Em Late Registration, Kanye West mostra o bom e o genial, a fé e até a vaidade. A loucura viria depois.
Em “Wake Up Mr. West” já cantava sobre conseguir o ordenado mínimo, mas também sobre o governo espalhar sida. Já rezava. O título bem pode ter-lhe sido sussurrado por uma das muitas vozes que, seguramente, ouve. E o porquê de o estarmos a ouvir vem logo depois. Em “Touch the Sky”, Kanye mostra ao Mundo que havia mais hip hop do que imaginávamos. A soar a soul, sem abusar no tempero, sem infringir qualquer das regras, a soar bem, mesmo bem e mais que capaz de chegar ao mainstream. Estávamos em 2006.
Lupe Fiasco canta em “Touch the Sky”. Em “Gold Digger”, canta Jamie Foxx. Depois, “Drive Slow” abranda. Entra um coro, um saxofone, e é oficial – é de pequeno que Kanye gosta de se exibir. A classe, neste caso. E siga-se para “My Way Home”, em que canta Common; siga-se para “Crack Music” e a história entre os Black Panthers e Ronald Reagan; para a história da avó, Roses. Sim, Kanye também sabe contar histórias. E em Late Registration, fá-lo sempre com uma deliciosa camada de soul. Estavam longe os tempos do auto-tune, aqui ganharam as vozes, as tais que seguramente ouve, do bem de Kanye quem ganhou. Celebremos.
Podia estar fechado o disco. Em dez músicas, dois singles, duas baladas, dois toques de jazz e sangue puro de hip hop na dose certa. Diamonds from Sierra Leone, Hey Moma e Celebration podiam ser só bónus.
Ouve-se Ray Charles e Gill Scott Heron. Ouve-se a Shirley Bassey e a Nina. Ouvem-se os clássicos, mas Kanye já exibe tudo com que faria a carreira. Em Late Registration, mostra o bom e o genial, a fé e até a vaidade. A loucura viria depois.
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