quinta-feira, 4 de maio de 2023

“Frenéticas” (Warner, 1977), As Frenéticas

 


Em plena ditadura militar reinante no Brasil, um conjunto musical formado por seis mulheres sedutoras, divertidas, debochadas e atrevidas, botou o país inteiro para dançar: As Frenéticas. Misturando disco music, rock, pop, marchinhas de carnaval e performances de palco inspirados nas divas do antigo teatro de revista dos anos 1940 e 1950, As Frenéticas foram um fenômeno musical de vida curta, mas que teve tempo suficiente para tratar sobre a liberdade feminina com muito bom humor e irreverência, numa época de repressão ditatorial.

A trajetória das Frenéticas começa em agosto de 1976, quando o jornalista e compositor carioca, Nelson Motta, estava prestes a abrir a casa noturna The Frenetic Dancin’ Days, no Shopping da Gávea, um recém inaugurado shopping center no Rio de Janeiro. A Frenetic Dancin’ Days era uma casa noturna diferenciada na época, trazia para o Brasil o conceito das discotecas, que já era uma realidade no exterior, mas uma novidade em terras brasileiras.

Para tornar o seu empreendimento atrativo já a partir da inauguração, Motta teve a ideia de na sua casa noturna, um grupo de garçonetes que servisse à mesa em trajes sensuais e maquiagens carregadas, mas que nas altas horas da noite, essas mesmas garçonetes parariam o serviço, subiriam ao palco para cantar três ou quatro músicas, e depois retornariam ao serviço.

Entrada da discoteca The Frenetic Dancin' Days, no Shopping da Gávea,
no Rio de Janeiro, em 1976.

Nelson Motta convidou a sua jovem cunhada, Sandra Pêra, irmã da sua então esposa, a atriz Marília Pêra (1943-2015), para ser garçonete. Atriz em início de carreira e com alguns espetáculos teatrais no currículo, Sandra Pêra convidou mais três amigas suas oriundas do teatro, as também atrizes Regina Chaves, Leiloca Neves e Lidoka Martuscelli (1950-2016). Regina havia feito a montagem brasileira do musical Jesus Cristo Super Star, em 1973, do qual Sandra também participou. Envolvida com astrologia e yoga, Leiloca havia integrado o grupo de teatro e dança Dzi Croquettes, assim como Regina e Lidoka, esta última, a única paulista do grupo que estava se formando e a que tinha maior experiência com dança.  

Se Lidoka era a mais talentosa bailarina do grupo, Dhu Moraes era a melhor e a mais experiente no ofício do canto. Além de já ter atuado em peças teatrais e musicais, Dhu havia integrado os conjuntos vocais Os Escarlates e Os Sublimes. Fechando o grupo de garçonetes cantoras, Edyr de Castro (1946-2019), que tinha no currículo, atuações no teatro, cinema e TV. Edyr era única que já era mãe, e havia recém se separado do cantor Zé Rodrix (1947-2009).

Frenetic Dancin’ Days foi inaugurada em agosto de 1976, mas já havia um acordo com a direção de que seu período de existência seria curto, de apenas três meses. Mas no curto tempo que durou, aquela discoteca montada por Nelson Motta agitou as noites do Rio de Janeiro. Artistas, esportistas, celebridades, famosos em geral como Ney Matogrosso, Tônia Carrero (1922-2018), Caetano Veloso, Milton Nascimento, Gal Costa, Sônia Braga entre tantos outros, frequentavam a Frenetic Dancin’ Days enquanto ela durou, não apenas para dançar ao som dos últimos sucessos da disco music, mas também para ver as apresentações das seis garçonetes, que davam uma pausa no serviço de mesas para subirem ao palco e cantar. Num curto espaço de tempo, aquelas garotas se tornaram a grande atração daquela casa noturna.

DJ Dom Pepe e Nelson Motta no agito da discoteca The Frenetic Dancin' Days.

Após o fechamento da Frenetic Dancin’ Days, as garotas estavam desempregadas, mas decididas a prosseguirem juntas como um conjunto musical. No começo de 1977, passaram a ensaiar e a fazer algumas apresentações, até que um dia, graças ao apoio do produtor Liminha, gravaram uma fita demo e conseguiram um contrato com a gravadora Warner, que estava se instalando no Brasil.

Sob o nome As Frenéticas, uma alusão à discoteca onde o grupo começou, as meninas lançaram o primeiro single, “A Felicidade Bate A Sua Porta”, música composta por Gonzaguinha. Embora já tivesse sido gravada pelo próprio Gonzaguinha (1945-1991) em 1973 para o seu álbum Luiz Gonzaga Jr., “A Felicidade Bate A Sua Porta” ganhou com as Frenéticas uma versão em ritmo disco music arrasadora, e que logo entrou para as paradas de rádio. Não demorou muito paras as meninas gravarem o primeiro álbum.

Em março de 1977, o primeiro e auto intitulado álbum das Frenéticas era lançado. O álbum trazia “A Felicidade Bate A Sua Porta”, lançada anteriormente como single. Porém, a faixa que estourou nas rádios desta vez foi “Perigosa” com seus versos provocantes: “Eu sei que eu sou bonita e gostosa / Eu sei que você, me olha e me quer”.

Produzido por Liminha e com direção artística de Mazola, Frenéticas, o álbum, mostra um repertório diversificado, que não se restringe a disco music, estilo ao qual as Frenéticas ficariam bastante vinculadas. Além de disco music, o álbum traz as Frenéticas cantando rock, pop, bolero e marchinhas de carnaval com muito humor e deboche, de uma forma que as integrantes empregam toda a experiência no teatro que elas tiveram.

