Após transformar o trágico terremoto seguido de tsunami que destruiu Lisboa em meados do século 18 no sensacional álbum 1755 (2017), o Moonspell surpreende outra vez com Hermitage, seu novo disco. Aqui a banda se reinventa, afasta-se totalmente da tríade black/doom/gothic metal e entrega um trabalho de rock progressivo com elementos de heavy metal – e não, não estamos falando de prog metal, mas sim de um som alinhado às grandes lendas do prog da década de 1970.
Há uma enorme influência de Pink Floyd em Hermitage. As ambiências, as atmosferas, a estrutura das canções, os solos de guitarra, deixam claro o quanto a banda de Roger Waters e David Gilmour moldou o décimo-segundo disco do grupo português. É um grito pela liberdade criativa, com o quinteto afirmando que é capaz de seguir um caminho sonoro que não está enraizado nas convenções e fórmulas do metal e alcançar o mesmo nível de qualidade que apresentou em álbuns aclamados como Wolfheart (1995), Irreligious (1996) e Night Eternal (2008).
Os dois grandes arquitetos dessa revolução foram o guitarrista Ricardo Amorim e o tecladista Pedro Paixão, autores de todas as músicas. Fernando Ribeiro praticamente não utiliza o gutural. As dez faixas são excelentes, sem nenhum momento fraco, o que torna essa experiência do Moonspell por uma nova sonoridade provavelmente o melhor disco da banda, ao lado de 1755. Os destaques vão para a abertura com “The Greater Good”, “Common Prayers”, “Hermitage”, “The Hermit Saints” e “Without Rule”.
Hermitage é uma nova obra-prima do Moonspell e monta o pódio da banda ao lado de 1755 e Wolfheart. Poucas vezes uma banda se reinventou tanto e alcançou um resultado tão soberbo assim.
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