quinta-feira, 2 de março de 2023

Cinco Músicas para Conhecer: o lado rocker de Rod Stewart

 

Rod Stewart ocupa um confortável lugar em qualquer lista decente dos melhores vocalistas do rock e do pop no século XX. Sua voz rouca e a presença de palco espalhafatosa lhe garantiram a alcunha de ícone; já o seu retrospecto no blues-rock foi a base que lhe permitiu ganhar grandes somas de dinheiro e muita fama a partir dos anos 70. Ao longo dos anos Rod Stewart foi ficando muito associado à baladas e músicas românticas, mas o grande alcance de sua voz encaixa-se perfeitamente com guitarras distorcidas e um som pesado. A confiança de Rod pós-Jeff Beck Group era tamanha que ele encarou manter uma carreira solo paralelamente com a de sua banda Faces, aposta que se demonstrou correta pouco tempo depois, já que ele começou a emplacar um hit atrás do outro. Nessa relação, seguem alguns momentos bem roqueiros da vasta carreira de Sir Roderick David Stewart.


Up Above My Head – Single [1964] (Long Jonh Baldry)

Long John Baldry foi um dos pioneiros do blues e do r&b na Inglaterra. Seu grupo na ocasião chamava-se Hoochie Coochie Men e contava com Rod Stewart como segundo vocalista. Essa música saiu em compacto no ápice da Beatlemania e contém um irresistível dueto entre os dois por cima de uma base swingada e de uma guitarrinha safada que sola o tempo todo, na releitura de uma música de Sister Rosetta Tharpe. O encontro da voz rouca dos dois gera um ótimo contraponto, com Baldry nos graves e Stewart nos agudos.


“Spanish Boots” – Beck-Ola [1969] (Jeff Beck Group)

Os dois discos do Jeff Beck Group com Rod Stewart são alicerces tão fundamentais para o desenvolvimento do rock pesado quanto os discos do Led Zeppelin. Beck-Ola, de 1969, tem uma produção mais caprichada e, conta (obviamente) com Rod Stewart arrebentando a boca do balão. A introdução dessa música é matadora e a voz de Stewart entra com tudo nos agudos. A medida que a faixa se desenvolve, o vocalista mostra que sabe lidar muito bem com a dinâmica, se encaixando bem na hora de cantar com suavidade, quase sussurrando. Versatilidade que lhe permite ir da explosão para a calmaria sem dificuldades. Seu futuro companheiro nos Faces, Ron Wood, é o baixista nessa faixa (assim como no disco todo).


“You’re My Girl (I Don’t Want to Discuss It)” – Gasoline Alley [1970] (Rod Stewart)

O segundo álbum solo de Stewart é bastante orientado para o folk-rock, mas contém também faixas mais agitadas e swingadas, como é o caso da citada faixa, relida no mesmo ano por Delaney & Bonnie (no disco ao vivo com Eric Clapton). É interessante notar que o estilo vocal de Rod Stewart era bastante próximo ao de Robert Plant, cantando sem uma linha vocal estruturada com melodia fixa, mas enchendo de improvisações e abuso nos tons agudos. Os instrumentos também seguem um pouco dessa linha, abrindo-se aos improvisos, em uma bem sucedida jam-session tendo Stewart como mestre de cerimônias.


“Miss Judy’s Farm” – A Nod is as Good as a Wink…for a Blind Horse [1971] (Faces)

1971 foi o ano em que a carreira de Rod Stewart começou a decolar pra valer. No disco do Faces (A Nod is as Good as a Wink…for a Blind Horse), a faixa “Stay with Me” atingiu boa colocação nos charts e em seu terceiro disco solo (Every Picture Tells a Story), lançado em julho, estava o grande hit “Maggie May”. Mas o bicho pega logo na faixa de abertura do álbum do Faces, “Miss Judy’s Farm”, com a guitarra distorcida de Wood e os uivos de Stewart. O piano elétrico de Ian McLagan dá o clima boogie-rock que se complementa perfeitamente com os agudos precisos e constantes de Stewart.


“Blues” – In a Broken Dream [1972] (Python Lee Jackson)

O Python Lee Jackson era uma banda australiana de relativo sucesso nos anos 60. Na virada da década foram tentar a sorte na concorrida Inglaterra e lá descolaram uma oportunidade para gravar um álbum completo (até então a banda só tinha lançado compactos). Para ajudar a se destacar no cenário, resolveram contratar o emergente Rod Stewart para cantar 3 faixas do álbum In a Broken Dream. Uma dessas faixas é chamada simplesmente “Blues” e é fiel ao estilo, com piano e guitarras bastante apropriadas para a ocasião. Não era exatamente novidade para Rod Stewart interpretar blues tradicionais, mas também não era novidade pra ninguém que, onde quer que ele inserisse sua voz, o resultado musical ganhava uma outra dimensão.

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