segunda-feira, 17 de abril de 2023

Resenha Spirit Of Eden Álbum de Talk Talk 1988

 

Resenha

Spirit Of Eden

Álbum de Talk Talk

1988

CD/LP

Recentemente, conheci esse disco da banda Talk Talk - até o conhecia de nome, mas a banda nunca havia me despertado o interesse, logo, o disco também não. Spirit of Eden não é um tipo de trabalho que me encanta instantaneamente, eu sabia que teria que ter um pouco de paciência. Antes de qualquer coisa, é bom saber que se trata de um álbum que requer uma atenção absoluta, caso contrário, sua música pode soar simplesmente lenta e chata. Seus ritmos quase hipnóticos, são confeccionados por meio uma vasta nuance de instrumentos, como, piano, órgão, guitarra, baixo, bateria, trompete, clarinete, violino, oboé, fagote, shozyg entre outros. 

“The Rainbow” começa o disco por meio de paisagens sonoras atmosféricas, seguindo assim pelos primeiros quase 2 minutos e meio. Todos os instrumentos vão surgindo em um clima sombrio, com destaque para alguns trabalhos de gaita que são de partir o coração. Os grooves preguiçosos encontrados - não entenda isso como algo pejorativo - nos versos da peça, por vezes, são substituídos por refrãos etéreos e alguns toques minimalistas. Um começo lindíssimo de disco. “Eden” começa por meio do gancho deixado pela música anterior. O piano e um acorde repetitivo vão surgindo aos poucos até atingir rapidamente uma intensidade que logo silencia. Os vocais entram pela primeira vez e o arranjo espacial é muito bonito, porém, não soa como algo muito habitual. Por volta dos 5 minutos, a peça entra no seu clímax e permanece por alguns segundos, então suaviza novamente e segue assim até o seu fim. 

“Desire”, inicia em um clima meio celestial por meio de algumas nuances sutis de piano, baixo, trompete e uma percussão suave ao fundo, então que o órgão e alguns vocais doces também se juntam à música. Por volta dos 2:40, a banda explode pela primeira vez em uma sonoridade pesada e perturbante, mas que dura apenas cerca de 25 segundos, com a música regressando para o tema calmo anterior. Há uma outra explosão mais a frente, mas desta vez e com a entrada de mais instrumentos, tudo soa mais cacofônico. Quanto mais vai chegando perto do seu desfecho, a faixa vai ficando mais louca, até que todos os instrumentos silenciam e a peça encerra com algumas notas de piano. “Inheritance” começa com algumas notas suaves no órgão, seguido dos primeiros vocais, esses novamente cheio de sentimentos. A bateria é bem-soante, as linhas de baixo espaçosas e as teclas preenchem a peça de forma brilhante.  Também vale destacar o refrão que eu adoro.  

“I Believe In You” é uma música que flui muito bem dentro de um estilo padrão, alguns excelentes acordes de órgão e uma bateria simples é o que se destaca aqui, porém, algumas outras colagens sonoras encorpam muito bem a música, enquanto os vocais etéreos mantem o disco dentro de um clima introspectivo. Vale também, fazer a menção ao Coro da Catedral de Chelmsford que entrega mais brilho para a música. “Wealth” é a música que encerra o disco. Sem dúvida a peça mais minimalista de Spirit of Eden. As teclas - principalmente o órgão de igreja em determinados pontos - e o violão dominam a música. As notas são encaixadas de forma esparsa e sombria. Os vocais parecem lamentar alguma coisa. Um final de disco bastante baixa astral, porém, não poderia ser diferente diante do que foi apresentado até aqui.  

Antes de qualquer consideração final, é justo mencionar que este disco influenciou muitas bandas de post-rock e até algumas coisas do Radiohead. Sobre a música do álbum, confesso que não vou ouvi-lo tão cedo novamente, mas não por não haver qualidade em seu som, muito pelo contrário, qualidade aqui tem de sobra, porém, tudo acontece dentro de uma melancolia tão grande que chega a me despertar tristeza.  

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