sexta-feira, 15 de setembro de 2023

“ENTRE ESTAÇÕES” É O NOVO DISCO DE PEDRO E OS LOBOS

 

Depois do lançamento dos singles de antecipação “Foguetão”, “Califórnia” e, mais recentemente, “Vagueamos“, Pedro e os Lobos editam o seu quinto álbum, intitulado “Entre Estações”.

Onde Vamos? Com quem vamos? Por quanto tempo? Que bagagem levamos?”, são as questões que dão o mote para o lançamento deste disco, que para quem conhece a banda ficará surpreendido pela sua sonoridade!

 

Assumido pelos membros do projeto como um álbum de estúdio, com tempo para experimentações, Pedro e os Lobos recorrem a novos elementos sonoros nunca usados anteriormente, como é o caso dos sintetizadores, loops e caixas de ritmos, que, a par das guitarras, criam um somatório de canções repletas de ambientes e paisagens sonoras que nos submetem para um universo de viagem, numa aventura que mistura diferentes ambientes, que vão desde as influências do Rock/Folk americano dos anos 70 ao New Folk contemporâneo.

 

“Caminhamos, experimentamos, por vezes falhamos, voltamos a tentar, crescemos, construímos. No fim da viagem, guardamos memórias, e é na partilha dessas simples memórias que nos reencontramos.” – sublinha Pedro Galhoz, mentor de Pedro e os Lobos.

Oito canções, oito paisagens – é esta a sugestão de Pedro e os Lobos para “Entre Estações“, que se encontra disponível a partir deste dia 15 de setembro em todas as plataformas digitais.

 

MILA DORES COM NOVO SINGLE… “DEIXA ARDER”

 

Deixa Arder” é a terceira descoberta do novo próximo disco de Mila Dores, sucedendo aos anteriores singles “Não te ponhas a jeito” e “Limão e Jasmim”.

Com este “Deixa arder”, Mila Dores traz-nos uma mensagem muito crua e objectiva sobre o empoderamento feminino. Uma canção em que tal como os versos do refrão anunciam – “isto de ser mulher, nunca é quando um homem quer” – afirma que uma mulher não tem de ser a personificação da sociedade patriarcal.

 

Como a própria refere: “Não há regras nem convenções sociais para se ser mulher. Não é sobre o corpo que se tem nem sobre o que se veste; não é sobre a religião que se pratica; não é sobre orientação sexual; não é sobre ter menstruação ou sobre ter filhos. A canção fala-nos sobre uma mulher que se vê ao espelho sem filtros, que se aceita na sua plenitude física e emocional e se gosta como é, que honra a sua bagagem emocional e o seu corpo, é a encarnação de todas as histórias que já viveu e que ouviu.”

Um statement artístico e social reforçado pela abordagem musical que construiu em partilha com a produtora artística do disco, Filipe Sambado, construiu e em que as evocações à “nova canção portuguesa”, habitualmente associadas às décadas de 70 e 80, ganham nova vida neste trabalho.

A par dos singles anteriores, o tema vem acompanhado de um visualizer produzido pela artista gráfica Cristina Viana, responsável também pelo artwork da capa do single.

 

RIÇA LANÇA O ÁLBUM DE ESTREIA “DIABOS M’ ELEVEM”

 

Diabos m’ Elevem” marca a estreia de Riça no formato longa-duração. Após o EP “Bicho com Mau Gosto” (2016) e alguns singles pelo caminho – “Dragão IV” (2019) e “Napoleão Precário” (2020) – o artista leva-nos agora por um universo cuidadosamente criado ao longo de 11 faixas – incluindo a já editada “Canção das Maias” -, onde a sua própria estória se funde com o imaginário popular português com o qual o artista cresceu: cantigas, provérbios, superstições, fábulas e lendas.

Este álbum, que cruza o rap com a música tradicional, foi integralmente escrito e produzido por Riça. “Diabos m’ Elevem” conta também com Zé Poças na gravação, mistura, masterização e co-produção; Chuaga na guitarra elétrica; Luís Capela na viola braguesa; Ricardo Martins no baixo; e participações de zé menos, Kass, Rokelhe e Maçã. A edição é da Biruta Records.

