sábado, 19 de novembro de 2022

CRONICA - SANTANA | Abraxas (1970)

 

Apoiado por Bill Graham, o maior produtor do rock americano, Santana conseguiu uma passagem no festival de Woodstock e também no popular Ed Sullivan Show. Com essa promoção, seu álbum de estreia autointitulado vendeu como pão quente e o público aguarda ansiosamente a sequência desse épico do rock latino. Este chega um ano depois com Abraxas com a capa luxuosa assinada por Mati Klarwein (o homem por trás dos Bitches Brew e Live-Evil de Miles Davis). Tal como no anterior, o álbum dá lugar de destaque aos instrumentais, ainda que Gregg Rolie e José Areas apresentem, cada um, peças originais cantadas.

No entanto, tal como aconteceu com "Evil Ways", ainda é nas capas que o grupo descansará para os seus singles. É claro que há um single do Fleetwood Mac que não conseguiu se estabelecer na América. Adicionando um groove latino e uma longa introdução instrumental, esta versão de "Black Magic Woman" será um triunfo mundial, tornando-se o maior sucesso de Santana. A banda fará quase o mesmo ao transformar o cha-cha “Oye Cómo Va” no arquétipo da faixa do Latino Rock. Ritmo oscilante, solo (transcrevendo a parte da flauta da peça original) que pode ser cantarolada, linha vocal em que é fácil gritar em iogurte espanhol, tudo é feito para se tornar a trilha sonora do verão indiano de 1970.

Gregg Rolie oferecerá com "Mother's Daughter" um título bastante Soul Rock, apesar de sua percussão latina e onde a guitarra de Santana é mais suja do que o normal. Notamos uma seção rítmica (o baixista David Brown e o baterista Michael Shrieve) particularmente reforçada. Em "Hope You're Feeling Better", seu órgão evoca Deep Purple enquanto seu canto se torna mais furioso. Temos aí sem dúvida o título de Santana para chegar mais perto do Hard Rock então em plena ebulição. E se não é cativante e memorável a ponto de se tornar um clássico, ainda assim agrada muito a um Carlos que não economiza no pedal wah-wah. Os títulos de Areas aproximam-se mesmo dos instrumentais, já que as partes vocais são sobretudo um pretexto para dizer algumas palavras em espanhol em coro. No entanto, "Se a Cabo",

Em termos de instrumentais puros e pesados, “Singing Winds, Crying Beasts” abre o álbum de uma forma mística, entre o esoterismo, o esparguete ocidental, a percussão tribal e um encantador piano elétrico. Num ritmo bem mais sustentado, "Incident At Neshbur" já mostra as influências do Jazz para as quais o guitarrista viria a arrastar o seu grupo (ou o que dele restava) alguns anos depois antes de terminar calmamente. Mas a mais memorável delas certamente continua sendo "Samba Pa Ti", uma balada em que Carlos Santana pela primeira vez faz mais lágrimas do que o rugido de sua guitarra, prefigurando "Europa".

O Abraxas confirmará o Santana como uma das bandas americanas de maior sucesso da virada da década. Seu sucesso comercial e musical o tornaria o álbum de referência para o guitarrista e sua banda. Ia ser difícil fazer isso bem, mas Carlos e sua gangue estavam prontos para o desafio, preparando-se para adicionar um pouco de sangue novo para a ocasião...

Títulos:
1. Singing Winds, Crying Beasts
2. Black Magic Woman/Gypsy Queen
3. Oye Cómo Va
4. Incident at Neshabur
5. Se a Cabó
6. Mother’s Daughter
7. Samba Pa Ti
8. Hope You’re Feeling Better
9. El Nicoya

Músicos:
Carlos Santana: Guitarra
Gregg Rolie: Teclados, Voz
David Brown: Baixo
Michael Shrieve: Bateria
José Areas: Percussão
Michael Carabello: Percussão
+
Alberto Gianquinto: Piano (4)

Produção: Fred Catero e Carlos Santana

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