Sei de uma camponesa
Rui Veloso
Sei de uma camponesa
Sem campo sem quintal
Que canta debruçada
Ao sol da seara
O trigo na cara
De suor tão debulhada
Sei de uma camponesa
Que dança à noite na eira
Perfumada de avenca e feno
Enfeitada de tomilho
E canta com a expressão
De quem vai ter um filho
Mesmo pelo coração
Sei de uma camponesa
Que nunca enche esta cidade
Nunca se senta à minha mesa
Nunca me leva à sua herdade
Para ouvir um trocadilho
Para tornar realidade
Um sonho que perfilho
(letra: Carlos Tê)
Ó Portela
António Pinto Basto
Ó Portela vem á janela
Ó Portela vem á janela
Que o povo fica contente
Por ouvir de novo a tua voz tão quente
Assim pedia toda a gente lá na aldeia
Que se juntava mesmo em frente a sua casa
Sofrendo aquele; quem espera desespera
P’lo rouxinol que não mais abria a asa
Longe ia a noite e toda a gente aguardava
Só mais um fado e ainda outro sem ter fim
Quando a janela tristemente se fechava
Falava o povo e a cantar pedia assim
Quem o ouvia noite fora lá na aldeia
Acompanhado á guitarra singular
Era o silêncio bem atento e a plateia
Nem se lembrava dos minutos a passar
Quem lhe sentia a emoção e o calor
Em cada fado interpretado a preceito
Cada palavra tinha peso e o fervor
Que penetrava docemente em cada peito
(Letra e Musica: Amadeu Diniz da Fonseca)
Rui Veloso
Porto Covo
Roendo uma laranja na falésia
Olhando o mundo azul à minha frente,
Ouvindo um rouxinol na redondeza,
No calmo improviso do poente
Em baixo fogos trémulos nas tendas
Ao largo as águas brilham como pratas
E a brisa vai contando velhas lendas
De portos e baías de piratas
Havia um pessegueiro na ilha
Plantado por um Vizir de Odemira
Que dizem que por amor se matou novo
Aqui, no lugar de Porto Côvo
A lua já desceu sobre esta paz
E reina sobre todo este luzeiro
Á volta toda a vida se compraz
Enquanto um sargo assa no brazeiro
Ao longe a cidadela de um navio
Acende-se no mar como um desejo
Por trás de mim o bafo do destino
Devolve-me à lembrança do Alentejo
Havia um pessegueiro na ilha
Plantado por um Vizir de Odemira
Que dizem que por amor se matou novo
Aqui, no lugar de Porto Côvo
Roendo uma laranja na falésia
Olhando à minha frente o azul escuro
Podia ser um peixe na maré
Nadando sem passado nem futuro
Havia um pessegueiro na ilha
Plantado por um Vizir de Odemira
Que dizem que por amor se matou novo
Aqui, no lugar de Porto Côvo
Se te Amo
Quinta do Bill
Letra
Nada em terra e céu, nos pode ensinar
O que vai na alma, de alguém que recusa
Deitar sobre o chão
Eu não
Oh, se te amo
Se não tenho
Oh, a vergonha
De o dizer
E nunca esse acaso ou lei, eu entendi
O homem que em vão se agita
Tão perto do mundo, tão longe de Deus
Eu não
Oh, se te amo
Se não tenho
Oh, a vergonha
De o escrever
(Carlos Moisés/Quinta do Bill)
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