Artist: Anathema
Disco: The Optimist
Data de lançamento: 9 de Junho de 2017
Selo: Kscope
Tempo total: 58:16
Disponível em: CD, LP & Digital
Resenha:
Ingleses acertam na atmosfera, mas não superam o álbum de 2001 que originou a história de ‘The Optimist’
Acima de qualquer opinião que possamos ter sobre ‘The Optimist’, novo disco da banda Anathema, é importante lembrar que os ingleses estão em uma ótima fase marcada pela maturidade e autoconsciência musical. Depois de nos encantarem com as forças da natureza em ‘Weather Systems’ (2012) e com as harmonias espaciais de ‘Distant Satellites’ (2014), resolveram apostar basicamente no que já estava dando certo, mas gravando de uma forma diferente.
O que estava dando certo – e continua muito bom, aliás – são as composições em ciclos. Basicamente, grande parte das músicas do Anathema vem sendo pensadas como uma ciranda, em que o mesmo esquema harmônico se repete às vezes ao longo de uma faixa inteira. E então temos o golpe de mestre: a variação dinâmica. Foi assim com os dois últimos discos e havia sido assim com diversas músicas mais antigas. The Optimist não foge à regra e nos emociona fazendo com que uma faixa comece em um patamar, chegando ao seu final (ou perto dele) de forma épica, com toda a banda tocando bem alto, com arranjos mais fortes, como uma orquestra que começa empiano e termina a mesma sequência de notas e acordes em fortissimo. A roqueirinha “Leaving It Behind”, a mais eletrônica “San Francisco” e a incrível “Springfield” são exemplos disso. Esta última, aliás, belamente cantada por Lee Douglas, parte de uma balada e chega a soar como uma explosão estelar em seu auge.
Mesmo quando não apostam na mesma harmonia cíclica, apostam em crescendo. “Endless Ways” – com guitarras de Daniel e Vincent Cavanagh que lembram desde Mogwai até U2 – é outra que eleva a dinâmica, transformando qualquer música aparentemente meditativa em uma pedrada roqueira. E o mesmo acontece com “The Optimist”. E com “Can’t Let Go” também (a mais inglesa do disco). E com “Wildfires”. “Back To The Start”, idem. Como se vê, é um recurso usado a exaustão. A questão é que isso tanto é previsível quanto continua sendo emocionante de verdade. Daniel Cavanagh, o mastermind por trás da estrutura da maior parte das músicas da banda, é um mestre nesse esquema e mesmo se repetindo consegue fazer boas músicas. Mas que ‘The Optimist’ acaba soando manjado a certa altura, soa mesmo.
A novidade de ‘The Optimist’ é que o sexteto gravou grande parte das instrumentações ao vivo no estúdio Castle Of Doom, na Escócia, todos juntos de uma vez só (as vozes foram gravadas separadamente). Principalmente o baixo de James Cavanagh e a bateria de Daniel Cardoso e John Douglas soam realmente menos processados e mais “ao vivo”, com uma pegada que qualquer fã de rock e metal vai reconhecer de shows. As guitarras também foram beneficiadas, principalmente porque soam mais secas e viscerais do que em todos os últimos discos da banda (a parte final de “Wildfires” não me deixa mentir).
Tony Doogan foi o produtor contratado e que realmente deixa sua marca na banda. Conhecido por produzir outras duas bandas escocesas, os pot-rockers do Mogwai e os indies Belle And Sebastian, ele não mexeu na estruturação que dá cara ao som do Anathema, mas no que se refere a criar ambientações sonoras (com teclados, sintetizadores, equipamentos eletrônicos e orquestrações), pôde criar uma identidade realmente mais ambiente rock do que em ‘Weather Systems’ e ‘Distant Satellites’. Se o álbum de 2012 era mais força da natureza e o de 2014 mais imensidão espacial, ‘The Optimist’ deriva mais de uma mente urbana.
As letras, em grande parte, são menores do que antes, o que indica uma preocupação muito maior com a atmosfera do ambiente e não com a história que se pretende contar. Afinal, ‘The Optimist’ é uma continuação da história de ‘A Fine Day To Exit’ (2001), que acho, inclusive, muito mais diverso, criativo e, no geral, melhor que sua continuação. Aliás, durante a campanha de divulgação do novo disco, a banda afirmou que seria a coisa mais “dark” que já fizeram. Isso com certeza não é verdade. “Underworld”, “Pressure”, “Panic”, “Breaking Down The Barriers”, todas lá de 2001, são muito mais pesadas e com harmonias mais “dark”.
Não é o melhor disco da banda e nem fica acima dos celebrados dois últimos lançamentos. Tentaram unir o Anathema roots com o Anathema bem produzido da última década e conseguiram um disco legal, mas longe de penetrar na alma e no coração do ouvinte por muito tempo.
—————————————-
Artista: Anathema
Ano: 2017
Álbum: The Optmist
Gênero: Post Prog
País: Inglaterra
Músicos: Vincent Cavanagh (voz, guitarra, teclados, programação), Danny Cavanagh (guitarra, teclado, vocais), John Douglas (bateria), Jamie Cavanagh (baixo), Lee Douglas (voz), Daniel Cardoso (drums)
1. 32.63N 117.14W 1:18
2. Leaving It Behind 4:27
3. Endless Ways 5:49
4. The Optimist 5:37
5. San Francisco 4:59
6. Springfield 5:49
7. Ghosts 4:17
8. Can’t Let Go 5:00
9. Close Your Eyes 3:39
10. Wildfires 5:40
11. Back to the Start 11:41
Sem comentários:
Enviar um comentário