Salvador Sobral acaba de lançar “TIMBRE”, o seu quarto álbum de estúdio. O regresso às edições discográficas acontece depois de o artista nos ter vindo a brindar ao longo dos últimos meses com vários temas que fazem parte do alinhamento: “al llegar” (feat. Jorge Drexler), “pedra quente” e, muito recentemente, “de la mano de tu voz” (feat. Silvana Estrada).
Agora, ficamos finalmente a conhecer “TIMBRE” na íntegra. O disco é composto por 11 originais, 10 criados em parceria com Leo Aldrey, responsável também pela produção. Sobre o título, afirma Salvador Sobral que “surgiu por duas razões principais. A primeira, talvez mais óbvia, é porque antes de tudo nesta vida eu sou cantor, um intérprete e aquilo que mais me define e distingue é a minha voz, o meu timbre. A segunda razão é o facto de me interessar o conceito de timbre enquanto cor, a cor da voz, a cor dos instrumentos. O disco será como uma palete colorida de timbres que disparam claridade. Ah! E há uma terceira motivação para o nome do disco. É que timbre é igual em muitas línguas latinas e germânicas. Escreve-se igual e significa o mesmo. Parece que o conceito de TIMBRE é universal e põe-nos a todos de acordo.”
No dia em que “TIMBRE” fica disponível, Salvador Sobral lançou também um videoclip para o tema “porque canto”. A música funciona como uma espécie de declaração de intenções do artista: “Canto para não falar / Canto para não me calar / Eu canto para expulsar / E canto pra depois deixar entrar”. Já o vídeo, realizado uma vez mais pela produtora audiovisual CASOTA, com quem tem vindo a colaborar, justapõe o presente com imagens de arquivo de Salvador, reforçando aquilo que encontramos em “TIMBRE”: uma procura pelo seu próprio timbre e identidade, depurando cada vez mais a sua essência.
Um dos melhores acompanhantes e músicos de seção, Baikida Carroll adicionou texturas, cores e solos brilhantes a vários conjuntos e grupos de free jazz, entre eles o Black Artists' Group ( BAG ) em St. Ele tem sido um compositor ativo, tendo escrito trilhas sonoras e partituras de filmes e exibido uma abordagem sonora e solo marcante e completa. Carroll frequentou a Southern Illinois University e a Armed Forces School of Music antes de dirigir a banda de free jazz do BAG . Ele foi para a Europa com outros membros do grupo em meados dos anos 70 e gravou em Paris em 1974. Carroll gravou com Oliver Lake , Michael Gregory Jackson , Muhal Richard Abrams , Jack DeJohnette e David Murray nos anos 70 e 80, bem como gravou um álbum solo no final dos anos 70 e liderou um combo no início dos anos 80. Uma sessão de 1994 no Soul Note apresenta Carroll em ótima forma com um quinteto. Desde então, Carroll tem se mantido ocupado atuando e ensinando e lançou o elogiado Marionettes on a High Wire na OmniTone em 2001.
New Trolls é uma banda italiana de rock progressivo conhecida por sua fusão entre o rock e a música erudita. Sua história é marcada por várias mudanças na formação, no nome da banda e pelas diversas discussões entre os integrantes.
História
A banda foi formada em meados da década de 1960 pelos músicos Vittorio de Scalzi (guitarra e vocal), Nico di Palo (guitarra e vocal), Mauro Chiarugi (teclado), Giorgio D'Adamo (baixo e vocal) e Gianni Belleno (bateria e vocal). Decidiram chamá-la New Trolls por causa do nome da ex-banda de um dos integrantes, The Trolls.
Após algumas ocasiões abrindo apresentações para os Rolling Stones, lançaram o single de estréia Sensazioni, em 1976, o primeiro de uma longa série de outros singles. A banda era considerada uma das melhores apresentações na Itália na época, o guitarrista Nico Di Palo, inspirado em Jimi Hendrix, foi um dos primiros guitar heroes italianos.
Em 1968, foi lançado o primeiro álbum da banda, Senza orario senza bandiera, que contava com letras compostas pela banda e pelo letrista Fabrizio De André. O álbum foi muito bem sucedido na época. O segundo álbum, auto intitulado, foi lançado em 1970, como uma compilação dos singles já lançados anteriormente. No final do mesmo ano Mauro Chiarugi deixou a banda, tornando a banda um quarteto.
Em 1971, lançaram o álbum que é atualmente considerado a marca da banda, Concerto Grosso N. 1, com arranjos clássicos escritos pelo compositor Luis Enriquez Bacalov. É considerado por críticos como um dos mais importantes lançamentos do rock italiano, por ser o primeiro esforço em misturar rock com música erudita realizado na Itália.
