domingo, 22 de dezembro de 2024

Burt Bacharach & Elvis Costello - "Painted From Memory" (1998)

 

“Burt é um gênio.
Ele é um compositor de verdade,
no sentido tradicional da palavra;
em sua música você pode ouvir a linguagem musical,
a gramática do que ele faz."
Elvis Costello

“De todas,
eu realmente gostei das canções
 que eu escrevi com Elvis Costello,
como 'This House Is Empty Now'
e 'God Give Me Strength'.”
Burt Bacharach,
sobre suas composições favoritas



Este disco tem uma história que começa em 1971 com minha mãe, Véra Marisa de Andrade Moreira. Naquele ano, ela, que gostava de música da sua época, comprou um disco do maestro e compositor americano Burt Bacharach (aquele da capa verde em que ele está sentado numa cadeira vermelha e tem "Close to You", "Nikki" e “Wives and Lovers"). Quem se apaixonou pelo disco fui eu. Ouvia todo o dia. Não consigo explicar o que me atraiu àquele disco aos 11 anos de idade. Talvez já o gosto pela boa música.

Pulamos 27 anos. Eu já com 38 anos, soube que Burt Bacharach estava lançando um disco com Elvis Costello, inglês que tinha me impressionado 10 anos antes com o disco "Spike". Não tive dúvidas de que seria um grande disco, mas não estava preparado para o que ouvi, quando o Schmidt do Guion me disse que a encomenda havia chegado (sim, não aguentei e comprei importado. Cerca de três meses depois, foi lançado no Brasil). Era muito melhor do que jamais poderia ter imaginado. Uma simbiose perfeita entre o "estilo Bacharach" de ser com a finesse de Costello, que conseguiu traduzir em palavras todo aquele universo que Hal David (o parceiro de Bacharach nos anos 60 e co-autor daqueles sucessos todos) descortinou. Por isso tudo "Painted From Memory", de Burt Bacharach & Elvis Costello, lançado em 1998, é um dos meus discos favoritos.

Tudo começa de forma sombria com a apropriadamente chamada "In The Darkest Place". Como a maioria das canções deste disco, esta fala de amores desfeitos, de traições, de tristeza. O protagonista começa dizendo que está "No lugar mais escuro/ eu sei que você vai me encontrar/ Apesar de não ter de lhe lembrar/ que eu apaguei as luzes/ seus olhos se ajustam/ eles jamais serão os mesmos/ Você sabe que eu te amo/ vamos começar tudo de novo". Está sofrendo, mas não se exime de culpa deste relacionamento não ter dado certo. Lá pelas tantas, o narrador diz que “Mas eu tenho de dizer pra mim mesmo/ Você deveria estar com outra pessoa... seus amigos vão vir me dizer/ ‘tente arranjar um novo amor’/ Ele não vai te amar como eu”. A dor deste relacionamento fracassado ainda é muito forte. A flauta de Steve Kujala dá o clima soturno da canção. E os backing vocals, como em todo o trabalho de Bacharach, fazem uma resposta ao que diz Costello.

“Toledo” inicia com aqueles flugelhorns característicos do mestre, tocados em uníssono por Jerry Hey e Gary Grant. Nesta canção, o narrador é que cometeu a traição. E Costello usa a metáfora das cidades para contar esta história. “Mas as pessoas em Toledo sabem que seu nome não tem viajado muito bem/ E qualquer um em Ohio sonha com aquela cidadela espanhola/ mas não adianta nada dizer que aquela garota não significou nada/ E que cada pessoa que fitar seus olhos/ não vai encontrar perdão”. E o contracanto das backing diz: “Você ouve a voz dela, ‘como você pode fazer isso?’”. A pisada na bola foi das grandes. E a dor de cotovelo também: “Então eu caminho pelo sol/ E amantes passam rindo e brincando/ mas eles não sabem o tolo que eu fui/ Por que deveriam eles se importar com o que foi perdido, com o que foi quebrado?”. Pobre rapaz, pulou a cerca e dançou.

