terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Streets Of Your Town (1988) – The Go-Betweens

 

O som indie pop australiano por excelência está de volta. Streets Of Your Town é a décima primeira música a ser apresentada aqui do The Go-Betweens e pode muito bem ser a que mais quase os levou ao estrelato. Apesar da recepção morna no lançamento, seu reconhecimento na cultura australiana ao longo do tempo tem sido nada menos que profundo.
Foi escrita em Sydney pouco antes da gravação do sexto álbum do Go-Betweens , 16 Lovers Lane , em 1988. Grant McLennan (centro da foto superior) estava em um relacionamento com a multi-instrumentista Amanda Brown (à direita) quando a escreveu. Era incomum que o cofundador da banda, Robert Forster (atrás e à esquerda), não tivesse ouvido a música antes de ela ser trazida ao grupo.

Amanda lembrou como quando ela morava com Grant em Bondi Junction, Sydney, a música foi escrita muito rapidamente em seu apartamento ensolarado no último andar. Ela mencionou ainda: ' Foi escrita em, eu diria, 10 minutos. Eu estava cantando junto e cantei aquela linha 'shine', que é como a chamada e resposta nos versos, e é basicamente isso - foi assim que aconteceu. E eu não cobro nenhum royalty de composição para essa música, porque essa era uma condição para eu entrar para a banda '.

Robert Forster (cantor e compositor, guitarrista, cofundador da banda)  “ O fato de eu não ter ouvido a música me irritou... Todas as outras músicas de todos os outros álbuns que fizemos antes disso, e todos os álbuns que fizemos depois, eu conhecia todas as músicas que Grant tinha. Essa era a única música que eu não conhecia. Mas uma semana depois estava tudo bem. Era isso que acontecia comigo e Grant, não gritávamos e berrávamos um com o outro. Há coisas que eu fiz com ele que ele deve ter tido que engolir também. ”

Apesar da música ter sido escrita em Sydney, ela foi identificada com Brisbane e foi nomeada no artigo abaixo como a vencedora da enquete de Brisbane para melhor música, considerando que a banda foi formada em Brisbane em 1977. A ponte Go Between , que atravessa o rio Brisbane, também recebeu o nome do grupo.

Lindy Morrison (bateria)  “ Eu sempre pensei que (Streets of Your Town) era sobre Brisbane, por causa dos prédios sendo demolidos; a nostalgia expressa por uma cidade que já existiu. A coisa mais importante que eu quero dizer é que Brisbane assumiu isso como algo seu, então a comunidade de Brisbane agarrou e correu com isso …”

O single alcançou a posição 68 na Austrália e chegou à posição 30 na Nova Zelândia.

McLennan disse sobre escrever a música: “ Eu estava ouvindo 'Under the Milky Way' e estava apenas trabalhando nisso, porque sou um grande fã de The Church. E naquela tarde eu criei uma progressão de acordes e um refrão .”
Forster disse mais tarde: “ Essa foi obviamente a coisa mais comercial que já fizemos, e saiu por volta de outubro de 88, que pegou o verão aqui. Foi relançado no verão e ficou fantasticamente bem nas rádios de verão australianas e depois ficou bem nas rádios de verão inglesas. Estávamos andando pelo Soho e ouvíamos no rádio, em todas as lojas de jeans e cafés .

[Chorus]
Round and round, up and down
Through the streets of your town
Everyday I make my way
Through the streets of your town

[Verse 1]
And don’t the sun look good today? (Shine)
But the rain is on its way (Shine)
Watch the butcher shine his knives (Shine)
And this town is full of battered wives

[Verse 2]
And I ride your river under the bridge (Shine)
And I take your boat out to the ridge (Shine)
‘Cos I love that engine roar (Shine)
But I still don’t know what I’m here for

[Bridge]
They shut it down
They closed it down
They shut it down
They pulled it down


segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Bob Dylan - "Highway 61 Revisited" (1965)

 

Oh, Deus disse a Abraão “Mate-me um filho”
Abraão diz, “Cara, você está de sacanagem comigo”
Deus diz, “Não”. Abraão diz, “O quê?”
Deus diz, “Você pode fazer o que quiser Abraão, mas
Na próxima vez que você me ver chegando
É melhor correr”
da letra de "Highway 61 Revisited"


