domingo, 1 de janeiro de 2023

Retrospectiva 2022: Os 10 mais, menções honrosas e decepções de um ano extremamente produtivo

 

Retrospectiva 2022: Os 10 mais, menções honrosas e decepções de um ano extremamente produtivo

2022 foi um ano espetacular para os saudosistas, tanto que nesse top 10 entraram pouquíssimas bandas desconhecidas do grande público, o que prova que em matéria de rock n' roll os novinhos ainda precisam comer muito arroz com feijão se quiserem superar os dinossauros do estilo. Mas chega de papo e vamos embarcar nessa viagem musical.

10 - Katharsis - Praying Manthis Talvez esse disco seja uma das poucas surpresas nessa lista, já que é uma banda de popularidade zero no Brasil (Deus abençoe a internet por nos dar a chance de ouvir essas coisas). O fato é que com esse time o Praying Manthis, oriundo do Reino Unido, obteve algo inédito até então: a estabilidade em sua formação. Só isso já os coloca em uma posição de destaque, e a qualidade do trabalho mostra que essa constância trouxe maturidade às composições. Tudo bem que não chega a ser inovador, mas músicas como Cry for the Nations e Closer to Heaven, estão enrtre as melhores coisas já feita pelos caras. O progressivo com pitadas de Aor sempre deu um ar mais cult aos caras, o que não significa que suas músicas sejam simplórias. Masquerade é a prova, complexa e lembrando os melhores momentos progressivos da banda. Esse décimo lugar está de bom tamanho para uma banda que preferiu navegar por terras tranquilas em vez de encarar o mar da instabilidade, lançando um disco correto e honesto, ainda que sem muita originalidade.
9 - The Monster Roars - Magnum Também misturando com propriedade Aor e Progressivo, o Magnum fica com o nono lugar num disco bem bacana, com destaque para a bela voz de Bob Catley, que se mantém como um dos maiores nomes do estilo, e olha que o cara tem 74 anos. Aqui não tem contenção na voz, se precisar subir ele manda bem, seu grave é um dos mais bonitos do aor/melodic rock. Competência de sobra, resultando num disco magistralmente interpretado com destaque para as guitarras de Tony Clarkin, o principal compositor do grupo, criando climas e texturas que vão do denso (All I Believe In) a complexidade rítmica de That Freedom Word, sendo essa a melhor do disco. Um disco inspirado que os firma como um dos melhores grupos do estilo.
8 - Diamond Star Halos - Def Leppard Já vai tempo que o Def Leppard não entrega um disco tão bom. Após seu auto intitulado mediano disco de 2015 (que lhes rendeu uma turnê bem legal que inclusive aportou no Rock In Rio em 2017), os leopardos surdos soltaram esse álbum com uma volta aos anos 80 que chega a ser arrebatadora para os saudosistas. a sensação de "já ouvi isso antes", é recorrente em todo o disco, porém isso está longe de ser uma crítica. músicas cheias de refrões ganchudos e chicletes, timbres de guitarra matadores e baixo gorduroso e preciso. A bateria é o único ponto baixo do disco, soando artificial e sem emoção em canções que pediam mais punch oitentista na veia. Não vou citar destaques individuais, pois essa obra funciona por completo, e se você não se irritar com a bateria pasteurizada ao extremo, você vai entender porque esse disco ficou em oitavo lugar.
7 - Carpediem - Saxon Aqui se separam os homens dos meninos. Não há uma alma viva que duvide da capacidade do Saxon de entregar bons discos, mesmo nas fases mais "pop". Esse álbum não poderia ser lançado com outro título, pois o que se ouve aqui é uma oportunidade que os caras nos dão de sair da realidade, pegar uma estrada, por o som do carro pra rolar no último volume e de fato, aproveitar o dia. disco pesado, melódico, denso e feliz ao mesmo tempo, apresenta uma saraivada de riffs espetaculares, mostrando porque o Saxon é um dos maiores nomes do estilo, quase uma unanimidade no meio "roqueiro". Destaque para Age of Steam, All For One, Supernova e a espetacular faixa título. Ouçam sem moderação.
6 - Patient Number 9 - Ozzy Osbourne Ah que bom que existe o Ozzy no mundo. A oportunidade de ouvir esse cara se cercar de bons músicos e entregar verdadeiras pérolas, onde desfila com maestria pelas suas melancolias , reflexões e desilusões é algo que deve ser celebrado, pois se há algo que Ozzy tem é experiência, tanto de vida quanto musical. Se fosse curte aquele papo com seus avós numa tarde de sábado, regado a muito rock n' roll, você precisa escutar esse álbum. O que mais chama atenção em Ozzy na atualidade é a sua capacidade de transmitir verdade através de sua música, capacidade essa hoje em dia muito mais evidente, notando-se que não há a necessidade de agradar a ninguém a não ser a si próprio e a seu público. Ozzy pode não ter lançado o disco mais espetacular de sua carreira, mas a cada ano mantém sua dignidade intacta. Não vou citar destaques pois não seria justo com uma obra desse quilate emocional, portanto, escute tudo.
