quinta-feira, 4 de julho de 2024

Discografias Comentadas: Faith No More

 Discografias Comentadas: Faith No More

O Faith No More foi uma das mais importantes e criativas bandas da década de 1990, sendo um dos precursores do chamado funk-o-metal, e atingindo um enorme sucesso mundial no início daquela década, em muito devido ao megahit “Epic”, possivelmente sua música mais conhecida.

Mas sua história começa bem antes disso. Formado na famosa Bay Area de San Francisco em 1982, o grupo contava inicialmente com o baixista Billy Gould e o baterista Mike Bordin (antes membros do Faith No Man), além do tecladista Roddy Bottum e do guitarrista Jim Martin. Após várias pessoas passarem pelos vocais do grupo (inclusive Courtney Love, depois líder do Hole e esposa de Kurt Cobain), o cantor Chuck Mosley assumiu o posto de vocalista, e o grupo partiu para a gravação de seu primeiro disco.

A primeira formação, na época de We Care A Lot.

We Care A Lot [1985]

A estreia da banda saiu pelo pequeno selo Mordam Records, de sua cidade natal, e teve distribuição bastante limitada, além de uma produção bem fraca. Mesmo assim, muitas das características presentes nos álbuns vindouros já apareciam aqui, como o baixo funkeado de Gould (vide a faixa-título, “Greed” e “New Beginnings”), as camas “viajantes” do teclado de Bottum (como em “Mark Bowen“, que tem o mesmo nome do antigo guitarrista do Faith No Man, e “”Why Do You Bother”) e as guitarras pesadas de Martin (presentes em “The Jungle“, “Pills For Breakfast” e  “Arabian Disco”), além de uma incomum peça clássica ao violão (que leva o nome de seu compositor, “Jim“) e do primeiro “clássico” do FNM, a fenomenal “As The Worm Turns“. Os vocais de Mosley não são tão diferentes assim do estilo que Patton usou em seu primeiro disco com a banda, e as músicas com certeza não soam estranhas ao repertório futuro do grupo. Uma estreia que, para mim, é melhor que seu sucessor.

O Faith No More na época de Introduce Yourself.

Introduce Yourself [1987]

O segundo e último álbum com Chuck Mosley é considerado por muitos como a verdadeira estreia do grupo, devido à limitada disponibilidade do álbum anterior quando de seu lançamento. Neste primeiro disco pelo selo Slash (que lançaria todos os posteriores), muitas canções parecem cair em uma fórmula de “baixo funkeado, camas de teclado e guitarras distorcidas mas não muito pesadas” – a receita do funk-o-metal em si mesma, como é o caso de “Anne’s Song” (que chegou a sair em single, sendo o lançamento neste formato de maior fracasso em toda a carreira do FNM), “RnR” e a regravação de “We Care A Lot”, que anos depois ganhou sua versão mais conhecida com o arranjo presente aqui. As músicas que fogem deste formato são as que se saem melhor, como as rápidas “Spirit“, “Blood” e a faixa título, a sombria “Death March” e a excelente “The Crab Song“, que começa lentinha mas ganha muito peso da metade para o final.

Um detalhe curioso é que, apesar de parecidas, as capas dos lançamentos posteriores em CD são diferentes da original, com a mancha de tinta deslocada em relação à posição da primeira edição. Mosley acabou demitido da banda, devido a dificuldades no relacionamento com os demais membros do FNM, em muito por causa de problemas relacionados ao alcoolismo. Mike Patton, que cantava então no Mr. Bungle (com quem viria a gravar vários álbuns no futuro) foi escolhido para assumir o posto, entrando na banda quase ao mesmo tempo em que ela entrava em estúdio para registrar seu terceiro álbum.

O FNM com Mike Patton, na época de The Real Thing.

The Real Thing [1989]

Este foi o disco que catapultou o Faith No More para o sucesso mundial. Embora o primeiro single tenha sido para a excelente “From Out of Nowhere”, coube a “Epic” levar o nome do grupo e o estilo funk-o-metal para os lares do mundo inteiro. No Brasil, o sucesso foi enorme, em muito graças à então iniciante MTV, que rodava o clipe desta música com bastante frequência, sendo que a funkeada “Falling To Pieces” também tocou bastante nas rádios.