O álbum abre com o hit “Perigosa”, um rock’n’roll cuja letra foi escrita por Nelson Motta e musicada por Rita Lee e Roberto de Carvalho. A letra maliciosa e o mesmo tempo libertária, ressalta a autoconfiança sexual da mulher, mostrando que ela tem voz, tem desejos, tem vontade própria e tem o poder de sedução, independentemente da cor, classe social ou tipo físico.

Uma curiosidade sobre a música “Perigosa”, é que originalmente, a letra escrita por Nélson Motta terminava com os versos: “Eu vou fazer ficar louco, muito louco”. Após termina-la, Motta enviou a letra para Rita Lee musicar. Quando Rita devolveu a letra musicada numa fita cassete, ela escreveu um bilhete acrescentando uma frase ao final da letra: “dentro de mim”. A pequena frase, aparentemente inofensiva, fez toda a diferença no sentido final da letra: “Eu vou fazer ficar louco, muito louco / Dentro de mim”.

As Frenéticas, no sentido horário: Regina Chaves, Sandra Pêra, Lidoka Martuscelli,
Leiloca Neves, Dhu Moraes e Edyr de Castro. 

A ideia de Rita Lee era muito boa, mas Nélson Motta temia que a letra fosse vetada pela Censura Federal por associar os versos finais a um ato sexual. Para evitar que a letra fosse vetada ou tivesse a frase suprimida, Motta fez uso de uma estratégia para dribla um possível veto. Sabendo que para aprovar uma música na Censura Federal, era desnecessário enviar a música gravada, bastando enviar apenas a letra escrita, Nélson redigiu no papel a letra de “Perigosa” colocando a frase sugerida por Rita Lee no começo da música, o que deu o seguinte sentido: “Dentro de mim / Eu sei que eu sou / bonita e gostosa”. Com esse sentido até inocente, a letra foi aprovada pela Censura Federal sem o menor problema. Porém, quando as Frenéticas foram gravar no estúdio, a música foi gravada com a frase no final, do jeito que Rita Lee havia sugerido e de como ficou imortalizada. E assim, Nélson Motta, Rita Lee e as Frenéticas driblaram a Censura Federal.

Na sequência, as Frenéticas fazem uma releitura de “Quem É”, uma canção originalmente gravada pelo cantor Osmar Navarro (1930-2012) em 1959, nos primórdios do rock brasileiro. As Frenéticas fizeram uma nova versão da canção, mas mantendo o estilo das baladas românticas dos anos 1950. Contudo, elas injetaram vocais cheios de teatralidade e irreverência.

“Vingativa” é uma canção que remete aos boleros cafonas de versoss passionais e melodramáticas. A letra trata sobre uma mulher que sofreu nas mãos do homem que tanto amava, mas que agora, está disposta a se vingar dele. O arranjo da música é muito bem elaborado, e dão suporte para as Frenéticas cantarem os versos exagerando propositadamente na dramaticidade. A letra de “Vingativa” foi escrita por Wagner Ribeiro, autor dos textos do grupo teatral Dzi Croquettes, do qual algumas das Frenéticas fizeram parte.

A balada “Vida Frenética” é uma canção ao estilo dixieland, vertente do jazz tradicional de Nova Orleans, e que foi muito popular no início do século XX. Composta pelo guitarrista Luiz Sérgio Carlini, da banda Tutti Frutti, “Vida Frenética” conta um pouco do que é a filosofia de vida de uma frenética: viver a vida com liberdade e sem se preocupar com o que os outros dizem.

O repertório do álbum de estreia das Frenéticas contou com colaborações
de Rita Lee e Gonzaguinha.

O sexteto carioca se aventura no rock’n’roll no pot-pourri “Exército do Surf / Let Me Sing / O Gênio / Bye Bye Love”. “Exército do Surf” é uma versão em português de "L'Esercito del Surf", gravada em 1964 pela francesa Catherine Spaak, cuja versão em português fez sucesso no Brasil na voz de Wanderléa nos anos 1960. “Let Me Sing” foi o primeiro sucesso de Raul Seixas, em 1973, enquanto que “O Gênio” foi gravada originalmente por Roberto Carlos em 1966. “Bye Bye Love” é um rockabilly que ficou conhecido com a dupla Everly Brothers, em 1957.

A salsa “Pessoal e Intransferível” traz versos que faz uma reflexão sobre a responsabilidade dos nossos atos. Nas duas faixas seguintes, as Frenéticas caem na folia carnavalesca com “Fonte da Juventude”, uma marchinha que satiriza as mulheres que gastam uma fortuna para se manterem jovens, enquanto que “Cantores do Rádio”, é uma regravação de um antigo sucesso da “era de ouro” do rádio brasileiro, gravada originalmente em 1936 como um dueto pelas irmãs Carmem Miranda (1909-1955) e Aurora Miranda (1915-2005).

O clima de discoteca retorna na reta final do álbum com “Tudo Bem, Tudo Bom??? ou Mesmo Até...” faixa boa e dançante, mas com um título nada atraente. A faixa é um tanto quanto autobiográfica, serve como um “cartão de vistas” das Frenéticas em forma de música: “Prazer em conhecer / Somos as tais Frenéticas / Que um anjo doido fez / A gente se encontrar no Dancin’ Days”.

