem plena consciência da sua força e determinação: “Quem é você pra acorrentar / Um só instante / Esse meu braço de aço / Nas suas correntes de barbante”.
O álbum chega ao fim com “Tambor de Crioula”, uma animada canção que presta homenagem ao tambor de crioula, dança típica do estado do Maranhão, uma herança cultural dos negros escravizados trazidos para cá nos tempos do Brasil colonial.
Embora seja um álbum agradável, coeso, Pra Que Chorar não chegou a convencer alguns críticos musicais na época de seu lançamento. Em seu artigo no jornal O Globo, na edição de 6 de novembro de 1977, o crítico musical Sérgio Cabral (pai do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho) afirmou que Alcione era muito melhor que as músicas que estava cantando. Para Cabral, o disco não apresentava nenhum samba que fosse considerado uma obra-prima ou que merecesse estar entre os dez melhores sambas do ano, o que para ele, seria algo obrigatório devido ao status que Alcione havia alcançado naquela época.
Apesar das críticas de Sérgio Cabral, a reação do público foi bastante positiva. O álbum Pra Que Chorar vendeu mais de 400 mil cópias. A faixa “Ilha de Maré” foi um grande sucesso radiofônico, assim como a faixa-título.
Nos álbuns seguintes, Alcione só cresceu. O álbum Alerta Geral, de 1978, “Sufoco”, um samba-canção de Chico da Silva e Antônio José que fez um enorme sucesso na voz poderosa de Alcione, e que foi uma das músicas mais executadas do ano no Brasil, consolidando a cantora como um dos mais importantes nomes da nova geração de cantoras de samba naquela época. Naquele mesmo ano, Alcione recebeu um convite para fazer um dueto com Maria Bethânia na canção “O Meu Amor”, de Chico Buarque, e que entrou no álbum Álibi, lançado por Bethânia.
Faixas
Lado 1
"Ilha da Maré" (Walmir Lima – Lupa)
"Pedra Que Não Cria Limo" (Vevé Calazans - Nilton Alecrim)
"Recusa" (Paulo Debétio - Paulinho Rezende)
"Pandeiro é Meu Nome" (Chico da Silva - Venâncio)
"Solo de Pistom" (Paulinho Rezende - Totonho)
"Pra Que Chorar" (Baden Powell - Vinicius de Moraes)
Lado 2
"Não Chore Não" (Tom - Dito)
"Eu Vou Deixar" (Roberto Corrêa - Sylvio Son)
"Feira do Rolo" (Ederaldo Gentil)
"Correntes de Barbante" (Totonho - Paulinho Rezende)
"Tambor de Crioula" ( Júnior - Oberdan – Oliveira)
O álbum chama-se “Soul Whisper” e a criadora é a cantora e compositora canadiana Tammy Weis. Cada canção, um poema de Fernando Pessoa. Rui Veloso produziu e toca em todas as faixas. O projecto é absolutamente inédito: é a primeira vez que um estrangeiro lança um disco inteiro com poesia de Pessoa originalmente escrita em, ou traduzida para inglês. O trabalho surge em plena celebração dos 135 anos do nascimento do poeta.
O concerto de lançamento acontece a 31 de Maio, às 21h, no Centro Cultural de Belém.
Tammy Weis compôs as 11 faixas de “Soul Whisper” em Lisboa, onde reside, e convidou um conjunto de talentos internacionais para executá-las. Para além de Veloso, participam o contrabaixista Carlos Barretto, o espanhol Antonio Serrano – um mestre da harmónica – e o canadiano Randy Bachman, lenda da pop-rock canadiana (membro dos Guess Who, co-autor de “American Woman”, popularizado por Lenny Kravitz), entre muitos outros, como João Só (guitarra) e Luís Guerreiro (guitarra portuguesa).
Um dos temas, “Hope“, foi composto por Terry Britten (vencedor de Grammys e autor de sucessos Tina Turner, Dusty Springfield ou Michael Jackson).
A artista define “Soul Whisper” como a “construção de uma paisagem sonora orientada para o folk, mas sempre com influências jazzísticas”, que são a sua raízes musicais. O processo foi intenso: “Fernando Pessoa mudou a forma como eu penso e vivo a minha vida. Despertou em mim emoções que ignorava. E trouxe à minha voz uma vulnerabilidade que eu nunca ouvira antes”.
Este não é, de todo, um projecto qualquer. Registado pouco antes da pandemia, entre o estúdio de Rui Veloso em Sintra e o Barnhouse Sound Studio na Ilha de Vancouver, no Canadá, teve o acompanhamento permanente e aprovação do sobrinho de Fernando Pessoa, Luís Miguel Rosa Dias (1931-2019), que assistiu a algumas garvações: “Tammy, com a sua bela voz, adaptou a poesia do meu tio de uma maneira nova e única”.
Soul Whisper chega às lojas físicas e digitais no começo de Junho, mês do aniversário de Pessoa (dia 13). Rui Veloso diz: “É um álbum muito especial para mim, uma combinação de muita música que adoro. Os poemas de Fernando Pessoa, uma grande mistura e masterização – é música da Mãe Terra. Espero que gostem!”.