Resenha
21
Álbum de Johannes Schmoelling
2023
CD/LP
Este álbum é a sequência de "VP 20", EP que Schmoelling produziu chamando outros músicos para ajudar, mas sem sair do seu estilo pessoal. Agora são nove faixas, nas quais novamente o autor prova que ele é de verdade "o" Tangerine Dream da primeira metade dos anos 1980. Junto com o EP anterior "VP 20" e o mais recente álbum "Iter Meum", "21" um disco em que ele demonstra sua enorme e definitiva influência na estética da ex-banda, recobrando um pouco do crédito que tinha ido para o fundador Edgar Froese. É uma declaração artística pungente, porque Johannes já passou dos 70 anos de idade, Edgar morreu em 2016 e a banda atual é formada por outras pessoas que ele pessoalmente não aprova. Posto isso, é um LP mais fraco e leve que o EP que o precedeu, e sem as elevadas pretensões de "Iter Meum". Os colaboradores incluem os mesmos do EP e, mais uma vez, há um monte de citações do TD, como se fossem “easter eggs” para o ouvinte. "Philosophical Robots" (faixa solo) começa "pinkfloydiano", com uma introdução meio gratuita que lembra demais o início de "Shine On You Crazy Diamond". A composição de verdade começa aos 2:30 minutos e nos leva instantaneamente aos anos 1980, com a mesma instrumentação e ornamentos da época, tudo feito em instrumentos autênticos! É uma boa faixa, mas em se tratando de Schmoelling solo, podemos esperar algo mais - e esse algo mais é sugerido na forma de uma breve "coda", tão vibrante que merecia ser uma faixa à parte. "Against the Courtiers" (com Kurt Ader) é uma peça parada e quase ambient, que lembra trechos de trilhas sonoras feitas pelo TD com Johannes na equipe. Não me diz muita coisa. "House of Mirrors" (com Jonas Behrens) foge um pouco do caráter do disco. Com uma levada pop contemporânea, que não deixa de lembrar criações de Jerome Froese, ela parece pedir por vocais. Lá pela metade, musa para algo vagamente similar à parte final de "Logos", retornando depois ao tema inicial. "Outer Limit" (com Lambert Ringlage) é a melhor coisa do LP. Deve ser uma homenagem a Edgar Froese, pois contém todas as assinaturas sonoras do falecido amigo: um baixo no sequenciador em escala fixa com efeitos de ritmo em delay e solos sucessivos de guitarra e teclado, com direito a uma citação de um trecho atmosférico de "Poland" no final. O colaborador Lambert Ringlage também co-assina a bela faixa de encerramento de "VP 20", chamada "Ancient Ride". Lindo resultado! O álbum inteiro poderia ser desse jeito. Mas não. Em "Spun Sugar" (com Jerome Froese), o artista convidado quebra o clima iniciando e terminando a faixa de um jeito açucarado que é completamente diferente da participação de Johannes no miolo, sem muito desenvolvimento. O rebelde filho de Edgar faz isso costumeiramente em suas composições. Aqui, o truque não funciona tão bem. Como já vimos em "Beginn", colaboração recente de Jerome com Claudia Brücken, tudo em que ele toca soa como ele mesmo e mais ninguém, para o bem ou para o mal. "Escape Plan" (com Kurt Ader) é um tema soturno que parece música incidental para um filme. O arranjo esparso com um piano e um ritmo abafado é interessante, mas a ideia não vai para lugar nenhum após o obrigatório solo de teclado. "Swordplay" (com Robert Waters) é a faixa mais rápida, uma mutação inesperada de "Stratosfear" que se move na direção de um techno moderno na segunda parte. O parceiro aqui, Robert Waters, fez parte da banda Loom com Schmoelling e Jerome Froese. Há sons bastante criativos e um final melódico interessante que merecia ser estendido. "Reflections" (com Andreas Merz) parece uma paródia de música de videogame de 8 bits, uma brincadeira dispensável, até chegar à metade de sua duração, quando Johannes se leva mais a sério e a coisa melhora consideravelmente, mas sem perder um certo ar de "cumprindo a tabela". Esta faixa soa como a menos acabada de todas. "Old Days" (com Jonas Behrens) tem uma bela melodia que nos transporta aos tempos de "Logos", sem tentar soar demasiadamente "vintage". Ainda assim, parece faltar-lhe impacto, como se os autores não acreditassem suficientemente em seu potencial para tornar-se um clássico do repertório.
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