O álbum chega ao fim com “A Felicidade Bate A Sua Porta”, lançada em single antes do álbum. Os versos trazem uma carga de esperança e otimismo, num Brasil ainda imerso numa ditadura e que ainda duraria mais alguns anos para acabar. Embora a versão de Gonzaguinha seja animada, a versão das Frenéticas é mais divertida e dançante.

Através do sucesso das faixas “Perigosa”, “A Felicidade Bate A Sua Porta” e “Tudo Bem, Tudo Bom??? ou Mesmo Até...”, o álbum Frenéticas vendeu mais de 250 mil cópias, o que concedeu às Frenéticas o seu primeiro Disco de Ouro.

Apesar do êxito comercial do seu primeiro álbum, o melhor ainda estava por vir para o sexteto carioca. Em 1978, As Frenéticas se tornariam um fenômeno pop com o megahit “Dancin’ Days”, música que foi tema de abertura da novela homônimo exibida pela TV Globo, e que estourou nas paradas radiofônicas, incendiou as pistas das discotecas e festas de sábado à noite de norte a sul do Brasil.

Faixas

Lado A

  1. “Perigosa” (Rita Lee - Roberto de Carvalho - Nelson Motta)
  2. “Quem É?” (Osmar Navarro - Oldemar Magalhães)
  3. “Vingativa” (Wagner Ribeiro de Souza)
  4. “Vida Frenética” (Luis Sérgio Carlini)
  5. “Exército Do Surf” (J. Pattacini – Megel, versão: Neusa de Souza), “Let Me Sing” (Raul Seixas), “O Gênio” (Getúlio Côrtes), “Bye Bye Love” (F. Bryant - B. Bryant)

Lado B

  1. “Pessoal E Intransferível” (Nelson Motta)
  2. “Fonte Da Juventude” (Rita Lee)
  3. “Cantores Do Rádio” (João de Barro (Braguinha) - Lamartine Babo - Alberto Ribeiro)
  4. “Tudo Bem, Tudo Bom??? ou Mesmo Até...”  (Liminha (Arnolpho Lima Filho) - Ronan Soares - Rubens Queiróz)
  5. “A Felicidade Bate A Sua Porta” (Luiz Gonzaga Jr.)

Frenéticas: Dhu Moraes, Edyr de Castro, Leiloca Neves, Lidoka Martuscelli, Regina Chaves e Sandra Pêra


“Perigosa”

“Quem É?”

“Vingativa”

“Vida Frenética”

“Exército Do Surf”

“Pessoal E Intransferível”

“Fonte Da Juventude”

“Cantores Do Rádio”

“Tudo Bem, Tudo Bom???? Ou Mesmo Até”

“A Felicidade Bate A Sua Porta”



“Eat A Peach” (Capricorn Records, 1972), The Allman Brothers Band

 


Liderada pelos irmãos Duane Allman (1946-1971) e Gregg Allman (1947-2017), a The Allman Brothers Band notabilizou-se pela sua musicalidade resultante da mistura de rock, blues, country rock, soul music e jazz, e pelas longas improvisações nos shows ao vivo, onde cada músico da banda mostrava as suas habilidades nos seus respectivos instrumentos.

A banda é considerada a pioneira de uma vertente do rock chamada de southern rock (“rock sulista”), um termo criado no começo dos anos 1970 pela imprensa musical americana. O termo servia para se referir a um estilo de rock tocado por uma nova geração de bandas provenientes do sul dos Estados Unidos que despontava para o sucesso na época, principalmente dos estados mais ao sudeste americano como Alabama, Arkansas, Georgia, Kentucky, Louisiana, Mississippi, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Tenessee, Virgínia e Virgínia Ocidental. O estilo era fruto da fusão de rock, country music e blues.  

Embora nascidos em Nashville, no estado americano do Tennessee, os irmãos Duane e Gregg Allman começaram a carreira musical em Daytona Beach, ainda na adolescência, no começo dos anos 1960, tocando em pequenas bandas locais. Os dois irmãos formaram com outros amigos a banda The Escorts, em 1963. Dois anos depois, a banda foi reformulada e rebatizada para Allman Joys. Durante uma temporada na cidade de St. Louis, a banda atraiu atenção de um executivo de uma gravadora de Los Angeles, a Liberty Records. Sob um novo nome, Hour Glass, a banda lançou dois discos, entre 1967 e 1968, mas não tiveram repercussão alguma.

Após o fracasso, a Hour Glass acabou. Gregg permaneceu em Los Angeles trabalhando para a Liberty Records por questões contratuais, enquanto que Duane partiu para Muscle Shoals, no Alabama, onde foi trabalhar como músico de estúdio na FAME Studios. Na FAME Studios, Duane gravou em discos de grandes astros da música americana como Aretha Franklin (1942-2018), King Curtis (1934-1971), Wilson Pickett (1941-2006), Ronnie Hawkins, Percy Sledge (1940-2015), Boz Scaggs entre outros.

O cantor de soul Wilson Pickett e o guitarrista Duane Allman no
Muscle Shoals Recording Studios em novembro de 1968 em Sheffield, Alabama.

Contudo, após alguns meses, Duane já estava um tanto quanto entediado em ser músico de estúdio. Sentia falta da estrada, de tocar numa banda nos palcos. Duane assinou contrato com Phil Walden, ex-empresário do cantor de soul music Otis Redding (1941-1967), e que naquele momento estava interessado em agenciar artistas de rock. Em março de 1969, Duane muda-se para Jacksonville, onde seleciona músicos para a sua nova banda. Foram recrutados o baterista Jai Johanny "Jaimoe" Johanson, um segundo guitarrista, Dickey Betts, o baixista Berry Oakley, e mais um baterista, Butch Trucks, que também era percussionista. Para completar a formação, Duane chamou o seu irmão Gregg Allman, que estava em Los Angeles, para assumir os vocais e teclados. Estava formada a The Allman Brothers Band.