A segunda mudança na formação ocorreu em 1972, com a baixista Giorgio D'Adamo sendo substituído pelo ítalo-canadense Frank Laugelli. Com a nova formação lançaram Searching for a land, um álbum dúplo com algumas faixas ao vivo, gravado em sua maioria em inglês. O álbum não obteve sucesso, assim como a maioria dos álbuns de artistas do rock progressivo lançados em inglês. No mesmo ano ainda foi lançado Ut, introduzindo um som mais pesado da banda similar ao hard rock. Apesar da resposta positiva da crítica e do público, a banda foi dividida, com Di Palo e De Scalzi indo para caminhos musicais diferentes. Ações judiciais ocorreram pelo direito ao nome da banda. Di Palo e os outros três membros da banda formaram o Ibis, uma banda voltada ao hard rock. Vittorio De Scalzi formou a banda New Trolls Atomic System para evitar problemas contractuais.
O New Trolls Atomic System lançou seu primeiro álbum em 1973 com arranjos similares aos utilizados em Concerto Grosso N. 1. De Scalzi tocava flauta, teclado e guitarra nesse trabalho.
O segundo álbum Tempi dispari era totalmente instrumental, gravado sob influência do jazz rock, completamente oposto ao som do New Trolls. Incidentalmente, o nome da banda nesse álbum voltou a ser New Trolls.
O desapontamento por Tempi dispari acabou levando ao fim do New Trolls Atomic System. Surpreendetemente, De Scalzi reuniu-se novamente aos ex-colegas Di Palo e Belleno para uma reformulação do New Trolls. O baixista Laugelli também retornou à banda e o vocalista e guitarrista Ricky Belloni foi contratado para completar a formação. Lançaram então Concerto Grosso N. 2, recebendo críticas negativas da mídia. Posteriormente, a Magma Records lançou o álbum Concerto grosso per i New Trolls, contendo as duas obras reunidas em um só álbum.
Em 1976, De Scalzi fundou a gravadora Magma Records, no qual a banda lançou o álbum ao vivo New Trolls Live, contendo canções anteriores ao fim da banda e partes de Concerto Grosso No. 2.
Em 1978, o tecladista Girgio Usai entrou na banda, mas começaram a perder a trilha do rock para se voltar a um som mais pop, como evidenciado pelos hits Quella carezza della sera e Aldebaran. The New Trolls manteve-se ativo até o início da década de 1990, com novo término da banda.
A partir desse momento a banda apareceu esporadicamente na cena musical. Durante os anos 1990 Vittorio De Scalzi recrutou diversos músicos para realizar turnê em suporte das antigas canções da banda. Álguns relançamentos de álbuns também apareceram.
Em 1999, Di Aplo, Belloni e Belleno tentaram reagrupar a banda, mas entraram em conflito legal com De Scalzi.
Em 2001, foi lançado o álbum duplo La storia dei New Trolls creditado a De Scalzi. Gravado ao vivo, o primeiro disco contém regravações de canções antigas, enquanto o segundo contém a obra Concerto grosso per i New Trolls com a presença de uma orquestra completa.
Em 2002, a banda liderada por De Scalzi realizou turnê. Di Palo e os outros membros da banda reagruparam-se como Il Mito dei New Troll, realizando turnê.
É já em novembro que os dois artistas vão estar juntos em concerto, em Lisboa e no Porto.
A notícia peca por tardia, mas há sempre lugar para uma boa notícia.
O dueto de Samuel Úria e Benjamim iniciou com uma amizade, e agora, vários anos mais tarde, estão juntos em canções.
A génese da colaboração foi dada pelo projecto “Conta-me uma canção”, primeiro no Youtube, e depois de forma mais oficial em concerto, em Janeiro de 2023, no Teatro Maria Matos.
Pelo meio, a canção “Os Raros”, com música de Benjamim e letra de Samuel Úria, deu indícios que os artistas tinham gostado da colaboração musical.
O mês de novembro dará lugar a dois concertos, onde os músicos apresentarão canções suas entoadas a meias, em Lisboa no Teatro Tivoli BBVA, no dia 4 e, no Porto, no dia 8, no Teatro Sá da Bandeira.
Se estiverem com vontade de ouvir as canções de dois dos melhores cantautores portugueses, sugiro que se apressem a reservar o vosso lugar, o nosso já está garantido.
Os bilhetes, para ambas as datas, estão à venda na Ticketline.
Beato é o “alter-ego” de Bruno Vasconcelos, tendo destacado-se aos olhos do grande público no Festival da Canção de 2018, onde interpretou a canção “Austrália” (uma das melhores canções a passar pelo renovado festival, mas este é um assunto para um outro dia).
O artista lançou, no dia 27 de setembro, o tema “Lara, Lara, Lara”, já disponível nas plataformas digitais. Esta canção é o avanço do segundo álbum do Beato, sucessor de Bonança, de 2022, e conta letra de Pedro da Silva Martins, ex-Deolinda e escritor de muitas canções bonitas, como esta.
Som Ambiente foi uma amostra de quem eram Bertrami, Malheiros e Conti e uma confirmação da elasticidade musical de Marcos Valle.
