segunda-feira, 3 de julho de 2023

Resenha American Dream Álbum de Crosby, Stills, Nash & Young 1988

 

Resenha

American Dream

Álbum de Crosby, Stills, Nash & Young

1988

CD/LP

Idas e vindas fazem parte da história do trio Crosby, Stills & Nash, sendo que o relacionamento entre eles sempre foi o problema principal. Com Neil Young então a coisa ainda era mais complicada, já que o músico canadense é conhecido pelas mudanças repentinas de opinião e tomadas de decisões de última hora. Quase vinte anos se passaram até que o trio pudesse ser novamente um quarteto e registrar em estúdio a sequência do clássico "Déjà Vu".

Estamos nos aproximando do final da década de oitenta. A carreira de Neil Young já não desfrutava do melhor momento em termos comerciais, David Crosby tinha passado um tempo preso por porte de drogas, e Stills e Nash caminhavam em paralelo com suas carreiras de maneira mais discreta. Quando as estrelas se alinharam, Young impôs a condição de que Crosby deveria estar limpo e livre dos vícios para que enfim colocasse a vida nos eixos e pudesse se comprometer devidamente. Com tudo certo e orquestrado, o quarteto partiu para o rancho de Young em Woodside, California, para registrar "American Dream".

O maior pecado de "American Dream" é ser visto como a continuação de "Déjà Vu", um dos maiores discos da história da música. Aqui o folk e a pegada mais blues rock ficaram para trás, dando lugar a um trabalho feito por senhores mais maduros, tranquilos e, por consequência, menos ousados. O disco traz uma abordagem bem soft rock, com um pouco de AOR bem característico dos anos 80. Fato é que, além dos detalhes já mencionados e como o próprio David Crosby veio a dizer anos depois, "American Dream" tem faixas demais e não conta com um bom pacote de canções. Tenho que concordar, embora esteja muito longe de ser desconsiderado por completo.

Gostaria de começar com as canções que são - infelizmente - descartáveis. "Shadowland" é um equívoco enorme de Graham Nash e é a pior faixa do disco, um pop da época bem esquisito. "Nightime for the Generals" e "Compass" de David Crosby também são bem abaixo da média, sendo que a segunda ainda ganha pontos pela sua excelente performance acústica e vocal, além de ser um testemunho dos seus anos perdidos com os famosos excessos da vida de artista. "Drivin' Thunder", de Stills, é recheada de boas intenções por ser mais rocker, mas também deixa a desejar.

Quem não falha por aqui é Neil Young. Autor das três melhores faixas do disco, a sátira de abertura "American Dream", bem soft rock, a pegajosa "Got It Made", composta com Stills, e a lindíssima e intimista balada "This Old House". "Name of Love" e "Feel Your Love" também se destacam positivamente. Nash acerta com suas melodias mais densas em "Don't Say Goodbye" e "Soldiers Of Piece", a primeira uma bela balada e a segunda com sonoridade mais épica. "Clear Blue Skies" também de sua autoria, também é bem bonitinha, com melodia singela e ótimas harmonias. Por fim, Stills acerta quase 100% em "Night Song", que não brilha tanto quando seus grandes hits, mas funciona bem em um movimento também mais rocker.

Apesar de diversificado entre as faixas, "American Dream" frustrou um pouco os saudosistas, já que a apresentação de CSN&Y como um quarteto sempre foi um evento grandioso. Mesmo assim, ouvir esses caras cantando juntos é sempre gratificante e agradável aos ouvidos. Pode não ser o melhor momento do grupo, mas ainda sim é um disco que tem seu valor.

Tracklist:

American Dream	3:15
Got It Made	4:36
Name Of Love	4:28
Don't Say Goodbye	4:23
This Old House	4:44
Nighttime For The Generals	4:20
Shadowland	4:33
Drivin' Thunder	3:12
Clear Blue Skies	3:05
That Girl	3:27
Compass	5:19
Soldiers Of Peace	3:43
Feel Your Love	4:09
Night Song	4:17


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