Depois de formada, a banda muda-se para a cidade de Macon, no estado da Georgia, lugar onde estava sediado o recém inaugurado Capricorn Records, selo independente de propriedade de Phil Walden, empresário dos Allman Brothers. Os dois primeiros álbuns, The Allman Brothers Band (1969) e Idlewild South (1970), embora tenham impressionado a crítica por causa da proposta musical e da performance dos músicos, tiveram um desempenho comercial bem modesto.

A The Allman Brothers Band foi alçada ao estrelado do rock com próximo lançamento, em julho de 1971, At Fillmore East, um álbum duplo gravado ao vivo no Fillmore East, em Nova York, em março de 1971. Vendido a preço de álbum simples, At Fillmore East fez um enorme sucesso de público e de crítica. Chegou ao 13° lugar na para Top Pop  Albums da Billboard, nos Estados Unidos. At Fillmore East deu aos Allman Brothers a tão almejada visibilidade.

O sucesso trouxe fama e dinheiro, mas também os excessos. Duane Allman e o baixista Berry Oakley, por exemplo, entraram numa clínica de reabilitação para tratamento do vício em álcool e drogas.

The Allman Brothers Band, a partir da esquerda: Duane Allman, Dickey Betts,
Gregg Allman, Jai Johanny Johanson, Berry Oakley e Butch Trucks em 1969.

Em setembro de 1971, já no ápice da fama alcançada, a banda iniciou o processo de gravação do seu próximo álbum de estúdio, no Criteria Studios, em Miami, sob a produção de Tom Dowd (1925-2002). Tudo ia muito bem até que no dia 29 de outubro de 1971, uma tragédia abalou a banda e os fãs. Duane Allman, guitarrista e fundador da Allman Brothers Band, sofreu um grave acidente de moto que lhe tirou a vida, aos 24 nos de idade.

O fato chocou os fãs e abalou completamente os membros da banda, principalmente Gregg Allman, o irmão do guitarrista. Os integrantes da Allman Brothers Band cogitaram a hipótese de acabar com a banda. Mas logo mudaram de ideia por acharem que a melhor maneira de homenagear a memória de Duane era a de manter a banda em atividade. As gravações do álbum prosseguiram e foram finalizadas em dezembro de 1971.

Intitulado Each A Peach, o novo trabalho dos Allman Brothers foi lançando em 12 de fevereiro de 1972. O álbum foi lançado em formato de álbum duplo com dez faixas, sendo três delas gravadas ao vivo no Fillmore East, em Nova York, duas em março e uma em junho de 1971. Uma das faixas gravadas ao vivo, “Mountain Jam”, foi dividida em duas partes devido à sua longa duração. Das sete faixas gravadas em estúdio, três foram gravadas após a morte de Duane Allman.

A capa do álbum foi criada pelo artista gráfico americano W. David Powell, e mostra um pequeno retângulo no centro da capa com a ilustração de um caminhão carregando um pêssego gigante. Na parte interna da capa dupla está uma outra ilustração, uma paisagem psicodélica criada por W. David Powell e JF Holmes. O lado esquerdo da ilustração foi feita por Holmes e a direita por Powell.

O álbum duplo abre com “Ain't Wastin' Time No More”, música composta por Gregg Allman antes da morte de Duane Allman. Coincidência ou não, a letra versa sobre a brevidade da vida, de que não devemos desperdiçar tempo na nossa existência. “Les Brers in A Minor” é uma longa faixa de instrumental composta pelo guitarrista Dickey Betts, que começa com uma jam session que dura pouco mais de três minutos. Em seguida, a música é tomada por uma irresistível levada groove funk, protagonizada pelo baixo de Berry Oakley, enquanto os outros instrumentos fazem o acompanhamento.

Funeral do guitarrista Duane Allman: embora composta antes da morte de Duane
pelo seu irmão, Gregg Allman, "Ain't Wastin' Time No More" trata
sobre a brevidade da vida.

Após o balanço dançante da faixa anterior, um momento de romantismo com a bela balada melódica “Melissa”, uma canção escrita em 1967 por Gregg Allman. Foi gravada por uma banda que Gregg fez parte antes de entrar na Allman Brothers, a The 31st Of February, mas que pouco chamou a atenção. “Mellissa” seria gravada para o primeiro álbum dos Allman Brothers, mas por algum motivo desistiram da ideia. O motivo de resgatar essa canção especialmente para Eat A Peach foi que Duane adorava essa canção. Como uma forma de tributo ao irmão morto, Gregg decidiu que “Melissa” seria gravada pelos Allman Brothers para este álbum como uma linda balada country rock.

A faixa seguinte é “Mountain Jam”, uma longa jam session de “quilométricos” 34 minutos, gravada ao vivo no Fillmore East, em Nova York, em março de 1971, para o material que iria compor o repertório do álbum At Fillmore East, mas acabou ficando de fora. Porém, a gravação foi resgatada e incluída em Eat A Peach. Na versão LP lançada em 1972 em formato álbum duplo, a música foi dividida em suas partes, a primeira parte como quarta faixa tomando todo o lado B do disco 1 (com uma duração de 19 minutos e 37 segundos) e a segunda parte tomando todo o lado 4 do disco 2, com uma duração de 15 minutos e 6 segundos. Mas na versão CD, “Mountain Jam” foi incluída como quarta faixa na íntegra, sem cortes, com seus longos 34 minutos.