The Real Thing é um álbum muito acima da média, e um dos clássicos dos anos 1990, tendo em seu track list, além das músicas já citadas, o peso de “Surprise, You’re Dead“, a viajante faixa título, “Zombie Eaters” (que começa lentinha e depois ganha muito peso), a fantástica e indescritível “Woodpecker From Mars“, e as menos destacadas “Underwater Love” e “The Morning After”, além da balada com letra sacana “Edge Of The World” e da cover para “War Pigs”, do Black Sabbath (estas duas últimas presentes somente na versão em CD). Gravado apenas algumas semanas depois de Mike Patton juntar-se à banda, o vocalista não teve neste disco liberdade suficiente para colocar todo o seu potencial em sua performance, e já declarou não gostar muito do resultado final de sua participação no disco. A turnê de divulgação rendeu o excelente Live At The Brixton Academy (1991) – também lançado em vídeo com o título You Fat Bastards, sendo até aqui o único disco ao vivo oficial do FNM, e que na versão em CD tinha duas músicas inéditas gravadas em estúdio – e trouxe o grupo ao Brasil pela primeira vez, onde tocaram na segunda edição do Rock In Rio e em outras cidades do país.

O quinteto na época de Angel Dust.

Angel Dust [1992]

Um disco incompreendido na época, que com o tempo ganhou respeito e hoje é considerado um clássico pelos fãs da banda. Poucas vezes vi um grupo mudar tanto quanto o FNM do disco anterior para este. Pouco restou do funk-o-metal e das melodias mais “alegres” de outrora, sendo substituídas por músicas mais lentas e com muito mais peso das guitarras (como acontece em “Malpractice“, “Jizzlobber” e na rifferama de “Caffeine“), além de um clima sombrio e obscuro nas composições, e da presença de uma enorme capacidade de variações vocais por parte de Patton, que finalmente conseguia colocar todas as suas ideias nas composições.

Dizem que este disco influenciou quase todas as bandas de nu metal que viriam depois, o que, se for verdade, é um dos poucos prejuízos que ele causou ao mundo da música. “Midlife Crisis” e “A Small Victory” tocaram bastante nas rádios, mas é claro que o grande sucesso de Angel Dust é a regravação de “Easy”, do Commodores, que não fazia parte da primeira edição em vinil, e também não consta de algumas edições em CD.

Portanto, é possível encontrar versões deste álbum com e sem o seu maior hit, em ambos os formatos. Gosto muito das faixas “Everything’s Ruined“, “Be Agressive” (sobre sexo oral!) e “Kindergarten“, que podiam até ter tocado nas rádios, sendo que completam o disco a “grooveada” “Land Of Sunshine”, a balada nada romântica “RV”, a semi-pesada “Smaller And Smaller”, a esquizofrênica “Crack Hitler” e o tema de “Midnight Cowboy” (que por muito tempo foi abertura dos shows dali em diante), estando essas duas últimas presentes apenas na versão em CD. Após a turnê, o guitarrista Jim  Martin decidiu abandonar o grupo, que seguiu em frente como um quarteto.

Faith No More com Dean Menta (ao fundo, à direita).

King For A Day… Fool For A Lifetime [1995]

Antes das gravações de seu novo álbum, o  Faith No More  participou junto com o grupo Boo-Ya T.R.I.B.E. da trilha sonora do filme Judgement Night (que reuniu diversos grupos de metal com outros de rap), com a faixa “Another Body Murdered”, onde Billy Gould gravou as partes de guitarras além das linhas de baixo. King For a Day (que conta com o guitarrista Trey Spruance, também do Mr. Bungle, como músico convidado) é outro disco que demorou para ser assimilado pelos fãs da banda,  tendo vendas bem menores que os anteriores quando de seu lançamento, embora hoje em dia também tenha um grande prestígio entre eles.

Este é um dos raros casos em que as faixas mais conhecidas são também as minhas favoritas, sendo elas a roqueira e bem direta “Digging The Grave”, a baladaça “Evidence” (com um clima ideal para um strip tease, experimente e comprove, e que Mike Patton passou a cantar tanto em português quanto em espanhol em seus shows pela América do Sul em anos vindouros) e a variada “The Gentle Art of Making Enemies”, que chegou até a ser trilha de programa de esportes aqui no Brasil.

