Depois de surgir com promessas de salvar o mundo do rock em 2018, especialmente por parte da crítica, Snail Mail apresenta o seu segundo trabalho, Valentine. Desta vez não salva o mundo mas talvez se salve a ela.
Lindsey Jordan sabe o que faz. E é isto, a critica podia ser só isto. Valentine é um bom sucessor a Lush, crescendo e amadurecendo sobre o seu antecessor.
O álbum arranca em grande e com energia com a faixa-título, e antes de podermos respirar, atira-nos com “Ben Franklin”, mudando o estilo, com uma canção mais pop e dominada pelas teclas. Ao longo de 10 canções em apenas 31 minutos, Snail Mail apresenta um trabalho conciso e especial, menos rock que o anterior mas também mais maduro e com uns toques de Mitski.
Na quarta canção, já mais a atirar a uma Aimee Mann, e apenas com viola acústica, Jordan mostra-nos um lado mais intimista, logo para depois, com umas guitarras roubadas aos anos 80, cantar sobre o que parece ser o fim do mesmo amor da canção anterior.
Não sendo tão rasgado como Lush, este Valentine, como o nome deixa antever, é sobre relações, mesmo que em “Madonna” e “Glory” misture uns temas religiosos. A primeira sobre a idealização de uma pessoa e a segunda, possivelmente em continuação dessa história, luta com conceitos de posse e devoção (“you owe me/ you own me”).
À procura de um amor menos obsessivo, mais saudável e real, de facto adulto, Snail Mail constrói uma narrativa solta onde descobre que o amor é mais que fogo e paixão, mesmo que na última canção, “Mia”, o crescimento pessoal possa interferir com uma relação “I love you forever/ But I’ve gotta grow up now/ No, I can’t keep holding on to you anymore/ Mia, I’m still yours”
E aqui temos Valentine no seu esplendor. Crescido, culto e mais adulto, mostra uma artista que mais do que salvar o mundo, encontra o seu caminho, mesmo que isso acabe por a salvar a ela.
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