“Mountain Jam” apresenta os músicos da banda fazendo longas improvisações com forte inspiração jazzística. Em pouco mais meia hora de duração, a faixa permite que cada música faça solos com seus respectivos instrumentos. O destaque fica para a performance fantástica do dueto dos bateristas Butch Trucks e Jai Joahanny Johanson. “Mountain Jam” traz citações de outras duas músicas, “Third Stone From The Sun”, de Jimi Hendrix, e “Will The Circle Be Unbroken?”, um hino popular cristão escrito por Ada R. Habershon (1861-1918) e música de Charles H. Gabriel (1856-1932).

“One Way Out” é um blues rock gravado ao vivo pelos Allman Brothers em junho de 1971, no Fillmore East, em Nova York. Originalmente, “One Way Out” foi gravada por Sonny Boy Williamson II (1912-1965) em 1964. Assim como “Mountain Jam”, “Trouble No More” foi gravada ao vivo no Fillmore East em março de 1971, e que também ficou de fora do álbum At The Fillmore East.

Gravada pela primeira vez por Muddy Waters (1913-1983) em 1955, “Trouble No More” ganhou uma versão dos Allman Brothers em que Duane Allman faz solos incríveis de slide guitar. “Stand Back” tem um balanço sensacional, uma slide guitar chorosa tocada por Duane Allman, e que nem parece se tratar de uma música sobre um sujeito que descobriu o quanto a sua namorada era ardilosa.

Gravada em 1955 por Muddy Waters, em 1955, 'Trouble No More" ganhou
uma nova versão com a The Allman Brothers Band para o álbum Eat A Peach.

“Blue Sky” é uma das canções mais famosas dos Allman Brothers. É uma bela canção escrita por Dickey Betts dedicada à sua então namorada e futura esposa, Sandy “Bluesky” Wabegijig. Eles se casaram em 1973, mas se divorciaram em 1975. “Blue Sky” traz uma interessante interação de solos das guitarras de Duane Allman e Dickey Betts, ora alternando, ora tocando simultaneamente. Nesta canção, é Betts quem canta. “Blue Sky’ foi uma das últimas gravações em estúdio de Duane Allman antes de morrer.

“Little Martha” é a única música presente em Eat A Peach composta apenas por Duane Allman. Foi gravada semanas antes de sua morte. A música é essencialmente acústica e traz um bonito dueto de violões dedilhados tocados por Duane e Dickey Betts. Tal performance mostra que além de dois brilhantes guitarristas, capazes de fazer solos de guitarra agressivos, eram capazes também de demonstrar delicadeza e sensibilidade ao dedilhar as cordas dos violões.

Eat A Peach alcançou o 4° lugar no Top 200 Albuns Pop da Billboard, nos Estados Unidos. O álbum foi contemplado com um disco de platina por ter atingido a marca de 1 milhão de cópias vendidas. O bom desempenho comercial de Eat A Peach no entanto, não aplacou a tristeza nos integrantes da Allman Brothers Band. Os membros da banda foram convencidos por Dickey Betts de que a banda deveria partir para uma turnê para promover Eat A Peach, e foi o que aconteceu. Os Allman Brothers seguiram em turnê como um quinteto, sem um substituto para Duane Allman. Foram 90 apresentações ao todo.

Quando tudo parecia ir bem e a banda quase superando a dor da perda de Duane, eis que um fato bizarro aconteceu. Em 11 de novembro de 1972, o baixista Berry Oakley sofreu um acidente de moto em Macon ao chocar-se com um ônibus, a poucos quarteirões do local onde Duane morreu um ano antes. Oakley recusou-se a ser conduzido para um hospital, preferiu ir para casa. Contudo, horas mais tarde, seu quadro de saúde se agravou, sentia fortes dores na cabeça. Oakley foi levado às pressas para hospital, onde acabou morrendo, aos 24 anos. Exames constataram que houve um inchaço cerebral causado por uma fratura no crânio causada pelo acidente de moto horas antes.

Com as mortes de Duane Allman e de Berry Oakley, a fase clássica da Allman Brothers Band chegava ao fim. E Eat A Peach foi o último trabalho dessa formação clássica.

Faixas

Disco 1

Lado 1

  1. "Ain't Wastin' Time No More" (Gregg Allman)
  2. "Les Brers in A Minor" (Dickey Betts)
  3. "Melissa" (Gregg Allman - Steve Alaimo) 

 

Lado 2

  1. "Mountain Jam" – parte 1 (Donovan Leitch - Duane Allman - Gregg Allman - Dickey Betts - Jai Johanny Johansen - Berry Oakley - Butch Trucks) (ao vivo) 

 

Disco 2 

Lado 3

  1. "One Way Out" (Marshall Sehorn - Elmore James) (ao vivo)
  2. "Trouble No More" (McKinley Morganfield) (ao vivo)
  3. "Stand Back" (Gregg Allman - Berry Oakley)
  4. "Blue Sky" (Dickey Betts)
  5. "Little Martha" (Duane Allman)

 

Lado 4

  1. "Mountain Jam" – parte 2 (Donovan Leitch - Duane Allman - Gregg Allman - Dickey Betts - Jai Johanny Johansen - Berry Oakley - Butch Trucks) (ao vivo)

