sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Car Seat Headrest – Making a Door Less Open (2020)

O peso de banda charneira do indie rock dos últimos anos foi demasiado para Will Toledo.

Os Car Seat Headrest lançaram em 2016 Teens of Denial, álbum portentoso e pico do que melhor se fez no contexto do rock alternativo nessa década. Sendo este um facto algo consensual, é sobretudo também um peso díficil de carregar para o seu mentor Will Toledo – para onde ir depois? Relembramos que Toledo tinha na sua “bagagem” uma catrefada de discos lançados por ele próprio no bandcamp, desconhecidos pelo mundo. Não foi portanto de estranhar que quisesse ir buscar material já criado, dar-lhe uma nova aragem e mostrá-lo – assim nasceu Twin Fantasy (2018), uma semi desilusão, por muito nem considerado como um novo disco. O ano passado foi lançado um disco ao vivo da banda, meandros onde os Car Seat se mexem muito bem, como mostraram o ano passado em Paredes de Coura. Eis então agora o “verdadeiro” sucessor de Teens of Denial.

Quatro anos depois, um novo Will Toledo surge. Usa uma máscara de gás e chama-se a si próprio Trait, a sua sonoridade foi enriquecida com carradas de texturas electrónicas, e as músicas ficam-se pelos 5 minutos. No seu arranque, “Weighlifters”, ainda parece haver resquícios dos Car Seat Headrest do passado, dado o longo intro para a música arrancar. Mas a aparente semelhança fica-se mesmo por aí, dado que são os sintetizadores a assumir a frente de “batalha”. Assiste-se então a um (triste) espectáculo de batidas e ritmos repetitivos, experiências que parece nunca atingirem o seu propósito, e a desilusão toma conta de mim.

Neste ano que fica para a história pela pandemia mor, houve regressos aos discos de duas bandas que deram com certeza aos Car Seat Headrest alguma base de sustentação na sua sonoridade – os Pearl Jam e os Strokes. O dos Pearl Jam só ouvi o primeiro single (é uma longa história a minha relação com a banda e não vos vou aborrecer com a mesma aqui, fica para outro dia e outra ocasião), enquanto que o de Strokes dei várias voltas, e se em ambos a direção para a inclusão de electrónica é vísivel, parece-me que quem caiu com mais estrondo foram mesmo os Car Seat. Safam-se aqui e ali alguns bons momentos (“Deadlines (Hostile)” e “There Must be More than Blood”) mas o resto é totalmente dispensável. Acabo o disco e volto a ouvir “Fill in the Blank” e a distância percorrida entre um disco e outro parece abismal.



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