quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Resenha Entangled Álbum de Leitmotiv 2007

 

Resenha

Entangled

Álbum de Leitmotiv

2007

CD/LP

Quando me deparo com o nome de uma banda ou álbum de rock progressivo contemporâneo, que faz alusão a algo do rock progressivo clássico - nesse caso, o nome do disco que é o mesmo da faixa 2 do disco A Trick Of The Tail do Genesis -, a primeira ideia que eu tenho em mente é que estarei diante de algo extremamente genérico e esquecível. Foi o que aconteceu aqui? Não completamente, pois apesar de algumas bolas fora e a banda soar genérica sim, há também muito o que aproveitar. Há muito de Genesis, claro, mas de uma forma um pouco diferente, como se a banda inglesa tivesse encontrado alguns nomes da cena 70’s de Quebec – lembrando que a banda é canadense de Quebec. Vale destacar também, que apesar do nome do disco, o som do grupo se comparado exclusivamente a um era do Genesis, certamente a fase mais crua em Trespass seria o período mais correto.  

Algo que lamento em Entangled, é o fato de a banda ter começado o disco com o seu melhor número, um épico de quase 16 minutos, pois isso acabou me fazendo esperar por algo do mesmo nível durante os 45 minutos seguintes do disco, e nada disso acontecer. Sou da ideia – ao menos em discos de rock progressivo – de que a maior faixa sempre tem que encerrar o álbum, pois quase sempre é onde se encontra o que de melhor o registro tem a oferecer. Pode parecer bobagem? Com certeza, mas tenho esse pensamento desde sempre. Mas então, você pode me perguntar, “ah então só a primeira música vale a pena?”, não foi isso que eu disse, apenas falei que a peça de abertura do disco é de longe o seu maior destaque, mas ainda tem muito o que aproveitar depois dela.   

Outro ponto importante a ser mencionado é sobre eu considerar de certa forma uma injustiça colocar a sonoridade do disco como algo completamente influenciado em Genesis, pois por mais que essa de fato seja a maior fatia do bolo, nota-se alguns acenos para os estadunidenses da Happy the Man – mostrando que eles não têm o olhar apenas para a Inglaterra e também olham para o progressivo de seus vizinhos da América do Norte – e até um pouco de Renaissance, além de – acredite se quiser – Gentle Giant.  

A banda possui músicos excelentes e entregam um disco bastante técnico em vários pontos. Um dos instrumentos que mais se destaca certamente é o piano, que em muitas partes do álbum mostra-se até mesmo renascentista e meio dissonante em outros momentos. As linhas de baixo, às vezes se destacam, mas no geral são simples e, junto da bateria sempre muito bem arranjada, criam uma seção rítmica que se desenvolvem bem durante todo o álbum.  O trabalho de guitarra é digno e soa como uma espécie de Steve Hackett ainda amadurecendo. Os vocais, como é de se imaginar, tem uma forte influência em Peter Gabriel, principalmente quando executados de maneira furiosa, mas com um leve sotaque francês - língua nativa da banda. Mas além de Gabriel, nota-se um pouco de Peter Nicholls, nesse caso, nos momentos mais calmos das interpretações.  

Mas e então, Entagled vale a pena? Mas é claro que vale, desde que você vá em direção à ele com a guarda baixa, pois não tem como negar que há muita coisa genérica aqui. Apesar de ser um disco no geral de rock progressivo sinfônico, tem momentos em que ele soa até mesmo um pouco fora dessa esfera – sendo que é nessas partes que a banda mostra uma maior identidade. No fim das contas, apenas não espere muito e deixe a música fluir.  

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