E dizer que eu não gostava do Dylan!
Achava ele com uma voz 'de velha', sabe? Na verdade acho até que tem um pouco mesmo, ainda mais hoje em dia quando a idade já chegou de vez. Além dsso era pra mim uma voz maio anasalada, fanha, meio caipira. Mas e daí? E o que esse 'caipira' já fez? Simplesmente mudou o curso das coisas, mudou a história do rock, estabeleceu linguagens e depois desestabeleceu; porque gênios são assim, quando a gente menos espera, eles na sua inquietude, na sua inconformidade natural, nos surpreendem.
Prova disso é o genial "Highway 61 Revisited". Depois de ter se consagrado na transição do country e do blues para o rock, ter definido o que hoje conhecemos como folk, basicamente com um violão na mão e uma harmônica na boca, em 1965 Dylan pega em guitarras, liga o órgão elétrico, junta a uma banda de rock, acelera o ritmo e nos apresenta mais esta obra-prima. Os dylanistas puriostas torceram o nariz num primeiro instante, aquilo contrariava tudo o que o garoto genial tinha feito até então, ia contra seus prórpios princípios, acabava com a originalidade do que o próprio Dylan havia construído... Balela. Tanto que mesmo estes não conseguiram ficar indiferentes por muito tempo e logo entenderam que aquilo era um enorme passo adiante não só na carreira do cara, como na história do rock.
Para ilustrar bem este momento e o que significou esta passagem de Dylan, não pode-se dexar de mencionar o show no qual Dylan e sua banda entram pela primeira vez com os instrumentos elétricos. Ele é vaiado, hostilizado, chamado de traidor e tudo mais, mas não deixa de completar o show com a segurança de quem pensa "logo vocês perceberão que eu estu certo". Este episódio é legal de ser conferido no maravilhosos documentário de Martin Scorcese, "No Direction Home", que perfaz a trajetória do ídolo desde o início da careira, com lendas, entrevistas, relatos, imagens raras, até culminar exatamente neste momento que é sem dúvida um marco definitivo.
As melhores do álbum? Pra mim "Tombstone Blues", "Desolation Row", o clássico supremo "Like a Rolling Stone" com seu órgão marcante que por incrível que pareça é quase casual, e a espetacular "Highway 61 Revisited" com aquela letra absolutamente genial, inspirada e sarcástica, como aliás são todas deste que é provavelmente o melhor letrista do rock.

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Pela revista Rollig Stone, "Highway 61 Revisited" é considerado o 4° melhor álbum de todos os tempos na sua lista dos 500 melhores.
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A faixa "Like a Rolling Stone", pela mesma publicação, é considerada a melhor de todos os tempos na lista das 500 Maiores Canções.
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É ainda, o 8° no Rock'n Roll Hall of Fame na lista dos 200 álbuns definitivos.
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FAIXAS:
  1. "Like a Rolling Stone" – 6:09
  2. "Tombstone Blues" – 5:58
  3. "It Takes a Lot to Laugh, It Takes a Train to Cry" – 4:09
  4. "From a Buick 6" – 3:19
  5. "Ballad of a Thin Man" – 5:58
  6. "Queen Jane Approximately" – 5:31
  7. "Highway 61 Revisited" – 3:30
  8. "Just Like Tom Thumb's Blues" – 5:31
  9. "Desolation Row" – 11:21


Bob Dylan - "Bringing It All Back Home" (1965)



"O que é lento, logo ficará muito rápido. Como o presente, que mais tarde será passado."  
Bob Dylan



Tá bom, tá bom, eu sei. Não se pode falar do "Highway 61 Revisited" sem levar em conta o "Bringing It All Back Home". Tudo bem! E não me custa nada na verdade colocá-lo aqui tambem. Na verdade gosto mais deste álbum por ser mais 'pegado'. Se seu sucessor foi a virada completa de Dylan, foi com "Bringing It All Back Home" que a coisa começou a mudar. Nele já aprarecem os elementos que depois iriam revoltar os mais conservadores: guitarras elétricas, teclados blues transgressores e pouco tradicionais. Exemplos disso são as corrosivas e elétricas "Maggie's Farm" e "Outlaw Blues". "Subterranean Homesick Blues" que abre o disco é outra que foge à linha tradicional do músico folk, já como uma mostra de sua intenção mais rock' roll.
A segunda metade do álbum é um pouco mais tradicional com "Mr. Tambourine Man" , por exemplo, que guarda a característica clássica dos versos longos e pouco usuais de Dylan e da sua velha e boa levada de violão; assim como "It's Allright Ma (I'm Only Bleeding)", outra das acústicas, com sua composição de estrofe toda peculiar para o modelo musical, o que Dylan desenvolveu como ninguém.
O aviso estava dado, a evolução era inevitável e quem quisesse aceitar que aceitasse e foi "Bringing All Back Home" que preparou o campo.