Rio de Janeiro, 1968.
O período preto e dourado da bossa-nova estava a chegar ao fim quando, em 1968, José Roberto Bertrami, Alex Malheiros e Ivan Conti colaboravam com a gravadora Equipe. Nesse ambiente puramente musical, os então jovens músicos estabeleceram contacto com as maiores personalidades brasileiras da área, até porque esse era ‘simplesmente’ o trabalho deles: trabalhavam em estúdios e faziam música, com o objetivo de auxiliar as joias da música brasileira na produção dos seus trabalhos. Foi nesse contexto, por exemplo, que se cruzaram com o ‘moderno’ Deodato e a sua inovadora banda (Os Catedráticos), pioneira do jazz fusion no país sul-americano.
(É verdade que o grande tesouro musical brasileiro é a bossa-nova mas, ainda assim, a música que os brasileiros produziram ao longo da década de 70 tem uma palavra a dizer.)
A vida de músico é apaixonante, sim, mas é difícil e está, como qualquer outra vida, dependente das oportunidades que possam surgir. Na mesma altura em que Bertrami, Malheiros e Conti formavam o grupo Seleções, integram a estrutura da aclamada Phonogram, quando decorria o ano de 1973. Eles precisavam de sustento, por isso, formaram esse conjunto para, num primeiro momento, subirem aos palcos de bares e de boates. Mas o que começou por ser uma ‘mera’ banda de diversão noturna, tornou-se, a pouco e pouco, num projeto sério e estruturado. Estando agora a colaborar com a Phonogram, os músicos, que por si já tinham toda a qualidade do mundo, estabeleciam agora contactos criativos ainda mais próximos com a monarquia musical brasileira (nesta fase, auxiliaram, por exemplo, na produção de Em Pleno Verão, de Elis – é preciso dizer o apelido?).
Em 1973, o conjunto, inspirado por uma referência extraída de uma canção dos irmãos Valle, muda de nome. E, três anos depois, em 1976, lançariam o seu primeiro LP, também batizado como Azymuth – que é ainda hoje, para as pessoas que não se ‘esqueceram’ dele, um dos trabalhos mais bem conseguidos da cena musical brasileira da década de 70.
Este artigo, porém, é dedicado ao trabalho Som Ambiente, ainda gravado numa fase em que o grupo respondia por Seleções. O LP viria então a contar com a entrada dos irmãos Valle que, depois de conhecerem o trio, quiseram colaborar com ele. E assim nasceria este EP, datado de 1972. Som Ambiente é um trabalho de instrumentais eletrizantes, de tons púrpura e cor de rosa, dotados de uma simplicidade complexa apenas conseguida por músicos de qualidade superior e de influências inacabáveis – mas bem definidas.
Som Ambiente foi uma amostra de quem eram (ou do que queriam ser) Bertrami, Malheiros e Conti e uma confirmação da elasticidade musical de Marcos Valle, que, a partir deste período, ‘provou’ a sua capacidade em interagir com os demais ambientes musicais. (Neste período, Marcos ainda era um ‘garoto’ da suposta segunda geração da bossa-nova; hoje – e ainda hoje… – é um perito na arte de fazer as pessoas dançar e fá-lo um pouco por todo o mundo.)
Por razões de direitos de autor e contratos com companhias discográficas, Marcos e Paulo Sérgio Valle, não surgiram, à data do lançamento do LP, como assinantes do mesmo, apesar de a figura de Marcos surgir na capa do trabalho.
Som Ambiente é um conjunto de 11 faixas cheias de cor e calor, onde o jazz avista, conhece e se apaixona com a bossa-nova. Há órgão – há mesmo muito órgão – e grandes momentos de percussão (a “O Bode”, que abre o trabalho, é bem demonstrativa disso). E há espaço para medleys: na faixa número quatro, ouvimos partes da “(They Long To Be) Close To You” de Burt Bacharach, ao mesmo tempo que reconhecemos a “People (Funny Girl)” de B. Merril. E, na faixa seguinte, há até uma versão do famoso tema que Nino Rota criou para a trilogia Padrinho.
Som Ambiente é um álbum que só faz bem aos nossos ouvidos. É um projeto leve, animado e, de certa forma, musicalmente divertido. Mas, mais do que isso, é um marco importante na carreira de quem o produziu – tanto na carreira dos Azymuth, como também na de Marcos Valle. Na dos Azymuth porque é o projeto iniciático da banda que, apesar de ter ficado durante muito tempo esquecida nas décadas seguintes, tem recuperado a sua popularidade através do mundo mágico que é a internet, na sua dimensão de streaming. E para Marcos Valle porque serve de ponte para a carreira do artista que, depois de ter começado a sua vida na primeira linha de sucessão na estrutura da bossa-nova, fugiu para outros caminhos, mais elétricos e inesperados, onde até aos dias de hoje tem estado.