MUSICA&SOM: GRAVETOS & BERLOQUES (SARI SCHORR)

Nascida e crescida no Queens, New York, NY, esta filha de um um piloto e uma modelo, desde muito cedo apresentou dotes vocais impressionantes. Com seu incrível alcance de 5 oitavas, logo viu-se direcionada por seus professores para o canto lírico. No entanto, coube ao jazz, ao blues e à soul music a mudança de seu foco. O ambiente musical de sua infância sempre foi muito intenso, com seus pais dividindo-se por diversos gêneros, do jazz ao rock. Isto foi preponderante em sua escolha e logo já estava cantando o jazz de Billie Holiday e Ella Fitzgerald, o blues de Bessie Smith e Ma Rainey e a soul music de Tina Turner e Etta James pelos clubs novaiorquinos.

Cansada de dar murro em ponta de faca, acabou cedendo às pressões do mercado e assina um contrato com a Eagle Eye Rec. para um álbum direcionado para o pop, 'Forever True', lançado em 1994 e de baixíssima repercussão, apesar das críticas positivas do lendário e saudoso Ahmet Ertegun, um dos midas da indústria fonográfica, à poderosa voz de Sari (assim mesmo, sem o sobrenome), um mix de Melissa Etheridge com Bonnie Raitt e Tina Turner, e 4 singles entre as 40 do pop adulto da parada germânica. Após um longo período na Europa, retornou a New York e passou, então, a excursionar, sob o pseudônimo de Betha Blades, como front woman da lendária Joe Louis Walker Band. E foi esta projeção que logo a tornaria a queridinha da cena blues do Brooklyn, onde passou a residir, e região. Convidada, já como Sari Schorr e com banda própria, a apresentar-se em um prestigiado festival de jazz, onde enfileirou blues standards com material próprio, chamou a atenção de Mike Vernon, lenda da produção, com centenas de luminares do gênero e da música pop no currículo, que arregimentou um timaço, liderado por Innes Sibun nas guitarras, e logo iniciaram a produção do que viria a ser 'A Force Of Nature', lançado em 2016. Com este álbum, Schorr, definitivamente, confirmaria o que muitos já desconfiavam: estavam diante de um fenômeno.
Neste momento, cabe-me abrir um parêntesis com relação às demais atividades desta bela mulher, além, claro, do fato de, assim como a mãe, também ter exercido atividades de modelagem: é uma extremada ativista dos Direitos Humanos e também vinculada a diversos projetos sociais e humanitários, pelos quais abraça campanhas e viaja por todo o planeta em sua divulgação.
E foi dividindo-se entre estes projetos e sua carreira dedicada ao blues que angariou simpatia e respeito, rendendo-lhe longas turnês, principalmente pela Europa, onde tem público cativo. Tão bem certificada, em 2018 lança 'Never Say Never', um forte libelo autobiográfico, que deu ainda mais visibilidade à bela morena...e mais uma extensa turnê! Desta vez, no entanto, seria imperdoável não registrar o poder desta diva sobre um palco. E assim nasceu o recém-lançado 'Live In Europe', um precioso testemunho de tudo o que já foi dito a respeito desta guerreira de voz privilegiada, já uma candidata a lenda. Ainda que em tardio reconhecimento.