Nesses tempos em que, já diria Mano Brown, “a fúria negra ressuscita outra vez”, nada mais apropriado do que falar sobre o Hip Hop, que há tempos assumiu o posto da música jovem e de protesto. Da nova leva de MC’s, um dos que mais me chamou a atenção nos últimos anos foi Joey Bada$$. O Nova-Iorquino vem dropando Mixtapes desde o início da última década, mas seu segundo disco “ALL-AMERIKKKAN BADA$$” (2017) atinge a maturidade absoluta, com uma visão mordaz da sociedade americana que o colocou na linha de frente da luta de seu povo, com a agressividade e urgência necessária nesses tempos.
A produção, capitaneada por DJ Khalil, traz com maestria um misto entre as paisagens sonoras Jazz-Rap e a agressividade de um Hip Hop agressivo, moderno. Assim, o tom completamente politizado do álbum não soa como uma pregação sobre um fundo insosso, com a mensagem ganhando ainda mais força com a sonoridade.
Liricamente, Joey não poupa versos, e nem alvos. Dos estereótipos negros, encarceramento em massa, brutalidade policial, racismo institucional, tudo o que o povo de pele preta é obrigado a enfrentar diariamente na impiedosa “AmeriKKKa”. Essa força da mensagem soa mais impactante do que nunca em porradas como “LAND OF THE FREE” (com uma vibe um tanto Biggie Smalls), o lamento avassalador de “Y U DON’T LOVE ME? (MISS AMERIKKKA)” ou no groove insano à la Wu-Tang de “ROCKABYE BABY” (com ScHoolboy Q), que entrega um memorável e sonoro “FUCK DONALD TRUMP!”
Mas, apesar de toda a amargura, que corre em nossa veia de forma hereditária há milhares de anos, o álbum ainda deixa um toque otimista. Seja no refrão de pura união em “FOR MY PEOPLE”, “TEMPTATION” ou o sopro final de “AMERIKKAN IDOL”, encerrando essa obra que, 3 anos depois, ainda é a trilha-sonora de nossos tempos. Mais do que nunca, “ALL-AMERIKKKAN BADA$$” me acende a chama da luta pela justiça, e por nosso povo!
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