Resenha: "Números" de Nekokatsu, EP de estreia do rock-pop experimental do compositor chileno
Números é o EP de estreia de Nekokatsu, multi-instrumentista e cantor e compositor de rock alternativo/pop em espanhol. Este EP tem sons e influências musicais de rock alternativo, pop japonês e música de videogame. Estas três canções convidam-nos a refletir sobre a ligação dos números e a experiência humana numa perspetiva numerológica, a questionar-nos onde se encontra a essência de si mesmo e a reviver curando certas palavras que perduram dentro de nós. Pelo menos até o primeiro álbum, todos os instrumentos e vozes foram gravados pelo compositor, exceto a bateria de todas as músicas, que foi tocada por Andrés Rojas (Andy Pop), baterista do DELTA. Foi capturado e mixado nos discos IGED por Germán Torres.
“Números” , a faixa que dá nome a este trabalho, começa com energia. Uma voz melódica intervém para nos dar o estilo definido que se percebe como bem formado. O conjunto instrumental se sente completo e firme, com seus correspondentes refrões que acompanham e dão ainda mais força à canção. Seus versos são incisivos, e te sacodem até o fim. Intui-se que se fala em numerologia e como ela tem feito parte da vida do autor. Musicalmente, tem ritmo em 7/4 contra 4/4 e a melodia principal, em uníssono do baixo com a voz.
De imediato, “Identity” é apresentado com um pouco de suspense e bom tempo. Apenas alguns momentos depois, ele desencadeia uma série de fortes impulsos novamente. Você já pode notar o grande trabalho de produção que ficou como resultado desse trabalho. Aqui, há ambientes que se intercambiam organicamente, e mantêm todas as sequências em tom agudo, além de uma clara ênfase musical no baixo ostinato. Por fim, levanta uma questão filosófica: o que se faz com o outro e como isso muda durante a vida?
“La Bala Pasada” é uma fusão de ritmos bem integrados, selecionados e oleados. Quando menos se espera, um solo de guitarra surpreende pela execução e interpretação. Através de um idioma chileno, que se traduz como ficar com vontade de dizer algo, tem timbres médios experimentais nos teclados, e uma harmonia meio dissonante sobre um ritmo meio latino, quase dançante. Soberbo.
É uma peça estendida que é inteligente, verdadeira e traz muito trabalho duro. Sua flexibilidade polifônica sincera emerge com texturas abundantes de emoções impostas. Ele foi projetado ponto a ponto, sem perder oportunidades experimentais. Por esse motivo, foi possível evitar a sobreposição de ideias sobrepostas desnecessárias que inevitavelmente carregam demais a mixagem. O que é justo e preciso foi escolhido, para ser o mais perspicaz possível. Uma mensagem clara desde a composição criativa, até ao resultado versátil das decisões artísticas finais.
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