sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Quarteto 1111 “Todo o Mundo e Ninguém” (1970)

 

Lado A: Todo o Mundo e Ninguém

Lado B: É Tempo De Pensar Em Termos De Futuro

(Columbia/Valentim de Carvalho, 1970)

O ano de 1970 assiste à edição do álbum de estreia do Quarteto 1111, disco que foi brindado com o lápis da censura que ali reconheceu uma série de temáticas incómodas, sobretudo ao falar-se de emigração, de negritude e da guerra em África. Clássico maior da primeira etapa de uma vivência pop/rock made in Portugal, o disco é igualmente um marco na história da relação deste universo musical com o espaço da canção política.

Mas mesmo vetados pela censura, os elementos do Quarteto 1111 não ficaram de boca calada. E no mesmo ano, assinalando a entrada no grupo de Tozé Brito, um outro single encontra em palavras de outros tempos um veículo para, afinal, falar do Portugal de então.

Todo o Mundo e Ninguém parte de palavras de Gil Vicente sobre as quais José Cid e Tozé Brito compõem a música. Suave, numa toada cool, é uma das melhores canções do Quarteto 1111 e , curiosamente, uma das menos vezes citadas. Estatuto que mudou um pouco depois de, recentemente, um fragmento desta canção ter sido samplado para Marcy Me um tema do álbum 4:44 quer Jay-Z editou em 2017.

Fernando Tordo, “Bem Querer, Mal Viver” (1969)

 

Lado A: Flor Magoada / Inês, Mulher de Pedro

Lado B: Bem Querer, Mal Viver / Cantiga de Chegando-se

Valentim de Carvalho, 1969

Com um primeiro registo em disco lançado em 1967 no EP That’s All, dos Sheiks, Fernando Tordo conheceu em 1969 as suas primeiras edições em nome próprio, todas elas em formatos de 45 rotações. Lançou então três discos. Um deles um EP com o título de Cantiga, que assegurou nesse ano a sua primeira participação no Festival da Canção. Depois um single com uma versão de Windmills Of Your Mind, canção composta por Michel Legrand para a banda sonora do filme The Thomas Crown Affair. E depois Bem Querer, Mal Viver, um outro EP no qual fixou mais profundamente uma parceria criativa que, com a poesia de José Carlos Ary dos Santos, caracterizou a escrita das suas canções até inícios da década de 80.

Tinham sido apresentados nos escritórios da Valentim de Carvalho (então no Chiado) numa ocasião em que Fernando Tordo ali fora para tratar de questões contratuais ligadas ao seu EP de estreia. E logo nesse ano a colaboração entre ambos ganhou forma não apenas no lado B de Windmills of Your Mind – com Maré Vida – mas, com maior visibilidade ainda nas quatro canções de Bem Querer, Mal Viver, todas elas assinadas em parceria salvo a belíssima faixa que dá título ao disco na qual Jaime Queimado é creditado como um terceiro autor.

O disco é uma pérola algo esquecida na obra de Fernando Tordo, revelando quatro delicadas canções moldas moldadas por arranjos orquestrais de Joaquim Luis Gomes e entre as quais por vezes emergem ecos de música de outros tempos (como sucedera recentemente com algumas criações do Quarteto 1111). De resto, Inês Mulher de Pedro quase nos mergulha na sugestão de uma viagem no tempo, sem necessariamente procurar um realismo de época.

O disco foi gravado nos estúdios da Valentim de Carvalho em Paço de Arcos e teve produção a cargo de Manuel Jorge Veloso. Três das canções do alinhamento deste EP (todas salvo Inês Mulher de Pedro) surgiram em 2008 na compilação Os Primeiros Êxitos de Carlos Mendes e Fernando Tordo (curiosamente o primeiro era a voz principal dos Sheiks que o segundo foi substituir em 1967).



Frank & Nancy Sinatra “Somethin’ Stupid” (1967)

Lado A: Something Stupid / Costin’ *

Lado B: Winchester Carthedral** / Sugar Town

Reprise Records, 1967

(*) Nancy Sinatra (**) Frank Sinatra

Composta por C Carson Parks e originalmente gravada por ele e a sua mulher Gaile Foote em 1966 (sob o nome de dupla Carson & Gale), Somethin’ Stupid ganhou visibilidade global quando, um ano depois, a canção conheceu uma nova versão por uma dupla diferente, esta de pai e filha.

O já veterano Frank Sinatra e a filha Nancy (que recentemente conquistara atenções maiores com These Boots Are Made For Walkin’) mostrara a gravação original a Lee Hazlewood, produtor de Nancy (e depois co-protagonista de importantes parcerias com a cantora). E logo Frank terá deixado claro que, não querendo Lee cantá-la ele mesmo o faria.