Mas o disco tem muito mais que essas três excelentes faixas: o peso de “Cuckoo For Caca” (com um show de interpretação de Patton), “Ugly In The Morning” e “What A Day”; a rápida “Get Out”; “Ricochet” e suas variações de andamento; as baladas “Take This Bottle” (com um clima bem triste) e “Just A Man”; coisas inclassificáveis como a faixa título e “The Last To Know”; além de flertes com a bossa nova (“Caralho Voador“, com trechos em um português carregado de sotaque por parte de Patton) e com o jazz (“Star A.D.”). “I Started A Joke”, outra música bastante conhecida, não faz parte do track list oficial do álbum, tendo saído como bônus em alguns poucos países, sendo o Brasil um deles. A turnê de promoção contou com o guitarrista Dean Menta no lugar de Trey Spruance. Atente para a discreta (em relação aos discos anteriores) participação do tecladista Roddy Bottum ao longo do álbum, o que já demonstrava os conflitos internos da banda, e que levariam à sua separação.

O grupo com o guitarrista Jon Hudson (primeiro à esquerda).

Album Of The Year [1997]

Contando com a presença do guitarrista Jon Hudson como convidado, o último disco de estúdio do FNM é também aquele que eu menos prefiro, assim como boa parte de seus fãs (embora outros o considerem um álbum subestimado). O clima sombrio e as músicas mais lentas e pesadas dos dois discos anteriores continuam presentes, mas o resultado atingido aqui não é tão bom quanto antes. “Last Cup Of Sorrow” e “Ashes To Ashes” se destacam em um track list bastante irregular, onde, mesmo apresentando características já presentes nos lançamentos predecessores a este (como o peso de “Naked In Front Of The Computer” e “Got That Feeling”, as baladas “Helpless”, “Stripsearch”, “She Loves Me Not” e “Pristina“, e as sombrias “Collision“, “Paths Of Glory” e “Home Sick Home”), o Faith No More não conseguiu fazer mais do que um álbum mediano, sendo que é dito que os próprios músicos não gostaram do resultado final. Após o fim da turnê de divulgação, em 1998, o grupo anunciou sua separação, que duraria até 2009.

No período em que o grupo esteve parado, várias coletâneas foram lançadas, com destaque para Who Cares a Lot? – The Greates Hits (1998, que em algumas versões contém músicas inéditas) e The Very Best Definitive Ultimate Greatest Hits Collection (2009), que conta com um segundo CD apenas com B-sides e raridades. Mike Patton esteve envolvido com diversos projetos musicais, sendo os mais destacados o Mr. Bungle e o Fantomas, além de participar de trilhas sonoras para o cinema e fazer todos os efeitos de vozes dos monstros do filme “Eu Sou A Lenda”, que tem o ator Will Smith no papel principal. Billy Gould tocou com o Brujeria, Roddy Bottum montou o Imperial Teen e Mike Bordin tocou com Ozzy Osbourne e Jerry Cantrell (do Alice In Chains), além de substituir Bill Ward em alguns shows do reunido Black Sabbath em 1997.

Foto de divulgação do show no SWU, no Brasil.

Em fevereiro de 2009, foi anunciado que a formação que gravou Album Of The Year se reuniria para uma turnê, a qual felizmente persiste até hoje, embora nenhum material (inédito ou não) tenha sido gravado pelo grupo desde então. Na recente turnê sul-americana, em novembro de 2011 (no qual fizeram um excelente show em Paulínia, no estado de São Paulo, encerrando o festival SWU), o grupo apresentou uma canção inédita, a qual não foi anunciada se será disponibilizada em algum novo lançamento.

O jeito é aguardar que estes cinco malucos resolvam as diferenças pessoais que sempre estiveram presentes ao longo de sua carreira e voltem aos estúdios, nos brindando com um álbum que se equipare aos já lançados por eles. Ou que, ao menos, continuem a nos presentear com suas sempre excelentes apresentações, como a que tive a oportunidade de assistir em Porto Alegre, em 2009. Como diz um verso de “Epic”, “you want it all but you can’t have it”. Será mesmo?