“I Still have That Other Girl” diz tudo no título. O homem está terminando o relacionamento porque ainda pensa na outra. E ele não faz questão de esconder. “Tenho de dizer que nos deveríamos terminar agora/ Antes que a gente fraqueje porque sabemos que está errado/ Eu poderia me entregar/ às vezes acho que sim/ apesar da tentação, tento ser muito forte”. Este discurso todo pra acabar com a atual porque “Eu ainda tenho aquela outra garota na minha cabeça”. Neste disco, Costello consegue mostrar porque é um ótimo cantor, pois além de usar toda sua técnica, ainda interpreta cada canção com o cuidado que merece. E o piano de Bacharach faz a moldura sonora para esta voz brilhar.

Na sequência, o compositor e pianista revisita um grande sucesso seu e dá uma nova versão para “A House is Not a Home” em “This House is Empty Now”. Com o violino de Belinda Whitney-Barratt iniciando a melancolia da canção, mais o baixo fretless de Dave Coy reforçando, Costello canta: “Estes quartos brincam com você/ Lembra quando eles estavam cheios de alegria?/ Mas agora estão desertos/ Eles parecem ecoar as vozes que soaram agressivas/ Talvez você veja meu rosto refletido na vidraça/ da janela de nosso pobre, infeliz e quebrado lar/ Ainda esta casa está vazia agora/ Não há nada que eu possa fazer para que você queira ficar/ Então me diga como deverei viver sem você?”. Ele não acredita que tudo acabou. “Você era mesmo tão infeliz?/ Você nunca me disse”. O sofrimento de ver a casa vazia onde tanta coisa aconteceu é demais para aguentar. Ele não vê saída. Muito triste. Uma das canções mais melancólicas de todo o disco. E uma continuação digna do sucesso dos anos 60.

“Tears at the Birthday Party” também é triste, mas o sax barítono de Dan Higgins e a bateria de Jim Keltner dão um certo alento. “Pense quando éramos jovens/ Sempre haviam lágrimas na festa de aniversário/ Você sabe quanto as crianças podem ser cruéis/ É como começa/ e se nós nunca tenhamos aprendido a nos comportar/ Eu fiz algo e você nunca me perdoou/ Nunca imaginei que seria assim/ Mas agora eu vejo/ eu vejo você repartindo o bolo com ele/ abrindo presentes que eu deveria ter mandado/ O que devo fazer?/ Devo ficar te observando?/ fechar a porta, diminuir as luzes e soprar a vela/ é feliz aniversário de novo”. A tristeza se instala quando vê sua ex feliz em seu aniversário, abrindo presentes e começando uma nova vida. Sem ele. E quando a dor aperta, ele diz: “E se nunca aprendermos com nosso erros/ Então, você nunca vai saber quanto dói meu coração/ Nunca pensei que seria assim”. As backing Donna e Lisa Taylor e Sue-Ann Carwell se deliciam com o refrão maravilhoso.

Bem no meio do disco está a única canção em que os amores dão certo. “Such Unlikely Lovers”. Nela, os teclados de Steve Nieve, velho parceiro de Elvis Costello estão mais proeminentes do que o piano de Bacharach. E isso é feito de propósito, pois é a faixa que tem também o clima mais pop de todo o disco. Ele aguarda a chegada de seu amor e, quando ela vem, ele diz: “Ouça agora/ não vou dizer que teremos violinos/ mas não fique surpresa se eles aparecerem/ tocando em alguma porta/ ainda não acredito no que está acontecendo/ nós somos amantes incomuns”. E quando fala em violinos eles tocam MESMO! No final, as cantoras perguntam: “você acredita que está acontecendo?” e Elvis responde: “Estou perplexo”. Nesta música também a guitarra de Dean Parks, veterano dos estúdios, se faz presente.

Mas a alegria dura pouco. “My Thief” conta mais uma história triste de um homem que não se convence de que acabou e todas as noites sonha com seu ex-amor. “Quando vou dormir, você é minha ladra”, ele inicia. Mas adiante, ele se entrega: “Me sinto quase possesso/ até que eu não perca este glorioso sofrimento então/ Você pode levar tudo o que sobrou/ Sei que acabou/ Se você não puder ser minha amante/ seja minha ladra”. Ele deixa a porta do quarto aberta, esperando que esta mulher volte um dia para sua alegria. Mas ela não vai voltar. No final, a mulher em questão responde na voz de Lisa Taylor: “Não te conduzi/ Mas sempre haverá/ um pequeno incendiário em todo mundo/ Então se acalme e não chore/ Estou tentando ser amável/ porque eu tenho um álibi perfeito”. Se você não chorou até agora é porque não tem nenhum tipo de sentimento neste seu coraçãozinho empedernido!

