quinta-feira, 25 de maio de 2023

CRONICA - BAHAMAS | Le Voyageur Immobile (1976)

 

Formação efêmera francesa formada por músicos que fazem parte da equipe artística do cantor Christophe, que pode ser encontrada em Les Mots Bleus (1973) e Olympia (1975), entre outros.

O problema com Christophe é que ele reluta em se apresentar no palco. Depois de alguns shows no Olympia em novembro de 1974 e caseiro, ele decidiu fazer uma pequena pausa. Mas isso significa desemprego técnico para músicos. Sem outros recursos e diante da inércia do carismático cantor, surge a ideia do tecladista Dominique Perrier, do guitarrista Patrice Tison, do baixista Didier Batard e do baterista Roger Rizzitelli de montar um grupo batizado de Bahamas. O nome surge de uma ideia de Dominique Perrier que ao assinar o contrato com a Motor Records (a mesma editora de Christophe) viu passar um dos seus amigos com uma t-shirt a promover estas ilhas exóticas.

Ao mesmo tempo em que trabalhava em Samouraï de Christophe, o quarteto publicou Le Voyageur Immobile em julho de 1976.é composto por 7 títulos e onde o canto é assegurado por Didier Batard (com a contribuição para a escrita de Sybil Demarsan, esposa do compositor Eric Demarsan). Musicalmente, esta obra insere-se na veia do rock progressivo com um clima atmosférico e irreal, apostando tanto no tecnicismo como na emoção, como a faixa de abertura "Jimmy" que ultrapassa os 7 minutos. Introduzido por colagens, monólogos, efeitos eletrônicos e orgânicos, um órgão celeste surge neste cenário vagamente perturbador. Um órgão que dá lugar a um piano com ritmo funky acompanhando letras surreais. Não se trata de contar uma história mas de alimentar um lirismo delicado e frágil que reina neste disco. Depois a guitarra alça voo com um tema vertiginoso, amparada por este piano funky, este baixo inflado a hélio e esta formidável bateria

Outro ponto forte, os 6 min de “Bizarre” onde estamos entre Yes pelos teclados, Pink Floyd pela guitarra, Supertramp ao piano e uma pitada de jazz fusion pelo gibão rítmico.

O resto, de aparência menos complexa, é igualmente atraente com a atormentada "Motel", a sonhadora "Norway Samba", a instrumental mais sustentada "Bahamas" e a nostálgica "Oscar Chesterfield". O caso termina com a dramática "It's Raining Flowers On My Piano" com vocais em francês e inglês. Bela conclusão que vê a participação de Martin Hall nas letras. Este último colaborou por um tempo com o Genesis. Bahamas apostou internacionalmente? Os músicos tinham os meios.

Desejo piedoso. Após a turnê de verão de Christophe em 1976, onde Bahamas fez a primeira parte, Dominique Perrier e Roger Rizzetelli decidiram acompanhar Jean Michel Jarre durante a comercialização do LP, cortando um grupo promissor pela raiz. Posteriormente, eles formarão a Space Art, precursora da música eletrônica na França. Roger Rizzetelli morre em junho de 2010. Didier Batard partirá para Heldon e prestará seus serviços a Véronique Sanson, Mike Lester, Patrick Juvet, Alain Bashung… Patrick Tison se juntará a Bernard Lavilliers antes de se tornar guitarrista de estúdio de Yves Simon, Francis Cabrel, Jean -Jacques Goldman, Marc Tobaly, Johnny Hallyday… Ele desapareceu em novembro de 2001.

Abandonado, Le Voyageur Immobile nunca teve uma reedição em CD até hoje. Mas está corrigido desde maio de 2023 pela Bad Reputation. A editora francesa teve o cuidado de relançar o som com como bónus duas canções interpretadas por Christophe na companhia das Bahamas apenas lançadas como single na altura, “Macadam” um rhythm & blues cósmico e a dolorosa balada “Daisy”. Grande oportunidade para reabilitar um disco injustamente esquecido.

Títulos:
1. Jimmy
2. Motel
3. Norway Samba
4. Bahamas
5. Oscar Chesterfield
6. Bizarre
7. Il Pleut Des Fleurs Sur Mon Piano

Músicos:
Patrice Tison: Guitarra, Vocal
Didier Batard: Baixo, Vocal
Dominique Perrier: Teclados, Vocal
Roger Rizzitelli: Bateria

Produção: Francis Dreyfus


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