Uma descoberta reveladora nos arquivos Tinariwen, Kel Tinariwen é uma das primeiras fitas cassete gravadas no início dos anos 90 que nunca recebeu um lançamento mais amplo e lança uma nova luz sobre a já rica história da banda. Ainda não tendo desenvolvido o som de banda mais completo com o qual se estabeleceram internacionalmente, Kel Tinariwen apresenta suas linhas de guitarra hipnóticas e vocais de chamada e resposta que se entrelaçam entre ritmos de bateria bruta e melodias de teclado que quase evocam uma visão árabe do sintetizador dos anos 80. pop. Há paralelos distintos com os sons encontrados nesta fita e o trabalho descoberto nos últimos anos por gravadoras como Awesome Tapes from Africa, Sahel Sounds e Sublime Frequencies.
No verão de 1991, quatro membros da…
…Tinariwen viajou para Abidjan na Costa do Marfim para gravar o primeiro lançamento oficial da banda, Kel Tinariwen. Eles eram Abdallah Ag Alhousseyni, Hassan Ag Touhami, também conhecido como 'Abin Abin', Kedou Ag Ossad e Liya Ag Ablil, também conhecido como 'Diarra'. O projeto foi idealizado por Keltoum Sennhauser, um pintor, poeta e compositor de ascendência mista (seu pai era um Sonhrai, sua mãe uma Touareg), que cresceu em parte em Bamako, em parte na região de Kidal no nordeste do Mali, pátria de todos os membros de Tinariwen. Como tantos Touareg daquela região, Keltoum e sua família foram forçados a emigrar pelas secas que dilaceraram o mundo Touareg em meados dos anos 1970 e 1980, bem como toda a opressão e sofrimento que se seguiram à independência em 1960. Keltoum tornou-se profundamente envolvido na luta Touareg pela liberdade e autodeterminação e viu a música em geral e a música de Tinariwen em particular como uma parte essencial dessa luta.
Kel Tinariwen nunca foi ouvido fora da comunidade local que comercializava cassetes em 1992 – uma atividade que foi importante para o movimento, como explica Keltoum: “Acho que o cassete teve um papel crucial como ferramenta de comunicação, uma ferramenta que era muito querida para nós. Serviu para sensibilizar e despertar a consciência daqueles que sentiam que tudo já estava perdido, ou que não tínhamos como vencer a nossa luta. Permitiu ao mundo Touareg desenvolver sua própria consciência e seguir em frente. Em nosso meio, a única coisa que pode nos fazer questionar a nós mesmos é a música. Porque ouvimos muita música, amamos música, amamos poesia. Nós não lemos. Não somos um povo que lê. Então, a única leitura que temos, sobre nós mesmos e sobre o mundo exterior, é a música.”
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