“The Long Division” inicia com o oboé de Earle Dumler e os teclados do convidado Greg Phillinganes e conta a história de um triângulo amoroso complicado. No refrão, o narrador diz: “E toda a noite você se pergunta/ ‘O que devo fazer?’/ Pode ser tão difícil de calcular?/ Quando três se transformam em dois, não sobra nada”. Com o destino já traçado, o narrador tenta ainda se aproximar: “Alguém disse/ Podemos ser amigos?”. Phillinganes faz um solo de moog impensável num disco das antigas de Bacharach, que, novamente, senta no banco de trás desta música. Separação embalada com música pop. Até que dá pra superar.

O que não dá é pra aguentar sem chorar é “Painted From Memory”, que é carregada pelo piano de Steve Nieve e pelo violão e guitarra de Dean Parks, além de uma seção de cordas inteira. Outra vez, a mulher foi embora e ele só pode lembrar de seu rosto de memória. No momento mais crucial ele diz: “estes olhos que eu tentei capturar/ estão perdidos pra mim para sempre/ eles sorriem para outra pessoa/ engraçado, como as aparências podem enganar/ mas ela não é facilmente lembrada de memória”. A memória lhe trai e ele está triste exatamente por isso. Porque a imagem do seu amor se desvanece. Melancolia pura.

“The Sweetest Punch” é mais animada, mas a temática é a mesma: amores desfeitos. E nesta canção, Costello usa o ringue como metáfora de uma separação. E, desta vez, a mulher é que desfere “o soco mais suave” do título. “Você abandonou o jogo, não consigo entender/ não depois de tudo que passamos/ Palavras começam a voar, meu queixo de vidro e eu encontramos algo que veio direto/ Você me nocauteou/ foi o soco mais suave/ o sino tocou/ Posso ouvi-lo soar mas não vi chegando/ Todos nos dizemos coisas que não queremos dizer/ Você não pode retirá-las/ Agora a sala está girando e eu fui o último a notar?/ Posso ver que nunca vou ganhar/ então, se você vai, é melhor que vá com ele/ Então é melhor ir com ele”. Depois disso, uma seção de cordas regida pelo maestro Bacharach carrega o tema musical até o fim.

Com Burt Bacharach e Elvis Costello, o amor sempre tem este viés de tristeza e abandono. Em “What’s Her Name Today?”, não importa quem se abandona. O sentimento é o mesmo. O narrador não sabe o que aconteceu. “Era ela quem levou embora seu orgulho e sua razão?/ Oh por que você decidiu punir toda garota que encontrou/ para tentar fazer aquele sentimento sumir?”. Ao perguntar qual é o nome da garota hoje, ele mostra que, mesmo tentando mudar o cenário, o sentimento é igual.

Pra fechar o disco, uma canção feita de encomenda e que marcou o encontro dos dois compositores: “God Give me Strength” foi feita para o filme “A Voz do meu Coração”, que conta a história de uma cantora e compositora que trabalha nos anos 60 e se apaixona por um cantor de uma banda surf music. O resumo não é dos melhores, mas é só pra dizer que, a partir desta encomenda, é que surgiu a parceria entre ambos. Costello pede que Deus lhe dê forças, porque tudo acabou. “Esta canção já foi cantada/ este sino já tocou/ ela era a luz que me abençoava/ Ela levou minha última chance de ser feliz/ Então Deus me dê forças... Talvez eu tenha sido lavado como uma marca de batom na sua camisa/ veja, eu sou apenas humano, eu quero que ele sofra/ Eu quero que ele/ Eu quero que ele sofra”. Ao dizer isso, Costello imprime uma marca de ódio e desespero na voz que nos comove, auxiliado pelas cordas sempre precisas de Bacharach.

