segunda-feira, 26 de junho de 2023

Rose City Band – Summerlong (2020)

 

Ripley Johnson, que faz parte de projetos tão diferentes como o rock psicadélico de Wooden Shjips ou a electrónica de Moon Duo, vai aqui pedir emprestado ao country rock americano dos anos 70, com guitarras prolongadas e ritmos de deserto.

Summerlong surge neste ano difícil de 2020 como um raio de sol e de boa disposição, um bálsamo para quem tem um fraquinho por folk e country rock.

Este é o segundo LP de Ripley Johnson como Rose City Band, onde toca todos os instrumentos menos bateria. O multi-instrumentista, que faz parte de projetos tão diferentes como o rock psicadélico de Wooden Shjips ou a electrónica de Moon Duo vai aqui pedir emprestado ao country rock americano dos anos 70, com guitarras prolongadas e ritmos de deserto.

Ripley Johnson no sofá
Ripley Johnson

Summerlong abre logo sem esconder ao que vem, com a excelente “Only Lovely”, toda ela guitarras country e música de estrada. Segue-se a languidez de “Empty Bottles”, onde tudo é etéreo e ecoa, da voz à ligeira bateria. Já “Real Long time” é uma espécie de galope ritmado de country da costa Leste, a puxar à guitarra blues do início do século passado, dedilhado com mestria e que dá vontade de acompanhar batendo o pé. “Floating Out” volta a abrandar o ritmo, com letras introspectivas e um excelente solo de guitarra mas segue-se logo “Morning Light”, que é alegre e ritmado. Em “Reno Shuffle” temos uma sonoridade blues intensa e regressamos ao country em “Wee Hours >”, toda ela guitarra. A fechar, “Wildfire” parece um prolongamento do tema anterior e evoca quilómetros e quilómetros de terra vermelha e poeirenta. São apenas oito faixas, mas com uma mestria e beleza que dão de imediato vontade de ouvir novamente.

Summerlong é o tipo de disco que queremos ouvir enquanto conduzimos numa estrada vazia no meio do deserto, ao sol de final de dia, de janelas abertas e serenidade. Não é para velocidades, é para aproveitar a viagem, bebendo cada acorde e cada palavra com a calma que este trabalho merece.

Há arte neste trabalho, que soa a ecos e a pó, a deserto calcorreado de guitarra às costas, a folk americano, a country rock cheio de sol e languidez, para ouvir com atenção às nuances e à beleza de cada dedilhado.



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