5 - Thirteen - FM Ter um disco genuinamente Aor nessa lista é algo que me traz uma satisfação pessoal extrema. Ao ouvir o disco do FM, o décimo terceiro de sua carreira, os caras entregam o esperado sem deixar de nos surpreender. Desde a capa até as composições, o que se ouve aqui é uma aula de inspiração musical, bom gosto, melodias cativantes e timbres apaixonantes. Se você curte um som mais radiofônico, coloque esse álbum sem medo, pois esses caras sabem muito bem transformar nossas emoções em som. Parece inacreditável que esse som tenha saído pela Frontiers, já que a gravadora, apesar de promover bastante o estilo, tem histórico de interferir nas gravações, especialmente através do nefasto produtor/tecladista/rei da cocada preta Alessandro Del Vecchio. O destaque fica por conta de Turn This Car Around, com um refrão tipicamente sessão da tarde, Talk Is Cheap, com uma levada deliciosa e ritmo cativante. O disco todo é bem coeso e acima da média, o que lhe rendeu o quinto lugar nesse top 10.
4 - Digital Noise Alliance - Queensrÿche Se você perguntar a alguém o maior nome do metal progressivo, muito provavelmente citarão o Dream Theater, ou o Symphony X como maior expoente. Porém, esse engodo vendido pela mídia há mais ou menos 20 anos não se sustenta quando o Queensrÿche resolve lançar algo novo em sua discografia. Acontece que após alguns discos sem muito brilho, os caras ressurgem com Todd LaTorre cantando com personalidade e explorando todo seu potencial em temas progressivos, com pitadas de metal como de praxe e até um flerte com o metal melódico, tudo com muiuto peso e uma produção impecável. Lost In Sorrow é a canção perfeita para você que acha o Symphony X espetacular, com muito mais sensibilidade, diga-se. Beind The Walls tem timbres afiados, cortesia do maravilhoso trabalho de Michael Wilton nas guitarras. Realms e Hold On está entre as melhores canções já compostas pelos caras. Para provar que os caras tem a mente aberta, um cover surpreendente de Rebel yell, do Supla americano, o não menos espetacular Billy Idol. Um disco que não é tão surpreendente, pois a banda sempre lançõu bons discos quando resolveu focar apenas na música. E caso você ame Dream Theater e metal progressivo, saiba que nem o estilo que você ama existiria sem a genialidade do Queensrÿche.
3 - Freedom - Journey Com certeza o disco do ano na seara do Aor. Não poderia ser diferente, já que eles são os maiores do estilo, os mestres supremos. Apesar da abertura meio brochante a la Jonas Brothers com covid de Together We Run, o disco começa de fato com Don't Give Up On Us, que lembra instantaneamente um dos maiores clássicos do grupo, Separate Ways (World's Appart). Refrão marcante como tem que ser para nos lembrar que os caras são os maiores não é a toa. You Got The Best Of Me lembra um outro clássico da banda, Anyway You Want It, colocando o clima lá em cima mais uma vez. Live To Love Again não faria feio numa coletânea do Chicago, nos brindando com aquelas baladas lindas que tanto nos acostumamos a ouvir num disco do Journey. Para os saudosistas, fiquem ligados no single The Way That Used To Be, que mais parece uma canção saída diretamente da trilha sonora de filmes como Falcão ou Stallone Cobra. O ponto baixo fica para a produção terrivelmente amadora que acaba soterrando excelentes canções. No geral, é um disco bastante gostoso de ouvir e que rendeu ao Journey o terceiro lugar na lista.
2 - Rock Believer - Scorpions Eis aqui um disco sem defeito, pois cá entre nós, em se tratando de "veneno" ninguém melhor que os escorpiões alemães. Com esse Rock Believer, o Scorpions mostrou que tá bem longe de se aposentar apesar da avançada idade dos integrantes. Ok, a voz de Klaus Meine está cansada e com menos brilho e potência, o que é compreensível aos 74 anos ( nem todo mundo é Bob Catley né), porém isso é compensado com inspiração, peso, e principalmente amor ao que se faz. É impossível não se sentir renovado ao ouvir canções como Gas In The Tank, Roots In My Boots, entre outras. E se você é do tipo que curte aquelas baladinhas deles, vá direto em When You Know (Where You Come From). A versão deluxe ainda conta com uma versão acústica dessa canção, e se você não gosta das baladas deles e tem ranço de coisas como Still Loving You e Wind Of Change provavelmente irá continuar odiando. O fato é que esse disco foi realmente uma das melhores obras musicais já lançadas por eles e só você escutando para tirar as suas conclusões. Acontece que os alemães ainda mandam muito bem, e os fãs provavelmente estão ansiosos para ouvir as pérolas desse disco no próximo Monsters Of Rock.
1 - The Gang's All Here - Skid Row O Skid Row, após capengar durante anos com vocalistas bons mas sem um pingo de carisma, exorcizou de vez o fantasma de Sebastian Bach ao lançar um disco espetacularmente surpreendente. Ao anunciar Erik Grönwall (ex H.E.A.T) como vocalista, o grupo provocou orgasmos nos amentes de hard rock e aor e criou toda uma aura positiva em torno de futuros trabalhos. A banda não decepcionou ao lançar esse disco inspiradíssimo, pesado, feito para amantes dos anos 80 e 90. O timbre vocal de Eric lembra o próprio Sebastian em alguns momentos, com a diferença de que o mesmo segura a onda ao vivo também, coisa que o antigo vocalista nem sempre fazia. Como uma fênix bêbada e insana, o Skid Row renasceu com um disco que se fosse nos anos 80 seria um clássico indiscutível, daqueles que você tem orgulho de dizer que tem. Um disco para fazer você ter orgulho de usar as camisetas da banda que soa como uma resposta àqueles que achavam não existir Skid Row sem Sebastian. Esse primeiro lugar não poderia ser de outra banda após esse lançamento. Que disco maravilhoso, abocanhando o primeiro lugar merecidamente.

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