É difícil chegar ao fim deste disco sem se comover. Os dois, Costello e Bacharach, conseguiram fazer um disco onde as temáticas e os estilos de um e de outro se completem plenamente. E criaram uma obra-prima moderna, utilizando sonoridades do passado e atualizando-as, sem cair num clima nostálgico caricatural e nem ser “muderno” demais. Se fosse você, eu pegaria uma dose de alguma coisa bem forte para ouvir com calma “Painted From Memory”, um disco cheio de nuances musicais e vocais que merece ser curtido.

vídeo de "God Gve Me Stenght" - Burt Bacharach and Evis Costello


FAIXAS:
1. In The Darkest Place (4:15)
2. Toledo (4:31)
3. I Still Have That Other Girl (2:44)
4. This House Is Empty Now (5:08)
5. Tears At The Birthday Party (4:37)
6. Such Unlikely Lovers (3:22)
7. My Thief (4:17)
8. The Long Division (4:11)
9. Painted From Memory (4:11)
10. The Sweetest Punch (4:07)
11. What's Her Name Today? (4:05)
12. God Give Me Strength (6:10)

Buddy Holly - "Buddy Holly" (1958)


O dia em que a música morreu
nome como ficou conhecida a data da
tragédia aérea que vitimou Buddy Holly
e outros dois músicos de rock'n roll



Se o 13 de julho é um dia importante para a música, consagrado como o Dia do Rock, marcando o acontecimento do Live Aid, lá em 1983, outra data também carrega uma enorme importância para o rock'n roll e para a música em geral. Em 03 de fevereiro de 1959, Buddy Holly, um dos maiores nomes da história do rock, falecia em um acidente aéreo, numa tragédia que ainda levava junto o músico Big Bropper e outro promissor artista que despontava, o emergente músico de origem mexicana, Ritchie Valens. 
Buddy impressionava pelo carisma, popularidade, capacidade criativa e uma sofisticação compositiva diferenciada em relação à seus contemporâneos, mesmo em uma pequena amostragem, uma vez que sua carreira durou pouco mais de um ano, desde seu surgimento até sua morte.
Neste período gravou apenas três LP's, tendo, contudo, produzido tanto, que muito material inédito foi lançado mesmo depois de sua morte. 
O primeiro deles, ainda com os The Crickets, saiu em 1957, no entanto Buddy Holly só viria a assinar um trabalho com protagonismo total em 1958, em seu segundo lançamento, disco que, por sinal, levava seu nome, e que é o álbum que destacamos aqui.
"Buddy Holly", embora não inclua "That I'll Be The Day", uma de suas mais conhecidas, é um grande discos e traz exemplares musicais que só comprovam o talento de Holly. Temos a contagiante "I'm Gonna Love You Too", que abre o disco; a excelente "Everyday", tão extemporânea que não se estranharia se alguém dissesse que fosse de uma banda dos anos 90; a elétrica" You're So Square..."; a intensa "Rave On"; o rock gostos de "Little Baby"; e o sucesso "Peggy Sue", que, a propósito, serviria de inspiração anos depois, para o filme de mesmo nome de Francis Ford Copolla. Música sofisticadíssima, com vocal doce, precisamente controlado, um pontilhado de piano, guitarra estridente entrando nos momentos certos, e bateria em constantes rolos turbilhonando inquietamente o tempo inteiro.
Disco que revelava que dali sairia muito mais coisa boa. Um artista que por certo, teria muito mais a dar à música se não fosse sua vida abreviada tão cedo e de forma tão trágica. Se o dia 13 de julho é o Dia do Rock, que por sinal deve muito a Buddy Holly, o dia da tragédia que o levou, e a dois outros talentos em ascensão, carrega a triste alcunha como O Dia Em Que a Música Morreu.
Felizmente, para todos nós, não morreu, de MORRER mesmo... mas um pedacinho dela, sem dúvida, foi levado naquele dia.

