O novo disco de the Weather Station traz-nos profundidade e obscuridade nas letras e na composição mas com uma maior densidade na produção. É um conjunto de bonitas canções para ouvir com atenção e cuidado.
Há qualquer coisa de delicado mas também de poderoso no novo disco de The Weather Station. Este “Ignorance” é o quinto trabalho de estúdio da artista Tamara Lindeman e o mais completo até agora, com a banda a incluir atualmente duas baterias, saxofone, sintetizador, cordas, sopro, baixo e guitarra elétrica.
Existe profundidade e obscuridade nas letras e na composição, mas uma certa fanfarra na forma como essa composição é executada, com as cordas e o piano a reforçar a densidade – e até os sintetizadores são chamados para a festa mas sem perder o toque folk.
Há uma intensidade confusa que cresce de tom ao longo que as músicas vão avançando e o álbum vai evoluindo – logo desde a primeira faixa, “Robber”, que começa delicada para acabar numa explosão abafada de instrumentos. Segue-se “Atlantic”, que nos deixa a nós, e a Lindeman, sem fôlego. “Tried to Tell You”, ritmada e simples, olha de fora para alguém, em formato de aviso, num falsete suave. “Separated” surge já num tom mais positivo e alegre, quase pop, ritmado e em “Trust” o piano e as cordas levam-nos para uma obscuridade triste. A fechar, “Subdivisions” leva-nos pela mão até à melancolia.
Todas estas canções pintalgadas de algum sofrimento são pintadas pela voz característica de Lindeman, entre o sussurrado e o grito, suave, rouco, mas também perturbador. E em cada música a profusão de instrumentos que a canadiana escolheu para a acompanhar são organizados e valorizados de forma diferente, num equilíbrio delicado.
Este é um daqueles discos que merece ser ouvido com atenção, para apanhar as nuances, a suavidade dos instrumentos e da voz de Lindeman. Em cada audição nova descobre-se um novo pormenor e dá-se atenção a uma parte diferente da música. É, sem dúvida, para acabar de ouvir e pôr a tocar outra vez.
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