domingo, 15 de janeiro de 2023

Resenha V Álbum de Spock's Beard 2000

 

Resenha

V

Álbum de Spock's Beard

2000

CD/LP

Considero a banda estadunidense de rock progressivo sinfônico, Spock’s Beard, um grupo de pouquíssimos erros durante os seus 30 anos de carreira e 13 discos lançados até hoje, porém, V é um acerto único, algo que a banda até hoje nunca conseguiu igualar – embora muitas pessoas considerem Snow ou The Light a grande obra-prima do grupo. Aqui a banda conseguiu unir de forma perfeita, melodias à lá Genesis, misturado a um talento musical encontrado no Yes e Emerson, Lake & Palmer, além de uma ferocidade crimsoniana e uma sofisticação encontrada em sons do Alan Parsons, tudo isso dentro de uma incrível proficiência instrumental extremamente criativa para que tudo fosse feito da forma mais acertada possível. V é sem dúvida uma verdadeira maravilha do rock progressivo moderno, misturando com maestria músicas de sonoridade até mesmo de pop-rock curtas com épicos cheio de pompas, de musicalidade riquíssima, além de sinfônico e extremamente artístico, desenvolvida de uma maneira calorosa e agradável.  

“At The End Of The Day” é a peça que abre o disco e também a minha preferida de todo o catálogo da banda. Começa muito bem em um clima de música ambiente e com alguns sons suaves de teclados e mellotron. Até as letras são excelentes, algo que nunca considerei um dos pontos fortes da banda. Possui solos maravilhosos de órgão e de guitarra em determinados pontos que fazem com que a temperatura da peça aumente consideravelmente. De arranjo perfeito, possui cada uma de suas seções muito bem entrelaçadas. As melodias vocais são edificantes e as texturas da faixa – principalmente o trabalho de mellotron de Okumolto – remete o ouvinte facilmente ao rock progressivo dos anos 70 embalado em um som muito mais moderno. Uma peça perfeita.  

“Revelation” direciona o disco para uma linha mais suave e agradável - ainda que o refrão soa em uma pegada hard rock. De ideias até mesmo espaciais devido a exploração feita pelas teclas, flui muito bem do começo ao fim dentro dessa variação de bonança e tempestade. Mesmo que às vezes pareça um pouco arrastada demais, no geral é uma música excelente. “Thoughts (Part II)” é aquele tipo de música que sugere uma sonoridade ao melhor estilo Gentle Giant, por meio de muitos vocais e musicalidade meio estranha. A bateria é maravilhosa e possui algumas explorações orquestrais em algumas de suas transições. Uma peça feita principalmente para aquele fã de Gentle Giant que quer ver o tipo de som da banda invadindo um progressivo moderno, porém, entusiastas de Kansas também podem se encontrar bastante acolhidos aqui.  

“All On A Sunday”, é uma peça bastante simples, um número pop, mas extremamente agradável, com destaque para o excelente trabalho de órgão/teclado que às vezes remete um pouco aos encontrados no Procol Harum. A peça mais unilateral do disco, quase sem variação. Eu a colocaria facilmente na trilha sonora de alguma comédia romântica. “Goodbye To Yesterday” é mais uma balada muito bonita. Belíssimo violão, Morse cantando em sua área de conforto onde eu sempre achei mais interessante e uma linha de baixo singela, mas muito bem incorporada à música. O lindo mellotron de fundo também merece menção.  

“The Great Nothing”, com os seus 27 minutos é o grande épico que finaliza V. Existe um problema que me fez não ter nessa peça uma primeira impressão tão forte quanto na que abre o disco, a sua falta de fluxo entre as suas seções, as coisas não fluem com muita facilidade e acaba deixando uma sensação de que 27 minutos foi algo bastante exagerado – lembrando que o tamanho de uma música nunca foi problema pra mim. Mas mesmo assim, existe muito o que aproveitar aqui durante as suas 6 seções. Interlúdio acústico com duas vozes antes de uma bela explosão de guitarra – que foi muito bem explorada durante toda a faixa - e sintetizador, efeitos sonoros imersos em ótimos riffs de baixo e uma comovente seção de órgão, mostrando uma música antes suave se transformando em algo intermitente durante uma de suas transições. Ainda que, como eu disse, o fluxo musical não aconteça de uma maneira memorável - assim como não haja melodias vocais boas o suficiente para grudar na cabeça -, a peça continua a ser um épico que oferece uma grande variedade de estilos e sons/efeitos explorando todos os talentos que a banda possui.  

Facilmente um dos 10 melhores discos de rock progressivo sinfônico moderno – leia-se 1991 em diante -, mesmo não sendo exatamente perfeito devido a alguns ajustes que eu acho que deveriam ter sido feitos na última faixa. No geral, V entrega músicas dinâmicas, bem-produzidas, bem escritas e executadas por músicos extremamente habilidosos.  

Sem comentários:

Enviar um comentário

Destaque

Classificando todos os álbuns de estúdio de James Taylor

  Em 1968, James Taylor lançou seu álbum de estreia autointitulado. Ninguém percebeu. Um ano depois, ele lançou seu sucessor, Sweet Baby Jam...