O álbum de estreia dos Lilac Time é um daqueles tesouros esquecidos da reta final dos anos 80 que vale a pena recuperar.
O nome da banda nasceu de uma referência numa letra de Nick Drake, mas a música do disco de apresentação deste grupo que teve Stephen Duffy como vocalista e principal força criativa soube partilhar a melancolia herdada dessa admiração por Nick Drake com uma certa luminosidade pop.
Este foi contudo o menos efusivo dos seus singles e, ao mesmo, tempo, um dos que mais soube convocar essa inspiração primordial.
Produção: Malcolm McLaren, David Lebolt, Bootsy Collins e Phil Ramone
Epic, 1989
Quando se fala no fenómeno do “vogue” (uma importante expressão da cultura queer nascida em Nova Iorque nos anos 80), é frequente a associação ao single da Madonna (e ao respetivo teledisco) que fizeram desta realidade undreground um fenómeno com projeção mainstream.
Porém, antes de Madonna, já outra figura de primeiro plano da cultura pop havia assimilado as mesmas coordendas. Foi Malcolm McLaren. Não teve o mesmo impacte. Mas a sua contribuição é digna de ser redescoberta.
Waltz Darling foi o álbum que Malcolm McLaren criou em 1989 com a Bootzilla Orchestra e no qual tanto assimilava ecos da cultura clássica vienense como espreitava novas formas de expressão ainda ebulição underground, entre elas o “vougue”.
Originalmente surgido no lado B do single de avanço do álbum Deep In Vogue teve depois uma segunda vida como lado A. Citando o nome de algumas das “casas” que se apresentavam nas competições que então ganhavam notoriedade na Balroom Scene no Harlem, Deep In Vogue é um hino de celebração do “vogue”, tendo nascido de uma colaboração com o bailarino Will Ninja, que pouco depois o mundo conheceria no documentário Paris is Burning, um dos títulos que estiveram na origem da designação new queer cinema.
A versão apresentada no single é uma remistura assinada por William Orbit.
Apesar de uma histórica colaboração em disco com o saxofonista de jazz Don Byas ou de incursões pelo universo da Broadway, o (literalmente) mais alienígena dos discos de Amália Rodrigues é um máxi-single, em vinil amarelo, editado em 1982. O disco apresentava a gravação de duas canções da autoria de Carlos Paião: Amigo Brasileriro no lado B e, no lado A, e a dar título ao disco O Senhor Extraterrestre.
Canção pop, com sintetizadores nos arranjos, mas claramente enraizada numa busca de ligações com o folclore, não deixa de ter na interpretação de Amália um cunho fadista, que amplifica mais ainda o tom invulgar de toda a construção de uma ideia bem humorada, mas atípica e, de facto, algo caída do céu, editada no ano em que aos cinemas chegava o filme E.T. – O Extraterrestre, de Steven Spielberg.
Com música e letra de Carlos Paião, Amália canta…
Noutro dia estremeci quando abri a porta e vi um grandessíssimo OVNI pousado no meu quintal.
E, mais adiante,…
E eu queria saber também se na terra donde vem não conhece lá ninguém que me arranje bacalhau.
Aqui a lembrar tempos de difícil acesso ao bacalhau, que então faziam a notícia entre nós.
Numa entrevista, que Ramiro Guiñazú cita no seu livro Amália no Mundo, a fadista explica, sobre esta canção que não é o seu “tipo de cantiga”, acrescentando logo ela mesma que também não sabe “bem qual é o seu tipo”. Conta que esta canção foi uma “coisa” que a divertiu, mas que “ficou mal gravada”. E diz ainda: “A letra não tem responsabilidade nenhuma, a música também não. Nem eu…”.
Apesar de apresentada na televisão (com magnífico aparato, num programa de Júlio Isidro, encenando um momento em que canta ao estender a roupa) e de recriada, a pedido da plateia, numa atuação na Grande Noite do Fado, O Senhor Extraterrestre foi um disco que passou relativamente a leste das atenções tanto para muitos dos admiradores de Amália como, sobretudo, para o grande mercado em geral.
Contudo O Senhor Extraterrestre transformou-se com o tempo numa peça de culto. E anos depois, num disco de tributo a Carlos Paião, os Mesa fizeram uma bela versão desta canção. Gisela João, depois, deu-lhe mais uma vida no álbum Nua, de 2016.
Foi ao som do álbum Glassworks, de 1982, que Philip Glass deixou claro que não acreditava em fronteiras entre géneros. Glassworks é um conjunto de seis peças para ensemble expressamente criadas para o formato de um álbum.
O disco chegou às lojas em 1982 e cativou atenções, estabelecendo-se como uma das suas maiores referências, sobretudo pelo modo como abriu portas de contacto entre os universos (leia-se os públicos) da pop e os da música de vanguarda.
E porque não um single? Assim o fez, escolhendo Facades, uma das faixas do álbum e lançando-a a 45 rotação nesta peça que hoje é coisa para colecionadores.
No lado B lançava, em jeito de avanço, A Gentleman’s Honor, canção que surgiria, em 1983, no seu álbum seguinte e no qual reunia a música composta para um trabalho criado para artes performativas: The Photographer.
- Thijs van Leer / Hammond, keyboards, flute, vocals - Pierre van Der Linden / drums - Bobby Jacobs / bass - Menno Gootjes / guitars
1. Father Bachus (4:11) 2. Focus 10 (5:59) 3. Victoria (5:38) 4. Amok In Kindergarten (5:10) 5. All Hens On Deck (5:55) 6. Le Tango (5:37) 7. Hoeratio (5:48) 8. Talk Of The Clown (3:05) 9. Message Magic (4:00) 10. X Roads (5:49)
- David Sinclair / keyboards - Geoffrey Richardson / viola - Mike Wedgwood / bass - Pye Hastings / guitar, vocals - Richard Coughlan / drums
1. Memory Lain, Hugh / Headloss (9:27) 2. Virgin On The Ridiculous (7:14) 3. Be Alright / Chance Of A Lifetime (6:37) 4. The Love In Your Eye (15:23) 5. L'Auberge Du Sanglier / A Hunting We Shall Go / Pengola / Backwards / A Hunting We Shall Go (Reprise) (9:49) 6. The Dog The Dog He's At It Again (6:23) 7. For Richard (19:01) 8. Hoedown (5:58)