sexta-feira, 14 de outubro de 2022

POPLOAD FESTIVAL 2022 <> O QUE FUNCIONOU OU NÃO NO EVENTO


 A edição 2022 do Popload Festival, que rolou na última quarta-feira (12), escolheu um lugar lindo para receber sua maratona de shows. O Centro Esportivo Tietê, que vai receber o Paramore em março, ganhou uma estrutura muito semelhante aos grandes shows realizados em parques britânicos, mas com uma capacidade menor, trazendo um clima mais intimista para os 14,5 mil fãs.

FUNCIONOU NO POPLOAD FESTIVAL 2022

1 – Curadoria do Popload Festival 2022

Sempre muito feliz nas escolhas, o Popload Festival escalou nomes que seguraram a bronca, como Jack White e Pixies. Representando gerações distintas do indie rock, ambos protagonizaram apresentações memoráveis aos fãs.

Jack White

Jack White fez seu tradicional desfile de guitarras, uma mais potente que a outra. Aliás, estava muito empolgado no palco. Era nítido que estava feliz por estar ali.

Vestindo uma calça que lembrava muito o uniforme dos estivadores de Santos e uma jaqueta da Seleção Brasileira, Jack White equilibrou o set com canções dos seus dois últimos álbuns solos, lançados em 2022, Fear of the Dawn e Entering Heaven Alive, com faixas do The Raconteurs e The White Stripes.

Interessante notar a felicidade dele de apresentar faixas de projetos passados. Não tem barreiras para agradar aos fãs. Fell in Love With a Girl e Seven Nation Army, do The White Stripes, empolgaram bastante o público. Hino nos estádios de futebol pelo mundo, Seven Nation Army foi um dos momentos mais fortes do festival.

No entanto, fiquei feliz de ver a recepção com as canções mais novas, como Taking Me Back e Fear of the Dawn, que abriram o show. Ambas foram cantadas com muito entusiasmo pelo público que estava na pista premium.


Pixies

O Pixies foi uma grata surpresa. Confesso que não estava com tanta expectativa, mesmo gostando muito da banda. Explico: quando assisti o show deles abrindo para o Weezer, na Califórnia, em 2018, senti uma banda desanimada, sem sinergia com o público, errando acordes simples. No entanto, tudo mudou!

Diante do público paulistano, Black Francis, David Lovering, Joey Santiago e Paz Lenchantin, verdadeiros heróis do rock alternativo, demonstraram muito mais interesse pelo show. Quase que no ritmo do Ramones, emendando uma música na outra, a banda apresentou 24 canções em 1h15 de show.

Doolittle (1989) e Surfer Rosa (1988), os dois primeiros álbuns da banda, responderam por boa parte do setlist, com sete e cinco canções, respectivamente. E dentro desse bolo, hits como Debaser, Gigantic, Here Comes Your Man e Where Is My Mind? fizeram a alegria dos fãs.

Doggerel, álbum recém-lançado, também foi lembrado pela banda em três momentos: There’s a Moon On, Vault of Heaven e Who’s More Sorry Now? No entanto, não empolgaram tanto como os clássicos.


Cat Power e Chet Faker

Cat Power e Chet Faker não empolgaram muito, mas conseguiram ser cirúrgicos em suas propostas. Shows mais introspectivos, pouca conversa e no tempo certo. Afinal, após uma apresentação tão empolgante da Fresno, somente um pouco de descanso para aguentar bem as duas atrações principais.

Quem não conhece o trabalho de Cat Power, inclusive, pode ter deixado passar batido suas reconstruções incríveis para White Stripes (I Want to Be the Boy to Warm Your Mother’s Heart), Frank Ocean (Bad Religion), Rolling Stones (I Can’t Get No) Satisfaction), Lana Del Rey (White Mustang) e Frank Sinatra (New York, New York). Sim, rolou isso tudo no show dela.


Perotá Chingó

O grupo argentino Perotá Chingó veio na sequência da Jup do Bairro, apostando na latinidade e esbanjando simpatia com a plateia do Popload Festival.

Em um dos momentos mais especiais do show, o grupo liderado por Julia Ortiz e Dolores Aguirre recebeu André Abujamra para uma linda versão bilíngue de Alma Não Tem Cor, canção do ex-integrante do Karnak e Mulheres Negras que ficou famosa na voz de Chico César.


2 – Entrada do Fresno

A entrada da Fresno no lugar do Years & Years foi um golaço. Uma péssima notícia para os fãs do britânico Olly Alexander. Porém, a banda gaúcha mostrou suas credenciais para agradar fãs e um público novo. E só precisou de três dias para montar o show e garantir um lugar no pódio dos melhores do festival.

O repertório trouxe ótimas canções do último álbum, Vou Ter Que Me Virar (2021),como a faixa-título, Fudeu!!!, Já Faz Tanto Tempo e Casa Assombrada, essa cantada junto com Pitty. Aliás, a cantora baiana apresentou duas canções clássicas do repertório dela com a banda, Na Estante e Máscara.

“O Fresno é uma banda que tem 23 anos, a idade de muitos de vocês aqui. E em 2006 estávamos lançando esse som”, disse o vocalista, Lucas Silveira, antes de Quebra as Correntes.

Em Fudeu!!!, pedindo para o público “votar direito”, com mensagens no telão, Lucas incendiou os fãs, que puxaram o grito de “hey Bolsonaro, vai tomar no cu”.

A apresentação também teve outro momento especial, quando a Fresno tocou Cada Acidente, do álbum Sua Alegria Foi Cancelada (2019), com a participação de Lio, da Tuyo. Tudo isso em pouco mais de 50 minutos. Tá bom ou quer mais?


3 – Palco secundário

A proposta do palco secundário chamou bastante a atenção. E pelo deslocamento entre os palcos não ser tão complexo, o público pode curtir outras boas atrações. Posso destacar Rincon Sapiência e Tum, projeto de Lovefoxxx (Cansei de Ser Sexy) e Chuck Hipolitho (Forgotten Boys e Vespas Mandarinas).

NÃO FUNCIONOU NO POPLOAD FESTIVAL 2022

1 – Sets reduzidos

Sabemos que festivais têm limitações de tempo, mas ao menos o Pixies poderia ter tido um repertório completo. Foram 14 canções a menos no comparativo com o show no Vivo Rio, um dia antes.

Co-headliner do festival, Jack White cortou pelo menos sete do que vem tocando por aí. Mas na posição de segunda atração principal do evento, fica mais compreensível.

2 – Jup do Bairro

Infelizmente não consegui chegar a tempo de acompanhar a Jup do Bairro, que abriu a programação debaixo de forte sol e com pouco público. Sensação do cenário nacional, ela se sentiu desprestigiada no evento.

Em resumo, a cantora foi às redes sociais para dizer que foi boicotada após ter o som de seu show cortado antes do término da apresentação.

“Foi boicote com a única atração preta e travesti do palco”, tuitou Jup do Bairro.


3 – Food trucks

Com boa variedade de opções, os food trucks deixaram a desejar na reta final. Durante o show do Pixies muitos deles já estavam fechados. E o cartão ficou com crédito parado, sem uso.

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