 

A 19 de outubro ocorre a primeira expurga dos demónios com o concerto de apresentação no Maus Hábitos (Porto). A formação ao vivo inclui zé menos no controle de instrumentais e vozes adicionais, e cenografia criada por Diana Queirós. Neste evento especial estarão presentes também os convidados do disco.

MARI SEGURA TEM NOVO SINGLE… “EMBOBADA”

 

Depois da estreia do EP “Piano, Piano” Mari Segura encontra-se agora a trabalhar no seu primeiro longa-duração. “Embobada” é a canção escolhida para abrir as hostes deste próximo registo de originais.

A primeira faixa revelada dá conta das muitas sonoridades que se vão fazer sentir no disco que se avizinha. Carregada de ritmos colombianos, acompanhada por uma percussão bem típica das suas influências latinas, ao mesmo tempo que pisca o olho às vibes pop, a canção conta com nomes de peso do universo brasileiro, tendo sido produzida pelo galardoado Ale Siqueira, vencedor de três Grammy Latinos, e conhecido por trabalhar com artistas como Elza Soares, Carlinhos Brown, Caetano Veloso, Tribalistas, Drexler, entre muitos outros, com mistura de João Milliet (também ele vencedor de dois Grammy Latinos), e ainda guitarras do talentoso multi-instrumentista To Brandileone.

 

Embobada é a primeira colherada da concretização do meu sonho da vida inteira: o meu primeiro álbum. Fui à procura das sonoridades que me fazem vibrar desde pequenina, aprofundando nas minhas raízes e no ritmo latino que inevitavelmente nos põem a todos a dançar. Quis trazer a Colômbia para o meu novo lar longe de casa e este foi o resultado. Uma música que fala sobre as primeiras fases do processo de ‘enamoramiento’ – se apaixonar por alguém – quando tudo é maravilhoso e vivemos num mundo de fantasia. Fala sobre o desejo, a vontade de estar colado àquela pessoa, sobre a alegria e a paixão inicial. A narrativa é o coração a tomar conta da cabeça e a música é o corpo a tomar todo poder e controlo. É uma bachata perfeita para dançar coladinho àquela pessoa, e como diz Natalia Lafourcade (uma das minhas artistas favoritas e das minhas maiores influências): “tú sí sabes quererme, mi amor”, explica Mari Segura.

 

Review: Lucifer – Lucifer III (2020)



O Lucifer chega ao seu terceiro disco equilibrando os dois lados de sua personalidade. Enquanto o primeiro álbum, lançado em 2015, apresentou uma sonoridade doom embebida em doses nadas discretas de psicodelia, o segundo, que saiu em 2018, contou com o toque pessoal de Nicke Andersson na construção de um hard rock que manteve a grande influência dos anos 1970, porém com doses enormes de melodia e acessibilidade.

Lucifer III, lançado na Europa dia 20 de março e logo em seguida aqui no Brasil pela Hellion Records, dosa melhor esses dois aspectos. As nove canções vão de sons pesados a calmos, sempre com detalhes bem pensados e uma forte dose de feeling. As letras seguem abordando temas sombrios e, unidas ao som que parte do doom para chegar em caminhos próprios, fazem com que a banda possa ser enquadrada na cena do occult rock, agradando apreciadores de nomes conhecidos como Ghost e cultuados como o Blood Ceremony. Além disso, as guitarras vão da sempre bem-vinda inspiração em Tony Iommi e no Black Sabbath até outras referências clássicas, em um trabalho de destaque feito pela dupla Martin Nordin e Linus Björklund - o baixo ficou a cargo de Harald Göthblad.