 

The Allman Brothers Band:

Duane Allman (slide guitar, guitarra elétrica, violão em todas as faixas, exceto em “Ain't Wastin' Time No More”, “Les Brers in A Minor” and “Melissa”)

Dickey Betts (guitarra elétrica, lvocal principal em “Blue Sky”)

Gregg Allman (vocal principal, órgão Hammond, piano, piano elétrico e violão)

Berry Oakley (baixo)

Jai Johanny Johanson (bateria e congas)

Butch Trucks (bateria e percussão)



Ouça na íntegra o álbum Eat A Peach

“Harvest” (Reprise, 1972), Neil Young



Na virada da década de 1960 para a década de 1970, a carreira artística de Neil Young estava bem movimentada. O cantor e compositor canadense se dividia entre a carreira solo e a carreira como integrante do supergrupo Crosby, Stills, Nash & Young. Mas se por um lado as duas carreiras iam muito bem, a situação interna no supergrupo era um estado de tensão imenso. Os desentendimentos e as brigas fizeram com que o quarteto se dissolvesse logo após o lançamento do álbum duplo gravado ao vivo 4 Way Street, em julho de 1970. Cada membro foi depois cuidar das suas respectivas carreiras solos. O reencontro do quarteto só aconteceu em 1974, quando realizada uma turnê e lançamento da coletânea So Far.

Neil Young prosseguiu com a sua carreira solo lançando em setembro de 1970 o seu terceiro álbum solo, After The Gold Rush. O álbum foi sucesso de crítica e o que teve melhor desempenho comercial dos três primeiros álbuns de Neil Young. No final de 1970, Young iniciou uma turnê acústica, onde ele iria tocar canções inéditas que ele vinha escrevendo. Porém ele iria se apresentar sozinho, sem a sua banda de apoio, a Crazy Horse, que havia assinado contrato com uma gravadora e estava focada produzindo o seu primeiro álbum de estúdio.

Em fevereiro de 1971, já no final da turnê, Neil Young foi a Nashville, no Tennessee, se apresentar no programa de TV, The Johnny Cash Show, apresentado por Johnny Cash (1932-2003). Outros dois artistas convidados também se apresentaram, os cantores Linda Ronstadt e James Taylor. Após a gravação do programa, o produtor musical Elliot Mazer (1941-2021) ofereceu um jantar para 50 convidados para promover a inauguração do estúdio de gravação Quadrafonic Sound Studios, em Nashville, de propriedade dos músicos David Briggs e Norbert Putnam. Young, Ronstadt e Taylor, estavam entre os ilustres convidados.

No jantar, Mazer e Young conversaram, e o cantor comentou sobre as novas canções que havia escrito e a sua ideia gravá-las sob uma sonoridade mais acústica. Foi então que Mazer fez um convite para Young gravar suas novas canções no Quadrafonic Sound Studios. Young aceitou o convite, mas como estava sem banda, disse a Mazer que precisava pelo menos de um baixista, de um baterista e de um guitarrista de pedal steel para o projeto que tinha em mente.

As gravações ocorreram na noite do dia seguinte, um sábado. A banda do estúdio Quadrafonic Sound Studios, era a Area Code 615, uma banda de country music de Nashville que além de servir de banda de acompanhamento em gravações de discos de outros artistas, também já tinha no currículo seus próprios discos. Eram músicos experientes, que já haviam gravado com grandes estrelas da música como Bob Dylan e The Monkees.

Neil Young se apresentando no programa de TV
The Johnny Cash Show, em fevereiro de 1971

O problema é que nas noites de sábado, esses músicos trabalhavam tocando nas casas noturnas de Nashville, e achar alguns deles de folga era difícil. Mazer saiu fazendo uma catada, e apesar das dificuldades, conseguiu achar alguns membros da banda como o baixista Tim Drummond(1940-2015), o guitarrista de pedal steel Ben Keith (1937-2010) e o baterista Kenny Buttrey (1945-2004). Para aquela ocasião tão especial, Neil Young batizou a banda que iria acompanhá-lo de Stray Gators.

Neil Young aproveitou a ocasião que Linda Ronstadt e James Taylor estavam em Nashville, e os convidou para participarem das gravações de suas novas canções fazendo os vocais de apoio. Além de fazer os vocais de apoio, James Taylor tocou banjo em algumas faixas.

Aos poucos, o trabalho começou a ganhar corpo, forma e tamanho. Mais gente foi se envolvendo ao novo trabalho de Neil Young como o músico e arranjador Jack Nitzsche (1937-2000), que tocou piano, lap steel guitar e fez os arranjos de orquestra. E falando em orquestra, Neil Young contou com a participação luxuosa da Orquestra Sinfônica de Londres em duas canções. E como se isso não bastasse, David Crosby, Stephen Stills e Graham Nash, fizeram as pazes com Young e gravaram as suas participações num estúdio em Nova York.

O processo de gravação das canções se estendeu ao longo dos meses de 1971, entre os intervalos dos compromissos dos artistas. Além disso, havia também o tratamento que Neil Young vinha passando para cuidar de fortes dores nas costas. As gravações não apenas ocorreram no Quadrafonic Sound Studios, em Nashville, mas também em outros estúdios como Barking Town Hall, em Londres (onde foram gravadas as particpações da Orquestra Sinfônica de Londres), e também num estúdio improvisado no celeiro do rancho Broken Arrow, de Neil Young, em Woodside, na Califórnia.