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FAIXAS:

1. I'm Gonna Love You Too
2. Реggу Sue
3. Lооk At Me
4. Listеn To Me
5. Vаlley Of Tears
6. Rеаdy Teddy
7. Еvеrуday
8. Маilmаn Bring Me No More Blues
9. Wоrds Of Lоvе
10. Yоu'rе So Squаrе (Bаbу, I Don't Care)
11. Rаvе Оn
12. Little Bаbу



DON “SUGARCANE” HARRIS – CUP FULL OF DREAMS (1973)

 

Tirando a poeira dos discos de Don “Sugarcane” Harris, violinista e músico americano com altos plays gravados em sua carreira solo e também excelentes participações em álbuns de Frank Zappa & The Mothers of Invention, John Mayall, Little Richard, John Lee Hooker, Johnny Otis e Harvey Mandel, entre outros. Escutando o predileto Cup Full of Dreams, de 1973, lançado pelo selo alemão MPS Records. Tocam nesta pérola vinílica Don “Sugarcane” Harris (violino elétrico), Harvey Mandel (guitarra), Randy Resnick (guitarra), Victor Conte (guitarra), Larry Taylor (baixo), Paul Lagos (bateria) e Dewey Terry (piano elétrico e percussão). Ouçam “Hattie’s Bathtub”, “Runnin’ Away” ou a faixa-título e constatem o virtuosismo e a classe inconteste do violinista. Capa e design de Wolfgang Baumann. Jazz n’ blues hipnótico com um elegante toque funk. Na agulha


ASH RA TEMPEL – SCHWINGUNGEN (1972)

 

De volta às sessions vinílicas depois de quase uma semana longe do antro-bolha. Vai aqui um post em memória de Manuel Göttsching, músico e compositor alemão que fez a sua passagem por esses dias. Considerado um dos guitarristas mais influentes do Krautrock, foi piloto interplanetário das bandas Ash Ra Tempel, Ashra e The Cosmic Jokers, além de produzir ótimos trabalhos em carreira solo.  Por aqui, colocando em órbita o disco voador Schwingungen, segundo álbum do Ash Ra Tempel, lançado em 1972 pelo cultuado selo Ohr (pioneiro nos plays de rock, jazz e músicas eletrônica e experimental de Berlim). Nas conexões sonoras Manuel Göttsching (guitarra, órgão, maquinações eletrônicas e coro), Hartmut ‘Indra Rogér’ Enke (guitarra, baixo e maquinações eletrônicas), Wolfgang Müller (bateria e vibrafone), Matthias Wehler (sax alto), Uli Popp (bongôs) e John L. (berimbau de boca, percussão e vocais).  A capa de Bernhard Bendig me representa, e tem tudo a ver com o sol no horizonte e suas “vibrações” que, infalivelmente, clareiam a nossa mente. A produção e engenharia de som têm as mãos de Rolf-Ulrich Kaiser e Dieter Dierks, respectivamente. Se você é um seguidor alienígena daqueles que têm nojinho de “música estranha”, pegue o seu OVNI e saia voando desta.  R.I.P. Manuel Göttsching, o explorador cósmico dos sons rumo a uma galáxia desconhecida, em outra dimensão


SAVOY BROWN – STREET CORNER TALKING (1971)

 

 R.I.P. Kim Simmonds, guitarrista e líder do Savoy Brown. Das bandas do coração… Castiga! Bora tirar a poeira dos discos do grupo. Iniciando os trabalhos bolhais com o clássico Street Corner Talking, de 1971. Na formação Kim Simmonds (guitarra principal), Dave Walker (vocal), Paul Raymond (teclados, guitarra e vocais), Andy Silvester (baixo) e Dave Bidwell (bateria). “Tell Mama”, “I Can’t Get Next To You”, “All I Can Do” ou a faixa-título são buenas, mas o som que eu mais curto nesse disco é “Let It Rock”, puro rock and roll. A capa phodástica tem o traço do mestre David Anstey. Uma jóia do blues rock britânico. ⭐ Em 06/09/2005 fui ao show do Savoy Brown no Tom Brasil Blues Festival. No mesmo rolê, apresentações de Helio Delmiro e da lenda John Hammond. Demais! Vi Mr. Simmonds numa good vibe e tocando muito. Rolaram altos clássicos da banda, tudo ali na minha fuça. Que noite! Hoje, fiquei um bom tempo procurando na coleção o ingresso desse evento… enfim, achei o bilhete! Tirei uma photinho que está no fim desta postagem (e no Story). É isso aí! Kim Simmonds & Savoy Brown rules


Crítica do álbum Go For Your Guns, dos The Isley Brothers

 

Os Isley Brothers já estavam no ramo musical há mais de 20 anos quando lançaram seu décimo quinto álbum de estúdio Go For Your Guns em 1977. No final dos anos 60, a banda adotou um som mais baseado no funk, e também adicionaram hard rock à sua paleta sonora. O álbum oferece uma mistura emocionante de funk, R&B e rock. Ele mostra os formidáveis ​​talentos musicais, de composição e produção da banda. 