A vocalista Johanna Sadonis sempre foi o grande destaque do Lucifer, e segue com o protagonismo nesse terceiro capítulo. Sua voz é grave e extremamente afinada, e ela sabe interpretar e imprimir nuances variadas às composições, indo da malícia a agressividade, da sensualidade a energia. Nicke, que é também seu marido, aqui ficou apenas com a bateria (no álbum anterior ele havia também gravado as guitarras em estúdio) e o seu dom sobrenatural para as composições, já testado e aprovado no The Hellacopters e no Imperial State Electric. A produção traz uma sonoridade suja e densa, com riffs espessos e uma mixagem que manteve a vivacidade da banda.

Os destaque vão para a abertura com “Ghosts”, a cadenciada e cheia de feeling “Midnight Demons”, a cativante “Lucifer”, “Pacific Blues” (com o melhor vocal de Johanna em todo o disco), a estradeira “Flanked by Snakes” e a linda balada “Cemetery Eyes”, que fecha o disco. E quando um álbum com nove canções tem seis delas apontadas como destaques, está na cara que trata-se de um disco que merece a audição.

Vale mencionar também a lida capa, que traz uma ilustração do artista inglês Graham Humphreys, famoso por criar cartazes para filmes icônicos de terror como The Evil Dead e série A Hora do Pesadelo.

A primeira prensagem da Hellion Records é limitada a 300 cópias e vem com um slipcase e um pôster exclusivo, mostrando o quando a gravadora paulista acredita no potencial do Lucifer. E, sinceramente, basta ter contato com a música dos suecos para entender o porque.

Grande álbum, grande banda: ouça e compre já!








quinta-feira, 14 de setembro de 2023

ROCK ART

 


Review: Hällas – Conundrum (2020)

 


Muito se fala da cena rock sueca, pródiga em revelar novas e excelentes bandas ao mundo há pelo menos uma década. “Tem algo na água deles”, dizem por aí, como se uma força mágica e sobrenatural operasse por lá. Na verdade, não tem nada de mágico. A ascensão e reconhecimento das bandas suecas passa, logicamente, pelo talento dos músicos, mas também pelo apoio do Estado à cultura, como contamos nesse texto. Bem diferente do nosso país, pra dizer o mínimo.

Mas vamos ao que interessa. O Hällas é mais uma revelação vinda do país escandinavo, mais um fruto da “água da Suécia”. Formada em 2011, a banda lançou a sua estreia em 2017 (Excerpts From a Future Past, inédito no Brasil mas disponível nos streamings) e retornou em 2020 com o segundo álbum, Conundrum, que ganhou edição nacional pela Hellion Records.

A música do quinteto formado por Tommy Alexandersson (vocal e baixo), Marcus Petersson (guitarra), Alexander Moraitis (guitarra), Nicklas Malmqvist (órgão e sintetizadores) e Kasper Eriksson (bateria) é extremamente melódica e hipnótica. É como se o Yes fosse uma banda da NWOBHM. Ou, usando uma referência mais contemporânea, há uma certa aproximação com o universo do The Night Flight Orchestra, porém com composições muito mais atmosféricas. Os vocais limpos e cristalinos, aliados aos arranjos e harmonias de guitarras, mostram influência também do Wishbone Ash, porém sem o acento celta dos ingleses.

Conundrum traz oito faixas, e elas sempre estão no limite entre o prog rock e o metal clássico inglês. O peso é moderado, porém a melodia, as harmonias, as linhas vocais e tudo mais são onipresentes. São canções são bem construídas, cheias de passagens criativas e trechos instrumentais cativantes. O disco parece levar o ouvinte para uma dimensão paralela, conduzido pelos timbres e andamentos entregues pela banda.

Particularmente, destaco a abertura com “Beyond Night and Day” (bem na escola do The Night Flight Orchestra), a lindamente viajante “Strider”, a grudenta “Carry On” e o prog espacial que fecha o disco, “Fading Hero”.

O Hällas entrega em Conundrum um trabalho extremamente original e cheio de qualidades para conquistar novos admiradores. Um álbum forte, consistente e que merece todos os elogios possíveis.

Ouça e embarque nessa jornada comigo!



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