quinta-feira, 23 de março de 2023

Crítica: "Transit of Life" dos chilenos de Arise Of Time, um EP de estreia prog emocional e conceitual

 

«Arise of Time» nasce de um desejo: honrar a memória de Rosa, mãe de Danilo e Andrés Venegas, que faleceram após uma longa doença. A ideia inicial era criar uma música longa, mas acabou se tornando o primeiro EP da banda, em grande parte graças à intervenção de Germán Torres, diretor da gravadora IGED.

Com Andrés no baixo, Danilo na guitarra e Germán assumindo a parte criativa além de teclar e dirigir o projeto, a banda buscou completar sua formação. Mauricio Maira foi escolhido para os vocais após ouvir sua interpretação de "No Perception", primeiro single da banda. O quinteto foi completado por Andres Rojas, baterista com uma extensa carreira, principalmente como membro fundador da "Delta", banda chilena de metal progressivo.

A homenagem à vida de Rosa é composta por cinco músicas que compõem "Trânsito da Vida", lançado em 10 de março. Os vinte e oito minutos do EP refletem o trabalho de dois anos desde a criação da banda pelos irmãos Venegas.

"Overture" nos dá uma introdução instrumental ao EP. A delicadeza da melodia suave e relaxante transporta-nos para um estado de tranquilidade, onde o piano cede timidamente as notas. Uma batida esmaecida é a ponte para uma explosão de riffs que mudam totalmente o clima. A progressão de acordes acelera e a guitarra elétrica assume o controle da música, criando uma vibe mais rock e poderosa conforme a primeira faixa ganha intensidade e emoção.

A transição é quase imperceptível entre o tema inicial e “Sem Percepção”, que serve como carta de apresentação de Mauricio sobre voz. É o tema escolhido como single do EP, que traz um vídeo em que a banda pode ser vista em ação. "No Perception" continua com a intensidade com que "Overture" encerrou; o refrão cativante dá à música sua identidade, mantendo o gancho. É uma exploração do vazio da perda de um ponto de vista puramente reflexivo, olhando e analisando.



O leitmotiv que iniciou "Overture" retorna para "Transit of Life", unificando o conceito do álbum. O choro de um bebê simbolizando o início da vida nos dá uma diretriz para o tema da terceira música que leva o mesmo nome do álbum. O tema eixo do disco e aquele que lhe dá nome é, sem dúvida, um dos pontos altos do EP, conseguindo aliar a potência e a sensibilidade que os artistas querem transmitir.

Em «Emotional Storm», o segundo tema instrumental, surge a veia mais metal da banda. A catarse se transforma em um intenso download de guitarras em que o piano cai como a chuva que abre e fecha a canção. É notável o trabalho de teclado que confere ao quarto tema do EP o seu caráter distintivo. Os segundos finais são o lançamento que serve de transição para o fechamento do disco. 

“The Last Goodbye” fecha com o máximo de emoção, a marca da banda de poder de equilíbrio e delicadeza é refletida no final com um floreio. A guitarra faz um ótimo trabalho de transmitir os sentimentos, neste finale apoiado por violinos que elevam a faixa final. Não é um final de luto, sentimental sim, mas, em última análise, uma celebração da vida. 

“Transit of Life” é uma excelente estreia de “Arise of Time” e uma grande homenagem a Rosa. Cada música do EP tem um propósito e significado no contexto do EP e, juntas, criam uma experiência de audição comovente. Este lançamento demonstra o talento e a paixão da banda e deixa o ouvinte com um sentimento de esperança e celebração da vida. Que seja o primeiro de muitos para “Arise of Time”. 


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