Um dos exponentes máximos de uma visão pop instrumental que ganhou forma na reta final dos anos 50 e à qual se chamou então ‘space age pop’, o mexicano Juan Garcia Esquivel (que assinava apenas com o último dos seus nomes) chegou uma vez a sublinhar o caráter invulgar das suas criações ao afirmar, ao dono de um clube onde ia tocar, que muitos achavam que ele vinha de Marte. Na verdade, vinha do México. Nasceu em Tampico a 20 de janeiro de 1918 (sim, é verdade, assinalou-se bem “discretamente” o seu centenário) e tinha dez anos quando se mudou com a sua família para a Cidade do México. Por essa altura já tocava piano, rezando a mitologia que completou a sua formação por si mesmo, aprendendo entre livros, ouvindo música e tocando por si mesmo.
Em 1956 o seu álbum de estreia Las Tandas de Juan Garcia Esquivel chegou aos ouvidos de um produtor da RCA que o chamou aos Estados Unidos, dando-lhe oportunidades para criar a sua própria música. E entre 1958 e 1960 lança uma sucessão de álbuns pelos quais define um terreno muito pessoal algures entre a música lounge e heranças do jazz com temperos latinos, adicionando depois uma série de elementos instrumentais menos habituais, entre os quais algumas das primeiras ferramentas da música eletrónica, nomeadamente o theremin.
Editado em 1959 o álbum Exploring New Sounds In Stereo representa um dos momentos maiores desta etapa no percurso de um músico que se manteve ativo, apesar de os seus poucos discos lançados depois de chegada a década de 70 não tivessem já qualquer impacte no panorama musical. Na verdade Esquivel é nome redescoberto num revival da cena lounge em plenos anos 90, surgindo então algumas antologias que revisitam momentos da sua obra, entre os quais este álbum que explora as potencialidades do estéreo e que, apesar de incluir apenas um original seu, consegue transformar os demais temas aqui apresentados segundo uma forte abordagem “de autor” (nos arranjos e interpretação, claro). De Boulevard of Broken Dreams à música de Miklós Rósza, este alinhamento junta os ingredientes mais característicos da música de Esquivel, incluindo incursões por terrenos da “exótica” e de formas mais habituais na escrita para cinema, num verdadeiro cocktail de sons com muitas cores.
“Exploring New Sounds In Stereo” conheceu edição original em 1959 pela RCA Victor tanto nas versões Mono como Estéreo. O disco só conheceu reedição em 1997, já no formato de CD. Em 2017 a Waxtime colocou no mercado uma reedição em vinil.
Da discografia de Esquivel vale a pena descobrir álbuns editados sob o nome Esquivel and His Orchestra como:
“Other Worlds Other Sounds” (1958)
“Infinity in Sound” (1961)
“Latin Esque” (1962)