Go For Your Guns começa com a poderosa faixa funk “The Pride (Part 1 & 2)." Esse groove supercarregado era tocado em festas e clubes em todos os lugares antigamente. Ele apresenta uma linha de baixo furiosa, teclados percolados e uma batida massiva. A música é sobre manter a dignidade e a perseverança diante das muitas adversidades da vida. Ela enfatiza a importância da autoestima, força interior e coragem. A música também aborda como os líderes políticos muitas vezes têm que equilibrar uma linha tênue entre representar o povo e capitular às pressões de sua posição, bem como lutar contra a atração sedutora do poder e do dinheiro.

“Footsteps in the Dark (Part 1 & 2)” é uma jam lenta soberba. É lindamente arranjada, produzida e tocada. A música apresenta um trabalho de guitarra de Ernie Isley, e Ronald Isley entrega uma performance vocal principal requintada. O narrador da música expressa algumas dúvidas que ele tem sobre seu relacionamento amoroso. Ele não tem certeza se é forte o suficiente para suportar os inevitáveis ​​momentos difíceis que geralmente ocorrem em relacionamentos. Esta é uma das faixas mais conhecidas dos Isley Brothers e foi famosamente sampleada no hit de 1993 do Ice Cube, “It Was a Good Day”.

“Climbing Up the Ladder (Part 1 & 2)” é um groove escaldante movido a rock. É sobre se esforçar para alcançar seus sonhos e alcançar patamares mais altos espiritual e mentalmente – e não permitir que as circunstâncias ou os muitos obstáculos da vida o detenham. A faixa apresenta um trabalho de guitarra arrasador de Ernie, que também arrasa na bateria.

“Tell Me When You Need It” é um groove suave e sólido. A faixa é habilmente arranjada e produzida. É elevada pelos vocais excelentes de Ronald e apresenta uma linha de baixo irresistível e teclados doces.

Os Isley Brothers vão fundo na eletrizante “Livin' in the Life”. O funk não dá trégua nesse groove forte e assustador. A faixa apresenta uma batida explosiva que é reforçada por palmas estrondosas, bem como teclados funky e uma linha de baixo poderosa. O narrador da música está vivendo sua vida da melhor maneira possível e continua avançando em tempos difíceis e dificuldades. E ele basicamente diz àqueles que acham que foi fácil para ele chutar pedras porque eles não andaram uma milha em seus sapatos: “ Você não é eu e eu não sou você/Veja a diferença entre os dois.” 

Ronald oferece uma performance vocal incrível na majestosa “Voyage To Atlantis”. Esta joia sonora é outro exemplo da maestria absoluta dos Isley Brothers na balada R&B. Eles nunca erraram em suas jams lentas. A música ostenta um arranjo impecável que é elevado pelo incrível trabalho de guitarra de Ernie. A música é sobre um relacionamento tempestuoso com os dois amantes pensando seriamente em seguir caminhos separados. O narrador considera empreender uma peregrinação para a autodescoberta e imaginar uma vida no “paraíso” na mítica Atlântida. Ele está dividido entre ficar com sua amante ou empreender a jornada sozinho e possivelmente começar um novo relacionamento com outra pessoa. No entanto, ele sabe no fundo que sempre retornará ao seu único amor verdadeiro.

O álbum fecha com a escaldante "Go For Your Guns", que é basicamente uma segunda parte instrumental de "Livin in the Life". Ernie solta um solo de guitarra de derreter rostos neste groove funky de alta voltagem.