Anouar Brahem - Astrakan Café 2000

 

O gênio do oud tunisiano fez isso de novo.  Anouar Brahem  lançou apenas cinco discos sob seu próprio nome na última década, cada um mais aventureiro que o anterior, sem comprometer sua visão original: para a música de sua região se encontrar com a outra música da África e da Ásia e criar um som delirante que é igual a terços passado, presente e futuro, ao longo do precipício da linhagem histórica. Para  Brahem,  não há tentativa de sintetizar o globo, ou mesmo os sons do Oriente com os do Ocidente. Ele está contente em seu conhecimento de que o som é infinito e que sua tradição, à medida que evolui e se expande em um todo pan-africano/trans-asiático mais profundo, é mais do que grande o suficiente para um músico mestre vasculhar em uma vida.  Astrakan Café , a continuação de seu brilhante  Thimar , é uma gravação de som menor que alcança mais profundamente os penhascos profundos dos Bálcãs. Com  Barbaros Erköse  no clarinete e os estilos de percussão indiano e turco do professor de precisão sombria,  Lassad Hosni ,  o oud de  Brahem entra em um diálogo, musicalmente, que nunca existiu antes (embora ele tenha colaborado com ambos os músicos anteriormente). Erköse  é um clarinetista turco de origem cigana. Seus tons baixos, quentes e arredondados são consoantes com o oud.  Erköse  toca partes iguais de música dos mundos balcânico e árabe com um toque dos antigos klezmorim sussurrando seus segredos através de sua trompa. Apesar da jornada que esses músicos fazem aqui, eles nunca se afastam muito do takht, um pequeno conjunto capaz de improvisar a ponto de êxtase bêbado. Ouvindo através  do Astrakan Café , você pode ouvir o flamenco cigano profundamente ligado a ragas indianas e até mesmo a um tipo de jazz oriental. Mas não há hiperatividade nisso, não há necessidade de amontoar o máximo de tradições possível em uma mistura pútrida e excessiva que não expressa nada além da novidade do momento. O  Astrakan Café  tem muitos destaques: suas duas faixas-título que têm suas raízes na música russa e do Azerbaijão; "Ashkabad", que é uma improvisação em uma melodia da música folclórica do Turcomenistão; "Astara", uma improvisação modal baseada em canções de amor do Azerbaijão; "Halfounie", um segmento de uma  trilha sonora composta por Brahem inspirada na medina ou mercado em Túnis; e "Parfum de Gitanie", que pega um fragmento da música sacra etíope, desacelera até o ponto de imobilidade e aumenta preguiçosamente e jazzisticamente no topo, com o oud e o clarinete trocando oitos sincopados. Esta é uma música profundamente pessoal e profunda. Também é altamente iconográfica, com atemporalidade entrelaçada em cada compasso. O único "exótico" no  Astrakan Café é sua "alteridade" fora do espaço e de qualquer era discernível. Os tempos são lânguidos e cheios de propósito, a dinâmica limpa e claramente demarcada, os tons e modos quentes, ricos e lineares. Esta seria música tradicional se uma tradição como esta -- que é original, embora adaptada de muitas fontes sobre inspiração -- realmente existisse. Altamente recomendado.




North Mississippi AllStars - World Boogie Is Coming 2013

 