Marcaram estúdio e pai e filha gravaram a canção no mesmo dia em que Frank Sinatra trabalhava num outro disco de colaboração que faria história, esse com António Carlos Jobim. A versão de Somethin’ Stupid conta com arranjo e direção de orquestra de Ernie Freeman.

Editado em março de 1967 Somethin’ Stupid surgiou em várias edições diferentes pelo mundo fora, entre as quais este EP então editado pela Reprise no Reino Unido (onde chegaria ao número um).

O EP inclui ainda duas canções de Nancy e uma do pai. O tema principal surgiu depois no álbum The World We Knew, de Frank Sinatra, editado também em 1967.

 

Vários “Grande Prémio TV da Canção Portuguesa” (1964)

 

Lado A: “Oração” de António Calvário / “Manhã” de Guilherme Kjolner

Lado B: “Balada das Palavras Perdidas” de Madalena Iglésias / “Amar é Ressurgir” de Marina Neves

EP Alvorada, 1964

O concurso da RTP que hoje conhecemos como Festival da Canção surgiu em 1964 com uma designação mais extensa… Era o Grande Prémio TV da Canção Portuguesa e entrava em cena para assegurar a escolha da canção que faria a estreia de Portugal na edição desse ano do Festival Eurovisão da Canção.

É mais do que sabido que a vitória coube a Oração, de António Calvário, uma canção de João Nobre, Francisco Nicholson e Rogério Bracinha, e que depois, em Copenhaga, não só houve uma manifestação ativista contra Salazar e Franco em pleno programa (algo que as câmaras não mostraram, sentindo-se contudo o ruído do sucedido na sala) como a representação portuguesa acabou a noite com zero pontos, facto que muitas vezes é referido como possível nota de protesto de uma Europa democrática contra um país a viver sobre uma ditadura. Os zero pontos, contudo, no sistema de votação então vigente, não eram contudo um saldo invulgar para muitas das canções concorrentes.

A canção de António Calvário teve edição num EP então lançado pela Valentim de Carvalho. Ao mesmo tempo a editora Alvorada traduziu a relevância do novo concurso que então surgia com uma série de EP que juntaram as canções participantes. Neste volume um encontramos, além da Oração de António Calvário, encontramos Manhã de Giulherme Kjolner (4º lugar), Balada das Palavras Perdidas de Madalena Iglésias (5º lugar) e Amar é Ressurgir de Marina Neves (8º lugar). Ao todo foram 12 as canções concorrentes em 1964.




Visage “Whispers” (1982)

 

Lado A: Whispers (edit)

Lado B: The Horsman

Polydor Japan, 1982

Quantas vezes uma campanha publicitária acaba por dar visibilidade não apenas ao produto que anuncia mas também à música usada na respetiva banda sonora? Um caso pode ser apontado a uma campanha da TDK no Japão que usou um instrumental do álbum The Anvil dos Visage.

E nasce aí a razão pela qual, ao invés do que sucedeu noutras paragens, onde The Damned Don’t Cry e Night Train foram os singles extraídos do álbum, no Japão um terceiro 45 rotações tenha sido gerado a partir deste álbum com o mais inesperado… Whispers. O tema instrumental surge no 45 rações num edit mais curto do que a versão que encontramos no alinhamento do álbum.

Para o lado B foi escolhido o tema The Horseman, canção do mesmo álbum para a qual chegou a ser criado um teledisco (com rodagem feita no Egito).





Carlos Cavalheiro “A Boca do Lobo” (1975)

Lado A: A Boca do Lobo

Lado B: Liberdade Económica

Sassetti, 1975

A edição de 1975 do Festival da Canção é um verdadeiro “case study”… Em pleno PREC, com o discurso político a dominar as conversas do quotidiano e as vozes mais ligadas à canção política a conhecer um momento de natural protagonismo no plano da edição e divulgação discográfica, o concurso acaba por refletir esse ar dos tempos… Concorrem, entre outros, nomes como os de José Mário Branco (com o GAC), Jorge Palma, Paulo de Carvalho, Duarte Mendes (que venceria) ou Paco Bandeira. Sérgio Godinho entrou também no concurso, embora apenas como autor, tendo chamado Carlos Cavalheiro para interpretar a canção.

O cantor, que nesse mesmo ano edita o álbum Bota Fora, assinado a meias com Júlio Pereira – álbum no qual exploram caminhos do rock progressivo – surge assim entre os concorrentes, defendendo a canção A Boca do Lobo. A canção terminou a noite com 59 pontos, apenas dois a menos do que a Madrugada vencedora.

 

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