Pouco mais de um ano depois desde que começou a ser gravado, Harvest foi lançado em 1° de fevereiro de 1972. Nele, Young conseguiu o seu objetivo que era gravar um disco com uma proposta mais acústica, diferente do seu antecessor, After The Gold Rush, um disco mais elétrico. Contudo, é possível perceber em Harvest a presença da rusticidade da guitarra elétrica de Neil Young, ainda que numa participação bem diminuta. Harvest tem todo o seu repertório fundamentado no country rock e no folk rock. As duas canções que trazem a participação imponente da Orquestra Sinfônica de Londres, aparentam destorar do disco a princípio, mas conseguiram se integrar ao disco ao lado das outras canções. Muito embora a presença da Orquestra Sinfônica de Londres dê um toque de pompa nessas duas canções, o que impera mesmo no disco é a simplicidade nos arranjos na maioria das faixas.

Tim Drummond, Jack Nitzsche, Neil Young, Kenny Buttrey e Ben Keith
numa sessão de gravação de Harvest 
no rancho Broken Arrow,
em setembro de 1971.

Uma bateria pesada com um bumbo bem destacado, seguido depois pelo restante da banda, dá início a “Out On The Weekend”, canção que é um misto de folk rock e country music, e que dá início a Harvest. A hamônica (gaita) e o pedal steel parecem dividir o lamento de um amor que chegou ao fim retratado nos versos da canção. A faixa seguinte é “Harvest”, uma balada country melancólica e triste, e que dá nome ao álbum.

“A Man Needs A Maid” traz a primeira participação da Orquestra Sinfônica de Londres em Harvest. A orquestração é de uma beleza incrível e ao mesmo tempo tensa. Neil Young foi chamado de machista pelas feministas por causa da letra da canção, em que ele fala da necessidade ter uma empregada doméstica. O cantor no entanto rechaçou a acusação. Um dado que deve-se levar em conta é que na época em que Neil Young escreveu a canção, pode ter sido a mesma em que ele passou por problemas sérios nas costas quando teve que enfrentar uma série de tratamentos para se curar. Ele chegou a gravar algumas sessões do disco usando um colete ortopédico. Devido às dificuldades de fazer as atividades caseiras, é possível que ele se refira à necessidade de ter uma empregada doméstica dentro desse contexto.

“Heart Of Gold” é a principal faixa do disco e um dos maiores sucessos da carreira de Neil Young, uma balada folk rock cuja beleza reside na sua simplicidade nos arranjos. A letra de “Heart Of Gold” trata sobre alguém que está à procura de um amor verdadeiro, tão difícil de encontrar quanto ouro - daí a associação com “coração de ouro” – não importando o lugar e a distância para encontrá-lo: “Eu estive em Hollywood, eu estive em Redwood / Atravessei o oceano por um coração de ouro”. Linda Ronstadt e James Taylor participam da canção fazendo os vocais de apoio. Além de fazer os vocais, Taylor também tocou banjo.

Encerrando o lado A de Harvest, “Are You Ready For The Country?”, uma canção alegre e leve que contrasta com o clima melancólico que toma conta de quase todo o álbum. O piano presente em “Are You Ready For The Country?” remete ao som dos pianos de ragtime, estilo musical que foi muito popular nos Estados Unidos entre o fim do século 19 e começo do século 20.

O lado B de Harvest começa com outra canção de Neil Young que ficou bastante famosa, “Old Man”. A canção foi escrita por Young em homenagem ao zelador que trabalhava no rancho Broken Arrow, quando o cantor comprou a propriedade em 1970. A letra trata sobre um jovem que durante um diálogo com um homem idoso, diz a ele que os dois possuem muitas semlhanças apesar da diferença de idade. O jovem expõe todas as suas dúvidas, angústias e medos de alguém que está começando a vida para aquele ancião que passou pelas mesmas situações quando teve a mesma idade. Linda Ronstadt e James Taylor participaram desta canção fazendo os vocais de apoio assim como fizeram em “Heart Of Gold”.  Taylor volta a tocar banjo em “Old Man”.

Em “There’s A World”, a Orquestra Sinfônica de Londres faz a sua segunda participação no disco. A música começa com a orquestra num ritmo ascendente através do naipe de cordas, seguido pelos instrumentos de sopro. Na letra, Neil Young expressa toda sua a inquietação e insatisfação com a realidade do mundo.

Backing vocals de luxo: os cantores Linda Ronstadt e James Taylor participaram
das gravações do álbum Harvest fazendo vocais de apoio. Taylor ainda chegou a tocar
banjo em algumas faixas.

“Alabama” traz um Neil Young mais elétrico, lembrando a sua parceria com a banda Crazy Horse dos primeiros discos. É uma das poucas faixas do disco com uma veia mais rock, onde a guitarra elétrica se mostra mais em evidência. Nesta música, Young repete algo que já havia feito em “Southern Man”, do disco After The Gold Rush: trata sobre o racismo e a política retrógrada no estado do Alabama. A resposta às acusações de Young veio em 1973, quando a banda Lynyrd Skyrnyrd, natural do sul dos Estados Unidos, gravou a canção “Sweet Home Alabama”, que traz versos provocativos ao astro canadense: “Bem, eu ouvi o Sr. Young cantar sobre ela / Bem, eu ouvi o velho Neil humilhar ela / Bem, eu espero que Neil Young se lembre / Um homem sulista não precisa dele perto”. 

