Em 2019, a banda de metal londrina "Sermon" fez uma estreia fabulosa com "Birth of Marvelous". Completamente envoltos por um enigma, na altura era difícil classificá-los como banda, já que o projeto era conduzido de forma criativa e performática por uma única pessoa, “Ele”, um músico sobre o qual pouco se sabe e que aparece por detrás de uma máscara. . Depois de entrar em cena há quatro anos, “Sermon” estava de volta às sombras.
Este ano, "Sermon" está de volta com "Of Golden Verse", sua segunda produção, já que o baixista Lawrence Jenner aparece como um integrante mais estável, além de James Stewart (Decapitated e Vader, entre outras bandas), que é responsável pela bateria e é uma peça fundamental no som deles, embora não seja um membro oficial do "Sermon". Ele leva tudo por trás de sua máscara, sendo compositor, tecladista, vocalista e entre outros créditos.
"Of Golden Verse" é composto por dez faixas lançadas no final de março deste ano. Novamente uma remessa que é impossível perder.
"The Great Marsh" é a introdução, criando uma atmosfera em que a banda se aproxima com o fósforo para acender a chama que vai queimar pelos próximos 49 minutos. É pouco mais de um minuto que nos guia por um lugar escuro que logo se iluminará.
"Royal" flui imperceptivelmente junto com a faixa que abre o álbum. É neste momento que começamos a descobrir a nova fase da banda. Os riffs e a percussão andam de mãos dadas sem hesitar. "Royal" é avassaladora, uma daquelas músicas que você deseja ver ao vivo.
A terceira faixa, "Light the Witch", introduz-nos numa cerimónia onde os jogos de voz criam a cena sinistra que nos arrasta. A morte na fogueira é o simbolismo da luta que se trava, o expurgo do fogo, os conflitos e dilemas internos e externos dão vida à canção. O final abrupto quebra a inércia realçando o som etéreo que se segue.
A breve “In Black” é o exercício de tensionar o arco para lançar “The Distance”, ponto alto do álbum. A sonoridade tribal da percussão é um dos elementos que lhe conferem identidade no final da primeira metade do álbum. As letras enigmáticas acompanham uma música que se desenvolve emocional e intensamente.
«Senescence» continua na linha do antecessor, mais ambiental, continuando com a reflexão sobre a transformação, mudança e ciclos em que nos encontramos. A melodia reflete como a senescência inclemente avança sem pressa e sem pausa. São quase oito minutos que te pegam sem volta.
“Wake The Silent” quebra o transe e mais uma vez nos leva a territórios de guitarras poderosas e distorções que vão subindo gradativamente à medida que a música decola, dando um ar épico a uma sétima faixa que não para e envolve o ouvinte em vertigem. Um grito de guerra que chama a despertar todos aqueles que estiveram adormecidos, arrastados pela rotina.
O início de "Golden" introduz novos elementos. Escolhida como single para divulgar o álbum, inicia-se uma melodia de teclado que varia em intensidade e instrumentação, mas continua sendo o eixo musical ao longo dos quase sete minutos.
Há um novo interlúdio com “Centre”, um voo contemplativo guiado por um motivo musical que acaba por ser lançado na última faixa “Departure”. Começando com uma bateria que inunda os ouvidos, a intensidade aumenta até chegar à calma final que dá o toque final ao álbum.
"Of Golden Verse" é um passo em direção a uma sonoridade mais pesada e agressiva por parte de "Sermon", sem deixar de ter sua produção imaculada em que cada instrumento soa perfeito. O conceito lírico merece uma menção especial com letras provocativas e enigmáticas que dão lugar a um mar de interpretações.
A abordagem a uma banda como "Sermon" pode gerar alguma dúvida, visto que é uma banda relativamente nova com apenas dois discos que, no entanto, com todo o seu ar de mistério e essencialmente a sua proposta musical transmite uma sensação de imensidão que não nos permite para julgá-los como novatos no mundo do progressivo. "Of Golden Verse" é uma proposta madura e sólida que os afirma como uma das bandas a seguir.
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