Resenha Arena Álbum de Asia 1996

 

Resenha

Arena

Álbum de Asia

1996

CD/LP

Dando continuidade às resenhas fantásticas aqui sobre a era John Payne na banda, com esse lançamento após o esplêndido Aria, Asia consegue o improvável: subir ainda mais a régua do esplendor de requinte e classe do AOR mundial.
Com um time novamente remodelado de super músicos, Payne e o mestre das teclas Geoff Downes acertaram como sempre na escolha desses caras e se uniram à mais influências, de world music à musica latina, e até reggae!!!
A produção está impecável, Payne está cada vez mais versátil e emocionante, e tudo aqui exala poder e criatividade acima da média, se distanciando de vez daquele classic Rock simples e até um pouco arcaico dos 3 primeiros discos. Obviamente também sou muito admirador de mestre Wetton e sua Era, porém Payne trouxe uma evolução artística indiscutível.

A obra começa com uma belíssima instrumental Into The Arena, meio à la Santana, cheia de percussão e melodias inebriantes, para logo depois desaguar em Arena, o início das fortes influências latinas que permeiam o álbum. Nós desbravadores AOR e afins, somos bastante ligados ao Rock, ao peso e poder, mas aqui o Asia apresentou uma grande diversificação sonora, porém sempre obviamente, com o Rock como essência principal. Nas faixas que aprofundam esses estilos diferentes, o disco é puro Asia na questão AOR progressivo.

Heaven é simplesmente divina, cheia de camadas, com uma nuance suave e com tudo que mestre Payne tem a oferecer em um refrão de corais estonteante e com Downes ampliando sua gama sonora para altos padrões. Obra celestial.

Two Sides Of The Moon é um dos destaques. Suave e atraente, ela te pega cantando sozinho logo após 2 ou 3 audições. Um groove onde a linha vocal inteira é pegajosa, chegando ao surpreendente fim do que comentei acima: uma explosão reggae matadora! Não sou fã do estilo, nem de longe, mas aqui a coisa combinou de um jeito que não tem como você não sair dançando!! O refrão dela nem precisou tanto de corais bastou algumas dobras de Payne para ficar primorosa.

The Day Before The War é épica, emocionante, pesada, como uma história cheia de fases, como uma guerra, com momentos de intensidade e calmaria, e uma letra de emoção, dramática, narrando a apreensão um dia antes da guerra, no front de batalha. Outra joia bruta.

Arena segue uma montanha russa de influências mas sem perder o conceito no qual Asia decidiu dar à ele, diferentes joias, mesmo universo. A dupla Never e Falling são deliciosas e seguem mais a trilha de Aria, uma começando com o teclado de Downes arrebatador e a outra mais suave mas não menos intensa, de um refrão absurdo... "help meeee, now I´m faaalliinnggg..." senhores, que elegância ímpar!

Words e U Bring Me Down também seguem dentro do meio Asia de ser, peças mais sisudas e meio abstratas, mais uma vez combinando totalmente com o conceito. 

Tell Me Why é pra mim outro destaque, com um dedilhado de início e Mr. Payne rasgando nossa alma com sua voz alucinante. A música está suave e logo explode em um coral fabuloso, em um questionamento de duvida: " porque não acredito em você??"... realmente esse album traz uma carga dramática forte nas letras, e essa é uma que te faz cantar de joelhos também.

Turn It Around e Bella Nova finalizam a magnitude de Arena, sem deixar pedra sobre pedra, solidificando John Payne como um colosso AOR. Sou muito suspeito e fanboy, tem jeito não, pois foi esse disco junto com Aqua que me fez ressuscitar para o AOR lá em 1999 quando eu estive adormecido para o estilo, desde os tempos dos comerciais do Hollywood, anos 80.
Curiosamente a capa é do mestre Roger Dean, com suas muitas pinturas surreais, porém feita juntamente com Rodney Matthews, outro grande desenhista, o que dá um ar mais moderno e um pouco diferente do trivial de mestre Dean, com um leão surreal e imponente, com asas, no alto de uma montanha psicodélica, belíssimo como essa obra é como um todo.

Viva Asia e sua fase de puro requinte e riqueza total ao mágico estilo!