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Notem na capa cheia de referências e metáforas: o gato no colo de Dylan ( curiosamente chamado de Rolling Stone); a moça atrás dele fumando que é esposa de seu empresário ($$$); seu disco anterior "Another Side Of  Bob Dylan" dentro da lareira como que sugerindo que o que fizera antes devesse ser queimado; a capa do disco de Robert Johnson indo ao encontro do título do álbum 'Trazendo tudo de volta pra casa' como uma intenção de resgatar as origens da sua música no blues; além de vários outros pequenos enigmas contidos em cada imagem, detalhe, elemento, disposição de um móvel ou objeto.
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Inédito nos ÁLBUNS FUNDAMENTAIS dois discos do mesmo artista na sequência e ainda de obras contínuas, mas estes não podiam ser colocados distantes pela relação quase complementar que exercem um em relação ao outro.
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FAIXAS:
  1. "Subterranean Homesick Blues" – 2:21
  2. "She Belongs to Me" – 2:47
  3. "Maggie's Farm" – 3:54
  4. "Love Minus Zero/No Limit" – 2:51
  5. "Outlaw Blues" – 3:05
  6. "On the Road Again"– 2:35
  7. "Bob Dylan's 115th Dream"– 6:30
  8. "Mr. Tambourine Man" – 5:30
  9. "Gates of Eden" – 5:40
  10. "It's Alright, Ma (I'm Only Bleeding)" – 7:29
  11. "It's All Over Now, Baby Blue" – 4:12

 


HERBIE HANCOCK – THRUST (1974)

 

 Herbie Hancock 83 anos. Escutando o álbum ‘Thrust’, de 1974, onde o mestre segue explorando timbres e novas sonoridades de seus teclados eletrônicos. Nas instrumentações Herbie Hancock (piano elétrico, clavinete e sintetizador), Paul Jackson (baixo), Bennie Maupin (sax tenor, sax soprano, saxello, clarinete e flauta), Mike Clark (bateria) e Bill Summers (percussão). O line-up é praticamente o mesmo do aclamado álbum ‘Head Hunters’, de 1973, à exceção de Mike Clark no lugar de Harvey Mason. São 4 faixas neste play, sendo a minha preferida a energética “Spank-A-Lee”. O que se ouve neste disco são linhas de baixo cabulosas, tempos quebrados na batera e metais melódicos que se entrelaçam às swingadas harmonias e timbres repletos de efeitos dos teclados de Hancock. Produção de David Rubinson e Hancock. Capa de Robert Springett.


SUN RA – THE NIGHT OF THE PURPLE MOON (1970)

 

 Para o alto e avante ao som de Sun Ra Arkestra e o álbum The Night of the Purple Moon, lançado em 1970 pela El Saturn Records. Jazz intergaláctico sob a noite da lua roxa, baby!



AHMAD JAMAL – THE ROAR OF THE GREASEPAINT – THE SMELL OF THE CROWD (1965)

 

 Ahmad Jamal, pianista norte-americano e lenda do jazz. Jamal influenciou várias gerações do jazz – incluindo nomes como Miles Davis e Herbie Hancock. Fez a sua passagem no último domingo, aos 92 anos, vítima de um câncer de próstata. Vou começar as audições vinílicas de hoje ao som do álbum ‘The Roar of the Greasepaint – The Smell of the Crowd”, lançado em 1965 pela Chess Records. Nas instrumentações um trio classudo formado por Ahmad Jamal (piano), Jamil Nasser (contrabaixo) e Chuck Lampkin (bateria). Composições de Anthony Newley e Leslie Bricusse. Produção de Esmond Edwards.



AZYMUTH – AZIMUTH (1975)

 

 Ivan Miguel Conti Maranhão, o nosso querido Mamão, baterista da lendária banda Azymuth. O mestre virou pássaro de prata e partiu em seu vôo na linha do horizonte, aos 76 anos. Monstro sagrado dos batuques, ritmos e harmonias também participou de incontáveis gravações com artistas diversos da música brasileira, fora os álbuns em carreira solo e outros projetos musicais. Sem dúvidas, um dos maiores bateristas brasileiros de todos os tempos. As homenagens vinílicas começam com o primeiro e autointitulado álbum de estúdio do Azymuth, lançado em 1975 pela Som Livre. Discaço! Meus sentimentos aos familiares e amigos.



Destaque

1956 - Ellington At Newport

  Harry Carney - Sax Barítono John Willie Cook - Trompete Duke Ellington - Piano Paul Gonsalves - Sax Tenor Jimmy Grissom - Voz Jimmy Hamilt...