Simple Things é um disco que ficou perdido no seu tempo, afecto ao início de século e a ser música de fundo num qualquer rooftop para se observar sunsets.
Ahhhh, esse estilo de música a que se convencionou chamar chillout e que popula cafés mundo fora com a possibilidade de se ver o tempo passar, o sol a pôr-se no horizonte, enquanto se degusta um copo de rosé seco ou um mojito de maracujá. Música só para aconchegar os ouvidos, e dar o mood certo para aquele momento que vai já ser partilhado no perfil de instagram. Que interesse pode ter música que é feita para ser ouvida com a premissa de tornar a audição um sentido menos atento, dando primazia à visão e ao sabor (caso seja o caso descrito acima e as papilas apreciarem o álcool que está a ser ingerido)? Pois bem, por um momento ali no tempo, houve pertinência deste estilo. E se essa pertinência se deveu inquestionavelmente aos Air, houve mais umas bandas que ajudaram à festa, nomeadamente Kruder & Dorfmeister, Thievery Corporation, Royksopp e estes Zero 7.
Constituída por dois engenheiros de som, Henry Binns e Sam Hardaker, a banda inglesa começou por essa via a dar cartas, fazendo remixes de Radiohead e produzindo discos de Pet Shop Boys, Robert Plant, entre outros. Daí até lançar o seu primeiro disco, este Simple Things, foi um tirinho, e logo foram agraciados pelos media (sobretudo os britânicos) com prémios de banda promissora. Isto ao mesmo tempo que outros os rotulavam de serem cópia descarada dos Air. O que é facto é que é um estilo em que não existe muita amplitude de terreno e como tal a linha entre cópia e inspiração é mesmo muito ténue, pelo que percebemos ambos os pontos de vista. O que é facto é que, visto à distância de vinte anos, este disco parece bastante inócuo, enquanto que Moon Safari se mantém cristalino e intacto.
Mas, por um momento ali no tempo, até que deu para degustar os Zero 7, tanto este Simple Things, como o álbum seguinte, When it Falls. O esquema de chill out songs instrumentais, misturadas com outras com participação de vocalistas convidados, casos de Sia, Sophie Barker e Mozez, serviu de alternativa numa altura em que o rock ainda estava a tratar de se recompor – Is This It? só seria lançado seis meses depois. Canções como “Destiny”, “In the Waiting Line” e “Give it Away” ainda servem de um bom petisco quando nos apetece limpar o palato para o prato principal que escolhemos. Como um bom sorvete de limão com vodka num copo de flute, para manter o registo de bebidas sofisticadas neste texto. Se não exigirmos mais dos Zero 7, a degustação será boa.
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