segunda-feira, 17 de abril de 2023

Resenha Waterloo Lily Álbum de Caravan 1972

 

Resenha

Waterloo Lily

Álbum de Caravan

1972

CD/LP

Eis o disco que pode ser considerado facilmente o último da banda em que existe um alto teor de rock progressivo em seu som clássico e mais bem desenvolvido – o disco seguinte, For Girls Who Grow Plump In The Night, é sensacional, porém, a chama da essência progressiva não queima mais tão forte. A musicalidade é excelente, os vocais muito bem trabalhados e cada uma de suas faixas são extremamente bem desenvolvidas. A variação de humor encontrada em aqui, é bastante intensa, com algumas mudanças de ritmo que variam entre momentos tranquilos e um rock progressivo de incursões jazzísticas que são uma das marcas registradas da banda.  

A faixa título já começa do disco entregando uma excelente composição. As linhas de guitarra são cheias de suingue e os vocais muito adequados, vale destacar também o teclado jazzístico e um solo de guitarra que vai crescendo aos poucos depois dos 4 minutos e meio de música, sendo essa a melhor parte de uma longa parte instrumental da peça. Alguns vocais dobrados também dão um charme todo especial à canção. “Nothing At All” é uma peça instrumental de mais de 10 minutos, guiada principalmente por linhas fortes de baixo, enquanto guitarras e teclas trabalham muito bem por meio de algumas excelentes improvisações jazzísticas, porém, ainda há espaço para alguns ataques de saxofone. Na parte central, há um belo interlúdio primeiramente feito por um piano solo, mas que aos poucos vai ganhando a companhia do baixo e leves toques de bateria, até que a peça volta para um ritmo mais enérgico, liderada primeiramente por um trabalho muito bom de órgão e depois pela guitarra, enquanto a seção rítmica mantem a peça sempre sólida e robusta.  A faixa então regressa ao tema do começo e termina em fade-out.  

“Songs & Signs” é uma música extremamente agradável, ótimos vocais com falsete e melodias belíssimas muito bem-feitas. A parte instrumental e que toma a maior parte da peça, aumenta um pouco o nível de complexidade, mas mantendo sempre um tom lúdico. Resumindo, é uma música simples de ótimos vocais e instrumentação sólida. “Aristocracy” mantem a mesma serenidade deixada pela peça anterior, mas agora dentro de um som mais suingado. A guitarra wha wha é ótima, assim como a seção rítmica que brilha – principalmente a bateria. Tem pouco mais de 3 minutos, não tem tempo para que aconteça muita coisa, mesmo assim, é um dos destaques do disco. 

“The Love In Your Eye”, se a faixa anterior é a mais curta do disco, aqui estamos diante da mais longa. Com 12 minutos e meio, começa com alguns vocais doces sobre uma música sinfônica, mas não demora para que todos os instrumentos entrem juntos e direcione a música para uma linha mais rock. Sabe aquele tipo de música que existe espaço para que todos os membros de uma banda brilhem? Pois é exatamente o que acontece aqui. O trabalho de flauta é brilhante, as linhas de baixo são muito criativas, a guitarra entrega alguns solos “agressivos” e belas melodias, as teclas estão sempre muito bem arranjadas e a bateria embora não seja complexa, funciona perfeitamente bem. A música mais essencialmente progressiva e umas melhores de todo o catálogo da banda. “The Love In Your Eye” é a peça que finaliza muito bem o disco. Uma música cheia de simplicidade e doçura e de uma pegada muito interessante. Os vocais são ótimos, principalmente o refrão que soa cativante. Instrumentalmente, possui uma guitarra limpa, seção rítmica adequada e teclas mais tímida que em outros momentos do álbum. Um final muito bom para o disco.  

Acho que, independentemente de considerá-lo o melhor pior ou o melhor entre os discos mais clássicos da banda, é bastante visível que ao ouvirmos Waterloo Lily, estamos diante de um grupo disposto a injetar uma espécie de entusiasmo novo em seu som mais clássico - o que pode ter agradado alguns e decepcionado outros. Waterloo Lily entrega vocais lindos e instrumentais sofisticados que mostram uma complacência sonora entre o jazz-fusion e o rock progressivo.  

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