Resenha
Dream Evil - Dio nos anos 80
Livro de Martin Popoff
2022
A cada anúncio de um novo livro do Martin Popoff - e olha que o sujeito já atingiu a espantosa marca de 115 títulos lançados - eu já fico querendo pôr as mãos nele e absorver tudo que está ali. Dessa vez, Popoff se propôs a fazer uma ampla revisão da sua obra “DIO: Light Beyond The Black” (2006) que desembarcou no Brasil como “Dream Evil: DIO Nos Anos 80” (2022), através da Editora Denfire. O foco aqui não é o músico Ronnie James Dio, mas sim o grupo DIO, um dos mais importantes para o heavy metal e o responsável por consolidar de vez sua carreira como um dos maiores e mais queridos vocalistas de todos os tempos. Apresentando a pessoa de Ronald James Padavona, Popoff faz uma cobertura da sua vida pré-ídolo: carismático desde os tempos de escola, tocou em uma série de bandas de rock n´roll com um visual pra lá de comportado, com direito a terninho, gravata, sapatos e cabelo curto fixado no gel (impossível reconhece-lo nas fotos, esses EP´s hoje devem valer fortunas entre os fãs) até sua graduação em farmácia. Suas passagens pelo ELF, RAINBOW (onde recebeu de Ritchie Blackmore o então nome artístico de Ronnie James Dio) e BLACK SABBATH são cobertas de forma mais objetiva, sendo essa última a responsável pela sua decisão de enfim seguir seu próprio caminho com um grupo próprio - não sem antes roubar Vinny Appice embaixo dos bigodes de Tony Iommi... No DIO, ele foi se cercando de outros bons músicos e chegou a formar um quarteto incrível e fundamental para o metal dos anos 80: Ronnie James Dio (vocais), Vivian Campbell (guitarra), Jimmy Bain (baixo) e Vinny Appice (bateria). Em um grupo que leva o nome de alguém, ninguém pode reclamar muito por espaço, mas seu nível de controle artístico, com o tempo, foi causando atritos e brigas até a saída de cada um deles e, como Popoff mesmo diz, a entrada de outros não tão a altura destes - tudo devidamente contado pelos próprios músicos, incluindo uma acusação grave de Vivian Campbell contra DIO e sua esposa e então empresária do grupo, algo que DIO nunca perdoou. Na revisão da obra original que está fora de catálogo, Popoff inseriu mais entrevistas dele e de terceiros com todos os membros do grupo, outras fotos (nada mais anos 80 do que o registro de DIO lutando espada contra um monstro no palco) e alguns acertos na escrita. Ele manteve seu processo de analisar cada faixa, dos discos “Holy Diver” (1983), “The Last In Line” (1984), “Sacred Heart” (1985), “Intermission” (EP, 1986) e “Dream Evil” (1987), incluindo ainda Ep´s e ao vivo, avaliar as letras, vídeo clips, capas e cenários da época, algumas curiosidades, etc., A cada página, temos uma leitura carregada de informações. Ao final, há ainda uma ficha breve com as faixas de cada disco e uma nota sobre algum evento da época. Usando de entrevistas suas e de terceiros, nessa revisão Popoff deixou mais espaço para que o leitor pudesse saber as opiniões dos próprios músicos a respeito das faixas e dos discos, tanto na época, quanto alguns anos depois. DIO, por exemplo, apesar do sucesso da música “Rainbow In The Dark”, não demonstrava muita satisfação pela música. Popoff ainda teve o cuidado de aguardar que a biografia oficial de DIO, “Rainbow In The Dark: The Autobiography” (2021), escrita pelo também genial jornalista Mick Wall em parceria com sua viúva, Wendy Dio, desse uma esfriada nas prateleiras para não atrapalhar suas vendas ou mesmos ser acusado de estar aproveitando o momento para promover sua obra. Diferentemente dos seus demais livros que li, aqui Popoff se declara um fã de carteirinha e grande admirador da pessoa da pessoa de Ronnie James Dio. Seu último encontro com DIO, para mais uma entrevista, foi apenas um ano antes da sua morte. Popoff já lançou lá fora o segundo volume da saga, “Killing The Dragon: DIO In The ‘90s And 2000s”, com grandes chances de ser lançado por aqui. E sim, eu já estou ansioso em ler mais esse! Como o tempo voa, esse ano já completamos doze anos desde a morte de DIO por conta de um câncer no estômago e seis anos sem Jimmy Bain, também por câncer, mas no pulmão. Faça como Popoff sugere: enquanto vai lendo o livro, dê um play nos discos e sinta a força desse super grupo. “Dream Evil: DIO Nos Anos 80” (2022) pode ser encomendado diretamente com a Editora Denfire ou em algumas lojas físicas. São 176 páginas em papel couchè 115g, acompanha o livro um card do mesmo tamanho com imagem do material de divulgação da época do single “We Rock” e um adesivo com a capa de “Holy Diver” (1983).
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