terça-feira, 16 de maio de 2023

Review: Soen – Imperial (2021)

 


O Soen vive aquele momento mágico que transforma bandas competentes em lendas: uma sequência de discos brilhante, todos com qualidade ascendente, um melhor que o outro de forma literal.

Formada na Suécia em 2010, a banda chega ao seu quinto álbum com Imperial, disponibilizado no final de janeiro. Ele é o novo capítulo de uma discografia que conta com Cognitive (2012), Tellurian (2014), Lykaia (2017) e Lotus (2019), todos ótimos. E Imperial vai na mesma linha, acentuando a maturidade da banda ao mesmo tempo que mostra um grupo de músicos longe de perder a criatividade. Se no início de sua trajetória o Soen era associado de maneira justa com o Tool – e não necessariamente no bom sentido, já que o som dos suecos chegava a ser incomodamente semelhante com o do quarteto norte-americano em alguns momentos -, com o passar dos anos o grupo descobriu, aprimorou e desenvolveu a sua própria identidade sonora.

Liderado pelo baterista Martin Lopez (ex-Opeth e Amon Amarth) e tendo como outros destaques o vocalista Joel Ekelöf e o guitarrista Cody Ford, o Soen faz um som que transita entre o rock e o metal progressivo, com alguns ingredientes que remetem ao djent e ao metal alternativo em segundo plano. A sonoridade é limpa, cristalina, clara e pesada, enquanto os vocais de Ekelöf são quase translúcidos de tão límpidos. A bateria extremamente rica de Lopez conduz todos os movimentos e tem como principal parceira a guitarra brilhante de Ford. A banda explora padrões cíclicos de melodia de forma constante, assim como usa de maneira frequente passagens mais etéreas e atmosféricas que intensificam o lado emocional das composições.

“Illusion”, o belo primeiro single do trabalho, é um exemplo quase didático da forma de fazer música do Soen. “Lumerian”, que abre o álbum, e “Monarch”, trazem um peso percussivo estonteante. “Deceiver” aposta no groove e na quebradeira, enquanto “Antagonist” é prog metal puro. O lado mais contemplativo da banda é explorado em “Modesty”, que conta com belíssimas guitarras, e a parte final do disco traz “Dissident” (uma música que podemos caracterizar como “puramente Soen”, um passo e tanto para uma banda que sofria comparações depreciativas no início da carreira) e “Fortune”, essa última com uma pegada bem diferente das demais.

Imperial traz o Soen outra vez entregando um disco excelente. Ótimo em todos os sentidos, o trabalho possui todos os ingredientes para dar ainda mais visibilidade à música do quinteto sueco.



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