“The Needle And The Damage Done” foi gravada ao vivo no Royce Hall, UCLA (University of California, Los Angeles), em janeiro de 1971, durante a turnê acústica de Neil Young. Nesta canção, Young tece uma crítica à heroína e aos seus efeitos nocivos. A droga seria mais tarde responsável pela morte de duas pessoas diretamente ligadas a Young, Danny Whitten, guitarrista da Crazy Horse, morto aos 29 anos em novembro de 1972, e Bruce Berry, roadie do Crosby, Stills, Nash & Young, e que morreu em junho de 1973, aos 22 anos.

Harvest encerra com “Words (Between The Lines Of Age)”, que como “Alabama”, é uma das poucas faixas do álbum com uma presença mais destacada da guitarra elétrica. E é justamente Neil Young que faz os solos de guitarra bem peculiares. Merece destaque a performance dos Stray Gators. Nos versos, Neil Young expressa suas dúvidas sobre o recém iniciado na época relacionamento com a atriz Carrie Snodgress (1945-2004), com que teria um filho, Zeke Young, em setembro de 1972.

Na época de seu lançamento, o álbum Harvest teve uma recepção bastante “morna” por parte da imprensa. A edição americana da revista Rolling Stone, por exmplo, tachou o disco de “recauchutagem” de After The Gold Rush.

Por outro lado, o desempenho comercial de Harvest foi surpreendente. Só nos Estados Unidos, Harvest vendeu mais de 4 milhões de cópias. Foi o álbum mais vendido no mercado fonográfico americano em 1972, superando concorrentes de peso lançados naquele mesmo ano como Exile on Main St. (Rolling Stones), The Rise and Fall of Ziggy Stardustand The Spiders From Mars (David Bowie), Machine Head (Deep Purple), Talking Book (Stevie Wonder), Honk Château (Elton John) e Close To The Edge (Yes).

O single de “Heart Of Gold” fez um enorme sucesso nas paradas de singles. Chegou ao 1° lugar da Billboard Hot 100, nos Estados Unidos e da parada de singles do Canadá. Alcançou o 4° lugar na Noruega e 6° lugar na Alemanha. O single de “Heart Of Gold” vendeu mais de 1 milhão de cópias nos Estados Unidos.

Harvest e o single de “Heart Of Gold” alcançaram um grande sucesso comercial e deram grande projeção a Neil Young. No entanto, o sucesso do álbum e do single parecia incomodar Young, a tal ponto, por exemplo, do cantor canadense ter mantido “Heart Of Gold” fora do seu repertório de shows por várias décadas. Contudo, a fama de “Heart Of Gold” ajudou a fomentar o que seria conhecido como soft rock na década de 1970, o rock mais suave, e que dominou as paradas de emissoras de rádios FM. 

Todas as faixas são de autoria de Neil Young .

Lado A

1 - "Out on the Weekend"

2 - "Harvest"

3 - "A Man Needs a Maid"

4 - "Heart of Gold"

5 - "Are You Ready for the Country?"

 

Lado B

6 - "Old Man"

7 - "There's a World"

8 - "Alabama"

9 - "The Needle and the Damage Done" (gravada ao vivo em janeiro de 1971)

10 - "Words (Between the Lines of Age)"


 

"Out on the Weekend"

"Harvest"

"A Man Needs a Maid"

"Heart of Gold"

"Are You Ready for the Country?"

"Old Man"

"There's a World"

"Alabama"

"The Needle and the Damage Done"

"Words (Between the Lines of Age)"

DINO D’SANTIAGO E EMICIDA APRESENTAM NOVO SINGLE… “MARIA”

 


Dino d’Santiago e Emicida apresentam “Maria”, uma cativante e melódica análise das relações afetivas modernas que desafia o status quo predominante.

Como já dizia o poeta Vinicius de Moraes: “A gente não faz amigos, reconhece-os”. É desta forma que Dino d’Santiago, o artista e ativista luso-cabo-verdiano radicado em Lisboa, conhecido por misturar de forma harmoniosa, soul com os ritmos do arquipélago da Morabeza, e Emicida, o multifacetado musico e visionário nascido em São Paulo, reconhecido pela sua voz poderosa e ativismo, que impactou profundamente o Brasil, se encontram em estúdio para criar “Maria”, um novo e cativante single, que funde hip-hop e afro-pop para evocar uma comovente história sobre o amor que transcende convenções sociais.

Segundo o autor de “Badiu”“‘Maria’ é uma canção de amor contemporânea que acompanha dois protagonistas independentes enquanto desafiam os desígnios patriarcais enraizados na sociedade. Movidos pelo desejo de um relacionamento baseado na igualdade e respeito mútuo, embarcam corajosamente numa jornada de autoconhecimento e crescimento pessoal.”

Dino d’Santiago e Emicida, brindam-nos com uma canção reflexiva, envolvente e poética que surge para pontuar o encontro entre os dois artistas em palco, pois o autor de “AmarElo” convidou o crooner kriolo para se juntar a ele no Coliseu de Lisboa (11 de maio, 2023) e no Coliseu do Porto (13 de maio, 2023). Para a dupla, além da vontade de marcar o início de uma longa amizade, esta canção tem também o intuito de inspirar e lembrar aos ouvintes que o verdadeiro amor requer respeito, igualdade e uma dose de sorte para prosperar.

Destaque

[BOX SET] Michel Plasson & L'Opéra Français (38 CDs, 2012)

  Artist : Michel Plasson & L'Opéra Français Title Of Album : Michel Plasson & L'Opéra Français Year Of Release : 2012 Label...