Embora tenham elementos mistos de hip-hop e rock alternativo em seu repertório,  o North Mississippi Allstars  está realmente no seu melhor quando eles estouram a ferrugem no tipo de números de folk-blues do Mississippi que aprenderam em primeira mão de nomes como  RL Burnside ,  Junior Kimbrough e Othar Turner. Essencialmente uma dupla de power blues pantanosa e rootsy composta pelos irmãos  Luther Dickinson  (guitarra, slide guitar, vocais) e  Cody Dickinson  (bateria), filhos do lendário produtor e músico de Memphis  Jim Dickinson ,  o Allstars  sempre teve um pé nas bandas tradicionais de cana e bateria do North Mississippi, outro na versão drone modal elétrica do blues praticada em juke joints locais e festas em casa, e ainda outro no estilo grand rock power stomp do  Led Zeppelin .  Tudo isso somado a uma versão poderosamente original e ainda de alguma forma tradicional do blues-rock do século 21 que os fez soar como nenhuma outra banda. Depois de cinco álbuns desse tipo, cada um deles um festival de boogie do sul profundo, desleixado e de varanda, os irmãos entraram em hiato em 2009 após a morte do pai. Quando eles se reuniram e retornaram ao estúdio, eles pegaram uma das  bênçãos favoritas de Jim Dickinson , "world boogie is coming", como título do projeto, e começaram a gravar faixas de forma solta e ambiente, deixando pedaços de conversas de fundo, passos, vento, chuva, quaisquer sons que acontecessem, então trouxeram gravações de campo de arquivo de Turner e  Burnside  e construíram a partir delas, auxiliados por amigos e colegas músicos  Lightnin' Malcolm ,  Duwayne Burnside  e  Garry Burnside  ( filhos de  RL ), Kenny Brown ,  Alvin Youngblood Hart ,  Shardé Thomas  (neta de Turner),  Chris Chew ,  Sid Selvidge  e  Steve Selvidge ,  Robert Plant  (na gaita) e outros. O resultado final é  a obra-prima do NMA , cada faixa é uma mistura fascinante do antigo e do novo, um olhar contínuo e forte do country-folk-boogie do Mississippi, com  os riffs de guitarra irregulares e dominantes de  Luther e as assombrosas corridas de slides costurando tudo junto, enquanto a bateria poderosa e estrondosa de Cody marcha tudo pela paisagem. A versão do blues tradicional "Rollin 'n Tumblin" aqui é uma explosão sonora pura que atravessa dois séculos de uma vez, enquanto "Boogie" soa como uma banda gigante de marcha elétrica pisando forte pela terra. A  versão do  NMA de"Meet Me in the City" de Junior Kimbrough aqui quase soa como power pop, mas filtrado por um filtro rústico de moonshine. Cada faixa aqui é assim, rugindo para o século 21 soando grande, urgente e enorme, mas tão enraizada na tradição folk-blues local que cada faixa parece carregar um DNA impresso que diz boogie por toda parte. O boogie mundial está chegando? Está aqui, e esses caras dançam como se o mundo não tivesse escolha a não ser se render ao fato. 




Grateful Dead - In The Dark 1987

 

A última formação do  Grateful Dead retornou intacta para In the Dark , um álbum que ironicamente empurrou a banda de volta aos holofotes com a força do single Top 40 da banda, "Touch of Grey". Os fãs há muito tempo refletiam que  os álbuns de estúdio do Dead não tinham a energia descontraída e o fluxo natural de suas apresentações ao vivo, e  In the Dark  chega perto de capturar esse relâmpago em uma garrafa.  Jerry Garcia , que aparentemente teve que reaprender a tocar violão após uma doença quase fatal, aborda seu instrumento recarregado, enquanto sua voz (um beneficiário do hiato prolongado?) mostra um pouco de sua suavidade original. De suas quatro colaborações de composição com o letrista de longa data  Robert Hunter , "Touch of Grey" é de longe a melhor. "When Push Comes to Shove" e "West LA Fadeaway" usam riffs familiares baseados em blues que não têm a química frequentemente contagiante da dupla, e "Black Muddy River" tem um pé firmemente preso no piegas terreno MOR (embora  Garcia  possa receber um passe livre aqui à luz das implicações da música na vida real como uma tentativa de fazer as pazes com o mundo). O que empurra  In the Dark  além dos também ranqueados da banda são duas músicas fantásticas de  Bob Weir  e John Barlow, a alegremente irritada "Hell in a Bucket" (coescrita com  Brent Mydland ) e o conto de advertência "Throwing Stones". Raramente  as músicas de  Weir soaram tão sem esforço; pontuadas pela guitarra de Garcia , elas têm mais em comum com o som otimista e saboroso das composições anteriores de  Garcia Hunter  do que com o próprio trabalho da dupla desta vez (um caso raro de inversão de papéis). No meio de tudo isso está uma música country-rock do  Mydland , "Tons of Steel", que soa estranhamente fora do lugar. Embora o álbum seja inconfundível como o trabalho do  Dead , muito dele lembra a produção vigorosa e pungente do  trabalho recente do Dire Straits . Não é a segunda vinda do  Dead , mas um epílogo mais divertido que você não poderia pedir. 





Destaque

CRONICA - TERJE RYPDAL | Bleak House (1968)

  Terje Rypdal é um guitarrista de jazz norueguês cuja fama se estende muito além das fronteiras escandinavas. Tendo tido o seu apogeu na dé...