Go For Your Guns é amplamente considerado um dos melhores álbuns dos Isley Brothers. É definitivamente um item essencial para os fãs dos Isleys, bem como para os amantes de boa música R&B e funk. O álbum foi um enorme sucesso comercial. Ele liderou a parada de álbuns de R&B da Billboard e chegou ao 5º lugar na parada de álbuns da Billboard 200. Permaneceu nas paradas por 40 semanas, tornando-se um dos sucessos mais duradouros dos Isley Brothers. O álbum foi certificado como dupla platina pela RIAA com vendas de mais de dois milhões de cópias. E os singles do álbum "The Pride" e "Livin' in the Life" tiveram um desempenho extremamente bom na parada de singles de R&B da Billboard, chegando ao 1º e 4º lugar, respectivamente. No entanto, "Voyage to Atlantis" teve uma exibição bastante decepcionante na parada de singles de R&B da Billboard, subindo apenas para o 50º lugar. Mas a música agora é reconhecida como um clássico e uma das grandes slow jams de R&B dos anos 70.

O álbum foi escrito, arranjado e produzido pelos Isley Brothers. Foi lançado pela T-Neck Records, que foi fundada pelos Isleys em 1964. E foi o quinto álbum da banda a ser distribuído por meio do acordo com a Epic. O pessoal completo do Go For Your Guns era Marvin Isley (baixo e vocais de apoio), Ronald Isley (vocais principais e de apoio), Ernie Isley (guitarra, bateria, congas e vocais de apoio), Rudolph Isley (vocais principais e de apoio), Chris Jasper (teclados, vocais de apoio e pandeiro), O'Kelly Isley Jr. (vocais principais e de apoio) e Everett Collins (congas).

Após Go For Your Guns , os Isley Brothers continuaram a lançar músicas de alta qualidade e emplacaram mais grandes sucessos. Eles deixaram para trás um legado musical incrível que durou várias décadas. Os Isleys ainda estão em turnê e têm algumas datas de shows futuros publicadas em seu site oficial .


"Vivendo a Vida"

"Viagem à Atlântida"

"LA Type" por Kimbra


A cantora, compositora, produtora e multi-instrumentista nascida na Nova Zelândia, Kimbra, se aprofunda em sua faixa funky "LA Type". A artista duas vezes vencedora do Grammy já mergulhou os pés no funk antes, mas nada tão audaciosamente funky quanto este corte. Ela até trouxe o mestre do groove e baterista extraordinário Questlove para maximizar o nível do funk. Ele contribui com uma batida monstruosa que é complementada pela linha de baixo desagradável de Spencer Zahn. O funk é ainda mais aprofundado por um trabalho eletrizante de teclado de Taylor Graves. E Kimbra oferece uma performance vocal dinâmica que é cheia de atitude e alma sensual. Ela até faz rap em alguns versos. Além disso, a música apresenta alguns versos apertados dos rappers convidados Pink Siifu e Tommy Raps. Vocais de fundo adicionais são fornecidos por Jacob Collier.

“LA Type” é uma faixa do quarto álbum de Kimbra, A Reckoning , que foi lançado em 27 de janeiro de 2023. Em uma entrevista para a Paper Magazine no ano passado, ela disse que a música é sobre suas experiências de namoro em Los Angeles e “apenas algumas das besteiras que vêm com uma cidade que é construída sobre entretenimento”. Ela acrescentou que aborda uma cultura em Los Angeles “que é muito distorcida e superficial”. Kimbra disse que a música foi inspirada por Prince, a quem ela frequentemente cita como uma grande influência e inspiração.

Kimbra é mais reconhecida por sua participação no sucesso global vencedor do Grammy de Gotye, "Somebody That I Used to Know", que chegou às ondas do rádio em julho de 2011. Ela lançou algumas músicas realmente interessantes e legais ao longo dos anos. Seu som é uma fusão eclética de pop, jazz, R&B, indie rock, electro-pop e dance. Ela é uma artista aventureira que é conhecida por sua ousadia e inventividade no estúdio e em seus videoclipes. E ela é uma artista ao vivo cativante - emocionando o público com sua presença magnética no palco e carisma bruto. Kimbra inicia sua turnê de 2024 em abril. Ela tem algumas datas de turnê e informações sobre o local postadas em seu site .


Kimbra cantando "LA Type" em um show em Amsterdã 


Destaque

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